sábado, 24 de agosto de 2013

Motivos do medo da máfia de branco brasileira aos médicos cubanos


Carlos Antonio Fragoso Guimarães


Corporativismo.... Nome dado quando um determinado setor, área ou categoria une-se, entre seus pares, para estabelecer e determinar regras, ações e políticas favoráveis a seus membros e representantes, buscando criar e proteger um determinado setor de exploração econômica ou política, ou ambos.

Pois bem, em nosso país uma das mais poderosas (política, econômica e socialmente) categorias é a médica. 

Embora, em grande parte, seus membros tenham se formado em universidades públicas (ainda as melhores), muitos deles apenas perpetuam uma espécie de linhagem familiar, por muitos serem oriundos de famílias de médicos, a maior parte pertencendo à classe média, possuem uma ótica bastante elitista. Parcela considerável deles recusam-se a trabalhar no interior do país (embora haja exceções notáveis) e a grande maioria adota ainda uma atitude mecanicista no trato com pacientes, e elitista no trato com demais categorias da saúde (vide o corporativismo agressivo na defesa da exclusividade de diagnósticos e encaminhamentos no caso do Ato Médico).

A expressão corporativa, quase exclusivista e mafiosa da categoria, contudo, se fez ver nos últimos dias no embate (apoiado pelos setores mais cinicamente conservadores e reacionários da sociedade) violento da classe de jaleco contra o programa do governo federal para atriair (e atraiu) médicos estrangeiros para suprir o rombo não preenchido pelos nacionais que se julgam superior aos demais mortas (mesmo ganho mais que professores e outras categorias que aceitariam de bom grado pagamento semelhantes aos a eles dados).


Aproveitando-se e estimulados pelos fascistas de direita, o foco da crítica dos médicos brasileiros igualmente de direita é atacar a vinda de seus colegas cubanos. Ora, vejamos alguns dados internacionais sobre a competência destes profissionais de Cuba, segundo o blog Falando Verdades, citando fontes:

A Medicina cubana é tão "ruim" que é a unica da América Latina que está entre as 10 melhores do mundo segundo indice da ONU IDH M, e tem indicadores muito melhores que os do Brasil.

http://www.who.int/countries/cub/en/  Dados de Cuba pela Organização Mundial da Saúde.



O jornalista Marco Weissheimer, do Portal Sul21, apresenta 10 argumentos que credenciam os médicos cubanos a trabalharem em comunidades pobres brasileiras que sofrem com a falta de acesso a saúde

Por Marco Weissheimer, do Sul21

Escola Latino-Americana de Medicina, em Cuba, assumiu a premissa da responsabilidade social, diz Organização Mundial da Saúde (Foto: Reprodução / Sul21)

Um dos principais argumentos da reação irada de entidades médicas brasileiras contra a vinda de médicos cubanos para o país consiste em questionar a qualidade e a competência dos profissionais cubanos. O presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’Ávila, chegou a dizer que “os cubanos poderão causar um genocídio” no Brasil. Os primeiros 400 médicos cubanos chegam ao Brasil neste fim de semana, em um convênio com a Organização Panamericana de Saúde (Opas). Uma das maneiras de aferir essa qualidade é levar em conta a realidade da saúde e da medicina em Cuba. Eis aqui dez indicadores e informações sobre a saúde cubana para a população brasileira avaliar (os dados são do governo cubano e da Organização Mundial da Saúde):

(1) Em Cuba, há 25 faculdades de medicina (todas públicas), e uma Escola Latino-Americana de Medicina, na qual estudam estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil . (Estudaram em Cuba e lá se formaram, entre outros, dois filhos de Paulo de Argollo Mendes, presidente há 15 anos do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e critico ferrenho do programa Mais Médicos).

(2) Em 2012, Cuba formou 11 mil novos médicos. Deste total, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm de 59 países principalmente da América Latina, África e Ásia. Desde a Revolução Cubana em 1959, foram formados cerca de 109 mil médicos no país. O país tem 161 hospitais e 452 clínicas para pouco mais de 11, 2 milhões de habitantes.

(3) A duração do curso de medicina em Cuba, como no Brasil, é seis anos em período integral. Depois, há um período de especialização que varia entre três e quatro anos. Pelas regras do sistema educacional cubano, só entram no curso de medicina os alunos que obtêm as notas mais altas ao longo do ensino secundário e em um concurso seletivo especial.

(4) Estudantes de medicina cubanos passam o sexto ano do curso em um período de internato, conhecendo as principais áreas de um hospital geral. A sua formação geral é voltada para a área da saúde da família, com conhecimento em pediatria, pequenas cirurgias, ginecologia e obstetrícia.

(5) Em Cuba há hoje 6,4 médicos para mil habitantes. No Brasil, esse índice é de 1,8 médico para mil habitantes. Na Argentina, a proporção é 3,2 médicos para mil habitantes. Em países como Espanha e Portugal, essa relação é de 4 médicos para cada mil habitantes.

(6) A taxa de mortalidade em Cuba é de 4,6 para mil crianças nascidas, e a expectativa de vida é de 77,9 anos (dados de janeiro de 2013). No Brasil, a taxa de mortalidade é de 15,6% para mil bebês nascidos (IBGE/2010).

(7) Em 1998, depois que o furacão Mitch atingiu a América Central e o Caribe, Fidel Castro decidiu criar a Escola Latino-Americana de Medicina de Havana (Elam) com o objetivo  de formar em Cuba médicos para trabalhar em países chamados subdesenvolvidos. A Organização Mundial da Saúde definiu assim o trabalho da Elam: “A Escola Latino-Americana de Medicina acolhe jovens entusiasmados dos países em desenvolvimento, que retornam para casa como médicos formados. É uma questão de promover a equidade sanitária. A Elam assumiu a premissa da “responsabilidade social”.

(8) Em 20 anos, médicos cubanos atenderam a mais de 25 mil afetados pela explosão em Chernobyl, incluindo muitas crianças órfãs. Desde o início do programa, em 1990, foram atendidos mais de 25.400 pacientes, a maioria deles crianças. 70% dos menores que receberam tratamento na localidade cubana de Tarará perderam seus pais e chegaram a Cuba com enfermidades oncológicas e hematológicas provocadas pela exposição à radiação (ver vídeo abaixo).

(9) Segundo a New England Journal of Medicine, uma das importantes revistas médicas do mundo, o sistema de saúde cubano parece irreal. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito. Apesar de dispor de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o dos EUA não conseguiu resolver ainda.

(10) Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Cuba é o único país da América Latina que se encontra entre as dez primeiras nações do mundo com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano em expectativa de vida e educação durante a última década.

Certamente o sistema de saúde cubano não é o paraíso na Terra e seus profissionais não são os melhores do mundo. No entanto, os indicadores e informações acima citados parecem credenciá-los para desenvolver um importante trabalho de medicina comunitária e medicina da família em comunidades pobres brasileiras que têm grande dificuldade de acesso a serviços de saúde. Os profissionais cubanos têm especialização e tradição de trabalhar justamente nesta área e não representam nenhuma concorrência para profissionais brasileiros nesta área. Virá daí um genocídio???
 
http://revistaforum.com.br/blog/2013/08/dez-informacoes-sobre-a-saude-e-a-medicina-em-cuba/ 

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