domingo, 20 de julho de 2014

Sobre a manipulação da informação nacional e internacional

Segue artigo de Mário Augusto Jakobskind. compartilhado do Correio do Brasil


Manipulação da informação nacional e internacional

20/7/2014 15:00
Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro


 Colunista chama a atenção para a manipulação dos noticiários pela grande imprensa

 Curiosamente, menos de 24 horas depois da derrota acachapante do Brasil de 7 a 1 contra a Alemanha, o jornal O Globo dava o ar de sua graça de manipulação da informação nas páginas de economia. E por incrível que pareça, o mais vendido jornal do Rio de Janeiro editava a seguinte matéria com título revelador: “Derrota do Brasil faz Bolsa de SP ter alta de 1,79%%”. Em seguida o complemento “para investidores estrangeiros, resultado vai dificultar reeleição de Dilma”. A Copa do Mundo chegou ao fim, mas as discussões futebolísticas continuam. Como estamos entrando agora na etapa da campanha eleitoral, não custa nada lembrar um fato jornalístico que dá bem a ideia de como serão as próximas semanas e meses até 5 de outubro próximo.
 
E a manipulação veio ainda acrescida da “informação” sobre aumento de ações da Petrobras e que “a continuidade dessa elevação vai depender dos efeitos nas ruas, em protestos, por exemplo, segundo opinião de uma analista do grupo mexicano GBM”.

Realmente, é o tipo da informação (melhor seria mesmo entre aspas) com o visível intuito de investir contra uma das candidaturas, A elevação da cotação das ações na Bolsa de SP geralmente acontece quando sobe a Bolsa de Nova York. Quando baixa ocorre o mesmo por estas bandas. Mas para as Organizações Globo, a cotação para mais ou para menos depende agora de outros fatores, inclusive eventuais manifestações de rua, que em algum momento a mídia conservadora tentou pautar.

Como O Globo e demais veículos das Organizações com o mesmo nome distorce a informação porque, mesmo sem colocar em seus editoriais, apoia visivelmente uma das candidaturas, exatamente a que mais promessas faz de agrado ao mercado. Não é difícil saber de quem se trata.

Por estas e muitas outras, jornais, rádios e telejornais, na medida em que se aproxima a eleição, o Brasil vem sendo apresentado com um país à beira de uma crise sem precedentes. É óbvio que a mídia conservadora cria um clima nesta antevéspera de eleição para levar o eleitor a se posicionar de acordo com os interesses do mercado.

Como se não bastasse essa investida na área econômica do jornal, a Rede Globo tem noticiado o agravamento da situação no Oriente Médio, visivelmente a partir e a favor de um dos lados, no caso de Israel. Diretamente de uma cidade israelense, a TV Globo mostrava o aparecimento de alguns foguetes lançados sobre território israelense e junto a isso apresentava a movimentação de gente se dirigindo para os abrigos antiaéreos. Flagrantemente dava entender que a agressão partia do Hamas e minimizava os bombardeios que atingiam a população civil com a morte de mais de 200 palestinos, nele incluídos mulheres e crianças.

Um conflito desproporcional, bastando para tanto contabilizar o número de vítimas dos dois lados. Em poucos dias, mais de 200 palestinos morreram e 500 deles ficaram feridos. Já do lado de Israel morreram até agora duas pessoas e uns 15 ficaram feridos. É o resultado concreto de armamentos de última geração por parte de Israel com foguetes quase artesanais do Hamas.

O governo de Israel simplesmente repete o que já tinha feito em outras ocasiões na mesma Faixa de Gaza. Chefiado pelo troglodita político, o Primeiro-Ministro Benyamin Netanyahu, tendo como integrante do governo o não menos troglodita Ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, o mesmo que há tempos fez pronunciamentos racistas contra os árabes, a situação na área se agrava e na última quinta-feira se anunciava o início de uma operação terrestre.

Mas a Rede Globo acionou seu correspondente em Israel para colher a versão dos militares do país que ocupa territórios palestinos. Um visível esquema para culpar apenas um dos lados, no caso o Hamas.


No mais, a mesma direita que receia as transformações que acontecem na América Latina, não se conforma com o fortalecimento da unidade dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com o Banco de Desenvolvimento.

A raiva aumenta quando os Brics se reúnem no Brasil com os países integrantes da Unasul (União das Nações Sul Americanas) e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe_) se faz presente em Brasília.

Não é à toa que, sem bandeiras, parlamentares do PSDB e Dem investem contra o governo brasileiro por hospedar o Presidente cubano Raul Castro na Granja do Torto.

Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil); preside a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI – seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla (no prelo).
Direto da Redação é editado pelo jornalista Rui Martins com o apoio do Correio do Brasil.



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