quinta-feira, 25 de junho de 2015

Marco Aurélio Carone: “Aécio foi a Caracas visitar golpistas. Já eu (jornalista que ele perseguiu), nem a família nem a Comissão de Direitos Humanos puderam me visitar”


Marco Aurélio Carone mantinha o site Novo Jornal, onde publicava denúncias contra os tucanos mineiros, especialmente Aécio, que governou Minas de 2003 a 2010.
Acabou preso. Ficou encarcerado de 20 de janeiro a 4 de novembro de 2014, no complexo penitenciário segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de BH.
O bloco parlamentar Minas Sem Censura (MSC) denunciou à época: a prisão de Carone foi  uma armação e teve a ver com o chamado “mensalão tucano” e a Lista de Furnas no contexto das eleições de 2014.



Aécio persegue jornalistas e blogueiros que o criticam, como foi o caso do jornalista Marco Aurélio Carone.


Segue texto de Conceição Lemes, extraído dos sites ViomundoContexto Livre:



Na quinta-feira passada, 18 de junho, Aécio Neves (PDSB-MG) e outros seis senadores brasileiros protagonizaram uma irresponsabilidade sem limite. Com o objetivo de provocar politicamente o governo Nicolás Maduro e constranger o de Dilma Rousseff, eles foram à Venezuela visitar Leopoldo Lopez e Antonio Ledezma, que a mídia brasileira trata como “presos políticos”.

O partido de Lopez, o Vontade Popular, não tem um deputado na Assembleia Venezuelana. Ele pretendia extinguir todas as instituições democráticas do país. Foi o principal incitador das “guarimbas”, manifestações violentíssimas que ocorreram no país no início de 2014, e que resultaram nas mortes de 43 pessoas.

Um membro do governo venezuelano denunciou a Miguel do Rosário, de O Cafezinho, que esteve lá na semana passada:

“Em 23 de janeiro de 2014, Leopoldo Lopez, Maria Corina Machado [deputada cassada] e Antonio Ledezma [prefeito de Caracas, também preso] identificados como a ala radical da oposição, convocam a imprensa para anunciar o plano que eles chamaram ‘La Salida’. O objetivo do plano era a deposição do presidente Nicolás Maduro. Houve pequenas manifestações inicialmente. Mas em 12 de fevereiro, deste mesmo ano, eles convocaram uma manifestação até o Ministério Público. Era o “dia da juventude” e a convocação foi voltada principalmente para os estudantes universitários. A convocatória foi feita por Leopoldo, ele veio encabeçando a manifestação, e quando chegaram diante da Procuradoria, os líderes sumiram e começou a bagunça. Quebraram a sede do ministério público, tentaram incendiá-la.”.

“Vários agentes da ordem foram executados com tiros na cabeça. Eles (os “guarimbeiros”) colocavam fios de arame de poste a poste, atravessando a rua, que provocaram a degola de vários motociclistas”.

Desde o Brasil, uma pessoa acompanhou com especial atenção a esparrela dos tucanos e agregados e a caradura de Aécio: o jornalista Marco Aurélio Carone.

Carone mantinha o site Novo Jornal, onde publicava denúncias contra os tucanos mineiros, especialmente Aécio, que governou Minas de 2003 a 2010.

Acabou preso. Ficou encarcerado de 20 de janeiro a 4 de novembro de 2014, no complexo penitenciário segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de BH.

O bloco parlamentar Minas Sem Censura (MSC) denunciou à época: a prisão de Carone foi  uma armação e teve a ver com o chamado “mensalão tucano” e a Lista de Furnas no contexto das eleições de 2014.

— O que te passou pela cabeça quando leu a notícia de que Aécio Neves iria à Venezuela visitar dois golpistas?

— Tive certeza absoluta de que o senador é uma pessoa desprovida de qualquer principio ético e moral. Ele continua imaginando que, através de uma cobertura midiática favorável, pode manter uma imagem desassociada da truculência e da censura. Mas não pode. Jornalistas mineiros sabem muito bem disso. E o que aconteceu comigo é a maior prova. Permaneci preso em um presídio de segurança máxima por 9 meses e 20 dias, em condições sub-humanas, sendo que nos últimos três últimos — justamente no período eleitoral —, em isolamento absoluto.

Tudo sem qualquer condenação. Meu crime: Publicar matérias que denunciavam o esquema criminoso e corrupto montado por ele em Minas Gerais

— Qual foi fundamentação para prisão?

— Manutenção da ordem pública e evitar que eu continuasse a publicar matérias que, na opinião do Ministério Público de Minas e da juíza que determinou a minha prisão, poderiam interferir negativamente nas eleições de 2014.

Meu jornal foi literalmente saqueado: os bens e documentos apreendidos sequer foram relacionados. Cabe destacar que, três meses antes da minha prisão, eu tinha ganho uma ação por acusação idêntica no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que determinara que o Novojornal com terminação .br, fosse restabelecido. Eu tinha sido impedido de funcionar igualmente por uma medida cautelar indevida e absurda. Decisão esta que até hoje não foi cumprida pelo Poder Judiciário e Ministério Público mineiros.

— Uma provocação: Aécio foi te visitar na prisão?

— O ‘democrata’ foi a Caracas visitar golpistas. Já eu, em Minas, nem mesmo minha família pode me ver. Até a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi impedida de manter contato comigo.

Meu tratamento cardíaco e de diabetes foi interrompido. Estava recuperando de uma cirurgia de quadril devido um acidente automobilístico. Não tive qualquer atendimento fisioterápico. Minha perna direita agora, quase sete meses depois, começa a dar sinal de que vai voltar a movimentar, permitindo que eu largue as muletas… Praticamente todo o tempo de prisão permaneci deitado.

— Como está o processo contra você?

— Parado.

— A Globo foi à Venezuela acompanhar a visita de Aécio aos dois golpistas. Só que ela, assim como a mídia em geral, ignorou totalmente o que aconteceu com você, que foi realmente preso político do governo tucano de Minas. O que acha disso?

— São coisas da vida, meu bisavô e avô já passaram por isso, assim como meu pai em 1964. Ele era prefeito de Belo Horizonte e foi cassado pelo golpe miliar. Embora dono de duas usinas de açúcar, devido ao bloqueio de seus bens, entrou em tremenda dificuldade financeira.

Minha família composta por mim, minha mãe meu pai, dois irmãos e uma irmã, fomos morar em um quarto do Hotel Amazonas em Belo Horizonte. À noite, meu pai descia comprava uma pratada de macarrão e todos nos comíamos satisfeitos. Não poucas vezes, no dia seguinte, os jornais Estado de Minas e Diário da Tarde estampavam na capa manchetes dizendo que meu pai tinha sido cassado porque roubara. Respondeu 14 processos sem sair do Brasil. E em pleno regime de exceção foi absolvido.

Talvez daqui alguns anos quando fizerem uma nova comissão da verdade meu caso seja citado pela grande imprensa.

Conceição Lemes
No Viomundo

Um comentário:

  1. O Governo não puniu quem deveria ser punido. Agora é punido não só o Governo, mas o Brasil e seu povo exatamente por aqueles que mais deveriam já ter sido punidos.

    Esses mesmos que já deveriam ter sido punidos, agora estão punindo a Petrobras dizendo que estão punindo o Governo, os corruptos e a corrupção.

    Mentira!!

    Não é punindo a Petrobras que, por exemplo, o Juiz Sérgio Moro ou outro indivíduo qualquer estará punindo o Governo e os corruptos!!

    Estará sim, como estão os que se dizem oposição..., punindo drasticamente o Brasil e seu povo!!

    Esse senhor é um dos não punidos que hoje estar punindo...

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