terça-feira, 15 de março de 2016

Delcídio detalha Furnas e acusa PSDB de Minas de ser a "gênese do Mensalão"


  "O PSDB, que levou seus políticos e filiados às ruas neste domingo defendendo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, foi mencionado 10 vezes no depoimento do senador ex-tucano. O senador e candidato derrotado nas eleições 2014, Aécio Neves (PSDB-MG), foi citado 14 vezes. O caso de Furnas foi recuperado em capítulo específico pelo parlamentar preso na Lava Jato."  - Patrícia Faermann


Delcídio detalha Furnas e acusa PSDB de Minas de ser a "gênese do Mensalão"



Jornal GGNA delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foi confirmada nesta terça-feira (15), com a homologação do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além das referências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Dilma Rousseff, já respondidas pelo ministro, atual advogado-geral da União, José Cardozo e por Dilma, Delcídio também mencionou possíveis casos de corrupção envolvendo o PMDB e o PSDB.
O PSDB, que levou seus políticos e filiados às ruas neste domingo defendendo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, foi mencionado 10 vezes no depoimento do senador ex-tucano. O senador e candidato derrotado nas eleições 2014, Aécio Neves (PSDB-MG), foi citado 14 vezes. O caso de Furnas foi recuperado em capítulo específico pelo parlamentar preso na Lava Jato.
GGN selecionou os trechos em que o partido que defende o impeachment da presidente Dilma foi citado. Apesar de servir como base para investigações, depoimentos de delação premiada não são provas finais para condenações.
01) Caso Furnas
Delcídio acusa o senador Aécio Neves de ter participado diretamente do esquema de corrupção que ocorria em Furnas, operado por Dimas Toledo. Mas também afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento do caso.
Quando entrou em detalhes sobre o caso, em menção posterior, Delcídio reafirmou a influência de Aécio Neves sobre o esquema de corrupção de Furnas, cujo diretor de engenharia era Dimas Toledo, que estava lá antes de Lula assumir a Presidência e que quando o petista assume, há uma movimentação de se mudar a diretoria, mas não concretizada. Delcídio disse, ainda, que "o que se vê hoje na Petrobras ocorreu sem dúvida em Furnas, em vários governos" e que a "figura mais emblemática" desse esquema era Dimas, que "possui vínculo muito forte com Aécio Neves".
02) Nomeação de Cerveró para a Petrobras
O segundo momento em que o PSDB é citado foi na segunda delação de Delcídio aos investigadores da Lava Jato, quando explica a nomeação de Nestor Cerveró para a Diretoria Internacional da Petrobras. Delcídio assumiu que ele atuou, junto com o deputado Zeca do PT e a bancada do partido no Mato Grosso do Sul na nomeação de Cerveró para a estatal. No relato, disse que "foi filiado ao PSDB, não se recordando ao certo quando se filiou ao PT".
03) Empreiteira "mais tucana"
No terceiro episódio em que o PSDB é citado, Delcídio do Amaral desmente um dos braços de investigação contra o ex-presidente Lula. Os investigadores acreditam que o petista teria envolvimento em propina pelo banco Schahin para conseguir contrato bilionário na estatal. A teoria da equipe da Lava Jato, com base em outras delações premiadas, é que o contrato foi uma compensação por uma dívida milionária que o PT teria com o banco. Este seria o vínculo do empresário José Carlos Bumlai, na tese dos investigadores, com Lula, uma vez que teve influência nas negociações para supostamente livrar o PT da dívida.
Delcídio afirma que "sobre a empresa Schahin", não era "uma das empresas mais próximas do Governo e o fato envolvendo a Vitória 10000 foi, na visão do depoente, algo mais episódica e de oportunidade". Nesse momento, o senador também cita as empreiteiras OAS, Queiroz Galvão, Odebrecht que teriam a "confiança da cúpula do PT". Já a Andrade Gutierrez, Delcídio "não saberia dizer, pois ela tinha mais afinidade com o PSDB, 'era mais tucana' no dizer do depoente".
04) Mentora intelectual de Aécio
Ainda sobre o caso Furnas, os investigadores questionaram sobre a irmã de Aécio Neves, Andréa Neves. Delcídio respondeu que irmã Andréia era a "mentora intelectual de Aécio" e que "no governo de Minas de Aécio, era Andréa uma das grandes mentoras intelectuais dele e estava por trás do governo", apesar de não saber dizer qual era a "atuação dela em relação ao esquema de Furnas". 

05) Blindagem em CPI
Ao relatar sobre o caso de "pedágio" supostamente cobrado na CPMI da Petrobras, em que o governo federal negou, sobre o lobby praticado por empresários para negociar a derrubada de votação de requerimentos na Comissão, Delcídio disse que "prática semelhante" ocorreu em outra CPI, em 2009, também da Petrobras, "na qual o ex-senador Sergio Guerra, membro da CPI e presidente do PSDB, também esteve envolvido nessa prática ilícita".

06) A "gênese do Mensalão" estava em Minas Gerais com o PSDB
Em um dos últimos depoimentos prestados por Delcídio do Amaral, o senador citou que no caso referente à CPMI dos Correios, que provocou a investigação do Mensalão, um fato curioso foi que quando foram solicitadas as quebras de sigilos fiscal e bancário do Banco Rural, o PSDB e o Aécio Neves sentiram-se incomodados. 
Delcídio acusou Aécio de "maquiar" os dados do Banco Rural, porque "atingiriam em cheio as pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais", então pelo PMDB. O delator disse que "compreendeu a existência da maquiagem pelo fato de que a gênese do mensalão teria ocorrido em Minas Gerais".
A "maquiagem", disse Delcídio, consistia em apagar dados bancários comprometedores de Aécio, Clésio e a Assembléia Legislativa de Minas. E que sabiam da manobra também o deputado federal do PSDB, Carlos Sampaio, e o prefeito do Rio de Janeiro pelo PMDB, Eduardo Paes.
O senador no acordo de delação contou, ainda, que o tucano Aécio era "beneficiário de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato". A fundação sediada no Principado de Liechtenstein estaria em nome da mãe do senador ou dele próprio. 
Delcídio disse, por fim, que Marcos Valério comentou a ele que "a tecnologia do mensalão foi desenvolvida no Estado de Minas Gerais e exportada para o PT".

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