domingo, 6 de março de 2016

Na era FHC, imprensa atacava procurador que investigava tucanos, por Rodrigo Aguiar


 
Enviado por Jefferson
 
 
Tempos seletivos
 
Se a indignação corrente contra casos de corrupção - a maioria ainda baseada em precárias denúncias de meliantes, barcos de lata e pedalinhos infantis - é seletiva, por que a memória não seria?
 
No início dos anos 2000, o procurador federal Luiz Francisco de Souza atazanava tucanos ligados ao presidente FHC. 
 
Era RIDICULARIZADO pela chamada grande imprensa: um falso paladino, falso asceta (dirigia um fusca 1985) e petista. Tratamento não apenas diferente, mas CONTRÁRIO ao recebido pelos procuradores da lava jato.
 
O jornal O Globo era o mais preocupado com a -cito um editorial- "ofensiva contra a imagem do próprio presidente da República". 
Ao analisar ações de membros do MPF que se aproximavam do gabinete presidencial, o mesmo editorial dizia ser "incorreto que se confundissem INDÍCIOS COM PROVAS, possibilidades com certezas e, acima de tudo, DESEJOS COM FATOS". 
Os "desejos", no caso, seriam as motivações político-partidárias do procurador. O Globo pedia calma. Estava correto.
 
Agora, encontre esse bom senso em quaisquer edições globais nos últimos anos.
 
O editorial é do dia 15 de agosto de 2000.
 
Segue (1) uma versão dele, na íntegra.
 
 
E (2) um trecho destacado, que me parece uma das maiores pérolas do esquecimento brutal que acometeu os outrora SENSATOS editorialistas de O Globo.
 
 
Sei que caixa alta parece grito, mas é necessário, creiam neste perplexo postante.
 
Ao criticar um procurador federal por excessos que estavam turvando a imagem do presidente, o Globo, em sua nobre página de opinião, naquele ancestral agosto, PUBLICOU isso:
 
" (...) o interesse público pede principalmente algo bastante elementar: que guardem suas denúncias PARA O FIM DO PROCESSO INVESTIGATÓRIO E NÃO AS ALARDEIEM NO INÍCIO, QUANDO SÃO AINDA SUSPEITAS."
 
O editorial chega a sugerir uma revisão nas prerrogativas do Ministério Público garantidas na Constituição de 1988. E encerra com um galante FH falando à já notável repórter Mirian Leitão. Vale a pena a leitura, basta colar as colunas.
 
Dito isto, lido o editorial, te pergunto: QUE TAL?

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