domingo, 22 de maio de 2016

Como a Globo - golpista - está aparelhando o governo Temer. Por Paulo Nogueira

O BNDES ao alcance da Globo: Maria Sílvia
O BNDES ao alcance da Globo: Maria Sílvia
Em seu infinito cinismo, em sua despudorada hipocrisia, a Globo defendeu num editorial a demissão de Ricardo Melo da EBC.
O argumento mostra que a Globo acha, e com razão, que manda no Brasil. Disse que Melo era fruto do “aparelhamento” da máquina do Estado pelo PT.
Ora, ora, ora.
Justo a Globo vem falar em “aparelhamento”, ela que aparelhou sempre todas as esferas de poder no Brasil?
É como se um assassino serial reclamasse da violência na sociedade.
No lugar mesmo de Melo a Globo emplacou o militante de direita fantasiado de jornalista Laerte Rimoli.
Rimoli leva a cultura da Globo, onde trabalhou. Nas redes sociais, onde seu vitriolismo reacionário é abjeto, conseguiu escrever que sem a Globo seríamos já uma Venezuela.
Pausa para uma gargalhada.
Servo da Globo: Rimoli no Facebook
Servo da Globo: Rimoli no Facebook
Rimoli é o símbolo do aparelhamento que a plutocracia impõe ao Brasil. Antes de ir para a EBC, dirigia a TV Câmara. Foi levado para lá por Eduardo Cunha, e fez barbaridades ao estilo consagrado por seu chefe.
Deu espaço absurdo a Cunha e seus asseclas, e reduziu a quase nada os opositores ao usufrutuário das contas secretas da Suíça.
Ele não é apenas cria da Globo, portanto. É também de Cunha. E, para completar a tríade sinistra, do PSDB. Foi assessor de imprensa da fracassada campanha de Aécio à presidência.
Rimoli, com a mesma cara de pau de sua antiga empresa, disse que vai devolver a EBC “à sociedade”. Quem acredita nisso acredita em tudo, para evocar a grande sentença de Wellington.
A não ser que por “sociedade” se entenda Globo. Ou irmãos Marinhos. Ou Eduardo Cunha. Ou, último na fila, Temer, o interino que em uma semana provou ser o pior ocupante do Planalto desde o final da ditadura militar, e olhe que estamos falando de competidores poderosos, como Sarney e Collor.
Quem trabalha com a Globo, com Eduardo Cunha, com Aécio e com Temer só pode ser um monstro moral. As postagens de Rimoli nas redes sociais apenas confirmam isso.
Ele não é o único caso conspícuo de aparelhamento da Globo na administração Temer.
A Globo tem hoje no estratégico BNDES – que já a salvou da bancarrota, e cujos cofres estiveram particularmente abertos à empresa nos anos FHC – a economista Maria Sílvia Bastos Marques.
Alguns anos atrás, Maria Sílvia virou um embaraço nacional quando aceitou elaborar, contratada pela Globo, um projeto que previa a salvação das então quebradas companhias jornalísticas com dinheiro do contribuinte. Os recursos públicos viriam do BNDES.
Maria Sílvia deixa agora de ser uma intermediária da Globo para se tornar uma amiga dos Marinhos no BNDES.
A Globo não faz nada de graça. Ela não articulou o golpe de graça. Temer vai ter que recompensá-la com dinheiro público. Foi a esma coisa na era FHC. A Globo não tirou a amante de FHC de cena de graça. FHC compareceu, e como, com recursos dele, sempre dele – o contribuinte.
E é essa mesma Globo que tem a desfaçatez  de saudar Temer por demitir Ricardo Melo da EBC – e colocar em seu lugar o pau mandado Laerte Rimoli.
George Orwell escreveu uma frase célebre sobre a mídia. “A imprensa é propriedade de homens ricos que têm todos os motivos para tratar de forma desonesta muitos assuntos.”
Não há sentença que retrate melhor a Globo.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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