domingo, 28 de agosto de 2016

O crepúsculo deprimente de um ex-defensor da educação brasileira. Por Carlos Fernandes

Em Brasília, eleitores desvotaram em Cristovam Buarque neste 1.o de Maio em Brasília
Em Brasília, eleitores ‘desvotaram’ em Cristovam Buarque neste 1.o de Maio em Brasília

Artigo de Carlos Fernandes, extraído do Diário do Centro do Mundo

Houve um tempo em que o senador Cristovam Buarque representava uma das raras ilhas de lucidez e coerência em meio a um oceano de hipocrisia, ignorância e estupidez política.
Para ele não importava o problema secular que o país enfrentasse, a educação, e só ela, era a solução definitiva. Não é exagero falar que Cristovam dedicou uma grande parte de sua vida em defesa de uma educação pública inclusiva e de qualidade para todos. Sobretudo para os menos favorecidos.
Durante muito tempo utilizou de sua erudição para divulgar a importância do ensino público, dos profissionais da educação e das políticas governamentais para a democratização do ensino como as cotas raciais e o financiamento público para estudantes pobres em universidades particulares.
É justamente em função desse histórico invejável que Cristovam Buarque é hoje a maior decepção entre os principais traidores da jovem e inexperiente democracia brasileira.
Que víboras como Michel Temer, Eduardo Cunha, Aécio Neves e todos os seus asseclas acampem no pantanoso terreno de um golpe de Estado não é surpresa alguma. Mas alguém com as credenciais de CB aderir a um expediente tão avesso à democracia e à Constituição Federal é realmente desalentador.
Não é à toa que está em curso no Distrito Federal um dos movimentos mais impressionantes e conscientes de agravo a um político feito exatamente pelos eleitores que o elegeram.
A outrora referência de dignidade, Cristovam Buarque, agora é alvo de uma campanha de “desvotação”. Nem Eduardo Cunha, um energúmeno, conseguiu tamanha desonra.
A revolta com que os cidadãos que votaram em Cristovam acreditando ser ele um porto seguro contra toda essa insanidade é gritante. É enorme a desilusão dos movimentos sociais que o ajudaram durante tanto tempo a estar no lugar de destaque que ocupa atualmente.
As evidências do descontentamento já são claras. O senador foi hostilizado recentemente numa livraria. Entre palavras de ordem, foi obrigado a ouvir de pessoas que provavelmente nutriam grande afeto por ele o estigma de “fascista” e “golpista”.
É inegável que o Brasil de transformou numa grande dicotomia ideológica. Chega a ser deprimente constatar que CB optou por opor-se ao lado onde se encontram todos os movimentos sociais, todos os partidos políticos de esquerda, a Organização dos Estados Americanos – OEA, a Organização das Nações Unidas -ONU, toda a imprensa internacional especializada, um vencedor do Pulitzer, um Nobel da Paz e até o Papa mais socialista da história recente da Igreja Católica.
Mais deprimente ainda é constatar que o homem que defendia a educação agora é defensor de um governo ilegítimo que, ao que tudo indica, trará um crápula como José Serra para o Ministério da Educação. Na prática é impor o desastre do governo Alckmin nesse setor a todo o país.
Trocando em miúdos – para não deixar Chico Buarque fora dessa discussão em que o outro Buarque faz um papel tão abjeto – Cristovam nega, descaradamente, Darcy Ribeiro, talvez o maior educador da história desse país.
É imprevisível saber como Dilma Roussef sairá dessa monstruosidade a que está sendo submetida. Mas uma coisa é certa. Ou Cristovam Buarque retorna urgentemente às suas origens ou um dos maiores perdedores de toda essa história será exatamente ele. Depois, é claro, da democracia e de toda a população brasileira.
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Carlos Fernandes
Sobre o Autor
Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

Um comentário:

  1. MEU "COLEGA" DOUTOR CRISTOVAM BUARQUE É APENAS MAIS UM CANALHA, CÍNICO E GOLPISTA! TRAIDOR DOS SEUS ELEITORES E DA DEMOCRACIA!
    Esmeraldo Cabreira Mestre e Doutor UFRGS.

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