quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Sobre o filme SNOWDEN, de Oliver Stone, por Carlos Antonio Fragoso Guimarães



Carlos Antonio Fragoso Guimarães

  Oliver Stone, cineasta americano, com seu novo filme, SNOWDEN - que no Brasil, devido ao poder mesmérico de uma "grande mídia" comprometida com a Direita mais infame e sua americanofilia, tem o subtítulo de "Herói ou Traidor?", querendo agradar não aos esclarecidos que conhecem a história da espionagem americana, mas aos zumbis paneleiros vestidos com a camisa da CBF - retoma de uma só vez sua veia crítica e seu talento de contar uma história real de forma envolvente e reflexiva, como já o fizera em seus filmes Platoon, Nascido em 4 de julho, Wall Street e em seus documentários Comandante e Ao Sul da Fronteira.

  Ao lado do igualmente genial cineasta político franco-helênico Costa Gravas e do documentarista americano Michael Moore, Oliver Stone tem sido um dos mais brilhantes divulgadores de um pensamento crítico sobre a política e formas de modelação de mentalidades por parte do governo americano e sua elite econômica (vide Platoon e Wall Street). Agora, ele traz às telas em um momento conturbado da história mundial os acontecimentos envolvendo a vida de Edward Snowden e a sua luta para esclarecer o mundo dos meios usados pelos Estados Unidos para espionar e sabotar a tudo e a todos. Para nós brasileiros - ao menos os ainda capazes de refletir e pensar os fatos sem a lavagem cerebral da Globo, Veja, Folha e similares -, a cena em que a voracidade de espionar e interferir no mundo é apresentada usando-se imagens da Petrobrás e de Dilma Rousseff é, ao mesmo tempo, reveladora e consoladora: mostra a um só tempo o jogo político e geopolpitico dos EUA sobre governos e empresas por eles considerados impróprios aos seus interesses. Mas o filme vai ainda além mostrando que todos, sem exceção, podem ser - e são - objetos de espionagem e fichamento. Ninguém escapa. A revelação de Snwden dos grampos americanos repercutiu no mundo inteiro, ainda que os EUA tenham feito todo o possível para minimizar a importância do fato.

  Lembremos que um dos principais responsáveis pela divulgação dos grampos americanos a partir da coragem de Snowden, o jornalista e prêmio Pulitzer Glenn Greenwald - retratado no filme pelo ator Zachary Quinto - mora no Brasil e tem sido uma das vozes mais claras a repercutir no mundo o Golpe da Direita Casa Grande, capitaneado pela Fiesp, Globo e forças internacionais, tendo possibilitado a versão em português do jornal The Intercept com váriios argtigos sobre o golpe e as maldades de Temer e Cia. Greenwald possibilitou que o mundo inteiro soubesse das táticas e métodos de espionagem da NSA e fez de Snowden um nome reconhecido internacionalmente.

  O filme em si é um trabalho primoroso, com roteiro muito bem escrito e ritmo preciso, envolvente. Começa com o primeiro encontro entre Snowden (Joseph Gordon-Levitt) , Greenwald e Laura Poitras (interpretado por Melissa Leo) em Hong Kong e vai, por meio de Flhasbacks, reconstruindo a historia do joven Snowden, seu acesso á CIA e ao NSA, seu despertar ante às arrogâncias e hipocrisia do imperialismo americano, seu relacionamento com a namorada e ativista Lindsay Mills (interpretado por Shailene Woodley), relacionamento, aliás, que possibilitou a decisão de Snowden de se arriscar ao divulgar o que sabia, com documentos que conseguiu salvar (numa cena de tirar o fôlego. Veja o trailer abaixo).

  Ao contrário dos filmes "padrão" de Hollywood, SNOWDEN - que praticamente se fez com a ajuda de produtras menos conhecidas, mas de uma qualidade muito superior a dos estúdios famosos - é um filme não apenas crítico e que faz pensar, mas uma obra de arte com profundidade, riqueza e que contribui para, ao menos por umas poucas horas, pensar no nosso papel e na História... Seremos nós a faze-la ou nos deixaremos ser vítimas dela, a partir do poder de alguns poucos?


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