sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

As falácias utilizadas na discussão da reforma da Previdência, por ML



Por ML, no Jornal GGN
A discussão da previdência no Brasil está repleta de falácias. Como se trata de um assunto que envolve aspectos financeiros e econômicos bastante complicados, o golpismo usa e abusa de argumentos pretensamente inquestionáveis. Algumas falácias:
1) A previdência só é sustentável no tempo se for equilibrada, ou seja, se os gastos com aposentados e as contribuições trazidas a valor presente forem, no mínimo, iguais. Uma coisa é sustentabilidade intertemporal outra coisa é a escolha social a respeito do financiamento das despesas com aposentados.
2) Os ativos sustentam os inativos. Evidentemente, a renda anual dos aposentados corresponde a parte do produto produzido no ano. Mas esse produto é função do trabalho dos ativos e do estoque de capital (privado e público) acumulado no passado. Esse capital foi, em grande parte, fruto do trabalho dos que estão aposentados hoje. Afirmar que os ativos sustentam os inativos equivale a afirmar que o produto atual é função apenas do trabalho vivo.
3) A relação aposentados/ativos caminha para valores insustentáveis. Diversos países possuem hoje uma relação muito maior do que qualquer estimativa séria elaborada para o Brasil.
4) O valor atualizado das contribuições dos aposentados é menor que o valor presente das suas aposentadorias. O Brasil possui uma das maiores taxas de contribuição do mundo (senão a maior, somando o desconto que aparece no holerite do trabalhador com a mal denominada “contribuição patronal”). Na verdade, a capitalização dessas contribuições por uma taxa real razoável equivale a uma perpetuidade no valor da aposentadoria do trabalhador.

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