quinta-feira, 31 de agosto de 2017

De um Juiz realmente digno sobre o filme partidário da Lava Jato: "Se o filme fosse sobre algum processo que eu já tive em minhas mãos, ninguém iria sorrir, nem eu, nem ninguém."




Jornal GGNO juiz do Amazonas Luís Carlos Valois publicou um comentário nas redes sociais criticando a postura da plateia que assistiu ao filme sobre a operação Lava Jato, incluindo os juízes Sergio Moro e Marcelo Bretas, que aparecem sorrindo e comendo pipoca na sessão de pré-estreia. Segundo Valois, nenhum filme que retrate com fidelidade a justiça penal brasileira arranca sorrisos em salas de cinema. Pelo contrário: a realidade dá nojo e faz querer chorar.
"Não importa se a atuação da justiça penal pode ser transformada em algo plasticamente belo, o que já é uma deturpação da verdade, a justiça penal é triste, deve ser triste, para o bem da sociedade e da possibilidade de se manter são", disse o juiz.
Valois ficou conhecido nacionalmente no início deste ano, quando uma rebelião em uma penitenciária no Amazonas provocou a morte de dezenas de detentos. Em meio à crise, ele, considerado um juiz com visão humanitária, foi convocado para ajudar na negociação.
Por Luís Carlos Valois
"Se o filme fosse sobre algum processo que eu já tive em minhas mãos, ninguém iria sorrir, nem eu, nem ninguém. Talvez fosse um filme de drama, talvez um de suspense, podia até ser um de terror, mas nenhum com a capacidade de se fazer sorrir comendo pipoca. Poderia fazer chorar, fazer virar a cara, dar nojo e até dar vontade de sair do cinema, mas nunca fazer sorrir. A justiça penal verdadeira não devia ser local, motivo, de alegria, mas de tristeza sempre, porque, quando age, age demonstrando o quanto falhamos como sociedade. Não importa se a atuação da justiça penal pode ser transformada em algo plasticamente belo, o que já é uma deturpação da verdade, a justiça penal é triste, deve ser triste, para o bem da sociedade e da possibilidade de se manter são. Eu não vi esse filme, mas se ele é sobre justiça penal, polícia e prisão, e causa essa alegria toda, eu não vou ver..."

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