Segue o texto de Juliana Gonçalves, publicado no The Intercept Brasil:
PRIMEIRO, O GOVERNO anunciou que iria acabar com a Reserva Nacional de Cobre e Associado (RENCA) e liberar a exploração mineral na Amazônia. Depois da  repercussão negativa, revogou o decreto e apresentou outro. O fim da reserva acabou mantido, mas algumas regras para a exploração ficaram mais detalhadas e preservando reservas ambientais e indígenas – por fim a justiça revogou qualquer decreto que busque extinguir a reserva. O episódio foi só mais um exemplo do que já virou um clássico do governo Temer.
O movimento de tentar apagar o fogo voltando atrás depois de alguma decisão mal recebida pela opinião pública tem permeado todo o governo que hoje, no último dia de desgosto de agosto, completa um ano oficialmente no poder.
Nesses 365 dias, os recuos do presidente para tentar driblar sua impopularidade geraram até mesmo um perfil no twitter e um trumbl logo no início do mandato. Só não entendemos ainda por que a mesma lógica do “podemos tirar se achar melhor” ainda não foi aplicada para reverter o índice de 4% de aprovação de seu governo.
Relembramos aqui algumas vezes em que essa tática de “podemos recuar foi utilizada pelos homens de Michel Temer ao longo do último ano.

1 – Reforma do Ensino Médio

Em setembro de 2016, o MEC apresentou inicialmente um texto em que as disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia passariam a ser eletivas, ficando a cargo da escola e do aluno a decisão de cursá-las. Após polêmica porque o texto dava a entender que  a reformulação do Ensino Médio contrariaria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), governo divulgou nota admitindo o erro e negando a extinção da obrigatoriedade das disciplinas.

2 – Reforma da previdência

Após reuniões e reuniões, em março de 2017, o presidente resolveu que manter os servidores estaduais na reforma da previdência seria invadir a competência dos estados. Além disso, também houve um recuo quanto ao cálculo da aposentadoria.  A priori, a medida seria extinta, mas depois o governo manteve a fórmula de cálculo da aposentadoria pela média dos 80% maiores salários que o contribuinte recebeu ao longo da vida.

3- Exército nas ruas

Em maio deste ano, protestos contra o governo Temer e seu pacote de reformas aconteceram em Brasília. O presidente mandou o exército para as ruas para conter os manifestantes. No dia seguinte, após críticas da oposição, da base aliada e do judiciário recuou e revogou o decreto.

4 – Afastamento de nomes do governo

Temer havia estabelecido uma linha de corte no governo após delações da empreiteira Odebrecht, prometendo o afastamento de integrantes do governo que fossem denunciados. No entanto, após as delações da JBS, Temer decidiu mudar essa política.

5 –  Imposto sobre combustíveis

Governo anunciou em julho, o aumento das alíquotas do PIS/Cofins dos combustíveis. Dias depois, reverteu o aumento, mas somente para o etanol. A alíquotas sobre gasolina e diesel foram mantidas.  

6 – Imposto de renda

Um dia depois de anunciar estudos sobre o aumento da alíquota sobre o imposto de renda, Temer anunciou que não haveria aumento e pediu aplausos da plateia. O governo recuou após a repercussão negativa entre os aliados em agosto deste ano.
Lembra de mais alguma outra ocasião em que o governo Michel Temer usou essa tática? Manda para gente.