sábado, 19 de maio de 2018

O uso do discurso de ódio, pelas elites, como instrumento de dominação das massas... Por Daniella Nefussi

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  "Extermínios étnicos (nome inventado que diz mais sobre o exterminador do que sobre os exterminados) existem à rodo desde o colonialismo, justamente porque era a principal forma de aquisição de escravos ou roubo de terras. Aliás, foi nesse banho de sangue que as terras em que vivemos hoje foram "distribuídas", que foram inventadas essas nações que tanto inflam nossos peitos nacionalistas!"

Do Jornal GGN:


O ódio é o melhor instrumento de controle de massas
por Daniella Nefussi

Extermínios étnicos (nome inventado que diz mais sobre o exterminador do que sobre os exterminados) existem à rodo desde o colonialismo, justamente porque era a principal forma de aquisição de escravos ou roubo de terras. Aliás, foi nesse banho de sangue que as terras em que vivemos hoje foram "distribuídas", que foram inventadas essas nações que tanto inflam nossos peitos nacionalistas!
Por algum motivo inexplicável, os exterminadores sentem necessidade de justificar seu terrorismo e criam as mais variadas teses, que vão de religiosas à cientificas, para sustentar a melhor forma de subjugação e controle do ser humano: o ódio.
No século 19 foram desenvolvidas as mais malucas teses cientificas para transformar a imagem dos seres humanos vindos do continente africano na de animais descontrolados e incapazes de discernimento. Como se o branco estivesse no seu juízo perfeito ao dizimar, escravizar, torturar outros seres humanos.
Apesar de passados 2 séculos, ainda reproduzimos esse ódio, que foi camuflado em diversas outras teses, cientificas, econômicas ou religiosas. Países como o Brasil e os EUA são os melhores exemplos desse extermínio continuado.
Hoje temos o exemplo de Israel e EUA construindo teses históricas e religiosas para criar a imagem de que muçulmanos são fanáticos e descontrolados, quase animalescos, chamados "terroristas", para também invadir terras economicamente estratégicas e exterminar toda uma população, como é o caso dos palestinos há mais de meio século, nem todos muçulmanos, diga-se de passagem.
Assim como vamos encontrar outros terriveis exemplos no continente africano, com bandeiras cristãs dizimando diferentes grupos, há décadas.
Ou no clássico exemplo do nazismo, que cresce ainda hoje, contra judeus, negros e lgbts. Uma perseguição orquestrada por interesses politico-economicos.
Nem vou citar o massacre de mulheres. Ok.
O ódio é, desde sempre, o melhor instrumento de controle de massas. Ele é milimetricamente construído através de mecanismos já conhecidos por nós, mas que ainda não sabemos evitar.
Poucos conseguem desconstruir, destruir o "ódio ao outro" porque exige um trabalho violento dentro de si. Nada a ver com alimentar o amor, porque amor não é a antítese do ódio. Nem mesma natureza eles possuem. Achar que se cura o ódio com o amor é não ter entendido nada sobre nenhum dos dois, e alimentar teses religiosas compassivas que de nada serviram para melhorar essa situação.
Tem que pegar o touro à unha dentro de si, bem ali no núcleo das suas crenças mais profundas, mais arraigadas, e enxergar a hipocrisia que as sustenta!! Entender que o ódio é construído através das narrativas, cientificas, filosoficas, teológicas, que você internalizou e que te submetem a comportamentos contra a vida. E vida é a sua e a do outro.
Não há saída para nós se cada um não fizer a sua parte em profundidade. Não se elimina o ódio cultivando o amor, porque amor não dá em árvore, não precisa de cultivo.
É no resgate da Ética que renascem a igualdade, o respeito e o amor, naturais à vida.
Daniella Nefussi é atriz

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