domingo, 9 de setembro de 2018

O caos, a farda e a toga na aliança da extrema-direita, por Maria Cristina Fernandes



"Em artigo, no Valor, Maria Cristina Fernandes aborda o bolsonarismo, e suas digitais em tantas ações pelo país. Fala da convocatória da mobilização dos caminhoneiros, onde o texto remete ao discurso do candidato do PSL. E digitais ainda intactas desde a primeira mobilização, quando os empresários fomentadores da paralisação não foram punidos e os cofres do governo abertos. "






Jornal GGN - Em artigo, no Valor, Maria Cristina Fernandes aborda o bolsonarismo, e suas digitais em tantas ações pelo país. Fala da convocatória da mobilização dos caminhoneiros, onde o texto remete ao discurso do candidato do PSL. E digitais ainda intactas desde a primeira mobilização, quando os empresários fomentadores da paralisação não foram punidos e os cofres do governo abertos. E isso respaldados na certeza de ser a única categoria que, de fato, pode parar o país.
 
A convocatória não obteve sucesso, mas é revelador que tenha aparecido juntamente com o início do horário eleitoral gratuito, revelando um movimento que pretende tomar lugar do lulismo como eixo da disputa. O caos favoreceria Bolsonaro, pois que sua marca é sobrepor a força à razão.
 
E o capitão, rei das redes sociais, ataca Alckmin com a certeza do eco, chamando de mimimi essa coisa de ser educadinho, e que afirma: 'tô colocando o meu na reta por vocês ou vocês acham que não estou ameaçado o tempo todo?'.
 
O contraponto a Bolsonaro foi o que restou a Alckmin, que navega contra a maré depois que seu partido foi atingido em cheio pela Lava Jato e pelas políticas de aferição de resultados, criadas pelo próprio PSDB.
 
Geraldo, não conseguindo responder por que o Estado comandado pelo seu partido há 24 anos anda atrasado na educação, culpou a metodologia do ministério comandado pelo DEM, seu aliado. E o tropeço dá fôlego ao discurso de Bolsonaro 'sobre a governabilidade paralisante de seu maior adversário'.
 
Maria Cristina aponta mais. Blindado por seu eleitorado, Bolsonaro escuda-se contra Ciro e Marina, que partiram para cima. A primeira foi contra Marina, chamando-a de fraca no debate. Diz que ele reage com o mesmo apelo daquele que está no outro polo, com a sua propaganda levando-o ao cordão dos perseguidos. 'A reação vitimizada do capitão consolida a resiliência de seu eleitorado', diz ela.
 
A articulista critica, ainda, a reação dos militantes do PT, surpreendidos pela decisão do TSE, que abrem o flanco. Ocupados em salvar a bancada, ainda aferrados à onipresença de Lula, ela entende que estreitam o tempo de compatibilização entre o discurso e a figura de 'um rapaz com pinta de rico de quem mal sabem o nome'.
 
A um mês da eleição, que ainda está indefinida, a certeza, de acordo com Maria Cristina, parece ser a radicalização. E neste ponto não é só o bolsonarismo de raiz que ferve. A articulista lembra que um grupo de generais de quatro estrelas se reuniram em Porto Alegre sob o temor de que Bolsonaro não ganhe no primeiro turno e que, caso vá ao segundo, perderá se a disputa for para 'o todos contra um'. Na cúpula do
Exército, a resistência ao nome do capitão é apenas residual. 
 
Para ela, nem o liberalismo exacerbado da assessoria econômica ao candidato assusta, já que a soberania hoje é uma carabina enferrujada. Mas prestam atenção à violência, corrupção e protagonismo que vislumbram em seu eventual governo. E também a ida para o limbo com um revés do candidato, fazendo planos de um general na pasta da Defesa.
 
Nos últimos quatro anos o Exército sugeriu uma identidade de propósitos, com sucessivas condecorações dos magistrados da Lava Jato. A campanha eleitoral deixou isso explícito. E Bolsonaro trouxe para sua campmanha Onyx Lorenzoni, principal articulador das dez medidas contra a corrupção. E trouxe o General Mourão, amigo de Carlos Eduardo Thompson Flores e desembargador do TRF4, aquele que aplaudiu as decisões contra Lula antes mesmo que chegassem à sua instância, e várias vezes condecorado pelo Exército.
 
Isso coloca Bolsonaro, diz a articulista, aquele que não dispõe de tempo na propaganda oficial ou fundo eleitoral, devidamente munido de uma coligação com a farda e a toga.
 

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