sexta-feira, 14 de junho de 2019

The Economist: Investigações da Lava Jato podem se autodestruir


Revista inglesa avalia que o escândalo joga dúvidas sobre a imparcialidade do juiz e a integridade das acusações promovidas pela Operação Lava Jato



Artigo The Economist repercute escândalo Vaza Jato. Imagem reproduzida. Fonte: The Economist
Jornal GGN “A ampla investigação anticorrupção conhecida como Lava Jato pode ter sofrido um golpe fatal”, diz um artigo publicado nesta semana pela The Economist sobre o vazamento de conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol pelo site Intercept.
A revista avalia que o escândalo joga dúvidas sobre a imparcialidade do juiz e a integridade das acusações promovidas pela Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal.
“Foi o acontecimento mais polêmico do Brasil desde que Tiradentes foi enforcado em 1972 por conspirar em Minas Gerais contra o domínio colonial português. Em julho de 2017, o jovem juiz Sérgio Moro condenou Luiz Inácio Lula da Silva, popular ex-presidente, por corrupção, condenando-o a nove anos de prisão por receber um apartamento à beira mar de um magnata da construção que obteve contratos do governo”, inicia o artigo.
“Esta semana, a condenação foi questionada depois que o Intercept, um site de notícias investigativas, publicou mensagens hackeadas de Moro e Deltan Dallagnol, o procurador-chefe do caso, colocando em dúvida a imparcialidade do juiz e a integridade da acusação”, completa.
O artigo destaca que os vazamentos podem não mudar a situação de Lula. “Mas a ampla investigação anticorrupção conhecida como Lava Jato pode ter sofrido um golpe fatal” e com potencial para levar à “autodestruição” da operação, até então, considerada a mais importante contra a corrupção no país.
A publicação inglesa afirma ainda que a situação de Moro parece “indefensável”, pontuando que o Intercept não revelou todo o material que teve acesso. Pelo conteúdo que já foi publicado, a revista destaca que Dallagnol tinha dúvidas quanto a solidez das acusações contra Lula. Mas a imagem mais desgastada, para o Economist, é a de Sérgio Moro.
“O maior dano é causado pelas muitas mensagens que Moro trocou com Dallagnol em que ele apareceu tanto para treiná-lo quanto para criticá-lo. Os dois pareciam trabalhar juntos”, diz a publicação.
“Sob a constituição do Brasil de 1988, os juízes devem ser árbitros neutros. Na prática, dizem os advogados, os juízes não podem trocam informações com os promotores. Isso [revelado entre Moro e Dallagnol] é contra a lei e o código da ética judicial. Em um caso tão importante, Moro deveria saber que não podia infringir as regras”, prossegue.
A Economist lembra que, quando aceitou se tornar ministro da Justiça no governo Bolsonaro, principal opositor do PT nas últimas eleições, Moro já havia levantado suspeitas.
“Ele é um herói para muitos brasileiros. Mas sua posição agora parece indefensável”, pontua.
Apesar desse quadro, a revista diz que a Lava Jato tem um legado importante porque “abriu caminhos para responsabilizar os poderosos e revelar a escala insuportável da corrupção no Brasil. Seus excessos devem ser corrigidos. Mas seus inimigos agora se sentirão encorajados para garantir que novas investigações de políticos desapareçam”.

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