sexta-feira, 2 de agosto de 2019

GGN: Mulher do general Belham, acusado pela morte de Rubens Paiva, foi assessora de Bolsonaro (com informações da Revista Época)




Ex-chefe do Destacamento de Operações de Informação (DOI) responde por homicídio doloso qualificado, ocultação de cadáver, quadrilha armada e fraude processual



Maria de Fátima Campos Belham e o marido, o general reformado José Antônio Nogueira Belham. Foto: Reprodução/Facebook

Jornal GGN No dia 20 de janeiro de 1971 o deputado federal Rubens Paiva (PTB) foi detido em casa por agentes do Centro de Informação de Segurança da Aeronáutica (Cisa) e entregue ao DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação — Centro de Operações de Defesa Interna), no Rio de Janeiro, chefiado naquela época pelo general José Antônio Nogueira Belham.

Relatos de subordinados de Belham contaram em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em 2014, que o deputado foi torturado até a morte no mesmo dia em que foi detido. Uma reportagem da revista Época, divulgada nesta quinta-feira (1º) mostra que a mulher de Belham, Maria de Fátima Campos Belham, foi nomeada pelo então deputado federal, Jair Bolsonaro, para trabalhar no seu gabinete na Câmara, em 2003.

“Segundo a Câmara, Maria de Fátima foi cedida pelo Ministério da Defesa ao gabinete do então deputado federal. Procurada, ela disse que não tinha ‘nada a declarar'”, escrevem Juliana Dal Piva e Juliana Castro, que assinam a matéria.
Em 2014, o Ministério Público Federal abriu um processo contra Belham e os militares Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos, Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza, pelo envolvimento na morte de Rubens Paiva. O processo se tornou o primeiro caso de homicídio no Judiciário do país contra militares por crimes cometidos na ditadura.

A denúncia contra Belham e os demais militares foi aceita em primeira e segunda instância. Ao chegar o Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro de 2014, os réus entraram com um pedido de suspensão do processo, alegando que as decisões nas instâncias anteriores afrontam a Lei da Anistia. O MPF rebate afirmando que o desaparecimento forçado é um crime de lesa-humanidade, não passível de anistia.


O caso foi trancado, na época, pelo ministro Teori Zavascki. Com a sua mortes, em janeiro de 2017, o inquérito foi arquivado por engano. Em janeiro de 2018, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, identificou o erro e pediu para que o caso voltasse a tramitar na Corte. Atualmente, o inquérito aguarda análise do ministro Alexandre de Moraes, que herdou os processos de Zavascki.
A reportagem da Época conta que, quando Belham foi convocado para depor na Comissão Nacional da Verdade, ainda em 2014, Bolsonaro defendeu o general. “O apelo que faço é para que o general possa falar o que ele bem entender e não fique preso só ao Rubens Paiva”, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

O neto do deputado, Chico Paiva, conta que, naquele mesmo ano, durante a inauguração de um busto do avô na Câmara dos Deputados, Bolsonaro esbravejou contra à família: “Rubens Paiva teve o que mereceu, comunista desgraçado, vagabundo!.” Em seguida, Bolsonaro cuspiu no busto.

Um dos relatos que incriminam Belham é do coronel da reserva Armando Avólio Filho que, na época da morte de Paiva, fazia parte do Pelotão de Investigações Criminais da Polícia do Exército (PIC-PE).

 “Ao dirigir-me para fechá-la (a porta), deparei com um interrogador do DOI, de nome Hughes (…), em seu interior, utilizando-se de empurrões, gritos e ameaças contra um homem que aparentava já ter uma certa idade. Reparei, na fisionomia desta pessoa, um ar de profundo esgotamento físico”, relatou dizendo que, em seguida, decidiu comunicar Belham.

“Eu disse, major, é bom o senhor dar uma chegada lá na sala de interrogatório porque aquilo lá não vai terminar bem. Ele ficou olhando para mim… é o Hughes que está lá”, completou.

*Clique aqui para ler a reportagem da Época na íntegra. 

 

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário