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domingo, 5 de abril de 2020

O que leva pessoas como o procurador geral eleitoral a bolsonarar? Por Luis Nassif



Quando passar o vendaval, e poderá ser em breve, gestos dessa natureza serão contados como o caso do procurador que empenhou sua biografia em troca do fogo fátuo de um poder que acabará na próxima esquina da história.

Jornal GGN. - O vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés não é um bolsominion típico. Pelo contrário. Até a semana passada era um procurador considerado, com boas posições em direitos humanos. Virou Bolsonaro.
O Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta é um médico racional, que tem dado demonstrações de maturidade e responsabilidade pública excepcionais. E era Bolsonaro.
O que leva pessoas desse nível a aderirem ao que de pior a política brasileira apresentou em todos os tempos? A adesão a Bolsonaro há muito deixou de ser uma opção política para se tornar uma escolha moral.
O que acontece com o caráter de pessoas como Brill de Góes, para ter a presunção de acabar com um partido político que representa várias dezenas de milhões de eleitores brasileiros? Como pode alguém que se considera minimamente racional e conhecedor de princípios jurídicos e de direitos humanos, proceder a essa confusão entre pessoas e a instituição do partido a ponto de ter essa pretensão de varrer do mapa político o maior partido brasileiro?
Seria vontade de agradar o chefe? Seria o fato de querer impor autocraticamente seu antipetismo sobre 47 milhões de eleitores? Seria o fato de que suas convicções se adaptam às circunstâncias da sua carreira profissional? Vale tanto a pena assim manchar sua biografia com um gesto dessa natureza?
Mandetta fez o caminho inverso. Chegou ao posto de Ministro por sua adesão ao bolsonarismo. No poder, lembra o personagem de Vitório de Sicca, no filme “De crápula a herói”. Percebeu a relevância do cargo, a responsabilidade pública e passou a ter um papel central no combate à doença, indo contra o chefe. Vai ser demitido ou não, pouco importa. Em um país de oportunismos, de pusilanimidade de homens públicos, Mandetta inscreveu-se na história.
Por outro lado, quantos procuradores/as exemplares, de biografia irrepreensível, acabaram jogando fora história, imagem e reputação para agradar ao Deus do momento, fosse Bolsonaro ou a mídia? Os exemplos estão aí, à vista de Brill de Goes. Na era das redes sociais, o julgamento da história não precisa aguardar décadas para se realizar.
Quando passar o vendaval, e poderá ser em breve, gestos dessa natureza serão contados como o caso do procurador que empenhou sua biografia em troca do fogo fátuo de um poder que acabará na próxima esquina da história.

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segunda-feira, 25 de março de 2019

A longa crise brasileira, por Aldo Fornazieri


Os sinais primeiros da atual crise surgiram em 2013. Naquele momento, nem o governo Dilma e nem as oposições foram capazes de apresentar uma saída satisfatória para aqueles sintomas.

A longa crise brasileira

por Aldo Fornazieri

Nenhum país funciona politicamente se não tiver um ou mais centros de coordenação política dos grupos adjacentes e da sociedade. Normalmente, se configuram dois centros de coordenação política: um é dado pelo governo e outro pelo principal partido da oposição ou por uma frente oposicionista. Quando faltam ou falham esses centros de coordenação o país entra em crise política. As crises tendem a ser rápidas, da mesma forma que surgem subitamente. Em regra, propendem a soluções positivas pela superação ou deslocamento da força que representa o status quo ou pela sua regeneração.
A atual crise brasileira foge a essas características: veio se instalando paulatinamente; colapsou as principais forças políticas do governo e da oposição; o momentum de sua superação (eleições de 2018) representou não só a sua continuidade e seu agravamento, mas também o seu deslocamento para um sentido negativo, retrógrado; e, por fim, a sua duração será longa. No mínimo, até 2022, mas pode ir além.
A crise política veio acompanhada por dois anos de grave recessão econômica e por anos continuados de baixo crescimento, baixo investimento público e privado, alto desemprego e elevada dívida pública. A crise de coordenação política nacional se reflete também na economia e na sociedade.
Os sinais primeiros da atual crise surgiram em 2013. Naquele momento, nem o governo Dilma e nem as oposições foram capazes de apresentar uma saída satisfatória para aqueles sintomas. Não apresentaram direção ou sentido para a sociedade e para o Brasil.
As eleições de 2014 ofereceram a oportunidade de surgimento de uma saída para a crise que já se aguçava. Mas, a campanha eleitoral polarizada, caracterizada pela falta de propostas e pelos xingamentos, não se tornou auspiciosa. Com a posse de Dilma para um novo mandato a crise se agravou, por vários motivos, mas por dois principais: a contestação da legitimidade das eleições por parte de Aécio Neves e do PSDB, o que fez surgir um elemento golpista na conjuntura; e, a crescente perda da capacidade de Dilma de coordenar politicamente o governo e uma maioria no Congresso.
O golpe do impeachment, a radicalização da Lava Jato, a avalanche de denúncias de corrupção as inúmeras prisões de agentes políticos e partidários e, finalmente, a prisão de Lula e o fracasso do governo Temer, colapsaram, primeiro, o PT; depois, o atual MDB e, finalmente, o PSDB. Assim, se abriu o espaço para o fortalecimento de uma força política secundária entre as existentes ou para o surgimento de uma nova força. A sociedade escolheu a última opção, através de Bolsonaro.
É preciso perceber que depois da crise que derrubou Fernando Collor, o Brasil viveu um período de significativa estabilidade política que dourou 20 anos, sendo 8 com FHC, 8 com Lula e 4 com Dilma. Isto ocorreu porque PT e PSDB se instituíram como dois centros de coordenação política nacional junto com a legitimidade e reconhecimento de seus dois respectivos líderes: Lula e Fernando Henrique Cardoso. A coordenação política nacional é exercida por partidos fortes e representativos, por líderes legítimos e reputados ou por uma combinação de partidos e líderes, que foi o caso desse período de estabilidade política. Neste período, o PMDB também jogou um papel importante pois, como tertius, cumpria o papel de garantidor da governabilidade de um e de outro grupo. A traição perpetrada pelo grupo de Michel Temer contra Dilma foi decisiva para romper essa relativa estabilidade que existia.
O resultado de todo esse processo foi o enfraquecimento dos partidos, bancadas encolhidas no Congresso, carência de líderes fortes e populares e vitória de Bolsonaro. Lula foi o único líder cuja liderança havia sobrevivido a essa avalanche destrutiva. Mas, deliberadamente, foi tirado do jogo pelo arbítrio judicial que agiu de forma consciente como representante das forças retrógradas e conservadoras.
A vitória de Bolsonaro é uma desgraça para o Brasil e para as perspectivas de superação da crise. De forma consciente ou atabalhoada, Bolsonaro é em tudo o contrário daquilo que um presidente deveria ser, principalmente neste momento. Um presidente deve unir e apaziguar. Ele desune, agride e dissemina ódio e ressentimentos. Um presidente deve agregar forças. Ele as dispersa, divide e desagrega. Um presidente, como magistrado mais alto do país, deve ter uma conduta respeitosa, respeitada e exemplar. Bolsonaro tem atitudes de um arruaceiro político e perde o respeito dos políticos e da sociedade. Um presidente coordena o ministério e governa. Bolsonaro desgoverna, tuita, desacredita seus ministros, não tem programa, não tem ideias, como disse Rodrigo Maia.
Bolsonaro é o principal opositor à sua principal proposta de reforma: a da Previdência. Os seus dois superministros – Guedes e Moro – viraram ministrinhos. O ministério não tem experiência e nem capacidade. Poucos sabem o que estão fazendo. O presidente afirmou que veio para desconstruir o Brasil. Nisso ele deve ser levado a sério. Um homem que nada fez durante 30 anos de mandato parlamentar, não seria como presidente que viesse fazer alguma coisa. Bolsonaro terçou mentiras durante a campanha inteira. Não era de se esperar que na condição de presidente viesse a ser um laborioso promotor da verdade.
Sem força política partidária, sem força política no Congresso e sem força política popular, o governo Bolsonaro será um governo de crises e destinado ao fracasso. Para sobreviver até 2022, Jair Bolsonaro terá que reinventar-se, acautelar-se. A eventualidade de um governo Mourão também não é auspiciosa, pois também careceria de força política e social. A única viabilidade de um governo Mourão consistiria num pacto nacional no qual ele se colocaria na condição de um governo de transição.
Se o governo vai muito mal, a oposição não vai bem. O PT, principal partido de oposição, vem perdendo, desde 2015, capacidade de coordenação política nacional do campo progressista e democrático. Este campo agora orbita em torno de dois polos: um, constituído pelo PT e outro, constituído pelo PDT, PSB e PCdoB. O PSol se articula numa faixa própria. Com alianças pontuais, os dois polos tendem a caminhar separados até 2022, quando cada um tende a apresentar sua própria alternativa presidencial.
A fraqueza relativa dos partidos e a ausência de um líder inconteste favorece essa fragmentação e a consequente incapacidade de estabelecer uma coordenação política nacional a partir de uma visão de país, de uma plataforma programática e de uma pauta de lutas. Esta incapacidade fragmenta também as lutas dos movimentos sociais que se refugiam em suas especificidades e muitos tendem ao sectarismo invocando o lugar de fala como uma posse privativa, uma exclusividade. Sem a perspectiva de um programa universalizante, partidos e movimentos do campo progressista operarão com suas fraquezas e limites.
A crise política, desta forma, vai se mantendo e prolongando a agonia do Brasil e de seu povo. É uma crise de organização das forças políticas partidárias e uma crise de liderança. É uma crise de capacidade de coordenação e de condução do país. É uma crise de força política. Sem partidos fortes e sem lideranças fortes não há capacidade de coordenação, de aglutinação das forças dispersas e fragmentadas. Partidos e líderes fracos resultam em governos fracos, em fracassos políticos e administrativos.
A direita bolsonarista tende a ser um sopro passageiro, pois Bolsonaro não é um líder autêntico e o PSL é um aglomerado difuso e confuso. O problema está na centro-direita e na esquerda. É preciso construir novas capacidades, renovar as lideranças. Se isto não ocorrer, o Partido Novo, de um lado, e o PSol, de outro, terão espaço para crescer. Esta perspectiva também é de médio prazo. Enquanto isso, os problemas e as tragédias do Brasil se multiplicam.
Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Barroso achava que era Rui Barbosa mas virou “D. Solange” da censura. Por Fernando Brito



 "(...) ele mostrou que está disposto a mandar “às favas os escrúpulos de consciência” e assumiu plenamente o papel de “cassador” dos direitos políticos de Lula."



Publicado originalmente no Tijolaço
POR FERNANDO BRITO, jornalista e editor do blog Tijolaço
O ministro Luiz Roberto Barroso já mostrou que é o candidato mais forte ao posto de Jarbas Passarinho do século 21.
Também ele mostrou que está disposto a mandar “às favas os escrúpulos de consciência” e assumiu plenamente o papel de “cassador” dos direitos políticos de Lula.
Agora, vai além e ameaça tirar do ar a propaganda da coligação do PT onde se observe recalcitrância sistêmica e generalizada de um candidato inelegível, sem o abrigo do artigo 16-A, de se fazer presente, das mais variadas e insistentes formas, na propaganda eleitoral paga pelo contribuinte em expediente que se presta a desorientar o eleitorado quanto a aquilo que já decidido pela Justiça Eleitoral”.
O que são “variadas e insistentes formas”?
Lula não aparece como candidato, que é o aquilo proibido pela Justiça Eleitoral – esta, sim, ao arrepio do “abrigo do artigo 16-A” da lei eleitoral – mas como personagem político e apoiador de Haddad, além de personagem que está vivo nos sentimentos do povo e da lembrança de seus governos.
É isso o que Barroso quer proibir.
Sai, então, da posição do ex-ministro do regime militar e baixa à posição de “Dona Solange”. Para quem é mais novo, Solange Teixeira Hernandes, diretora do Departamento de Censura Federal  da PF, era a encarregada de “cortar” palavras e imagens consideradas “inconvenientes”  em músicas e filmes.
Era ela quem decidia o que era  capaz  de “desorientar o eleitorado”. Por exemplo: dizer que “da barriga da miséria, nasci brasileiro”, não podia. E virou “na barriga da miséria, nasci batuqueiro” na música “Deus dará”, do Chico Buarque. Que, aliás, passou a se assinar “Julinho da Adelaide” para, como sugere Barroso, não caracterizar  “recalcitrância sistêmica e generalizada ” do compositor.
Pois é isso que a “Solange togada” encarnada por Luiz Roberto Barroso quer fazer.
Abandona o princípio de que a Justiça tem poder sobre os atos, jamais sobre as opiniões.
Delas, Barroso não é dono e é interessante perguntar se o famoso “cala a boca já morreu” de sua colega Cármem Lúcia vale para Lula e o PT.
Está evidente que o ministro gosta é de uma versão da frase clássica: “quem manda na sua boca sou eu”.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Boaventura de Sousa Santos, professor emérito de Sociologia da Universidade de Coimbra e Wisconsin: o Brasil diante de uma eleição dramática



  "As irregularidades óbvias do processo Lula da Silva têm tido alguns efeitos surpreendentes. A obsessão punitiva foi neste caso tão excessiva que o sistema judiciário degradou a sua imagem e a sua legitimidade, tanto nacional como internacionalmente, a um nível e com consequências que, por agora, são difíceis de avaliar. Por sua vez, a imagem política e humana de Lula saiu desta húbris político-judicial fortemente fortalecida e melhorada. Vítima de uma flagrante injustiça e, para muitos, um preso político – talvez o mais famoso preso político do mundo – Lula da Silva viu aumentar exponencialmente o seu crédito político e a sua popularidade junto das classes populares." - Prof. Boaventura de Sousa Santos



Esquerda e Lula recuperaram imagem e influência, mas atitude hegemonista do PT bloqueia unidade. Direta assanhou-se. Será possível derrotar o golpe em outubro?
Estão a acelerar-se as urgências típicas de um ciclo eleitoral que se vai prolongar entre o fim de agosto e o fim de outubro. Estas urgências são particularmente desafiadoras para as esquerdas brasileiras porque o seu principal candidato e, de todos o mais bem posicionado nas sondagens, está preso e pode vir a ser considerado inilegível.
As irregularidades óbvias do processo Lula da Silva têm tido alguns efeitos surpreendentes. A obsessão punitiva foi neste caso tão excessiva que o sistema judiciário degradou a sua imagem e a sua legitimidade, tanto nacional como internacionalmente, a um nível e com consequências que, por agora, são dificeis de avaliar. Por sua vez, a imagem política e humana de Lula saiu desta húbris político-judicial fortemente fortalecida e melhorada. Vítima de uma flagrante injustiça e, para muitos, um preso político – talvez o mais famoso preso político do mundo – Lula da Silva viu aumentar exponencialmente o seu crédito político e a sua popularidade junto das classes populares. Paulatinamente, os erros ou desacertos dos governos do PT por ele hegemonizados no período 2003-2016 foram sendo minimizados ou esquecidos — para o que contribuiu também o agravamento da crise econômica e a política de austeridade que entretanto desabou sobre as classes populares—e Lula da Silva foi-se consolidando como o pre-candidato de longe mais bem posicionado para ganhar as próximas eleições presidenciais. Isto, apesar de estar preso, não poder dar entrevistas nem gravar videos e ser muito provavelmente inelegível nos termos da “Lei da Ficha Limpa”.
Se objetivo político-judicial era destruir a imagem do ex-presidente, tudo leva a crer que a estratégia seguida pela elite conservadora falhou e foi mesmo contraproducente. Terá, no entanto, atingido com êxito o seu objectivo principal: retirar Lula da Silva da próxima contenda eleitoral e fazê-lo sem uma alteração qualitativa do regime político e sem níveis incontroláveis de perturbação social. Mas mesmo neste domínio o objetivo pode ter sido apenas parcialmente atingido. Resta a dúvida sobre a influência que o ex-presidente pode ter na escolha do próximo Presidente da República e na governação do país no próximo ciclo político. Para além deste fator de imprevisibilidade dois outros devem ser considerados: endurecimento geral do regime político; e as dificuldades de construção de hegemonia tanto à direita como à esquerda.
O endurecimento geral do regime político
Nos últimos meses o regime político endureceu consideravelmente. Aumentou a violência política de que a manifestação mais vísivel foi o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, em 14 de março deste ano. Para além disso, ocorreram outras execuções de lideres políticos locais, aumentou a violência contra lideres sociais sobretudo no meio rural, acentuou-se o verdadeiro genocídio de jovens negros e pobre das periferias urbanas, foi decretada a intervenção militar no Estado do Rio de Janeiro com o pretexto da luta contra o crime organizado, têm vindo a ser perseguidos judicialmente professores e investigadores com acusações chocantes contra os resultados da sua pesquisa científica (por exemplo, no domínio dos efeitos danosos para a saúde pública decorrentes do uso irregular de agrotoxicos na agricultural industrial).
O golpe institucional que levou à destituição da Presidenta Dilma Rousseff em 2016, a prisão de Lula da Silva e a condução global da operação Lava-Jato têm vindo a consolidar um regime de exceção que, à semelhança do que tem ocorrido noutros países, parece ocorrer em suposta normalidade democrática. Sem mudar qualitativamente, o regime político tem vindo a acentuar os seus traços reacionários e autoritários. Tenho defendido que a democracia brasileira, já de si uma democracia de baixa intensidade, tem vindo a transformar-se numa democracia de baixíssima intensidade. Isto significa que o cará ter socialmente excludente e politicamente restritivo das liberdades democráticas se acentuou nos últimos tempos. Sem se transformar num regime ditatorial de tipo fascista, tem vindo a abrir espaço para forças políticas neofascistas, forças de extrema-direita que usam os instrumentos políticos que restam da democracia para fazer a apologia de práticas típicas da ditadura (apologia da tortura, justificação da violência extrajudicial contra populações pobres racializadas, retórica de violenta intolerância contra lideres políticos de esquerda, etc). A face mais visível desta pulsão neofascista é Jair Bolsonaro, militar na reserva, deputado federal. Depois de Lula da Silva é o pre-candidato a Presidente da República mais bem posicionado nas sondagens. Trata-se de um populista de extrema-direita tão mal preparado para dirigir o país e tão improvável como vencedor das eleições como era Donald Trump poucos meses antes das eleiçoes nos EUA em 2016.
Outros traços do endurecimento do regime político referem-se ao modo como se tem acentuado o protagonismo do sistema judicial em detrimento do Legislativo e do Executivo e à consequente judicialização da política. O Judiciário é hoje no Brasil o fator principal da insegurança jurídica que atinge todos e sobretudo as grandes maiorias que mais precisariam de um sistema judicial acessivel e comprometido com os objectivos constitucionais da defesa dos direitos civis, políticos, econômicos e sociais. Este endurecimento não se pode explicar sem considerar o papel da crise econômica, uma crise de rentabilidade do capital que impôs o fim da política de conciliação de classes que os governos do PT e muito particularmente Lula da Silva, tinham vindo a defender e a praticar (o chamado lulismo ou lulapetismo).
As elites dominantes, com o apoio ativo do imperialismo norteamericano e do capital financeiro global, estimularam (quando não provocaram) a crise financeira e política do Estado para impor uma versão mais agressiva do capitalismo, socialmente mais excludente e mais dependente da criação de populações descartáveis, na prática, sub-humanas, por via do recrudescimento da dominação colonialista (racismo, extermínio de jovens negros, colonialismo interno, violência contra os que lutam pela terra e pelo território, sejam eles camponeses, povos indígenas e afro-descendentes, populações ribeirinhas e piscatorias) e da dominação patriarcal (aumento da violência contra as mulheres, tantativa de liquidação das conquistas pela igualdade e pelo reconhecimento da diferença dos anos mais recentes).
Esta foi a condição imposta pelas elites nacional e internacionalmente dominantes para não recorrer a um regime explicitamente ditatorial. Note-se que o contexto em que ocorreram os fascismos na Europa eram muito distintos. Tratava-se então de conter um movimento operário muito militante e muito organizado ou de neutralizar o “perigo” comunista. As ameaças à dominação capitalista eram então perecebidas como tendo uma dimensão existencial que não tem hoje. Pelo contrário, a dominação capitalista e colonialista parece hoje temer menos do que nunca possíveis inimigos. Conseguiu, pelo menos aparentemente, uma hegemonia por via da qual o slogan das esquerdas dos anos de1920 “socialismo ou barbarie” foi substituido pelo slogan “capitalismo ou barbárie”, ao mesmo tempo que as barbaridades cometidas pelo capitalismo se tornam cada vez mais evidentes e perigosas, atentatórias do mais elementar direito humano, o direito à vida, para nem sequer falar do direito à vida digna.
Dificuldades de construção de hegemonia tanto à direita como à esquerda
Historicamente, as forças políticas de direita sempre mostraram mais unidade nos momentos decisivos que as forças políticas de esquerda. Frequentemente, nem sequer tiveram de se preocupar em detalhar as condições da sua unidade porque contaram sempre com um apoio surpreendente para a conquista ou manutenção do poder político: a divisão entre as forças de esquerda. Esta assimetria não decorre de uma qualquer deformação intrínseca que impeça as esquerdas de fazer diagnósticos
corretos nos “momentos decisivos” e de contabilizar as perspectivas do médio prazo nas urgências da auto-preservação no curto prazo. Decorre antes de uma outra assimetria que é constitutiva das sociedades capitalistas e colonialistas em que vivemos desde que a opção (consensual) pelo regime político democrático deixou de poder contemplar a opção por um regime económico alternativo ao capitalismo, o socialismo. A partir de então, a direita, quando governa, detém o poder político, econômico e social, enquanto a esquerda, quando governa, detém o poder político mas não o poder econômico nem o poder social. Esta assimetria permite à direita ter, em geral, mais certezas nos “momentos decisivos”, por exemplo, a de manter intacto o poder econômico e social mesmo quando se vê obrigada a perder o poder político.
Pelo contrário, as forças de esquerda tendem a sobrestimar o seu poder quando estão no governo (como se o poder político acarretasse, por si, o poder económico e social) e a subestimá-lo quando estão na oposição (a perda do poder político é vista como perda total e convida a um refúgio em estratégias isolacionistas de sobrevivência partidária). Este desequilíbrio é fator de confusão e miopia oportunista nos momentos em que seria mais importante a clarividência de objetivos estratégicos hierarquizados.
No Brasil, esta assimetria é hoje mais visível do que nunca embora se devam ter presentes os antecedentes que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e ao golpe militar dez anos depois. Na crise que se instaurou depois das eleições de 2014, a direita esteve sempre mais unida que a esquerda. No momento em que, devido à crise internacional, se apercebeu que o seu poder econômico estava em perigo, decidiu que, para o salvaguardar, seria preciso reconquistar em pleno o poder político, ou seja, pôr fim à política de alianças com os governos do Partido dos Trabalhadores que tinha mantido desde 2003. Daí, o golpe institucional que levou ao impedimento da presidenta Dilma Rousseff, à prisão atrabiliária de Lula da Silva e ao desmantelamento rápido e agressivo das políticas mais emblemáticas do periodo anterior. A facilidade com que a direita tirou do caminho o petismo mostra que o período anterior assentou num equívoco. O que para o PT era uma política de conciliação de classes mais ou menos duradoura, era para a direita uma mera política conjuntural de alianças. O ódio classista e racista que se propagou de imediato como gasolina incendiada é prova disso mesmo.
Mas também ficou evidente que a unidade das forças de direita era sobretudo uma unidade negativa, isto é, uma unidade para eliminar a presença do petismo da cena política. A unidade para construir uma alternativa positiva (a configuração específica das relações entre o poder político, o poder econômico e o poder social) teria de ter outro ritmo, o ritmo do ciclo eleitoral de 2018. Tomadas de surpresa (o que, em si, já é significativo), as forças de esquerda levaram algum tempo a reagir, tanto mais que já vinham divididas no que respeita à avaliação das políticas e das práticas da governação dos governos petistas. No entanto, os “excessos” da contra-reforma facilitaram a emergência de uma unidade entre as forças de esquerda, também ela uma unidade negativa: o consenso no repúdio do ritual sacríficial de que foi vítima Lula da Silva e, consequentemente, o consenso na campanha do “Lula Livre” e na reivindicação do seu direito a ser candidato no ciclo eleitoral de 2018.
O ciclo eleitoral está a entrar na sua fase decisiva e as assimetrias anteriormente anotadas estão, de novo, bem presentes. No que respeita à direita, muitos analistas salientam a falta de unidade positiva patente na ausência de um candidato óbvio à liderança política do próximo período político. Em meu entender essa análise está equivocada. A aparente falta de unidade é uma armadilha bem urdida para garantir que no segundo turno das eleições presidenciais seja decidida entre dois candidatos de direita. No momento em que isso ocorrer a direita saberá tornar claras as suas escolhas. A destruição do candidato rejeitado pode ser brutal.
A menos que as condições econômicas internacionais se deteriorem acentuadamente, optará por uma política conservadora sistêmica em detrimento de uma política de ultra-direita com uma pulsão anti-sistêmica. Obviamente que não está garantido que esta estratégia resulte plenamente. As dinâmicas da política do ressentimento atualmente em vigor podem soltar os demônios do populismo de extrema direita. De todo o modo, esta solução garantirá o principal, a congruência mínima entre o poder político democrático de baixíssima intensidade e o poder econômico e social de cariz particularmente excludente e repressivo.
No que respeita às forças de esquerda, à medida que se intensifica a lógica eleitoral, a falta de unidade positiva (para garantir uma alternativa politica minimamente de esquerda) torna-se cada vez mais patente. A lógica taticista de sobrevivência partidária a curto prazo domina e o paradoxo mais chocante a qualquer observador atento parece escapar às lideranças partidárias: o paradoxo de se apregoar a unidade das esquerdas no segundo turno e, ao mesmo tempo, fazer tudo para não haver candidatos de esquerda no segundo turno. Neste domínio, a responsabilidade do PT é particularmente forte por ser o principal partido de esquerda e ter como pre-candidato o político mais adiantado nas sondagens, ainda que essa pre-candidatura não se possa eventualmente converter em candidatura. As assimetrias entre esquerda e direita que assinalei acima são agora particularmente dramáticas.
Se é verdade o que afirmei acima – que o que o PT viu como conciliação de classes era, para a direita, uma mera aliança política conjuntural – resulta particularmente incompreensível que se insista em políticas de aliança com as forças de direita que apoiaram o golpe institucional quando é evidente que não há agora quaisquer condições para a conciliação de classes, nem mesmo como ilusão credível. Ou seja, as condições que permitiram ao PT ser a esquerda hegemônica no período anterior deixaram de existir. Faria, pois, sentido que a hegemonia fosse reconstruída sem alianças com a direita e, pelo contrário, com alianças construídas horizontalmente com outras forças de esquerda e centro-esquerda. Em vez disso, impera o taticismo da sobrevivência partidária no próximo ciclo político, mesmo que isso implique desperdiçar a oportunidade de eleger um Presidente da República que estanque a vertigem de exclusão e repressão que se abateu sobre as maiorias empobrecidas e racializadas. Esta posição é, no entanto, mais complexa que o puro taticismo. Constitui o cerne da identidade política que Lula da Silva costurou para o PT nas últimas décadas. O fato de estar agora preso faz com que Lula a Silva seja agora mais do que nunca o fiador dessa identidade. O pós-lulismo e o lulismo não podem coexistir. De algum modo, o PT está refém do Lula e o Lula está refém … do Lula.
Deve, no entanto salientar-se que Lula da Silva é um lider político de gênio. A partir de uma cela está a influenciar de maneira decisiva a condução da política brasileira. Não é fácil encontrar na história contemporânea outro líder carismático que consiga ampliar a sua aceitação popular (subir de maneira tão espectacular nas sondagens) apesar de preso há vários meses e depois de uma campanha de demonização mediática e judicial sem precedentes. Diz certamente muito sobre Lula da Silva mas também revela algumas complexidades insondáveis da estrutura social brasileira e do modo como as mensagens mediáticas são recebidas pelo público a quem se destinam.
A aposta de Lula da Silva é a mais arriscada de todas as que fez até agora. Consiste em permanecer na disputa eleitoral o mais tempo possivel e confiar que, no caso de ser declarado inelígivel, haverá uma transferência massiva de votos para o candidato que ele indicar, certamente o candidato a vice-presidente na sua chapa, Fernando Haddad. Provavelmente só assim se garantirá a presença de um candidato de esquerda no segundo turno. A hipótese mais segura de tal acontecer seria a de ter havido um entendimento entre Lula da Silva e Ciro Gomes (PDT), uma hipótese que foi descartada (definitivamente?). Se a aposta de Lula tiver êxito, a direita vai ter de reavaliar a eficácia e os custos políticos do golpe institucional, uma vez que sem ele talvez assumisse o poder nestas eleições de maneira mais segura e limpa. No caso de decidir não adulterar ainda mais o jogo democrático, terá certamente de investir tudo em agravar os custos políticos da reversão das leis (a contra-reforma) que entretanto conseguiu aprovar durante o interregno do golpe institucional.
Se a aposta de Lula falhar e um candidato de direita for eleito, as classes populares vão ver ainda mais agravadas as suas condições de vida e com isso o gênio político de Lula não poderá deixar de ser questionado. Seguir-se-ão intensas disputas no seio do PT e provavelmente algumas cisões. Abrir-se-á então o período pós-Lula. Em face disto, tudo indica que, com base no PT, não será possível, por agora, pensar numa renovação das forças de esquerda a partir de uma nova política de construção de hegemonia.
Fora da esquerda hegemonizada pelo PT, o PSOL está a construir uma alternativa junto com o movimento Vamos, oriundo da Frente Povo Sem Medo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Tecto), a APIB (Associação dos Povos Indígenas do Brasil) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Os candidatos à presidência da República são Guilherme Boulos (presidente) e Sonia Guajajara (vice-presidente). Esta candidatura aposta na renovação das esquerdas com base em novas lógicas de aliança e de articulação programática e com exclusão de alianças com as forças de direita. Parece, pois, estar a tirar as conclusões corretas de tudo o que aconteceu nos últimos anos. No entanto, deve estar cada vez mais consciente que tal renovação só é pensável depois das eleições de 2018 e a sua construção é totalmente contingente, na medida em que dependerá de resultados eleitorais, por agora imprevisíveis, e das consequências sociais que dele decorrerem. No plano da contingência, deverá estar certamente incluida a possibilidade da criação de um novo partido, um partido que seja também um partido novo, um partido-movimento, construído internamente por mecanismos de democracia participativa para ser verdadeiramente novo e inovador no plano da democracia representativa.
Na base desse partido estarão eventualmente movimentos e organizações sociais, bem como secores mais movimentistas do PSOL e setores de esquerda do PT e de outros partidos. Para esta aposta fazer sentido é preciso que o trabalho político de base das forças sociais e políticas de esquerda continue a ser possível no próximo ciclo político. A ausência das ameaças ao capitalismo que exitiam há cem anos parece indicar que se manterá o regime democrático mesmo que de baixíssima intensidade. Deve, no entanto, considerar-se uma incógnita perturbadora. Afinal o fascismo e o neofascismo têm razões que a razão desconhece.

Boaventura de Sousa Santos

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, diretor dos Centro de Estudos Sociais e do Centro de Documentação 25 de Abril, e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa - todos da Universidade de Coimbra. Sua trajetória recente é marcada pela proximidade com os movimentos organizadores e participantes do Fórum Social Mundial e pela participação na coordenação de uma obra coletiva de pesquisa denominada Reinventar a Emancipação Social: Para Novos Manifestos.

Mídia internacional denuncia o novo Golpe dos golpistas Contra a ONU e contra Lula


Só o PiG (Partido da imprensa Golpista) brasileiro ignora a decisão da ONU...
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Do Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim:


Do WhatsApp de um amigo navegante:
A imprensa do mundo inteiro destaca o documento da ONU, menos a imprensa brasileira.
Tem gente aqui no Brasil dizendo que a decisão da ONU é mentira da internet. 
Parece que são os mesmos que dizem que a Terra é plana.


sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O bom trabalho do falso "mito" da extrema direita no entendimento do antipetismo, por Francy Lisboa



"Por debaixo dos panos, no veneno diário do moralismo de fachada, como o carbonato da água consumida diretamente da fonte, o antipetismo foi gerido e, hoje, é claro ser o outro polo da eleição. Mas tem estado presente desde das eleições de 2006. Hoje, o ponto é saber como o antipetismo é segmentado."

Do Jornal GGN:




O bom trabalho do "mito" Bolsonaro no entendimento do antipetismo
por Francy Lisboa
A polariação entre PSDB e PT nas últimas cinco eleições é um daqueles lugares comuns que só são percebidos depois da tempestade e destroços que azedam o Brasil. Então a gente se pergunta, como foi possível não percebemos isso antes?
Talvez, bem lá no começo, houve sim a disputa entre os projetos, repito, projetos, dos dois partidos. Porém, o advento do “Mensalão” deu início à polarização que realmente vem reinando no Brasil desde então, os que não odeiam o PT e aqueles que odeiam o partido de Lula.
Notem que uso os que não odeiam o PT, coisa que por si só traz a adjetivação de petista, o único xingamento na lingua portuguesa que se refere a um partido especifico. Sabemos, porém, que não é preciso amar o PT para ser coerente com a Democracia e isso é algo importante nestes dias.
Por debaixo dos panos, no veneno diário do moralismo de fachada, como o carbonato da água consumida diretamente da fonte, o antipetismo foi gerido e, hoje, é claro ser o outro polo da eleição. Mas tem estado presente desde das eleições de 2006. Hoje, o ponto é saber como o antipetismo é segmentado.
No começo, acreditava-se no antipetismo como algo associado à classe média, aquela com aspirações de vencedor e contrária a qualquer tipo de ameaça a hegemonia de suas gerações futuras. Mas não, o antipetismo tratou de tornar, por si só, algo complexo onde a primeira divisão que pode ser percebida é entre os antipetistas da moral verdadeira e os antipestista de projeto, ou ideológicos.
Claro, óbvio e ululante que nada é perfeitamente segmentável. Os antipetistas da moral, acredito, são aqueles que verdadeiramente têm na moralidade a origem do seu ódio por qualquer partido apresentado pela mídia como a besta maior da corrupção, no caso, o PT. Esse grupo realmente não vê problema na lava-jato ser destruidora de seus próprios empregos, pois não há contextualiação por parte dessas pessoas, é o ser puro ou nada, binarismo que acredito ser um dos motores da teoria do pêndulo brasileiro.
O antipetismo baseado na moral é então o que mais pende para o lado de Bolsonaro e seu discurso de um outsider com mais de vinte e cinco anos na Política. Não há entre eles o sentimento de raiva pelo PT devido às politicas públicas implementadas pelo partido, até porque, foram eles quem mais se beneficiaram com tudo aquilo que hoje vem sendo destruído pelo ilegítimo.
Por outro lado, o antipetismo de projeto, que também pode ser chamado de antipetismo de fachada, é aquele que sabe e entende as artimanhas para manter Lula fora das eleições, mas que realmente não dá a mínima para isso pois aquele tímido movimento de igualdade nos governos do PT assustaram o suficiente. É aquele grupo que, diferentemente do antipetismo baseado na moral, entende as fragilidades de Sergio Moro e sua sentença, sabe que a mídia tem preferência pelo PT como espantalho. Essas pessoas são conscientes de sua escolha que nem de longe passa pelo critério moral, mas sim pelo critério ideológico, muito embora se lambuzaram e ainda se lambuzam da bandeira moral para escamotear seus verdadeiros ressentimentos.
Os antipestistas da moral e os antipetistas de projeto vêm sendo gradativamente segmentados pela proeminência adquirida por Bolsonaro. Os de projeto agora se assustam com possibilidade de ter que escolher entre PT e Bolsonaro, pois tem consciência da tragédia que Bolsonaro representa. Isso é evidenciado pela recente indicação de que o PSDB apoiaria o PT em caso de segundo turno contra Bolsonaro.
O ponto é que o antipetismo verdadeiramente baseado na moralidade é predominantemente pobre, ou seja, fora dos domínios do petismo, os famosos 30%, essa massa de pessoas podem sim descambar para o lado do candidato do olho por olho. A violência que grassa como nunca no Brasil é o principal motor de Bolsonaro que, convenhamos, nem PT nem PSDB conseguiram minimizar. Assim, parece incorreta a análise de que Bolsonaro é o novo anti-PT na cabeça dos que odeiam o partido vermelho, O candidato carioca nada mais é do que um divisor entre os inocentes úteis e os hipócritas da moral. Eis algo de útil para entender o Brasil proporcionado pelo Mito.