quarta-feira, 31 de julho de 2013

Caetano Veloso faz bela canção em homenagem a Carlos Marighella e a todos os que sonham por um mundo justo




Carlos Marighella (1911-1969) foi um poeta, político e guerrilheiro brasileiro que se tornou mártir ao combater a truculenta ditadura militar do Brasil (1964-1985). Filho de um imigrante italiano e de uma negra descendentes de escravos, nascido em Salvador, Mariguella foi um dos pensadores revolucionários mais atuantes de seu tempo. Foi morto em uma emboscada feita pelos militares a partir de informações, obtidos sob tortura, de alguns frades dominicanos.  Uma pedra com uma placa em homenagem a Marighella foi posta na Alameda Casa Branca, mas a placa foi arrancada por fascistas de direita.

Em  homenagem a Marighella, Caetano Veloso fez a canção Um Comunista, constante de seu cd Abraçaço (2013). Segue abaixo a letra da canção e, depois, um vídeo com a música:

Um Comunista
Caetano Veloso
Um mulato baiano,
Muito alto e mulato
Filho de um italiano
E de uma preta hauçá


Foi aprendendo a ler
Olhando mundo à volta
E prestando atenção
No que não estava a vista
Assim nasce um comunista


Um mulato baiano
Que morreu em São Paulo
Baleado por homens do poder militar
Nas feições que ganhou em solo americano
A dita guerra fria
Roma, França e Bahia


Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas! Os comunistas!


O mulato baiano, mini e manual
Do guerrilheiro urbano que foi preso por Vargas
Depois por Magalhães
Por fim, pelos milicos
Sempre foi perseguido nas minúcias das pistas
Como são os comunistas?


Não que os seus inimigos
Estivessem lutando
Contra as nações terror
Que o comunismo urdia


Mas por vãos interesses
De poder e dinheiro
Quase sempre por menos
Quase nunca por mais


Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas! Os comunistas!


O baiano morreu
Eu estava no exílio
E mandei um recado:
"eu que tinha morrido"
E que ele estava vivo,


Mas ninguém entendia
Vida sem utopia
Não entendo que exista
Assim fala um comunista


Porém, a raça humana
Segue trágica, sempre
Indecodificável
Tédio, horror, maravilha


Ó, mulato baiano
Samba o reverencia
Muito embora não creia
Em violência e guerrilha
Tédio, horror e maravilha


Calçadões encardidos
Multidões apodrecem
Há um abismo entre homens
E homens, o horror


Quem e como fará
Com que a terra se acenda?
E desate seus nós
Discutindo-se Clara
Iemanjá, Maria, Iara
Iansã, Catijaçara


O mulato baiano já não obedecia
As ordens de interesse que vinham de Moscou
Era luta romântica
Ela luz e era treva
Venta de maravilha, de tédio e de horror


Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas! os comunistas!


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