terça-feira, 30 de maio de 2023

Ricardo Noblat critica imprensa por não ter visto que Dallagnol é um "fanático de extrema-direita"

 

Noblat classificou Dallagnol como intelectualmente desonesto

Ex-Deputado cassado, Deltan Dallagnol, durante pronunciamento no salão verde da Câmara.

Ex-Deputado cassado, Deltan Dallagnol, durante pronunciamento no salão verde da Câmara. (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)

247 – O jornalista Ricardo Noblat fez duras críticas ao ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol, afirmando que se a imprensa tivesse exposto o Dallagnol que foi visto ontem no programa Roda Viva, a história da Operação Lava-Jato poderia ter sido diferente. Noblat classificou Dallagnol como intelectualmente desonesto e o rotulou como um fanático de extrema-direita.

Noblat sugeriu que a imprensa não revelou completamente a verdadeira personalidade de Dallagnol durante o auge da operação, insinuando que isso poderia ter alterado o curso dos acontecimentos. Confira:

No Roda Viva, o "anticorrupção" Deltan Dallagnol defendeu Bolsonaro, Anderson Torres e os terroristas presos pelo 8 de janeiro

 


O lavajatista disse que não pensa "duas vezes em defender [Jair] Bolsonaro"

Deltan Dallagnol

Deltan Dallagnol (Foto: Reprodução/TV Cultura)

247 - O ex-procurador e agora ex-deputado, Deltan Dallagnol, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, concedeu uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em que buscou se firmar como uma alternativa entre a já terrivelmente desgastada extrema direita. Ele colocou-se ao lado de figuras das mais ostracizadas da política nacional, como Jair Bolsonaro, Anderson Torres e Daniel Silveira. 

O lavajatista disse que, avaliando o governo do presidente Lula, não pensa "duas vezes em defender [Jair] Bolsonaro" e que prefere não criticar o ex-ocupante do Palácio do Planalto para não "desunir a direita". Negou-se a emitir uma opinião sobre o caso das joias sauditas, questionado sobre a corrupção no governo anterior. Deltan, como era de se esperar, apoiou Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2022.

Ele também saiu em defesa dos terroristas bolsonaristas presos por participarem dos atos golpistas do 8 de janeiro, quando os fanáticos de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ele sugeriu que as prisões seriam "ilegais" por conta do que chamou de falta de individualização de conduta. 

Ao comentar supostos excessos do Supremo Tribunal Federal, Deltan citou o caso do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. Também mencionou o ex-deputado Daniel Silveira. O primeiro foi preso preventivamente por suposta omissão durante os atos terroristas, e o segundo tem ordem para cumprir sua pena por ofender ministros da Corte imediatamente. Segundo Deltan, Torres foi preso sem alguma acusação, e Silveira deveria ter sido apenas cassado pela Câmara dos Deputados. 

Jurista Pedro Serrano: TRF-4 pune Appio por causa de suposto trote, mas foi permissivo com Moro em situação muito mais grave,

 “Nunca vi um tribunal declarar uma ditadura judicial, como é o caso do Moro, porque falaram claramente que o Moro não está vinculado à Lei e à Constituição”.

Pedro Serrano, advogado de defesa de Eduardo Appio

DO GGN:

Pedro Serrano na TVGGN: "Appio está sendo perseguido para não encaminhar denúncias da Lava Jato e Moro"; assista o vídeo



Pedro Serrano, advogado de defesa do juiz federal da Lava Jato, Eduardo Appio, deu uma entrevista exclusiva à TV GGN, nesta segunda-feira (29), e revelou que protocolou novo pedido no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para pedir o retorno do representado à 13ª Vara, além de uma auditagem extraordinária dos casos da Lava Jato. A nova petição tem em vista o abuso de poder admitido publicamente pelo ex-juiz Sergio Moro na semana passada.

Na última terça-feira (23), o senador Sergio Moro (União-PR) afirmou em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, que já tinha conhecimento da suposta ligação de Appio para o filho do desembargador Marcelo Malucelli, João Eduardo Malucelli, que é advogado, genro e sócio do casal Sergio e Rosângela Moro.

“Eu fiquei a par dessa ligação quando ela foi feita, à época, porque eu tenho uma ligação [com João Malucelli], nunca escondemos isso”, confessou Moro ao programa.

Para Serrano, a revelação do senador lavajatista tem elementos políticos e jurídicos muito importantes, e revela que Moro, mesmo sem fazer parte da magistratura, usa seus contatos no Poder Judiciário para influenciar o curso da Lava Jato.

Distinção de tratamento


Na entrevista ao jornalista Luis Nassif, Pedro Serrano também denunciou a parcialidade do TRF-4 no caso Appio. Para o jurista, Tribunal age com dois pesos e duas medidas: hoje pune severamente Appio com o afastamento, sem direito à defesa prévia, por um suposto trote sem malícia, mas no passado, o mesmo TRF-4 deu poderes de exceção a Moro quando o ex-juiz foi denunciado por infrações muito mais graves.

“[Quando a ligação para João Malucelli foi feita] Appio não estava em horário de expediente, não estava no exercício da função jurisdicional. Por um trote telefônico, afastam o sujeito sem direito de defesa?”, questiona Serrano.

O entrevistado explicou ainda que houve uma clara afronta do TRF-4 na decisão que afastou Appio, tendo em vista que o dispositivo que autorizaria a medida foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2011. “Quer dizer, além de tudo [o TRF-4] peitando o STF. Isso é grave.”

Para Serrano, o afastamento de Appio ocorreu, na verdade, porque a Lava Jato está desesperada com a possibilidade de ver seus erros e abusos expostos pelo novo juiz.

“Vamos ser objetivos: Appio não está sendo perseguido porque ligou para o filho do desembargador. É porque o pessoal tem medo do fato de ele estar recebendo as denúncias. Veja, ele [Appio] não fez nada. Ele ainda não prendeu ninguém, não fez busca e apreensão. Ele cumpriu com o dever mínimo que uma autoridade pública tem neste caso, e remeteu as denúncias [de Tacla Duran contra Moro e Dallagnol] para os órgãos de investigação.

Pedro Serrano, advogado de defesa do juiz Eduardo Appio

Assista a entrevista na íntegra:

Sem precedentes na história


A defesa do juiz afastado da Lava Jato afirma que a penalidade adequada para o suposto trote de Appio seria, no máximo, uma advertência, não o seu afastamento. Tal desproporcionalidade no tratamento do caso evidencia, ainda mais, a parcialidade do TRF-4, que tratou os grampos ilegais de Moro nas conversas da então presidente Dilma Rousseff (PT) com Lula em 2016 como uma “exceção jurídica”.

Naquele ano, os advogados de defesa do Lula acionaram o TRF-4 para que o Moro fosse punido. Além do grampo em Dilma, a Lava Jato também fez escutas ilegais no escritório da defesa de Lula. A resposta do TRF-4, no entanto, foi a de que Moro teria poderes de “exceção” e que ele não estaria obrigado a obedecer a Lei e a Constituição.

“Nunca vi um tribunal declarar uma ditadura judicial, como é o caso do Moro, porque falaram claramente que o Moro não está vinculado à Lei e à Constituição”.

Pedro Serrano, advogado de defesa de Eduardo Appio

Na época, o TRF-4 arquivou, por 13 votos a um, a representação de 19 advogados contra Sérgio Moro, pela acusação de “ilegalidades ao deixar de preservar o sigilo das gravações e divulgar comunicações telefônicas de autoridades com privilégio de foro”, em referência à ex-presidente Dilma Rousseff [leia a reportagem na íntegra aqui].

Único contrário ao arquivamento do pedido, o desembargador Rogério Favreto ressaltou que a divulgação ilegal dos áudios promoveu a execraria pública dos envolvidos, aponta o partidarismo de Moro, lembrando que o juiz da Lava Jato frequentou eventos do partido de oposição à Dilma e, ainda, enviou nota de apoio a manifestações pró-impeachment.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Reportagem do UOL revela que Bolsonaro usou ladroeiramente a Caixa para tentar comprar votos e deixou rombo bilionário

 

Até as eleições, a Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas na tentativa de "comprar" votos

Gleisi Hoffmann, Pedro Guimarães e Jair Bolsonaro

Gleisi Hoffmann, Pedro Guimarães e Jair Bolsonaro (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados | Isac Nóbrega/PR)

247 – O ex-presidente Jair Bolsonaro teria causado um calote bilionário na Caixa Econômica Federal em uma tentativa de reeleição, de acordo com informações reveladas pelo portal UOL(leia a reportagem original clicando no link em azul). Segundo o relato, no início de 2022, o presidente Jair Bolsonaro viu seu plano de conquistar os votos das pessoas de baixa renda falhar. Diante disso, ele decidiu intensificar suas ações e contou com o apoio da Caixa para alcançar seus objetivos eleitorais.

Por meio de medidas provisórias assinadas por Bolsonaro e pelo então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foram criadas duas linhas de crédito no banco estatal. Até as eleições, a Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. No entanto, Bolsonaro não conseguiu se reeleger e o resultado dessa política de "torneira aberta" foi um enorme calote nas contas do banco, que agora está sendo revelado.

De acordo com o UOL, que teve acesso a informações mantidas em segredo pela Caixa, a instituição financeira foi usada como uma ferramenta de campanha de Bolsonaro, por meio de manobras obscuras e sem transparência. A reportagem ressalta que essas ações arriscadas expuseram o banco a um nível de risco sem precedentes na história recente.

As medidas provisórias assinadas por Bolsonaro resultaram na criação de uma linha de microcrédito para pessoas com restrição de crédito, chamada "SIM Digital", e na liberação de empréstimos consignados para o programa Auxílio Brasil. No entanto, o alto índice de inadimplência nessas operações trouxe consequências graves para a Caixa.

No caso do SIM Digital, a inadimplência chegou a 80% neste ano, o que deve acarretar um rombo nas contas do banco. Parte desse prejuízo será coberta com recursos do FGTS. Já no caso dos empréstimos consignados para o Auxílio Brasil, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas é incerto.

EXCLUSIVO: “Tortura na Lava Jato de Moro e Dallagnol não era só psicológica, era física”: Meira revela crimes da República de Curitiba

 

Do Jornal GGN:

"O que aconteceu em Curitiba foi um zoológico humano", dispara Eduardo Meira, ao denunciar o que sofreu na Lava Jato

Empresário Eduardo Aparecido de Meira, na sequência ex-procurador Diogo Castor de Mattos, ex-juiz Sergio Moro e o advogado Rodrigo Castor de Mattos. | Foto montagem: GGN


Na manhã de 24 de maio de 2016, a operação Lava Jato deflagrou sua 30ª fase, denominada Vício. Um dos alvos era a Construtora Credencial, que prestava consultoria a empresas fornecedoras de tubos à Petrobras. Segundo as investigações conduzidas pelos procuradores então liderados por Deltan Dallagnol, a Credencial era uma empresa de fachada e intermediava pagamento de propina em dois contratos com a estatal, beneficiando José Dirceu. 

À época foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra os sócios da Credencial, Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo. Sete anos depois, Meira conta com exclusividade ao GGN os bastidores dos 288 dias em que ficou detido no Paraná, sofrendo e assistindo pressão indevida para que os réus fizessem delações seguindo o script da Lava Jato.

Curitiba, o lugar “onde a Justiça é feita”

Meira foi preso em maio de 2016, em um dos seus endereços na cidade de Sumaré, interior de São Paulo. Ele foi levado para a sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, conhecida como o QG da Lava Jato. 

Nunca vou esquecer da minha ida para lá. Eu fui atrás [no carro], a delegada do meu lado com uma arma apontada para mim, calibre .45. Quando passou a placa da fronteira com São Paulo, essa delegada, uma loira de olho azul, eu não sei o nome dela, olhou e falou para os outros dois [policiais]: ‘ainda bem que nós chegamos em Curitiba, lugar onde a Justiça é feita. Foi a única palavra que eles trocaram durante uma viagem inteira“, conta Meira.

Fora do seu estado de origem e sem audiência de custódia, Meira ficou preso preventivamente por 288 dias. Em março de 2017 foi julgado em primeira instância e cumpriu 126 dias de remissão.

Já em outubro de 2017, a STF considerou ilegal e desnecessária a prisão preventiva de Meira, ao conceder Habeas Corpus. Contrários ao relator do caso, o ministro Edson Fachin, os decanos Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes lembraram do princípio constitucional da presunção da inocência na decisão.

Entre 67 dias na estrutura carcerária da superintendência da PF de Curitiba e os demais dias no Complexo Médico Penal do Paraná (CMP), Meira assistiu e foi vítima de diversas ações de tortura psicológica que tinham um claro objetivo, segundo ele: o acordo de delação premiada.

“Quando eu estava na carceragem da Polícia Federal, eu podia observar. Nós ficávamos no 1º andar. No 2ºandar tinha uma sala especial para o jornalista Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo. Ele sabia tudo antes de todo mundo. Aí a pessoa subia para fazer delação, depois que chorava todas as lágrimas que tinha, não aguentava a pressão familiar, com dias, semanas , meses passando [sem perspectiva de sair se não delatar]”, explica o empresário.

– Eduardo Meira, preso na 30ª fase da Lava Jato

Sob pressão, o preso assinava roteiros com versões pré-estabelecidas pela própria força-tarefa.

Depois eles [da força-tarefa] entregava à pessoa uma folha e falavam: pensa nesses nomes aqui também e se você lembrar [de algo], nós chamamos você de novo. A pessoa descia [para a cela] totalmente desestruturada e chorando. Deixavam essa pessoa lá duas ou três semanas e subiam de volta, aí já com um relatório pronto e a pessoa só assinava, entendeu?“, relembrou.

Quem aceitava o acordo de delação proposto pela força-tarefa, recebia “regalias” em comparação aos demais presos.

Se fizer delação, você vai para a ala VIP da carceragem da PF, onde tem geladeira, micro-ondas, tudo. Você não vai fazer delação? Então você fica na área mais pesada. É assim, apesar de não ter nada a reclamar [do ambiente]“.

– Eduardo Meira, preso na 30ª fase da Lava Jato

Palocci delatou para não matar o amigo na prisão

Um dos casos mais chocantes, cujos bastidores são revelados por Eduardo Meira, envolve a delação do ex-ministro Antonio Palocci, uma das mais importantes da Lava Jato, usada em condenações do ex-presidente Lula.

A delação de Palocci foi obtida também por meio de pressão psicológica, de acordo com Meira, que compartilhou a cela com o sócio de amigo do ex-ministro, Branislav Kontic, que também foi preso preventivamente por Sergio Moro.

O Palocci fez delação em cima da tortura do sócio. Na verdade, o meu caso é muito sério, mas é importante entender que o que mudou a história da nossa República e toda a catástrofe que a gente sabe, foi a delação do Palocci. E por que o Palocci fez aquela delação, naquela hora e daquela forma? Porque o sócio dele tentou o suicídio dentro da PF“, lembrou Meira.

A tentativa de suicídio de Branislav, à época, foi divulgada na grande mídia. Mesmo com o episódio, os procuradores de Curitiba insistiram em mantê-lo preso, enquanto a defesa apontava necessidade de transferência para prisão domiliciar.

Então o [Palocci] estava sob pressão da mulher do Branislav e da esposa dele. E ele tinha a escolha dele: matar um amigo ou delatar um ex-presidente. Eu sei disso porque o Branislav ficou na cadeia comigo, na minha cela, quando saiu do hospital. Tiraram 62 comprimidos de Zolpidem do estômago dele. Ele desmaiou. Levaram ele para o hospital. Ficou 10 dias e depois ele foi para o CMP [complexo médico penal], para a minha cela“, pontuou.

A tortura na Lava Jato, ela não foi só psicológica. Nesse caso concreto, ela foi física“, disparou Meira.

Irmão do procurador Diogo Castor pressiona por delação

Os conflitos ilegais envolvendo a prisão preventiva de Meira – desnecessária, pois se deu em 2016, sob alegação de que era preciso investigar fatos de 2012 – e a pressão para um acordo de cooperação, foram atravessados, ainda, por outro ingrediente conhecido na Lava Jato: a indústria da delação.

Quando foi preso e levado para Curitiba, Meira dispunha de advogados em São Paulo. Estes defensores, segundo o relato de Meira ao GGN, trouxeram para a defesa o advogado Rodrigo Castor de Mattos e a irmã Analice Castor de Mattos, sob a justificava que “eram especialistas em Sérgio Moro“.

Meira afirmou que só descobriu que Rodrigo Castor de Mattos era irmão do procurador Diogo Castor de Mattos, da Lava Jato, quando saiu da cadeia. Ali, ele percebeu que, na prática, “não teve defesa“.

Em setembro de 2016, um advogado chegou acompanhado do sócio no parlatório da Polícia Federal. O nome desse advogado é Rodrigo Castor de Mattos. O que estava acompanhando, o sócio dele, era Juliano Campelo PrestesEles vieram me propor que eu fizesse delação, se não… eu não saia de lá! Essa era a pressão total psicológica, uma tortura configurada, porque é bem diferente de uma pessoa que tem uma condenação e sabe a data que vai sair da prisão, mas preso preventivamente não sabia quando sairia. Quando me propuseram [ a delação], eu comecei gritar, não conhecia eles, e se apresentaram como meus advogados“, relatou Meira.

Mesmo sem concordar com a proposta de delação, Meira continuou sendo representado por Rodrigo Castor de Mattos e outros advogados paulistas em recursos no TRF-4, pelo menos. Dois advogados foram procurados pelo GGN, mas um deles pediu para que seus nomes não fossem divulgados, e ambos se recusaram a comentar a sociedade com Rodrigo Castor de Mattos e o fato de que ele é irmão de um procurador que acusava seu cliente.

Após perceber o conflito de interesses, situação que já ocorreu em outros casos da Lava Jato, Meira, por meio do advogado Túlio Bandeira, protocolou uma representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que sugere que, “além da infração ética”, Rodrigo Castor de Mattos “poderia incorrer também em crime de patrocínio infiel“.

Reclamação ao Supremo

Atualmente, a defesa de Eduardo Meira tenta derrubar sua condenação no Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Reclamação 43007, onde as mensagens da Operação Spoofing foram cedidas à defesa de Lula e usadas para anular outras ações penais.

Meira pede acesso às mensagens da Vaza Jato ao Supremo, alegando que os diálogos de Telegram guardam evidências de que o procurador Diogo Castor de Mattos fora destacado por Deltan Dallagnol para cuidar da denúncia envolvendo a empresa Credencial. O conflito de interesse seria gritante, já que o advogado de Meira era o irmão de Diogo Castor.

Quando eu saí da cadeia, fiquei lendo tudo o que aconteceu na Lava Jato. Em uma noite, encontrei um texto. O procurador Deltan Dallagnol está designando as funções para os procuradores. No final deste parágrafo, lá embaixo, escrito em meia linha que foi cortada, está: Diogo assumiu Credencial – que era minha empresa. Tinham dois irmãos: um me defendendo e outro me atacando“, apontou.




Não posso morrer antes de falar a verdade

Ao longo de 1 hora e 20 minutos de entrevista, Eduardo Meira fez longos desabafos sobre a situação vivida com a prisão e após ela. O empresário, que teve problemas de saúde relacionados ao coração no ano passado, afirma que não poderia deixar de contar sua versão dos fatos.

Minha preocupação maior é morrer e não falar a verdade. O que aconteceu em Curitiba foi um zoológico humano“.

Ele usou a expressão “zoológico” ao lembrar de como os presos da operação se sentiram quando Sergio Moro autorizou que atores globais visitassem suas celas, fazendo perguntas invasivas, com o intuito de desenvolver as personagens que apareceram no filme Polícia Federal: A Lei é Para Todos – uma ode à Lava Jato.

Lá a gente tinha medo até com a segurança da nossa família. A gente só queria um lanche com a família. Nós ficamos numa situação onde a comida era dignao ambiente era digno, mas a tortura psicológica existia, porque você não sabia o que ia acontecer com você, entendeu?“, finalizou.

 

 

Reinaldo: Otto Alencar reprime ataque delinquente de bolsonarista na CPMI do Golpe

 

Da Rádio BandNews FM:




Reinaldo: Uma CPMI com golpistas bolsonaristas escarados saindo pelo ladrão

  

Da Rádio BandNews FM:




UOL: Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa em tentativa de reeleição e derrotar Lula

 

Do UOL:

O governo Bolsonaro criou em 2022, por medida provisória, uma linha de microcrédito para pessoas com nome sujo e outra de empréstimos consignados ao Auxílio Brasil. Até a eleição, o banco estatal liberou 10,6 bilhões de reais para 6,8 milhões de pessoas. A aventura eleitoral também custou a queima de reservas da Caixa. No último trimestre do ano passado, o índice de liquidez de curto prazo, um indicador de risco, chegou ao menor nível já registrado pelo banco, conta reportagem de Amanda Rossi, do UOL



Do UOL: Eduardo Bolsonaro é sócio nos EUA de empresário que apoiou atos golpistas | Juliana Dal Piva

 

Do UOL:

Eduardo Bolsonaro e empresa nos EUA: No período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) morou nos Estados Unidos, seu filho "03", o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), abriu uma empresa no estado do Texas em sociedade com outros brasileiros ligados à disseminação de fake news no Brasil, que apoiaram os atos golpistas de 8 de janeiro e que passaram pelo governo do pai, contam Juliana Dal Piva, do UOL, e Alice Maciel e Laura Scofield, da Agência Pública



Meteoro Brasil: Posto contra a parede, Bolsonaro joga Cid aos leões.... E outra esclarecedora aula do jurista Alysson Mascaro

 

Do Canal Meteoro Brasil:

Sobre o peculato e a análise da Justiça comprometida pelo jurista Alysson Leandro Mascaro...



Sergio Moro sempre foi considerado um Juiz Suspeito, desde os anos 90, diz o jurista Cezar Bittencourt

 

Da TV GGN:

O jurista Cezar Bittencourt revela o modos operandi do ex-juiz Sergio Moro. Cezar relembra que, desde os anos 90, Moro já era considerado um juiz suspeito e que lhe faltava caráter. Não diferente, ao entrar na política, deu uma rasteira no senador Álvaro Dias, quem abriu lhe as portas do partido Podemos. Na época pretendia se candidatar à presidência, mudou-se para o União Brasil e concorreu com o próprio Álvaro Dias



Bob Fernandes em entrevista a Luis Nassif discutindo o pânico da desonesta e parcial Lava Jato de Curitiba e sua associação com o TRF 4

 

Da TV GGN:

Os jornalistas Luis Nassif e Bob Fernandes comentam o desespero dos lavajatistas após uma série de irregularidades expostas. Fernandes questiona os motivos do TRF4 não ter sido investigado a fundo tanto pela mídia como pela justiça.



Do cientista político e advogado Fernando Fernandes: “Há uma luta entre as forças democráticas e o lavajatismo desonesto e manipulador em todo canto”

 

Da TV Fórum:

Fernando Fernandes é cientista político e advogado, com atuação decisiva em alguns dos casos de maior repercussão no Brasil, envolvendo as grandes operação policiais que marcaram os últimos anos. Criador do portal “Voz Humana”, que reproduz julgamentos e audiências no STM durante a ditadura militar.



sexta-feira, 26 de maio de 2023

Juliana Dal Piva, no UOL: Eduardo Bolsonaro é sócio nos EUA de empresário que apoiou atos golpistas

 

 No período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) morou nos Estados Unidos, seu filho "03", o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), abriu uma empresa no estado do Texas em sociedade com outros brasileiros ligados à disseminação de fake news no Brasil, que apoiaram os atos golpistas de 8 de janeiro e que passaram pelo governo do pai.


Do UOL:


Eduardo Bolsonaro se associou nos EUA a empresário Paulo Generoso (esq.), que apoiou atos golpistas - Reprodução/Facebook
Eduardo Bolsonaro se associou nos EUA a empresário Paulo Generoso (esq.), que apoiou atos golpistasImagem: Reprodução/Facebook

No período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) morou nos Estados Unidos, seu filho "03", o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), abriu uma empresa no estado do Texas em sociedade com outros brasileiros ligados à disseminação de fake news no Brasil, que apoiaram os atos golpistas de 8 de janeiro e que passaram pelo governo do pai. 
É o que revela a investigação feita em uma aliança entre o UOL, a Agência Pública, e o Clip (Centro Latinoamericano de Investigação Jornalística) nos últimos cinco meses.
Eduardo abriu a Braz Global Holding LLC, em 18 de março deste ano, em sociedade com o influenciador Paulo Generoso —conhecido por compartilhar notícias falsas e por ter apoiado os atos golpistas (leia mais abaixo)— e com o ex-secretário nacional de Fomento e Incentivo à Cultura no governo Bolsonaro, André Porciúncula. A firma foi registrada por Generoso no endereço de sua casa, em Arlington.

O mesmo endereço da Braz Global foi usado para o registro de um instituto e uma incorporadora também dirigidos por Generoso e Porciúncula. No entanto, o nome de Eduardo não consta nestes outros dois negócios. 

A reportagem procurou pessoalmente o deputado Eduardo Bolsonaro na Câmara no último dia 24. Questionado sobre a empresa, ele respondeu: "Por que vocês estão me investigando? Conhecendo um pouquinho do UOL e um pouquinho de vocês, eu prefiro não falar nada".

Indagado sobre as atividades da empresa, o parlamentar se esquivou novamente: "Não tem nada demais. Explicar o quê? Estou devendo alguma coisa?".

Ao final, o parlamentar afirmou, andando rápido pelo corredor em meio aos seguranças, que "não devia explicações" e citou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sem sequer ter sido questionado. "Eu estou traficando droga? Eu estou roubando alguém? É corrupção?", acrescentando que "falaria com o TSE", se fosse chamado.

Os demais sócios foram procurados, mas não retornaram até a última atualização desta reportagem.

Certificado da empresa Braz Global com os sócios incluindo Eduardo Bolsonaro Imagem: 

Certificado da empresa Braz Global com os sócios incluindo Eduardo Bolsonaro Imagem: Reprodução

Braz Global Holding

Os documentos obtidos junto ao governo do Texas mostram a criação da Braz Global Holding, mas neles não há informações sobre qual é o ramo do negócio. No mesmo local, em um curto espaço de tempo, Paulo Generoso registrou outras duas empresas: a Liber Group Brasil, em 13 de janeiro, e o Instituto Liberdade, em 8 de fevereiro. Nessas, Eduardo Bolsonaro não consta oficialmente como responsável, apenas Generoso, André Porciúncula e outra ex-servidora do governo Bolsonaro, Raquel Brugnera, apresentados como diretores.

Já André Porciúncula é chamado de "amigo" por Eduardo Bolsonaro no curso online "Formação essencial em política". Porciúncula —que no governo Bolsonaro foi responsável por analisar e aprovar propostas para captação da Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet— fala como especialista em arte e defende que a esquerda estaria tentando destruir a fé cristã, a beleza e a moralidade para implantar seus ideais políticos.


Jair Bolsonaro nos EUA

Depois de derrotado nas urnas em outubro do ano passado, Jair Bolsonaro viajou para Miami, onde ficou de 30 de dezembro a 30 de março. Nesse período, Eduardo esteve ao menos três vezes nos EUA, em janeiro, fevereiro e março. Na última visita, ele participou de eventos da extrema direita americana ao lado de seu pai. Dias antes da Braz Global Holding ser registrada no Texas, em 5 de março, os dois falaram no CPAC, congresso conservador organizado pela União Conservadora Americana (ACU, na sigla em inglês), que aconteceu em Washington.

Bolsonaro viajou aos EUA no fim de dezembro de 2022, depois de ter sido derrotado na eleição e, na ocasião, transferiu US$ 135 mil (R$ 675 mil) para uma conta nos EUA. Tudo o que ele declarou em conta para a Justiça Eleitoral brasileira, ao registrar sua candidatura meses antes, foi R$ 907 mil.

O valor enviado aos EUA representa quase 75% do dinheiro líquido que o ex-presidente tinha em conta. A conta foi descoberta no âmbito das investigações da PF (Polícia Federal) sobre fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro e seus assessores.

Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/juliana-dal-piva/2023/05/26/eduardo-bolsonaro-e-socio-nos-eua-de-empresario-que-apoiou-atos-golpistas.htm?cmpid=copiaecola

Da Revista Veja: Marcelo Bretas - membro da Lava Jato e herói da Globo, assim como Dellagnol e Moro - aparece em denúncia como chefe de esquema de venda de sentenças s

 

Da Revista Veja:


NA MIRA - “Esquema”: delator diz que Bretas (à esq.) lhe ofereceu liberdade em troca de 8 milhões de reais (Ana Branco/Ag. O Globo/.) 


VEJA teve acesso exclusivo ao documento que descreve conduta imprópria relacionada ao juiz afastado da Lava-Jato fluminense

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 25 Maio 2023, 19h50 - Publicado em 25 Maio de 2023


    (...) Ao longo de quase sete anos, 357 pessoas, entre lobistas, empresários e, principalmente, políticos, foram julgadas e condenadas nas duas principais frentes da investigação, capitaneadas pelo juiz Sergio Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol, em Curitiba, e pelo juiz Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro. A constatação do uso intensivo por todos eles de métodos pouco ortodoxos, prisões preventivas extensas e apego excessivo a delações premiadas fez a maré virar. 

(...) Os três grandes acusadores ingressaram no rol de acusados. Enrolado em denúncias, Dallagnol, eleito deputado federal pelo Podemos em 2022, acaba de ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Moro, hoje senador do União Brasil, pode enveredar pelo mesmo caminho. E as denúncias contra Bretas, que segue na carreira jurídica, continuam a aparecer. 

O juiz carioca, afastado da 7ª Vara Criminal pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suposto desvio de conduta, também é acusado de se envolver na venda de sentenças. Ironicamente, a descrição da conduta imprópria relacionada a Bretas consta de um depoimento, o mesmo instrumento a que recorreu várias vezes em delações para sustentar acusações na Lava-Jato, e faz parte de dois procedimentos que questionam a sua imparcialidade: uma ação na Justiça Federal e uma representação no CNJ.  VEJA teve acesso exclusivo ao documento lavrado em agosto de 2021 no cartório da cidade de Paraíba do Sul, a 140 quilômetros do Rio, anexado aos processos. Na folha 21 do livro 13, Rogério Onofre de Oliveira, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro/RJ), condenado por corrupção passiva, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, detalha as circunstâncias em que lhe foi oferecida a liberdade — “via Bretas” — em troca de 8 milhões de reais. 

Segundo Onofre, a proposta foi apresentada a ele pelo advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho — ele próprio um delator que gravou conversas com Bretas em que os dois aparecem orquestrando movimentos em processos da Lava-Jato fluminense, conforme revelado por VEJA, e incluiu os áudios no acordo de colaboração que firmou com a Procuradoria-Geral da República. 

Leia todo o artigo em: https://veja.abril.com.br/brasil/bretas-aparece-em-denuncia-como-chefe-de-esquema-de-venda-de-sentencas








quinta-feira, 25 de maio de 2023

Reinaldo Azevedo: Lira, Centrão e os agrotrogloditas de extrema direita bolsonarista contra o governo Lula, os índios e o meio- ambiente

 

Da Rádio BandNews FM:



O golpe duplo do Congresso Nacional bolsonarizado e ligado ao agronegócio em Marina Silva, por Gustav Zucchi, no Metrópoles

 

Ao mesmo tempo em que deve esvaziar ministério de Marina Silva, Congresso pode aprovar urgência do marco temporal das terras indígenas
Michael Melo/Metrópoles

Do Metrópoles:

Congresso Nacional pode dar um golpe duplo na ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva (Rede), nesta quarta-feira (24/5), em votações no Legislativo.

Ao mesmo tempo em que deve ver sua pasta ser esvaziada na votação da medida provisória da reestruturação, Marina deve sofrer uma derrota com a possível aprovação da urgência do projeto do marco temporal.

A proposta, que é uma das principais bandeiras dos ruralistas, prevê que só deve ser consideradas terras indígenas no Brasil aquelas ocupadas na data de promulgação da Constituição de 1988.

Lideranças da Frente Parlamentar Agropecuária estão disparando mensagens avisando que o pedido de urgência do projeto entrará na pauta desta quarta do plenário da Câmara.

Já a MP da reestruturação deve ser votada na comissão mista, prevendo, entre outros pontos, a retirada do controle do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e da ANA (Agência Nacional de Águas) do Ministério do Meio Ambiente.

“Erro”

Em declarações nas últimas horas, Marina avaliou como um “erro” o provável esvaziamento de seu ministério. Para ela, se aprovadas, as mudanças vão arranhar a imagem internacional do governo Lula como um todo.

“Vão questionar: ‘Mas a sua lei não permite, as estruturas foram mudadas. A estrutura do seu governo não é essa que você ganhou as eleições, é a estrutura do governo que perdeu’, e isso vai fechar todas as nossas portas”, disse a ministra do Meio Ambiente.


Tereza Cruvinel: Com Arthur Lira e o Congresso de extrema direita bolsonarizado e do agro ogro, está em curso

 

"Que regime político é este, que não é parlamentarismo nem presidencialismo?", questiona Tereza Cruvinel

Arthur Lira, presidente da Câmara, e Lula, presidente da República

Arthur Lira, presidente da Câmara, e Lula, presidente da República (Foto: José Cruz/Ag. Brasil)

Esta foi a semana em que as forças de direita e extrema direita, derrotadas por Lula em 2022, partiram para a revanche, para um terceiro turno em que buscam encurralar o governo.

Embora a Câmara tenha aprovado o novo regime fiscal, endurecido pelo relator com travas contra o gasto, as “boiadas” aprovadas nas últimas horas é que dão o tom da relação conflitiva desenhada entre os dois poderes. A bancada do agro ligou o trator.

Num primeiro golpe, a comissão mista especial estraçalhou a MP 1154, a que redesenhou a Esplanada e o organograma do governo, retirando competências importantes do Ministério do Meio Ambiente. Nunca vi o Congresso Impedir um presidente eleito de organizar seu próprio governo. Que nome pode ter isso senão sabotagem?

Horas depois o plenário aprovou a urgência para votação do famigerado  marco temporal para terras indígenas e ainda pisoteou o Senado, restaurando artigos que afrouxam a Lei da Mata Atlântica, o bioma brasileiro com a diversidade mais ameaçada. Pontos para o agronegócio.

Centrão, ruralistas e bolsonaristas não vão parar por aí. Eles querem também aprovar o PL 191, que permite a exploração de minérios, petróleo e recursos hídricos em terras indígenas. Atualmente estas atividades são proibidas na prática porque só podem acontecer com autorização do Congresso e anuência dos povos da reserva. Planejam ainda derrubar o decreto de Lula que impõe a exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália, países que exigem o visto de brasileiros. E derrubar também outro decreto relacionado com o porte de armas.

Governo sem alternativa – Sem votos na comissão mista especial da MP do organograma para derrotar ou mudar o parecer de Isnaldo Leitão, os governistas tentaram ontem disfarçar a derrota votando a favor do texto com o argumento de que tudo fora negociado. Na verdade, o máximo conseguido foi a redução dos danos que seriam impostos ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em vez de perder todo o poder sobre a Conab, a pasta do petista Paulo Teixeira vai “compartilhar” algumas decisões com a da Agricultura. Na prática ficou assim: o que diz respeito à agricultura familiar, fica com o MDA. O que interessa ao agro vai para a Agricultura.

De resto, a pasta de Marina Silva perdeu a autoridade sobre o Cadastro Ambiental Rural, o CAR,  transferida para a pasta de Gestão, e a subordinação da Agência Nacional de Água, transferida para Integração Regional. A demarcação de terras indígenas saiu do ministério criado por Lula exatamente para cuidar dos indígenas, e foi transferida para o Ministério da Justiça. O COAF não irá mais para a Fazenda, ficando no Banco Central. A ABIN não será mais transferida para a Casa Civil, voltando para o GSI.

Pior ainda: mais tarde os governistas votaram também a favor do afrouxamento da Lei da Mata Atlântico, porque simplesmente não tinham alternativa.

Marina, sem dúvida, foi a mais atingida pelas mudanças de competência de ministérios impostas pelo relator da MP  1154. Melhor dizendo, atingido foi o que ela representa no Governo, o compromisso com a defesa do meio ambiente, que muito contribuiu para a volta do Brasil ao cenário internacional através da ousada diplomacia presidencial de Lula. Antes ainda da passagem das duas últimas boiadas – a urgência para o marco temporal e as mudanças na Lei da Mata Atlântica – Marina declarou que estão querendo fazer o governo Bolsonaro dentro do Governo Lula. Definição perfeita.

Foi um dia muito pesado para ela, que enfrenta também a queda de braço com a Petrobrás, Ministério das Minas e Energia e sabe-se lá quem mais em torno da exploração de petróleo na foz do Amazonas. Talvez tenha parecido, a Marina,  que os articuladores do Governo brigaram pela pasta do Desenvolvimento Agrário, revertendo parte dos danos, mas não pelo do Meio Ambiente. A verdade é que eles até tentaram mas esbarraram numa muralha: o interesse do agro e a resistência a Marina. A matéria ainda vai ao plenário mas os sinais de ontem foram de que o trator ali está ligado e puxando os interesses do agro e do anti-ambientalismo. Sim, temos isso no Congresso Nacional.

Há pouco a fazer.  Como Lula vive dizendo, foi o povo brasileiro que elegeu este Congresso. Ontem o presidente reuniu-se com alguns senadores, alguns nem tão próximos. Está aí um sinal de que, consciente da gravidade da situação, ele agora vai de fato assumir mais a interlocução com o Congresso. Mas o que a direita do Congresso quer foi bem explicitado ontem pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, ao dizer que o governo precisa compreender o novo tempo, poder e protagonismo do Congresso. Ou seja, que Lula terá que compartilhar com os congressistas o poder que lhe foi conferido pelos eleitores.

Que regime político é este, que não é parlamentarismo nem presidencialismo?