segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Fascistas, por Wilson Ramos Filho

 

Nos três grandes genocídios do século passado os assassinos eram pessoas de bem, pessoas normais, que apenas defendiam suas tradições


Fascistas

por Wilson Ramos Filho – Xixo, publicado no Jornal GGN

Há uma natural repulsa em admitir que o Brasil é o país com maior número de fascistas no mundo. Todavia, bem contadinho, provavelmente haja mais fascistas no Brasil atual do que havia na Alemanha no final da década de trinta do século passado.

Vocês viram o vídeo do fascista Paulo César Bezerra da Silva agredindo a músico negro? É de dar muita raiva (clique aqui para ver). O sujeito anda armado pela rua curitibana que leva o nome do socialista utópico Dr. Faivre enquanto o Neno convalesce e se recupera das covardes violências físicas e morais de que foi vítima. E a polícia civil, aparentemente, não tem pressa em investigar o caso. Marcaram a ouvida das partes apenas para março do próximo ano. Não, não é apenas mais uma evidência da vadiagem dos servidores públicos de que nos falam os neoliberais. Há uma vontade expressa de não punir o agressor fascista.

O primeiro genocídio do século passado não começou do nada, com centenas de pessoas saindo às ruas para promover a “solução final” para a “questão armênia” assassinando cristãos a marteladas e a machadadas. Primeiro houve uma morte e a Justiça turca foi leniente com o assassino. Depois vieram outros assassinatos de integrantes da minoria armênia e as autoridades turcas não puniram os agressores. A partir daí todos os que odiavam os cristãos armênios se sentiram autorizados a promover seu extermínio. A palavra genocídio foi utilizada pela primeira vez exatamente para descrever esses assassinatos em massa praticados por pessoas normais contra inimigos inventados.

O segundo genocídio, dos ciganos, dos homossexuais, dos comunistas e dos judeus, aconteceu à vista de todos, sob a égide da constituição de Weimar, com a leniência do judiciário alemão, porque as pessoas não se importaram com a escalada do ódio que compunha o ideário nazista da solução final e da supremacia da raça.

“Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente. Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn “

O terceiro grande genocídio do século passado, em Ruanda, quando quase um milhão de Hutus foram assassinados a golpes de facão, pelos Tutsis, no prazo de 40 dias, só aconteceu porque os primeiros assassinatos não foram punidos. Como a polícia, o judiciário e até as forças de paz da ONU se omitiram, os assassinos, gente normal, temente a deus, se viram autorizados a promover a solução final para a questão Tutsi.

Os fanáticos patriotas que bloqueiam estradas fantasiados de véio-da-havan não são inofensivos. Aquelas velhas e aqueles velhos, hoje em surto, frequentaram o primário e o ginásio durante a ditadura militar e eram obrigados a marchar, a cantar o hino nacional, a adorar a bandeira positivista, a fazerem ordem unida nos colégios públicos e privados semanalmente. Aquelas práticas aparentemente inofensivas, fomentadoras do civismo e do patriotismo, deixaram sequelas nesta gente. É como se não tivessem amadurecido apesar da velhice, como se tivessem sido condenados a viver eternamente em um ambiente de quinta série, infantilizados, birrentos, mas são todos, em maior ou menor grau, potencialmente violentos.

Os sequelados mentais que tomam chuvas acampados em frente aos quartéis rezando para extraterrestres, ou para um deus visivelmente impotente, rogando aos céus e às galáxias onde orbita nosso plano planeta por um golpe militar que lhes restitua a ditadura de suas infâncias, não são menos violentos que os seus predecessores nas defesas de soluções finais contra seus inimigos inventados.

Nos três grandes genocídios do século passado os assassinos eram pessoas de bem, pessoas normais, que estavam apenas defendendo suas tradições ou uma determinada maneira de existir em sociedade. Eram pessoas ordinárias como estas que fazem bloqueios nas estradas, que cantam hino para pneus, que sinalizam com a lanterna do telefone celular para discos voadores, que oram aos berros para surdos deuses provavelmente inexistentes, que marcham soldado-cabeça-de-papel, que são motivos de escárnio internacional. Pessoas normais, mas em delírio coletivo, praticando conscientemente ilegalidades.

Os que assassinaram ou os que não se importaram muito com o extermínio de cristãos armênios, de judeus, de homossexuais, de ciganos, de comunistas ou de pessoas da etnia tutsi, não eram muito diferentes da Polícia Rodoviária Federal que decidiu prevaricar, do PM nazista ou do seu filho de 16 anos branquelo que assassinou 4 pessoas e feriu outras nove na escola com a arma do pai, ou dos jornalistas do Jornal Estado de São Paulo que intencionalmente alteram os fatos estampando a foto de uma mão negra empunhando um revólver para ilustrar assassinatos praticados pelo mencionado jovem branco. Não eram também muito diferentes do empresário sonegador de Volta Redonda que agrediu Gilberto Gil no Catar, do fascista curitibano que bateu com um cassetete no músico negro curitibano porque ele é negro, ou dos terroristas vagabundos do agronegócio que promovem bloqueios das estradas por não se conformarem com o resultado das eleições e que inventam inimigos imaginários para aglutinar outros fascistas para seus atos de vandalismo.

Caso os ministérios públicos estaduais e as magistraturas estaduais não estejam integralmente dominados pela Direita Concursada (uma gente ruim que usa seus cargos para preservar suas sinecuras e seus privilégios de classe), talvez alguns desses fascistas, inclusive seus financiadores, sejam exemplarmente punidos. Esperamos que sim. A democracia brasileira depende disto. Caso contrário, como na Turquia, na Alemanha e em Ruanda, os fascistas brasileiros se sentirão autorizados a avançar sobre os vencedores nas eleições deste ano, sobre seus inimigos imaginários e sobre o que ainda resta de institucionalidade em nosso país.

Xixo, 28 de novembro de 2022

Gilberto Gil é hostilizado por bolsonarista no Catar e internautas cobram medidas contra o agressor

 

A denuncia foi publicada no Twitter pelo deputado federal André Janones (Avante-MG)


Foto Geledés

Um dos maiores nomes da música popular brasileira, o cantor Gilberto Gil, de 80 anos, foi atacado por um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) durante a estreia do Brasil na Copa do Mundo no Catar, na última sexta-feira (25). Internautas pedem a identificação e punição do agressor. 

Em um vídeo que circula nas redes sociais, o ex-ministro da cultura do governo Lula (2003-2008) é visto em um corredor com Flora Gil, sua esposa. Assim que é reconhecido pelo bolsonarista, os ataques começam. 

“Vamo, Bolsonaro. Vamo, Lei Rouanet”, dizia o homem, em tom de ironia. “Vem, vem. Você ajudou o Brasil pra c… Vamo lá. Vai lá. Valeu, Lei Rouanet. Obrigado, filho da p…”, completou o agressor, que vestia uma camisa da seleção brasileira com o nome “Papito Rani”. 

Em nenhum momento, Gil e Flora reagiram, apenas seguiram em frente. Vale ressaltar que a segurança do local nada fez para impedir o ataque.

A gravação foi publicada no Twitter pelo deputado federal André Janones (Avante-MG), que também é membro do governo de transição do presidente eleito Lula (PT).

“A nova onda da extrema direita é cometer crimes. É terrorismo, ameaça, injúria. O crime foi filmado, aparentemente o bandido se orgulha do que fez com Gilberto Gil (80 anos de idade), a quem presto toda a minha solidariedade. Vamos tornar o vagabundo famoso. Lixo humano, escória!”, afirmou o parlamentar.

Repercussão

Nas redes sociais, políticos, intelectuais e artistas prestaram solidariedade ao músico e pedem que o agressor seja identificado para receber a devida. Confira:

Gil se manifesta

Gilberto Gil gravou um vídeo neste domingo (27)  em suas redes agradecendo as mensagens de apoio. 

“Meus agradecimentos, meu e da Flora, por essa rede de solidariedade por conta dessa coisa estúpida. É o terceiro turno na verdade né, os inconformados, querendo manter essa coisa do ódio”, disse. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O PL não deve ser autorizado a fomentar e financiar o terrorismo nazi-bolsonarista, por Fábio de Oliveira Ribeiro

 


Quem não se levantar contra o violento terrorismo golpista nesse momento ajudará a criar o clima para que ele tome conta do país.


O PL não deve ser autorizado a fomentar e financiar o terrorismo bolsonarista

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Após causarem sofrimento, danos econômicos, agressões e uma morte, as ações terroristas dos bolsonaristas que bloquearam dezenas de rodovias interrompendo o fluxo de mercadorias e de pessoas estavam começando a ser suprimidas. Medidas duras foram tomadas contra os empresários que financiaram a violência política. Várias pessoas foram presas. Quando todos pensavam que a situação voltaria ao normal, o Partido Liberal decidiu incendiar totalmente o país.

Não é lícito um partido com registro eleitoral fomentar ou legitimar a violência política. O PL não impugnou o primeiro turno das eleições de 2022 em que conseguiu ampliar sua representação no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas. As urnas utilizadas no segundo turno foram as mesmas empregadas no primeiro turno. Portanto, é evidente que a impugnação da eleição de Lula é apenas um artifício para dar ao derrotado a oportunidade de incentivar o terrorismo bolsonarista atrapalhando a transição e causando ainda mais prejuízo ao país, aos cidadãos e aos agentes econômicos.

Quem não se levantar contra o terrorismo nesse momento ajudará a criar o clima para que ele tome conta do país. A normalidade política deve ser restaurada custe o que custar. E o candidato derrotado nas eleições deve aceitar a derrota e arcar com as consequências das decisões que tomou nos últimos 4 anos. O partido dele não deve incentivar a violência política.

O PL deve ser impedido de usar recursos do Fundo Partidário para promover agitação política que favoreça ou legitime ações terroristas. Em razão disso, me senti obrigado a representar contra aquele partido pedindo a cassação do registro dele na Justiça Eleitoral. Para evitar um desastre maior, requeri ao TSE que bloqueie todas as contas-correntes e aplicações financeiras do PL. https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:ugcPost:7001151838234271744/.

No trajeto para meu escritório hoje pela manhã cruzei com um senhor de meia idade. Ele vinha em direção contrária prestando atenção ao smartphone. Ao cruzar comigo e ver que eu estou usando uma gravada vermelha com listras cinzas, aquele homem do subterrâneo estufou o peito e disse alto:

“Tem que destruir o PT e matar esses PT tudo. Aqui é Bolsonaro.”

Não aceitei a provocação. Mas após cruzar com ele disse em tom zombeteiro:

“Coitado, esse velho está maluco”.

Algumas dezenas de passos adiante, vi uma mulher tirar a filha pequena do carro para levá-la a escola. A menina de mais ou menos 5 anos estava alegre e falante. Totalmente alheia ao mundo em que fomos mergulhados, a menina estava usando um vestidinho vermelho. Confesso que fiquei preocupado. Se o clima criado pelo PL não for desfeito, aquela menina pode ser agredida. 

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

Veja mais sobre: , , 

Estadão condena 'molecagem' e 'falta de caráter' de Bolsonaro e Valdemar na tentativa redícula e desesperada de anular urnas usadas no segundo turno das Eleições 2022

 

Os dois tentaram um golpe (mais um) que foi prontamente rechaçado por Alexandre de Moraes

www.brasil247.com - Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro

Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Marcelo Camargo/Agência Brasil | Clauber Cleber Caetano/PR)

247 – O jornal Estado de S. Paulo condenou, em editorial, a tentativa de golpe patrocinada por Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, que foi prontamente rechaçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que não apenas multou o PL em R$ 22 milhões, como também bloqueou os recursos do fundo eleitoral do partido.

"Eis a irresponsabilidade do PL. Um devaneio golpista de Jair Bolsonaro é suficiente para que a legenda peça à Justiça Eleitoral a anulação dos votos de 279,3 mil urnas eletrônicas, urnas estas que funcionaram perfeitamente nas eleições de 2018 e no primeiro turno de 2022", escreve o editorialista.

"É desolador que o presidente da República – eleito precisamente pelo voto depositado nas urnas que agora contesta – e o maior partido do Congresso manifestem tamanho descompromisso com o regime democrático e com o interesse público. Revelam-se assim não apenas tacanhos, incapazes de reconhecer uma derrota eleitoral, mas inaptos a funções públicas num regime democrático. Não cabe no Estado Democrático de Direito tal molecagem, tal desprezo pelo eleitor, tal indiferença com a lei", prossegue.

"Em sua inépcia, a ação do PL reitera uma vez mais a lisura das urnas eletrônicas. Não há rigorosamente nada a contestar. O que falta a alguns é a honradez de aceitar a vitória do adversário – mas isso não é um problema técnico, e sim de caráter", finaliza.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

UOL: Relatório golpista e ridículo do PL é criticado; Josias de Souza: 'Único resultado prático é prolongar a confusão' entre os fanáticos golpistas

 

Do UOL:

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o PSDB e o PSOL reagiram ao pedido do PL (Partido Liberal) que busca invalidar votos do 2º turno da eleição presidencial em urnas fabricadas até 2020. O partido do presidente Jair Bolsonaro encaminhou uma Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), derrotado nas eleições por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Josias de Souza comenta



Jurista Wálter Maierovitch, no UOL: Alexandre de Moraes dá xeque-mate na tentativa canalha de partido de Bolsonaro anular votos do 2º turno

 

Do UOL:

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cobrou que o PL apresente dados que englobem o resultado do primeiro turno em até 24 horas. Mais cedo, o partido do presidente Jair Bolsonaro apresentou a invalidação de votos nas eleições, mas somente na disputa presidencial, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno




Nem o ex-condenado presidente do PL acreditava que a estratégia canalha gol´pista de Jair Bolsonaro e asseclas funcionaria

 

Valdemar se encontrou com membros do Judiciário para se proteger da repercussão do relatório sustentado por Bolsonaro

Valdemar Costa Neto, presidente do PL – Foto: Agência Brasil



O relatório do PL que pede a anulação do segundo turno das eleições presidenciais foi uma demanda e articulação de Jair Bolsonaro. Mas o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, não entregou o crédito completo para a estratégia do mandatário.

De acordo com as jornalistas Carla Araújo e Juliana Dal Piva, do Uol, horas antes da apresentação do documento que tenta que desmantelar todo o processo eleitoral que elegeu Lula e derrotou Bolsonaro, o autor do estudo foi recebido por Bolsonaro na residência oficial.

Nesse processo, Valdemar apenas “cedeu à pressão do presidente”, sem estar convencido de que a estratégia funcionaria. Ainda, antes da coletiva de imprensa na noite desta terça (22), no qual o presidente do PL leu as conclusões do relatório, o político se encontrou com alguns membros do Judiciário para se velar da repercussão que o documento iria trazer.

Um desses encontros, anunciaram as jornalistas, foi com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, na segunda-feira (21).

Sem contrariar o chefe do Executivo, Valdemar tentou justificar o documento, mas teria explicitado que sabia que a estratégia não teria resultados.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Integrantes do Supremo defendem afastamento do bolsonarista Augusto Nardes por fala golpista

 

Ministros do STF consideram que Augusto Nardes cometeu falta grave

www.brasil247.com - Augusto Nardes

Augusto Nardes (Foto: Aquiles Lins)

247 - Uma ala do Supremo Tribunal Federal (STF) considera que o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes deveria pedir afastamento de seu cargo após gravar um áudio com declarações de teor golpista. A avaliação é que ele cometeu falta grave, informa a jornalista Bela Megale no Globo.

Integrantes do STF disseram isso diretamete a Nardes. No áudio divulgado na noite de domingo (20), o ministro do TCU diz ter “muitas informações” sobre um “movimento forte nas casernas” e que o país deve estar preparado para viver nas próximas horas, dias ou semanas um “confronto decisivo”. 

Um ministro do Supremo relatou a pessoas próximas que chegou a ter uma conversa dura com Nardes, na qual disse que ele deveria se licenciar e não podia levar para dentro do TCU um discurso golpista. 

A leitura sobre a gravidade das declarações de Nardes é compartilhada entre os membros do próprio TCU. Ele já havia pressionado colegas da corte de contas a não se manifestarem com declarações sobre a lisura das urnas e de apoio ao Tribunal Superior Eleitoral.


Há uma perigosa e canalha trama golpista sendo urdida no Planalto, por Fernando Castilho

 

Um áudio vazado do ministro do TCU, Augusto Nardes, demonstra que há realmente uma urdidura em curso.


Charge de Aroeira

Há uma perigosa trama sendo urdida no Planalto

por Fernando Castilho

Enquanto escrevo este texto, constato que já se passaram 20 dias das eleições presidenciais vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva e até agora, o presidente Jair Messias Bolsonaro permanece recluso, calado, recusando-se a admitir a derrota.

Muita gente, a grande imprensa, inclusive, acredita que ele apenas se recupera do baque e de uma erisipela na perna.

Enquanto isso, milhares de bolsonaristas acampam nas cercanias de vários quartéis do exército, negando-se a acreditar na lisura das urnas eletrônicas e implorando aos militares uma intervenção.

Nossos honrosos generais abrem uma exceção em sua rígida disciplina para acolher os golpistas como gente de bem que apenas está se expressando livre e pacificamente.

Lógico que se fossem membros do MST esse direito à liberdade de expressão seria reprimido violentamente, até porque, em se tratando de Área de Segurança Nacional, os quartéis, em condições ideais de temperatura e pressão, não toleram a simples presença de qualquer pessoa por mais de alguns minutos próxima a seus portões.

Alguém, nas redes sociais, perguntou se já era possível organizar um grupo e ir para a frente de quartéis pedir uma revolução comunista.

Brincadeiras à parte, os comandantes militares estão seguindo a orientação do ex-candidato a vide presidente de Bolsonaro, o general Braga Netto.

Braga Netto, como foi revelado pelo site Metrópoles, mantém a residência em Brasília, utilizada como comitê eleitoral até 30 de outubro, para promover reuniões com políticos do PL, partido do presidente. É nesse QG que está sendo tramado um golpe.

O general, o articulador da resistência contra o resultado das eleições, em rápida conversa com alguns golpistas à frente do Palácio do Planalto, pediu para continuarem com fé e aguardarem só mais um pouco. Mais, não poderia adiantar.

Um áudio vazado do ministro do TCU, Augusto Nardes, relator da análise das contas presidenciais que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff demonstra que há realmente uma urdidura em curso. Na gravação, Nardes fala claramente em um “movimento nas casernas” e diz que é “questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos, para que um desenlace bastante forte na nação ocorra”.

Na outra ponta, o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas de 43 empresários que estão bancando os acampamentos com enormes barracas, cozinha, banheiros químicos, alimentação e ajuda custo aos manifestantes. Esperava-se que, com essa medida, os golpistas acabassem voltando para suas casas, mas, até agora, não é o que está acontecendo.

Apesar das ordens expressas às polícias militares e à Polícia Rodoviária Federal para acabarem de vez com os bloqueios nas estradas, estes ainda permanecem, numa espécie de queda de braço entre as instituições de segurança e o judiciário.

O que transparece é que a tensão vem sendo mantida de maneira latente, aguardando algum tipo de ordem por parte dos comandos das Forças Armadas.

Parece que há nos bastidores militares conflitos a serem resolvidos antes de uma possível ruptura institucional, pois nem todos os generais estão convencidos do sucesso de uma empreitada do porte de um golpe num país muito maior do que era em 1964.

A máquina a ser posta em movimento para se implantar uma ditadura no Brasil é gigantesca e envolve estratégias extremamente complexas e organização demasiadamente trabalhosa para que generais se motivem a trabalhar por elas. Eles, com certeza hoje preferem curtir seus uísques 12 anos, vinhos caros e churrasco de picanha, além dos comprimidos de Viagra.

Além disso, os Estados Unidos, antigos fomentadores e mantenedores do golpe de 64, hoje são totalmente contrários à uma ditadura no Brasil.

É preciso levar em conta também o incrível sucesso de Lula na COP27 que fez o mundo respirar aliviado com sua eleição e que colocou o país de volta ao concerto das nações.

Mas, uma coisa é afirmar que não haverá golpe porque não há as condições mínimas para isso. Outra é ignorar a tentativa.

Bolsonaro sabe que, após a posse de Lula, ou até antes, muita sujeira virá à tona quando for revelado o que acontecia nos ministérios e no gabinete do ódio. É preciso lembrar que a corrupção descoberta no Ministério da Educação só veio à público porque o próprio ministro Mílton Ribeiro acabou, num ato falho, revelando que os recursos eram destinados a pastores para que eles fizessem a distribuição nas cidades, a mando do presidente. Mas deve haver muito mais. Apostaria que o grande antro da corrupção é, além da Educação e Saúde (tentativa de compra de vacinas superfaturadas, como revelou a CPI da Covid-19) o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que era comandado pela senadora eleita Damares Alves.

Pois bem, o capitão deverá sofrer inúmeros processos e acabará por ser preso. Não só ele, mas todos seus asseclas.

É por isso que há uma intensa movimentação para melar o resultado das urnas.

É preciso, neste momento, que Alexandre de Moraes não puxe para si toda a responsabilidade na luta pela manutenção da democracia, mas que divida com todos os demais ministros do Supremo Tribunal Federal, para que eles se organizem como uma verdadeira muralha contra a ruptura institucional.

Além disso, o elemento povo é fundamental neste momento.

Mais de 60 milhões de brasileiros se decidiram por Lula e precisam agora estar atentos e à postos para defender o resultado legítimo das urnas.

Bolsonaro não está morto, mas somos muito mais que os milhares de golpistas que estão na frente dos quartéis.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor

A nova etapa do jogo sujo do golpe dos militares-agronegócio-tipos como Augusto Nardes contra a Democracia, por Luis Nassif

 

Golpistas querem acelerar as manifestações anti-posse até o limite da explosão de alguma violência

Por Luis Nassif

Divulgação TCU

As declarações de Augusto Nardes, Ministro do Tribunal de Contas da União, estimulando o golpismo, fazem parte de uma estratégia óbvia. Trata-se de acelerar as manifestações anti-posse até o limite da explosão de alguma violência, em um dos muitos pontos de concentração.

Uma tragédia radicalizaria ainda mais as ocupações, fornecendo o álibi para uma operação de Garantia da Lei e da Ordem, a maneira de legalizar o golpe. E sem a necessidade da liderança de Jair Bolsonaro que, aparentemente, entrou em estado de pânico com a possibilidade de incorrer em novo crime e ser responsabilizado por ele. 

Daí as declarações dúbias do general Braga, explícitas de Augusto Nardes estimulando a continuidade das manifestações nos quartéis, enquanto manifestantes são alimentados cada vez mais com discursos de ódio.

Faz parte do mesmo jogo os cortes no orçamento da Polícia Rodoviária Federal, fornecendo um álibi para a não-ação.


segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Blog da Cidadania em 21 de novembro de 2022: STF usa tática antinazista contra Bolsonaro e sua seita de fanáticos

 



STF vem usando contra o bolsonarismo método concebido há mais de 80 anos pelo filóso alemão Karl Loewenstein para barrar a acensão do nazismo ACESSE O SITE DO BLOG DA CIDADANIA www.blogdacidadania.com.br

UOL: 'Entraram atirando': funcionário relata ataque em ato fascista golpista em rodovia

 


Do UOL, em São Paulo

20/11/2022 03h31

A concessionária que administra a BR-163 entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, foi atacada ontem à noite em meio às novas paralisações em atos golpistas nas rodovias federais. Cerca de 10 homens encapuzados atiraram contra a base, atingindo uma viatura e a própria unidade. Eles ainda atearam fogo em uma ambulância e em um caminhão-guincho. Ninguém se feriu. No momento do ataque, havia bloqueios na região (veja os pontos abaixo). A PRF (Polícia Rodoviária Federal) vê relação entre o ataque e as paralisações. O caso está sendo investigado.

As cancelas de pedágio foram quebradas. Os funcionários fugiram do local. Evacuada, a praça de pedágio da cidade de Sorriso está sem cobrança. Vídeo obtido pelo UOL feito por um funcionário mostra as chamas do incêndio e a depredação na base. "Quebraram tudo (?). Gasolina aqui em tudo. Fogo..., está quase explodindo. Vai explodir. Bora vazar", diz, ao falar com um colega.

O Corpo de Bombeiros de Lucas do Rio Verde foi acionado e combateu o incêndio. A Polícia Militar também esteve no local e encontrou cartuchos das armas de fogo usadas no ataque.

"Estavam tudo armado". Em outro vídeo, um funcionário grava um relato sobre a ação, feito por um colega que não aparece nas imagens. "Eram mais de dez. Estavam tudo armado. Eu pensando que era foguete. Os caras mandando eu sair: 'sai, sai, corre, corre'. Entraram atirando."

Viatura com perfurações. É possível ouvir a respiração ainda ofegante de quem registra o relato. Em seguida, o autor do vídeo mostra uma viatura com perfurações de tiro no vidro dianteiro. "Eles vão atacar a próxima base. Eles foram no sentido Mutum. Vão atacar a base lá, pô."

"Isso já passou de ser um problema única e exclusivamente da Polícia Rodoviária Federal. Isso já está entrando em uma guerra civil e atitudes dos órgãos superiores precisam ser tomadas com urgência", disse Felipe Dias Mesquita, delegado da PRF, em áudio obtido pela reportagem.

Ele informou ainda ter acionado aeronaves para monitorar os deslocamentos dos manifestantes. Segundo ele, teria ocorrido ontem uma reunião envolvendo outras autoridades, como o Tribunal de Justiça e o MPF (Ministério Público Federal), para planejar um plano de ação.

Governo de MT contra "atos de vandalismo"

Em nota, o Governo de Mato Grosso informou que as forças de segurança foram acionadas para atuar "contra atos de vandalismo" na BR-163. De acordo com o governo, a tropa de choque da Polícia Militar irá atuar com a PRF no desbloqueio das estradas e os serviços de inteligência atuaram juntos para "identificar e prender os responsáveis por atos criminosos".

A nota foi finalizada apontando que "a atitude desse grupo de vândalos, com cerca de 10 integrantes armados, é reprovável e todo efetivo será empregado para identificar e capturar os responsáveis por esse ato criminoso" e que o governo "reforça seu respeito ao livre direito de manifestação, desde que seja exercido com respeito às leis e ao sagrado direito de ir e vir de todos".

Ataque ocorreu em região de suspeitos de financiar atos

A região é a mesma que concentra os empresários do agronegócio suspeitos de financiar os atos. Das 43 contas bloqueadas por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), 24 são de Sorriso (MT).

Entre eles, está Atilio Elias Rovaris, empresário do agronegócio e piloto amador de rally responsável por uma doação de R$ 500 mil para a campanha de Bolsonaro. Ele foi procurado, mas não quis se manifestar.

Somados, os suspeitos de financiar os atos golpistas foram responsáveis também pelo pagamento de R$ 1,3 milhão destinados à disputa eleitoral.

O último balanço feito pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), divulgado às 16h20 de hoje, registrava 9 bloqueios em estradas federais na Bahia e em Mato Grosso.

De acordo com a corporação, havia também 12 ocorrências de interdições, quando o trânsito nas rodovias fica parcialmente interditado. A entidade informou ter desfeito 1.236 paralisações.

De acordo com o último balanço, divulgado às 17h05 (horário local) de hoje, foram registrados 7 pontos de bloqueios ou interdições no estado. No boletim anterior, das 14h05, eram 8 pontos de bloqueios ou interdições.

Veja as cidades que possuem bloqueios:

 Luiz Eduardo Magalhães (BA); 

Sapezal (MT); 

Pontes e Lacerda (MT); 

Sorriso (MT); 

Matupá (MT); 

Campos Novo dos Parecis (MT); 

Campos de Júlio (MT); 

Água Boa (MT); 

Sinop (MT)

Veja quais pontos estão bloqueados ou interditados em Rondônia:

BR-364, km 1070 - Distrito de Nova Califórnia; 

BR-364, km 1040 - Distrito de Extrema; 

BR-364, km 938 - Distrito de Vista Alegre do Abunã; 

BR-364, km 797 - Distrito de Jaci Paraná (Próximo a ponte); 

BR-435, km 120 - Cerejeiras; BR-425, km 96 - Nova Mamoré; 

BR-435, km 84 - Colorado do Oeste

Os bloqueios ocorrem desde o dia 30 de outubro, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições. Os manifestantes contestam o resultado das urnas e pedem intervenção militar.

MPF cogita omissão de PRF em atos golpistas. Na última segunda-feira (14), o MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro pediu o afastamento por 90 dias de Silvinei Vasques, diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

No pedido, a entidade argumenta que ele fez uso indevido do cargo ao pedir votos irregularmente para Bolsonaro durante a campanha presidencial.

UOL: Como clãs suspeitos de bancar atos fascio-golpistas agem para manter poder em MT

 

Deputado Xuxu Dal Molin (PSC-MT) com o ex-ministro Braga Netto, em ato bolsonarista - 7.set2022 - Reprodução/Twitter
Deputado Xuxu Dal Molin (PSC-MT) com o ex-ministro Braga Netto, em ato bolsonaristaImagem: 7.set2022 - Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

21/11/2022 04h00


Na eleição para a prefeitura de Sorriso (MT) de 2020, o patriarca do clã Rovaris fez uma aposta onde não havia a possibilidade de derrota. Ao financiar as candidaturas dos dois principais concorrentes, Valdocir Rovaris, um milionário empresário do agronegócio de 71 anos, garantiu a influência no poder público sem que precisasse depender do resultado das urnas.
Hoje, quem está à frente dos negócios da família é um dos filhos dele, Atilio Rovaris, um piloto amador de rally responsável por doar R$ 500 mil para a campanha de Jair Bolsonaro (PL). Ele é um dos maiores financiadores do presidente na corrida eleitoral vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e esteve em maio deste ano em um encontro do setor com Bolsonaro em Brasília.
A família teve as contas de uma de suas empresas, a Transportadora Rovaris, bloqueadas por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal). O órgão rastreou 43 empresas e pessoas físicas suspeitas de bancar os atos golpistas após o segundo turno. Mais da metade dessas contas é de empresas de Sorriso (MT), município com 92 mil habitantes apontado como uma das potências do agronegócio no país.
O "eleito" do agronegócio. A prática adotada pela família Rovaris não é a única usada para manter o poder político na cidade. Os clãs do agronegócio também têm apoiado alguns candidatos de sua preferência. Foi o caso do deputado estadual Xuxu Dal Molin (PSC), que teve as suas candidaturas financiadas por quatro clãs suspeitos de bancar os atos golpistas no país.
Em 2018, ele se elegeu deputado estadual com o apoio de Moyses Bocchi, que doou R$ 20 mil para a sua campanha. O empresário é ligado à empresa Berrante de Ouro Transportes Ltda, que teve as suas contas bloqueadas pelo STF por apoiar os atos golpistas.
Na eleição para a prefeitura de Sorriso, em 2020, Dal Molin recebeu R$ 30 mil de Valdocir Rovaris, que, por outro lado, repassou outros R$ 50 mil para a campanha do adversário dele, Ari Lafin (PSDB), que acabou eleito.
Neste ano, Dal Molin tentou se reeleger deputado estadual, mas não conseguiu. Na campanha, recebeu R$ 50 mil de Sergio Bedin, que teve a sua conta pessoal bloqueada pelo STF por suspeita de financiar atos golpistas. O político local ainda arrecadou doações de Moyses Bocchi (R$ 5 mil), e de Ilo e Nelsi Pozzobon (que doaram R$ 440 cada) —todos integram a lista do Supremo.

Outro candidato com apoio do clã. Dal Molin não é o único candidato apoiado pelos clãs. Em 2022, as famílias Rovaris, Bedin e Bocchi doaram, juntas, R$ 170 mil a um candidato que não se elegeu. É Acacio Ambrosini (Republicanos), um vereador de Sorriso que tentou vaga de deputado federal, mas não conseguiu.

Tanto Ambrosini quanto Xuxu Dal Molin fizeram, em suas redes sociais, publicações de incentivo aos atos golpistas em frente aos quartéis no estado. Dal Molin postou no Facebook, no dia 5 de novembro, um vídeo que mostra um comboio de caminhões chegando Batalhão do Exército na capital Cuiabá.
Apoio aos diretórios. As famílias também costumam doar para diretórios estaduais de determinadas legendas em MT. Em 2018, por exemplo, o antigo DEM (atual União Brasil) recebeu R$ 160 mil de membros das famílias Rovaris, Bedin e Bocchi.

O que dizem os citados
O administrador da Berrante de Ouro, empresa ligada à família Bocchi, afirmou que os advogados da empresa já estão recorrendo da decisão de Moraes e que demais manifestações serão feitas nos autos do processo. "Nossas manifestações são legais e não estamos impedindo o direito de ir e vir de ninguém", disse um representante da empresa.
Procurada, a família Rovaris disse que só iria se manifestar sobre o caso após os seus advogados de defesa terem acesso aos dados da ação do STF. Os outros citados não foram localizados. Assim que houver novos posicionamentos, eles serão incluídos na reportagem.
Dal Molin e Ambrosini, os principais candidatos apoiados pelos investigados, também foram procurados, mas não responderam até a publicação da reportagem. Se houver manifestações, elas serão incluídas no texto.