quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Lula e a mania de reconciliação com o monstro golpista militar, por Carlos Tautz

 

A escolha de Múcio prova que Lula praticou mais uma vez a atávica mania brasileira da conciliação subserviente



Lula e o monstro militar

por Carlos Tautz, no GGN

Não se conhece uma só ideia do engenheiro José Múcio a respeito do complexíssimo tema da defesa nacional. Mas, ainda assim, Múcio recebeu do Presidente diplomado Lula a estratégica missão de tocar, a partir de 1 de janeiro de 2023, justamente o Ministério da Defesa, uma pasta crítica do ponto de vista político, pela qual, a julgar pela folha corrida de seus ocupantes nos últimos seis anos, deve passar até a possibilidade de Lula terminar ou não o seu próximo mandato.

Quem entende do assunto garante: na prática, Lula entregou a pasta aos militares, quando escolheu para liderá-la um político longe do seu círculo mais próximo e sem peso político suficiente para chefiar o Ministério e seus generais. Estes mesmos que, cúmplices de terroristas, alimentam (literalmente) a turba estacionada no Quartel General do Exército em Brasília, de onde saíram os fardados em camisas da CBF para atear fogo na cidade, momentos após a diplomação do novo Presidente nesta segunda (12).

“A escolha do Ministro Múcio não reflete a decisão do do poder político, do poder do Estado, de exercer o comando supremo das forças armadas. Antes, reflete a tentativa de conciliação, e essa conciliação é impossível. Ou o político enquadra o militar ou o militar enquadra o politico”, analisou o historiador Manoel Domingos, na TV247. Professor aposentado da Universidade Federal Fluminense, Domingos já presidiu a Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed). “A tutela (militar) ganhou”, resumiu, concordando com Domingos, o ex-deputado federal José Genoíno, ex-presidente do PT, sobre a escolha de Múcio.

Coragem

 Ao Presidente diplomado alguém precisa reiterar o que Celso Furtado já lhe afirmou no número 1 do jornal Brasil de Fato (2003), logo após o petista tomar posse em seu primeiro mandato: “Lula vai precisar de muita coragem”, ensinou o maior economista brasileiro de todos os tempos. No caso de Múcio, o ensinamento de Furtado significa que, por menos que Lula deseje brigar, não há outra forma de o poder civil lidar com os fardados a não ser dando-lhes ordens, e não, benesses. E que a ordem unida agora deve ser voltar a governar o Brasil segundo a sua Constituição, ao contrário do que desejam os ridículos tiranos que pariram Jair, a abjeta besta-fera produzida e alimentada pelo Exército.

Pois, o Presidente diplomado fez radical opção no sentido contrário da coragem cívica que lhe cobrava Furtado. A escolha de Múcio prova que Lula praticou mais uma vez a atávica mania brasileira da conciliação subserviente, e que o novo Presidente nada quis aprender com a anistia concedida em 1979 a torturadores e generais ladrões. Está dando no que está dando, até hoje. Alguém precisa orientar Lula a ler Florestan Fernandes, o maior de nossos sociólogos, fundador do PT, que ensinou mais ou menos o seguinte: aquilo que não se resolve retorna.

É de se questionar também o que de fato será feito no campo da defesa por alguém cuja única grande contribuição para a história nacional ocorreu em 2016. Então Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Múcio assinou o relatório atribuindo a Dilma as “pedaladas fiscais” e assim deu a “base técnica” para o golpe. Agora, ganhou de Lula um cargo da mais alta sensibilidade política tanto para fora e quanto para dentro do Brasil.

Combate nas sombras

A Defesa é encarregada de operar políticas de dissuasão de ameaças externas em um mundo que passa por uma mudança de hegemonia em termos globais. Ao mesmo tempo, Múcio também terá de lidar com quadros fardados tão poderosos quanto desconhecidos, conectados com forças armadas de países centrais do sistema internacional e acostumados a combater nas sombras e nos interstícios do Estado brasileiro. O futuro ministro ainda terá de decidir o que fazer com os milhares de militares que Jair aquartelou nas folhas de pagamento oficiais.

Generais amealham até 1 milhão por mês, de acordo com o site Congresso em Foco.

É o caso de Braga Netto, o ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro e comandante da intervenção financeiro-militar no Rio de Janeiro em 2018 – até hoje ele não prestou contas sobre se e como teriam sido gastos R$ 1,2 bilhão orçados para esta aventura. Por sua vez, Heleno, o caricato chefe da espionagem oficial que também embolsa da Viúva centenas de milhares de reais a cada 30 dias, escapou em 2017 de milionário escândalo no Comitê Olímpico Brasileiro, do qual era vice-presidente a R$ 80 mil mensais. A malta miúda teve “direito” aos restos do butim. Cerca de 79 mil praças foram presenteados ilegalmente pelo Ministério da Cidadania com o auxílio-emergencial de R$600, segundo o TCU.

Lawfare

Ao deixar toda essa situação a alguém tão ao gosto dos militares (Múcio foi elogiado inclusive pelo Vice-Presidente Mourão), Lula está alimentando o monstro. Permite-lhe crescer em autoridade, mesmo após o assalto generalizado aos cofres públicos, em especial o da Saúde, como provou a CPI da COVID19. O Presidente diplomado parece ter-se já esquecido até do golpe que Dilma Roussef sofreu há apenas seis anos e não vê o assassinato político do qual a Vice-Presidenta Cristina Kirchner é vítima exatamente agora, aqui ao lado, na Argentina. Aliás, pouco falta para outra rodada de golpes à base de lawfare atingir simultaneamente os presidentes progressistas na Bolívia, no Chile, na Colômbia e na Venezuela.

Se ainda não percebeu o que é a estratégia da lawfare, Lula deve consultar Cristiano Zanin, o seu próprio advogado criminal e um dos maiores especialistas no assunto, em nível internacional. Ou pode, simplesmente, recordar das fraudes praticadas por quadrilhas de juízes, desembargadores e procuradores. Eles o levaram a passar ilegalmente, por perseguição política, 580 dias mas masmorras da Polícia Federal em Curitiba, sob a guarda pretoriana de Sergio Moro e Deltan Dalagnol – estes que ainda hão de prestar contas à Justiça.

Lula, ouça Manoel Domingos e Genoíno. Lembre-se de Furtado e de Florestan. Ou simplesmente releia o inigualável Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

Carlos Tautz – Jornalista e doutorando em História na Universidade Federal Fluminense.

A conduta duvidosa (pró-militares) do Ministério da Defesa de Múcio no 8 de janeiro

 

Pasta preparou minuta de GLO para fazer operação militar contra atos golpistas (o que, na prática, faria o que os golpistas queriam, ou seja, entregar o poder aos milicos). Documento foi encontrado após quebra de sigilo autorizada pela CPMI

Do Jornal GGN:


Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo


O Ministério da Defesa, já sob a gestão de José Múcio, preparou uma minuta para acionar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos três Poderes, em Brasília. 

Apesar da tentativa, o documento não foi assinado pelo presidente Lula (PT). Segundo ele, assinar a GLO seria o mesmo que “consumar o golpe”, uma vez que as Forças Armadas assumiram o controle da capital federal, de acordo com o Globo.

A minuta foi obtida pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas após a quebra de sigilo telemático do capitão de fragata Elço Machado Neves, da Marinha, à época lotado na Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa.

O documento foi redigido por Neves e encontrado em sua caixa de e-mail. que enviou o documento de um e-mail pessoal para seu endereço eletrônico funcional às 18:05 do dia 8 de janeiro.

Neves estava no cargo desde fevereiro de 2022. A portaria que autorizava sua dispensa da Marinha foi assinada pelo almirante Almir Garnier Santos, apontado por Mauro Cid como um dos entusiastas da trama golpista de Bolsonaro.

Segundo informações do O Globo, a minuta de GLO previa dar poder para que as tropas atuassem na Esplanada dos Ministérios ocupada pelos bolsonaristas entre 8 e 10 de janeiro, com raio de atuação definido pelo Ministério da Defesa.

Em nota, o Ministério da Defesa alegou que o documento foi elaborado como uma possibilidade de acionamento das Forças, amparado pela Lei Complementar 97/99, que trata das normas para o emprego de militares.

Além disso, a pasta reforçou que a GLO só poderia entrar em vigor mediante a assinatura do presidente e destacou que Múcio –  que tinha a missão de aproximar o novo governo dos militares – estava a apenas uma semana no comando do Ministério da Defesa.

Josias: Alguns militares deram péssima fama às Forças Armadas; houve prevaricação com Bolsonaro

 

Do UOL:

No UOL News, o colunista Josias de Souza analisa as primeiras informações sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que relatou que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários. A reportagem é de Aguirre Talento, colunista do UOL.



CPI: Heleno se mostrou à altura do golpismo bolsonarista: nanico como sempre. Análise de José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar

 

Do UOL:

No Análise da Notícia, José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar comentam o depoimento do general Heleno na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro.



Meteoro Brasil: O general Heleno.... Seu Histórico na ditadura, passando pelo Haiti até chegar a CPMI

 

Do Canal Meteoro Brasil:

O general Augusto Heleno prestou depoimento na CPMI do 8 dos atos golpistas no dia 26 de setembro. Vamos dar uma olhada no que aconteceu neste dia e depois ver a trajetória que trouxe Heleno até aqui.




terça-feira, 26 de setembro de 2023

Na CPMI dos atos golpistas, Heleno é desmentido sobre papel de Mauro Cid em reuniões do governo. Reportagem de Ana Gabriela Sales

 

Do Jornal GGN:


Mais cedo, Heleno afirmou que as recentes revelações de Mauro Cid sobre tentativa de golpe não passam de “fantasia”
O general Augusto Heleno na CPMI dos atos golpistas. | Foto: Lula Marques/Agência Brasil



O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi desmentido por parlamentares durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, nesta terça-feira (26). 

Mais cedo, Heleno afirmou que as recentes revelações do ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, sobre uma tentativa de golpe por parte de Jair Bolsonaro (PL) não passam de “fantasia”.

Isso porque, de acordo com o ex-ministro, o ex-ajudante de ordens não participava de reuniões entre Jair Bolsonaro (PL) e os comandantes das Forças Armadas. Porém, uma foto do próprio governo mostra o contrário. 

Um perfil do X, antigo Twitter, intitulado “Desmentindo Bolsonaro”, publicou uma imagem, que consta no perfil oficial do Palácio do Planalto no site de imagens Flicker, em que Cid e Bolsonaro estão no evento intitulado “Reunião com Ministro da Defesa e Comandantes das Forças Armadas”, no dia 25 de fevereiro de 2019. 

A imagem foi apresentada ainda durante a primeira parte da sessão pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Em meio aos questionamentos, o militar ficou exaltado. 

As pessoas aqui estão querendo me comprometer. Vão perder tempo. É preciso haver um pouco de senso do que está havendo para não haver acusações falsas, acusações que são sérias, porque agridem a integridade de alguém. Então é preciso que as acusações sejam um pouco refreadas”, disse.


Mídia Ninja: Randolfe Rodrigues resgata histórico golpista de Heleno... General mente e recua ter dito em 'poder moderador' golpista das FFAA

 

Do canal Mídia Ninja:




UOL: General Heleno revela quem realmente é ao reagir à Eliziane com palavrões na CPI do 8/1

 

Do UOL:

O general Augusto Heleno negou participação em atos golpistas e na invasão às sedes dos Três Poderes em depoimento à CPI de 8 de Janeiro. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional também afirmou que não soube da reunião de Jair Bolsonaro com os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica para tratar de uma intervenção militar. No UOL News, o colunista Leonardo Sakamoto, do UOL, comenta o tema



Bob Fernandes, em vídeo: General Heleno xinga a mãe de Eliziane, relatora da CPMI da encenação golpista e... segue a Farsa fascista dos bolsonaristas

 

Do Canal do Analista Político Bob Fernandes:




A democracia e o acerto de contas com os militares, por Florestan Fernandes Jr.

 

"Que venham à luz todos os fatos. Que sejam expostos, à clareza solar, todos os inimigos da nação", defende o jornalista Florestan Fernandes Jr.


Bolsonaro com militares

Bolsonaro com militares (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Ainda sobre a delação de Mauro Cid, autointitulada “sombra” de Bolsonaro e que, em seu depoimento, teria afirmado que a trama golpista foi discutida na presença dos comandantes das Forças Armadas. O que se soube foi o que se dizia à boca miúda nos corredores de Brasília e que aponta para uma daquelas obviedades ululantes, como bem descreveu Nelson Rodrigues:

Bolsonaro sempre foi golpista.

Estamos diante de um fato, constatável e comprovado pelas inúmeras falas, ditas e reiteradas pelo ex-presidente durante toda a sua trajetória política.

Bolsonaro sempre foi golpista e colocou em execução a trama contra a democracia desde o seu primeiro dia de mandato como presidente da República (o presidente grafado em minúsculas é proposital). Desde o início de seu mandato, conspirava ao modo do húngaro, Viktor Orbán.  Eleito, Bolsonaro e seus generais “cupinizaram” a democracia, devorando-a por dentro, esfacelando as instituições. Com os pilares da república corroídos seria mais fácil ter sucesso em sua cruzada golpista. Depois de desmoralizar o parlamento, liberando as emendas secretas e dando ao presidente da Câmara as chaves do cofre, terceirizando a administração, Bolsonaro partiu para cima do Supremo Tribunal Federal. Ataques disparados diuturnamente por ele, seus filhos, ministros e militantes bolsonaristas. Na noite de 13 de junho de 2020, por exemplo, apoiadores do ex-presidente dispararam fogos de artifícios contra a sede do Supremo Tribunal com ofensas pesadas contra os membros da corte. Aos berros, perguntavam se os ministros tinham entendido o recado. 

Desde a eleição de 2018, Bolsonaro atacou a higidez do processo eleitoral, semeando na população a desconfiança nas urnas – que o elegeram há décadas, afirmando que a sua vitória contra Haddad teria acontecido ainda no primeiro turno e que, por conta da suposta fraude eleitoral, não teria sido declarado eleito em primeiro turno. 

Era a construção de uma narrativa para justificar um golpe em caso de derrota na tentativa de reeleição.

Na campanha em 2022 ele usou de todos os expedientes fraudulentos, comprando votos com o "pacote de bondades" e a ajuda do Centrão (diga-se!). Por fim, com a derrota, a surrada contestação das urnas e o encaminhamento de uma minuta golpista, sabemos agora apresentada aos comandantes das três forças militares.

Enquanto tramava o golpe com seu núcleo duro de governo, o gabinete do ódio alimentava as redes sociais e grupos de mensagem com diretrizes para o ataque golpista na praça dos três poderes. 

Bolsonaro nunca escondeu suas ideias autoritárias, nem dos eleitores e nem dos militares que estiveram ao lado dele nos últimos anos. 

Esse fetiche de atribuir a democracia aos militares - reproduzido agora pelo ministro da Defesa, José Múcio, contraria a História e precisa acabar. 

A delação de Mauro Cid, considerado “filho” de Bolsonaro e que contava com uma acomodação própria no Palácio da Alvorada, aponta para o fato de que as reuniões nas quais se tramou o golpe contra o País, aconteceram o tempo todo em que Bolsonaro esteve no comando da nação. Indica que após o segundo turno das eleições, não eram uns e outros, nem mesmos meros oficiais que delas participavam, eram os próprios comandantes das três forças. Ok que tenham ido, desavisadamente na primeira reunião em que se apresentou a trama golpista. Mas se não concordavam com a ideia, por que razão os comandantes das FA compareceram nos demais encontros? O fato de terem ouvido a trama golpista e não terem dado imediata voz de prisão ao proponente, é crime e é grave. O fato de ficarem em silêncio quando sabiam do propósito, é crime também. Temos que rechaçar qualquer proposta de atribuir aos militares a preservação da democracia. A eles, que sabiam da sanha predatória contra a democracia e nada fizeram, nada devemos. Ao contrário, somos credores. Eles que nos devem explicações históricas por tudo o que vivemos durante a ditadura e pela participação na política e no governo neofascista que foi derrotado na eleição de 2022. Jamais nos esqueçamos de que Bolsonaro não é causa, é consequência deles e da falta de um acerto de contas histórico. Se quisermos avançar, precisamos acertar as contas com o passado. Os militares nos devem explicações das vidas perdidas pelo negacionismo na pandemia da COVID 19, pelo crescimento exponencial da violência durante o governo cívico-militar de Bolsonaro, pelos acampamentos golpistas nas frentes dos quartéis, frequentados e organizados pela “família militar”, ambiente fértil para toda espécie de ato terrorista, como o que quase explodiu o aeroporto de Brasília.  

Que fique bem claro que nós civis não devemos a nossa liberdade e a democracia aos militares. Não devemos nada a eles. Se devemos algo pelo fracasso do golpe, foi àqueles que defenderam a democracia diuturnamente nos últimos quatro anos: à mídia independente, aos militantes, aos trabalhadores e líderes progressistas e de esquerda, aos advogados que defenderam, de maneira firme, o estado democrático de direito e ao STF. Enfim, aos brasileiros comprometidos com a democracia. Fomos nós, os verdadeiros patriotas, quem defendemos a democracia da sanha golpista que, como um canto de sereia, encantou boa parte das Forças Armadas.

Que venham à luz todos os fatos. Que sejam expostos, à clareza solar, todos os inimigos da nação. Democracia, ideais republicanos e estado democrático de direito acima de tudo! Eis a virtuosa sentença.



Novo documentário do 247: Como Moro violou a lei para perseguir alvos e conquistar poder

 

Da TV 247:




Corregedor do Conselho Nacional de Justiça, CNJ, deve pedir quebra do sigilo bancário de Moro e Dallagnol

 

Após a constatação de uma “gestão caótica” do dinheiro, o corregedor busca entender o destino das quantias que teriam desaparecido das contas da 13ª Vara Federal de Curitiba



247 - Corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Luis Felipe Salomão deve pedir em breve a quebra do sigilo bancário do ex-juiz parcial e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e do ex-procurador da Lava Jato e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), informa Esmael Morais>>> "Investigação do CNJ pode levar Moro e Dallagnol à cadeia", prevê Joaquim de Carvalho

Após o CNJ constatar uma “gestão caótica” do dinheiro da Lava Jato, o corregedor busca entender o destino das quantias que teriam desaparecido das contas judiciais da 13ª Vara Federal de Curitiba. "O ministro, que assumiu a corregedoria em um contexto de questionamentos sobre a atuação da força-tarefa, busca desvendar o destino de bilhões de reais obtidos pela mesma por meio de acordos de leniência. As alegações de que parte desses recursos foi 'devolvida' para a Petrobras, que os enviou aos Estados Unidos e supostamente retornou ao Brasil levantam sérias questões sobre a legalidade e a transparência dos procedimentos envolvidos", diz o blog. Suspeita-se também que a 13ª Vara Federal de Curitiba tenha sido utilizada para lavagem de dinheiro. >>> Moro critica CNJ e nega 'gestão caótica' em valores de acordos da Lava Jato: 'sem base em fatos'

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Cortes 247



TV GGN: INVESTIGAÇÕES ESTÃO CHEGANDO PERTO DO DINHEIRO DA LAVA JATO

 

Da TV GGN:




Como o general Augusto Heleno se envolveu no golpe de 8/1

 

O envolvimento golpista do general na depredação da Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2022, pode ser elencado direta e indiretamente.

Do Jornal GGN:



Publicado em 

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro ouve nesta terça-feira (26) o general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo de Jair Bolsonaro.

O envolvimento golpista do general na depredação da Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2022, pode ser elencado direta e indiretamente.

No que tange ao envolvimento indireto, há de se esclarecer o papel daqueles que foram nomeados por ele para o GSI e que, durante o ataque golpista, ainda faziam parte da equipe de transição. 

Um outro ponto a ser discutido é o recebimento de pessoas envolvidas no 8 de janeiro, durante sua gestão, no GSI, entre os dias 1º de novembro e 31 de dezembro de 2022, inclusive, de um golpista preso em flagrante no ato. Os deputados Rubens Pereira Júnior (PT) e Rogério Correia (PT-MG) apresentaram o pedido citando reportagem da Agência Pública, que divulgou essas informações. 

Apresentaram requerimentos os senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Ana Paula Lobato (PSB-MA), Izalci Lucas (PSDB-DF), Eduardo Girão (Novo-CE), e os deputados Rafael Brito (MDB-AL), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Duarte Jr. (PSB-MA), Duda Salabert (PDT-MG), Erika Hilton (Psol-SP) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) 

O general é apontado como um dos principais mentores dos ataques e seu depoimento pode ser fundamental para esclarecer o plano golpista, se houver colaboração. De acordo com a Revista Isto É, fontes da Segurança Pública afirmaram que Heleno utilizou do aparato técnico do órgão que estava sob seu comando e a influência nas Forças Armadas para evitar a posse de um presidente eleito democraticamente. 

Além disso, Heleno teria desmontado o GSI para que o órgão ficasse inerte no dia da invasão dos Poderes, tirando militares de posições importantes do órgão para deixá-los sem reação.

Um outro ponto que merece atenção e que fecha o cerco do aliado de Jair Bolsonaro é um grupo de Whatsapp com cerca de 40 militares da ativa e da reserva no qual foram discutidas ações golpistas, segundo coluna de Juliana Dal Piva, do Uol.

O grupo intitulado Notícias Brasil foi desfeito no dia do golpe. Heleno, porém, disse não se recordar por fazer parte de inúmeros grupos. Este foi criado em 2016, em meio ao impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff – hoje reconhecido como golpe.

Em entrevista à TV GGN, em abril, o então chefe interino do GSI, Ricardo Cappelli, afirmou que o órgão estava sob influência do general Heleno no 8/1. 

O indicado pelo presidente Lula e o ministro da Justiça Flávio Dino, aproveitou para reforçar o fato de que não faz sentido levantar acusações contra o general G. Dias, que tinha apenas 6 dias à frente da pasta. Dias pediu demissão do cargo após um vídeo vazado pela CNN [entenda o que aconteceu pela análise de Luis Nassif]. A entrevista completa com Cappelli, na TV GGN, você pode conferir por aqui.

Transmissão ao vivo pela TV GGN:

Confira nesta terça, a partir das 9h, a transmissão da CPMI dos atos golpistas, na TV GGN:

Fique por dentro do assunto com a cobertura do Jornal GGN:

Cappelli diz que equipes da GSI tinham influência do general Hel (jornalggn.com.br)

General Augusto Heleno foi mentor intelectual dos atos golpistas, (jornalggn.com.br)

Novas informações colocam general Heleno em grupo golpista (jornalggn.com.br)

Cappelli mira em generais ligados ao bolsonarismo – GGN (jornalggn.com.br)

A conspiração que derrubou o chefe do GSI, por Luis Nassif (jornalggn.com.br)

Deputado Pr. Henirque Vieira faz radiografia perfeita do fanatismo fascista da extrema direita bolsonarista

 

Da Mídia Ninja:




quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Mauro Cid entrega Bolsonaro e diz que ele consultou militares sobre golpe de estado

 

Segundo Cid, Bolsonaro recebeu de Filipe Martins uma minuta de decreto para prender adversários e convocar novas eleições. Em seguida, ele submeteu o texto a militares

Jair Bolsonaro e Mauro Cid

Jair Bolsonaro e Mauro Cid (Foto: ABr | Agência Senado )

247Em um dos depoimentos incluídos na delação premiada que ele firmou com a Polícia Federal, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), relatou que após a derrota no segundo turno da eleição, Bolsonaro recebeu um rascunho de decreto das mãos de seu assessor Filipe Martins. Esse decreto propunha a convocação de novas eleições, bem como a prisão de adversários políticos, informa Aguirre Talento, do UOL.

Conforme a declaração de Cid, Bolsonaro discutiu o conteúdo do documento com altos comandantes militares. O denunciante alegou que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, demonstrou apoio ao plano golpista em conversas privadas, embora o Alto Comando das Forças Armadas não tenha aderido à ideia.

Esse relato faz parte dos anexos de depoimentos fornecidos por Cid em sua delação premiada. Fontes que acompanharam as negociações confirmaram esses detalhes. Cid também afirmou ter testemunhado a entrega do documento a Bolsonaro por Filipe Martins, bem como as reuniões do então presidente com militares.

A seção da delação que aborda essas discussões golpistas foi particularmente interessante para a Polícia Federal, devido aos novos insights fornecidos por Cid. Isso levou à formalização do acordo de colaboração, que foi conduzido pelo advogado Cezar Bitencourt e homologado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes em 9 de setembro.

Os investigadores suspeitam que essas articulações tenham contribuído para os eventos golpistas ocorridos em 8 de janeiro. Cid, que estava sob prisão desde maio em relação a uma investigação da PF sobre falsificação de cartões de vacinação, foi liberado após a homologação do acordo. Além de compartilhar informações sobre os planos golpistas, o tenente-coronel também forneceu dados sobre outros tópicos, como o esquema de venda de joias, fraudes em certificados de vacinação e suspeitas de desvio de recursos públicos do Palácio do Planalto.

Os primeiros depoimentos da delação já foram coletados pela PF, e agora os investigadores conduzirão diligências para verificar a veracidade das informações apresentadas, podendo chamar Cid para esclarecimentos adicionais.

No que diz respeito ao conteúdo da delação, Cid detalhou como o rascunho golpista chegou às mãos de Bolsonaro após a derrota eleitoral e como o plano se desdobrou. Segundo ele, Filipe Martins, então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, trouxe um advogado constitucionalista e um padre para uma reunião com Bolsonaro no final do ano passado. O nome desses dois indivíduos não foi lembrado por Cid. Durante essa reunião, o advogado constitucionalista e Filipe Martins apresentaram a Bolsonaro uma minuta de decreto golpista, que incluía a convocação de novas eleições e a autorização para prender adversários políticos.

Embora Bolsonaro tenha recebido o documento, ele não expressou sua opinião sobre o plano golpista, de acordo com a delação. A PF está investigando se esse é o mesmo rascunho golpista encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, já que ambos autorizavam a prisão de adversários. A minuta golpista de Anderson Torres previa a declaração de um "estado de defesa" na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar supostas irregularidades nas eleições, o que poderia levar à convocação de uma nova eleição.

Cid informou aos investigadores que Bolsonaro posteriormente teve reuniões com altos comandantes militares e compartilhou partes do documento com eles para medir a receptividade à ideia do golpe. O único apoiador, de acordo com o denunciante, foi o comandante da Marinha, almirante Garnier, que já havia demonstrado publicamente sua oposição à posse de Lula em uma cerimônia de transmissão de cargo.

No entanto, Bolsonaro tomou uma postura inconstante em relação ao tema, ocasionalmente dando sinais de apoio a planos golpistas, mas sem autorizar expressamente a execução desses planos por seus auxiliares. Até o momento, a defesa de Jair Bolsonaro não respondeu às solicitações de comentário sobre o assunto.

Ex-comandante da Marinha, Almir Garnier apoiou plano golpista criminoso, fascistóide e canalha de Filipe Martins e Bolsonaro, segundo delação de Mauro Cid

 

Em sua delação à PF, o tenente-coronel Mauro Cid contou que o almirante Almir Garnier disse que sua tropa estaria pronta para aderir a intentona golpista


Almir Garnier Santos e Jair Bolsonaro

Almir Garnier Santos e Jair Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou em sua delação premiada à Polícia Federal que o ex-mandatário procurou a cúpula das Forças Armadas para buscar o respaldo dos militares visando um golpe de Estado para se manter no poder após ser derrotado no pleito presidencial do ano passado. Nesta linha, segundo Mauro Cid,o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria demonstrado apoio à ideia em conversas privadas, no entanto, o Comando do Exército e o Alto Comando das Forças Armadas teriam se distanciado da possibilidade.

De acordo com a coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, Garnier “teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente. Já o comando do Exército afirmou, naquela ocasião, que não embarcaria no plano golpista”. >>> Mauro Cid entrega Bolsonaro e diz que ele consultou militares sobre golpe

Segundo o jornalista Aguirre Talento, do UOL, o rascunho do decreto com a proposta golpista propondo a convocação de novas eleições, bem como a prisão de adversários políticos, foi apresentada a Bolsonaro pelo então assessor Filipe Martins, que também foi acusado por Cid de fazer parte do chamado “gabinete do ódio”, responsável por promover ataques e divulgar fake news contra opositores e adversários do ex-mandatário. >>> Mauro Cid delata participação de ex-assessor de Bolsonaro no 'gabinete do ódio'

Reinaldo Azevedo: Bolsonaro, os militares e o golpe

 

Da BandNews FM:




Leonardo Sakamoto, no UOL: Brilhante discurso de Lula põe fim ao ciclo de vexames do Brasil na ONU causado por Bolsonaro

 

Do UOL:


Lula defende na ONU a redução de desigualdade e finda vexames do Brasil sob Bolsonaro, diz Sakamoto



segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Celular de Anderson Torres, ex ministro da justiça de Bolsonaro, tem material fascista golpista com imagem de Lula enforcado e ataques a Alexandre de Moraes

 

O celular de Torres também abrigava acusações infundadas de fraudes eleitorais

Anderson Torres com Bolsonaro e Lula no detalhe

Anderson Torres com Bolsonaro e Lula no detalhe (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Ricardo Stuckert/PR

247 – O aparelho celular do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, tem elementos que podem embasar sua condenação por participação na trama golpista, segundo informa o jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles. Um dos achados mais alarmantes foi uma imagem datada de dezembro do ano anterior, que insinuava o enforcamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus apoiadores durante a cerimônia de posse presidencial. Além disso, o dispositivo guardava material convocando para "concentração nos quartéis" com o propósito de "exigir intervenção federal", uma expressão que também apareceu em diálogos interceptados de familiares de Mauro Cid.

O celular de Torres também abrigava acusações infundadas de fraudes eleitorais, críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), com foco no ministro Alexandre de Moraes, e alegações de que este último teria adquirido propriedades com recursos incompatíveis com seu salário de ministro da Suprema Corte. Curiosamente, informações sobre o passatempo de Torres, que é a criação de aves, estavam registradas no dispositivo. Esse hobby chamou a atenção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que realizou uma operação em sua residência.

A análise revelou uma imagem sugestiva, intitulada "A rampa", com data de 3 de dezembro de 2022, onde se alegava que os "corruptos comunistas" que supostamente fraudaram as eleições subiriam uma rampa em Brasília construída pelo povo brasileiro, terminando em uma forca. Adicionalmente, o celular continha um folder convocando uma manifestação, dois dias após o segundo turno das eleições, pedindo uma "intervenção federal". Também foi encontrado um vídeo chamando para protestos com o slogan "Fora Lula" e uma captura de tela de uma postagem no Instagram alegando descarte ilegal de urnas eletrônicas em Porto Alegre após o segundo turno.

No dispositivo de Anderson Torres, havia ainda uma legenda em uma foto do ministro Alexandre de Moraes, questionando a origem dos recursos supostamente utilizados para adquirir oito imóveis, cada um avaliado em cerca de 4 milhões de reais, com um salário de 39 mil reais. Essas revelações atraíram críticas frequentes de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação a Alexandre de Moraes, alegando perseguição política e suposta parcialidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Corregedoria monta força tarefa para investigar caminhos do dinheiro da Lava Jato. Artigo de Luis Nassif

 

O Grupo de Trabalho será integrado pela AGU, Controladoria Geral da União, MPF, TCU, Polícia Federal e Receita Federal.



A Corregedoria Nacional de Justiça concluiu o primeiro relatório parcial dos trabalhos da Correição Extraordinária instaurada na 13ª Vara Federal de Curitiba e na 8a Turma do Tribunal Regional Federal.

O trabalho começou em maio de 2023. Até lá havia mais de trinta Reclamações Disciplinares em relação aos dois grupos. Na primeira etapa, foram feitas análises processuais e tomados o depoimento dos Juízes Federais Eduardo Appio e Gabriela Hardt, à época, titular e substituta, respectivamente, do juízo sob correição, assim como dos Desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, Marcelo Malucelli e Loraci Flores de Lima, que integravam a 8ª Turma do TRF4.

Não se ficou nisso. Também foram ouvidos os desembargadores diretamente envolvidos na parceria com Sérgio Moro, com o Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. 

Atenção relevante foi dedicada à Transparência Internacional, tendo sido ouvido Bruno Alves Brandão, diretor da Transparência Internacional Brasil.

Até agora os trabalhos identificaram “possíveis irregularidades relacionadas aos fluxos de trabalho desenvolvidos durante as investigações e ações penais da Operação Lava Jato, fazendo-se necessário verificar se configurariam falta disciplinar perpetrada pelos magistrados que atuaram, ao longo dos anos, na 13ª Vara Federal de Curitiba, assim como aqueles que atuaram no exame dos recursos no âmbito da Turma recursal”.

Mas o foco maior é a destinação dos valores dos acordos de leniência. Foram identificadas “ações e omissões que indicariam um agir destituído quanto ao zelo exigido dos magistrados nos processos, que conferiram destinação a valores oriundos de colaborações e de acordos de leniência (também em relação a bens apreendidos) para a PETROBRAS e outras entidades privadas, ao arrepio de expresso comando legal e sem qualquer outro critério de fundamentação, sob pretexto de que o rendimento conferido ao dinheiro depositado em contas judiciais era pouco expressivo”. 

A correição identificou R$ 2,1 bilhões em pagamentos, entre 2015 e 2018, período em que a PETROBRAS era investigada nos EUA. E refere-se expressamente ao acordo para a fundação Lava Jato, denunciado em primeira mão pelo GGN. “Nessa homologação, pretendia-se a destinação de R$ 2,5 bilhões visando a constituição da chamada Fundação Lava Jato, pela própria força-tarefa, na cidade de Curitiba”.

Constatou que “os repasses à PETROBRAS (prioritariamente) se realizaram sem a prudência do juízo, mesmo diante do fato de a Companhia ser investigada em inquérito civil público conduzido pelo MPSP, por autoridades norte americanas e sem discussão ou contraditório para plena identificação das vítimas do esquema de corrupção”. 

Ou seja, “verificou-se a existência de um possível conluio envolvendo os diversos operadores do sistema de justiça, no sentido de destinar valores e recursos no Brasil, para permitir que a PETROBRAS pagasse acordos no exterior que retornariam para interesse exclusivo da força-tarefa”.

Não havia cálculos de perdas, nem nada. Cada acordo, ratificado pelo Procurador-chefe da força tarefa, consistia apenas da apresentação de uma petição ao juiz, acompanhada do acordo em si, firmado entre a Lava Jato e o cidadão/empresa.

Constatou-se que os acordos de valor global, firmados entre MPF e ODEBRECHT (autos nº 5020175-34.2017.4.04.7000/PR) e MPF e BRASKEM (autos nº 5022000- 13.2017.4.04.7000/PR) obedeceram a critérios de autoridades estrangeiras.

Em princípio, constatou-se que os valores apontados obedeceram a critérios de autoridades estrangeiras, o que soa como absurdo, teratológico – termo que significa deformação.

Ponto central será analisar a destinação dos acordos de leniência.

Em todos os casos, sob o pretexto de que os recursos depositados na Caixa Econômica Federal eram mal remunerados, houve destinação não sabida. No caso do acordo com o Departamento de Justiça, para a destinação de recursos à própria Lava Jato, a força-tarefa da Lava Jato discutiu os termos e submeteu minuta do acordo de assunção de compromissos a avaliação de organismo internacional (Transparência Internacional).

Depois disso, a juíza federal substituta Gabriela Hardt recebeu informalmente a minuta do acordo e tratou das condições para homologação com integrantes da própria força tarefa.

O relatório é taxativo:

“Ao contrário da menção ao atendimento do “interesse público” e da “sociedade brasileira”, as cláusulas do acordo de assunção de compromissos firmado entre força-tarefa e PETROBRAS prestigiavam a PETROBRAS, a força-tarefa, em sua intenção de criar uma fundação privada, um grupo restrito de acionistas minoritários, delimitados por um dos critérios eleitos pelas partes”.

E anuncia a decisão final, as negociações com o Ministro da Justiça Flávio Dino “para a criação de um Grupo de Trabalho para verificação mais ampla das condutas objeto desta correição e adoção de medidas de caráter preventivo das situações nocivas identificadas”. 

O Grupo de Trabalho será integrado pela Advocacia Geral da União, Controladoria Geral da União, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Receita Federal do Brasil. 

Paralelamente, será elaborada uma Minuta de Ato Normativa, com proposta de regulamentação da destinação de valores oriundos de acordos de Colaboração e Leniência, bem como o controle para destinação de multas penais e bens apreendidos.