Do Canal Plantão Brasil, de Thiago dos Reis:
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
Bolsonaro & Moro: a dupla de super-homens que detonou o país chamado Brasil. Por Ricardo Kotscho (no UOL)
"O que move Bolsonaro & Moro, o "Mito" e o "Herói Nacional", os dois na disputa pela Presidência da República, é a certeza da absoluta impunidade, debochando de um país destruído pela Lava Jato, para levar um ao poder e fazer a fortuna do outro, depois de destruir algumas das maiores empresas nacionais e detonar 4,4 milhões de empregos, só para impedir que Lula fosse candidato em 2018."
Segue trecho da coluna de Ricardo Kotscho no UOL:
Bolsonaro dá uma banana para o Supremo Tribunal Federal, tripudia sobre as leis e vai passear de moto por Brasília com o filho Carlos, o chefe do "gabinete do ódio", e tendo o general Ramos como seu fiel escudeiro.
Moro se enrola todo para explicar os milhões que ganhou como recompensa nos Estados Unidos, fazendo piadinhas numa live com um pivete do MBL, promovido a estrategista-mor da campanha.
É serio que está acontecendo tudo isso ao mesmo tempo, sem nenhuma reação da sociedade e das instituições brasileiras?
O que move Bolsonaro & Moro, o "Mito" e o "Herói Nacional", os dois na disputa pela Presidência da República, é a certeza da absoluta impunidade, debochando de um país destruído pela Lava Jato, para levar um ao poder e fazer a fortuna do outro, depois de destruir algumas das maiores empresas nacionais e detonar 4,4 milhões de empregos, só para impedir que Lula fosse candidato em 2018.
E o que os une, embora agora adversários, é exatamente o ódio a Lula e ao PT, a qualquer direito dos trabalhadores e à soberania nacional, lacaios de interesses estrangeiros e do grande capital, sem nenhum compromisso com o país de 212 milhões de habitantes, que já foi a sexta economia mundial e hoje é um pária entre as nações civilizadas, assolado pela fome e por uma pandemia sem fim.
Quando ainda eram aliados, a "conge" do ex-juiz chegou a dizer que os dois eram uma só pessoa, e realmente eles têm muita coisa em comum.
Cínicos e perversos, não têm limites na busca do poder absoluto, sem nenhum projeto de país, indiferentes ao sofrimento de um povo que luta apenas para sobreviver....
Leia o restante da coluna de Ricardo Kotscho clicando aqui.
Reinaldo Azevedo: Por que MPF tem de mandar investigar Moro já
Bolsonaro, o porco e o povo relegado a um chiqueiro. Artigo de Ricardo Nêggo Tom
"Do pão com leite condensado no café da manhã ao cachorro quente na primeira barraquinha do gênero que encontrasse pela frente, ele sempre tentou demonstrar que seus hábitos se assemelham aos do povão, o que lhe faria um legítimo representante da plebe brasileira. Não fosse o seu discurso de campanha, prometendo enriquecer ainda mais os grandes empresários e mandando trabalhadores escolher entre emprego ou direito, seu personagem quase consegue o seu intento."
Foram inúmeras as vezes em que Jair Bolsonaro tentou associar a sua imagem à de um homem simples e do povo. Do pão com leite condensado no café da manhã ao cachorro quente na primeira barraquinha do gênero que encontrasse pela frente, ele sempre tentou demonstrar que seus hábitos se assemelham aos do povão, o que lhe faria um legítimo representante da plebe brasileira. Não fosse o seu discurso de campanha, prometendo enriquecer ainda mais os grandes empresários e mandando trabalhadores escolher entre emprego ou direito, seu personagem quase consegue o seu intento.
O problema, é que Bolsonaro e a equipe de marketing que insiste em querer humaniza-lo em demasia, são desprovidos de qualquer humanidade e consciência social. A percepção acerca da realidade do povo brasileiro, principalmente, a respeito dos mais pobres, sempre é pontuada com muito desprezo e preconceito. Eles acreditam estar lidando com uma espécie selvagem e indigna do mínimo de respeito. É o que fica claro no vídeo onde o presidente da república aparece comendo frango com as mãos e com o seu colo e o chão em seu entorno cheio de farofa. Um suíno comeria a sua lavagem com mais recato e polimento.
Para Bolsonaro, ser pobre é habitar um chiqueiro, comer com as mãos sujas, cuspir farofa para todo o lado e ser comparado a um porco. Uma leitura racista e classista, que propaga a desumanização do povo e da classe trabalhadora brasileira. Uma visão que justifica retirar-lhe direitos e submetê-la a um regime de escravidão moderna. Mais ou menos como os europeus, com o apoio da Igreja Católica, fizeram com os negros, alegando que eles não possuíam alma, para assim justificar a sua escravização. Distantes da realidade do povão, eles acreditam que talheres e bons modos à mesa, ainda não foram incorporados à educação dos mais pobres.
Jair Bolsonaro precisa se mostrar muito mais do que um neandertal moderno, para explicar, por exemplo, os quase 30 milhões gastos com o cartão corporativo em seus três anos de mandato. Um gasto 18,8% maior do que nos quatro anos do mandato Dilma/Temer. Sua imagem de homem humilde e popular, não cola, não rola. Já a sujeira que caracteriza os seus hábitos e a sua administração, o credencia ao status de governante mais porco da história do Brasil. Os suínos que me perdoem a comparação que deve lhes ofender. A nojenta peça publicitária exibida em suas redes sociais, apenas retrata o que Bolsonaro tem dentro de si. Um espírito de porco.
Daqui até o início da campanha, outros “flagrantes”, iguais ou piores do que esse, irão pipocar por aí. Populista por oportunismo e sociopata por convicção, Bolsonaro não se constrange em deixar claro que não tem a menor empatia por pobres. Aliás, é dele a frase “quem gosta de pobre é o PT”, demonstrando toda a ojeriza que sente pelos menos favorecidos, aos quais, vez e sempre, dá um jeito de chamá-los de burros sem a menor preocupação com o uso de metáfora. Espero que a resposta do povo a mais essa cretinice protagonizada pelo porco da república, seja nas urnas. Um povo que está há três anos vendo o cão chupando manga e destruindo a sua vida, não há de querer vê-lo por mais quatro ridiculariza ndo a sua existência e cuspindo farofa na sua cara.
Lava Jato rendeu ganhos dez vezes maiores para Moro em empresa dos EUA. Artigo de Jeferson Miola
Jeferson Miola explica que enquanto "o salário anual de um juiz federal fica ao redor de R$ 360 mil", Moro recebeu dez vezes mais nos Estados Unidos
Por Jeferson Miola
Depois de muita pressão, o juiz-ladrão declarado suspeito pela Suprema Corte do país, Sérgio Moro, finalmente revelou que recebeu cerca de R$ 3,6 milhões da empresa de consultoria dos EUA Alvarez & Marsal por um ano de trabalho.
Formalmente, sem se considerar os privilégios, os artifícios, as bandalheiras, as regalias nababescas e outros dispositivos escandalosamente antirrepublicanos, o salário anual de um juiz federal fica ao redor de R$ 360 mil.
Este valor altíssimo até mesmo para os padrões internacionais, equivale a “apenas” 1/10 [uma décima] parte da retribuição recebida por Moro pela Alvarez & Marsal em apenas um ano.
Isso significa, portanto, que no contrato que firmou com a empresa dos EUA depois de sair do ministério bolsonarista da Justiça, Sérgio Moro ganhou num único ano o valor que precisaria trabalhar durante 10 – dez – anos para ganhar como juiz federal. Um upgrade e tanto.
Não por acaso, a empresa estadunidense para a qual Moro serviu durante um ano é a mesma que se beneficiou, “coincidentemente”, do trabalho de consultoria para as empresas devastadas e destruídas pelo próprio Sérgio Moro e pela gangue de Curitiba, chefiada por ele.
Durante tentativa de explicar o inexplicável, e numa estratégia nitidamente diversionista, Moro desfiou Lula a prestar contas dos valores – que são públicos, declarados e legais – das palestras [aliás] muito bem remuneradas que o ex-presidente fez a interessados nacionais e estrangeiros.
Moro também desafiou Bolsonaro a esclarecer o impossível de ser esclarecido pelo chefe miliciano: “aqueles cheques, que não são da primeira-dama, são dele (Bolsonaro) mesmo”, que ajudam a “revelar quem rachou dinheiro dentro das contas da família Bolsonaro”.
No caso da denúncia dos depósitos feitos pelo miliciano Fabrício Queiroz na conta bancária da 1ª Miliciana Michele Bolsonaro, além do diversionismo para tirar atenção a respeito da retribuição que ele recebeu da Alvarez & Marsal, Moro assumiu cometer outro crime, o de acobertar os crimes do clã miliciano.
Na época [2019], Moro disse que “Não me cabe comentar sobre isso, mas as instituições estão funcionando”; “o senhor presidente eleito já esclareceu a parte que lhe cabe no episódio”, disse ele.
Moro ainda arrematou fazendo uma defesa ardorosa do governo genocida e corrupto que ajudou a eleger e que integrou: “O governo [Bolsonaro] tem discurso forte contra a corrupção e vem adotando práticas sobre algo que não foi feito em 30 anos no Brasil. O compromisso do governo é forte contra a corrupção”, afirmou [sic].
Quando atuou na vara do judiciário em Curitiba, Moro usou o disfarce de juiz e se escondeu debaixo da toga para agir a serviço dos interesses dos EUA na destruição da economia e da soberania nacional. Para atingir o objetivo, ele mirou no alvo central: Lula e o PT.
Em função disso, e em retribuição pelo seu mercenarismo, em apenas 1 [um] ano Moro ganhou como gratificação 10 [dez] vezes o valor que ganharia como juiz.
O difícil e inaceitável, diante de tantas evidências de crime cometidos por Sérgio Moro, é entender como o juiz-ladrão não só ainda não está preso, como sequer responde a processos judiciais.
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Tacla Durán desafia Moro a apresentar documento do Banco Central sobre rendimentos no exterior. Artigo de Joaquim de Carvalho
Segundo o advogado, de quem Moro sempre fugiu, o ex-juiz não poderia dar nota de uma empresa cadastrada no Simples para receber em dólares
Segue o artigo de Joaquim de Carvalho:
O advogado Rodrigo Tacla Durán disse hoje no Twitter que Sergio Moro precisa apresentar a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (DCBE) para eliminar as dúvidas quanto ao que, efetivamente, recebeu da Alvarez & Marsal. Ele chama Sergio Moro de Russo, o apelido de Moro na Lava Jato.
“Russo, fala a verdade… não faz o menor sentido emitir nota fiscal para receber em USD$ nos EUA. Até porque sua empresa está no SIMPLES e, sendo residente no exterior, isso implicaria em sonegação fiscal. Abre a sua DCBE."
Tacla Durán, que tem dupla cidadania (brasileira e espanhola) e bens no Exterior, sabe do que está falando. Ele é especialista em planejamento tributário. Rendimentos recebidos fora do País precisam ser registrados em declaração específica.
Tacla Durán conhece tanto o assunto que, quando o entrevistei em Madri, ao falar do esquema de sonegação da Globo, sem que mostrasse nenhum documento, ele apontou o caminho que a família Marinho percorreu até ser pego na fraude.
“Como você sabe?”, perguntei. “Eu não sei do caso específico. Mas era a lógica. Eles erraram quando alguém da Globo assinou o contrato com a Fifa juntamente com a empresa de paraíso fiscal. Foram pegos por isso. Se não, não seriam”, disse.
E é verdade. Quem assinou o contrato com a Fifa, para aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo em 2002 e 2006 é uma offshore das Ilhas Virgens Britânicas, Empire, e Marluce Dias da Silva, na época a principal executiva do Grupo Globo.
A assinatura de Marluce despertou em um auditor da Receita Federal a suspeita de que a Empire fosse também da Globo. Bingo. A empresa de fachada foi criada apenas para que a empresa da família Marinho não pagasse impostos no Brasil relativos aos direitos de transmissão da Copa.
Sergio Moro nunca quis ouvir Tacla Durán nos processos que conduzia em Curitiba, e rejeitou vários requerimentos nesse sentido, inclusive o da defasa do ex-presidente Lula.
Tacla Durán ajudou a Odebrecht no que os especialistas chamam de planejamento tributário (pagar menos imposto com base nas regras existentes). E disse que as planilhas juntadas pela Lava Jato com a suposta contabilidade da empresa tinham sido fraudadas.
Ouvido nos EUA, ele ajudou o Departamento de Justiça daquele País a identificar os crimes das Odebrecht. No Brasil, Moro mandou prendê-lo.
Segundo Tacla Durán, a prisão só foi decretada depois que parou de pagar propina a um intermediário, o advogado Marlus Arns, parceiro de Rosângela Moro em pelo menos um caso de administração de falência comandado pela família Simão, protagonista no que ficou conhecido no Paraná como “Máfia das Falências".
Tacla Durán, cuja mãe é de família de elite de Curitiba, conhece os bastidores do grupo que tem Sergio Moro como líder. É bom prestar atenção no que ele fala.
Lama da corrupção de Sérgio Moro atravessa ‘porta giratória’ e respinga na Rede Globo que o gestou. Artigo do jornalista e sociólogo Milton Alves
"Ao insistir na farsa de Moro, a Globo continua na sua cruzada criminosa contra a democracia", escreve Milton Alves
O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) sofreu um pesado revés político e de imagem com a revelação de seus ganhos astronômicos no escritório jurídico da norte-americana Alvarez & Marsal — que cuida da recuperação judicial de empresas envolvidas na ofensiva da então operação Lava Jato (2014-2019) contra a economia nacional.
Segundo o próprio Moro, durante 12 meses, ele amealhou o equivalente a R$ 3,7 milhões na Alvarez & Marsal. “Basicamente eram 45 mil dólares por mês. Longe de enriquecer”, afirmou em uma live com o deputado Kim kataguiri (DEM-SP), líder do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que atua como tropa de choque de aluguel na pré-campanha de Sergio Moro à presidência da República.
O mega salário de Sergio Moro, R$ 10 mil reais por dia, materializa um escandaloso caso de “revolving door” (porta giratória), ou em bom português, o ex-juiz trocou de lado do balcão: Moro, que se projetou nacionalmente às custas da Lava Jato, agindo com métodos depois considerados ilegais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – ele foi considerado um juiz parcial pela suprema corte -, passou a atuar como consultor da Alvarez & Marsal, dispondo de informações privilegiadas e sigilosas da situação das empresas investigadas e criminalizadas pela operação.
Porta giratória e investigação do TCU
domingo, 30 de janeiro de 2022
Ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas têm as digitais do general Ramos, revela o jornalista Rubens Valente
Quando era comandante militar do Sudeste, general recebeu empresário com estudo furado sobre as eleições de 2014, mais tarde usado em live por Bolsonaro
247 - Reportagem de Rubens Valente, no UOL, dá conta de que os ataques com fake news contra as urnas eletrônicas foram gestados no Comando Militar do Sudeste, quando era chefiado pelo general Luiz Eduardo Ramos.
"Um coronel da reserva do Exército e um empresário de São Paulo descreveram à Polícia Federal como o CMSE (Comando Militar do Sudeste) (…) se interessou, em 2018, em receber e avaliar uma suposta denúncia de fraude nas urnas eletrônicas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas eleições de 2014”, escreveu o jornalista.
Essas mesmas alegações, sem qualquer base técnica, apareceriam três anos depois na live transmitida pelo presidente Jair Bolsonaro, em 29 de julho de 2021.
A apuração da PF foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a partir de uma manifestação do TSE para que o conteúdo da live presidencial fosse investigado.
O procedimento passou a tramitar no STF na forma de petição (nº 9842), uma apuração preliminar usada pelo tribunal antes da abertura de um inquérito, e como um apenso de outro inquérito, o de nº 4781, o chamado "inquérito das fake news".
Rubens Valente revela que as citações ao CMSE (Comando Militar do Sudeste) foram feitas à PF pelo empresário paulista Marcelo Abrileri, autor de um estudo considerado inconsistente sobre as eleições de 2014, e pelo coronel de artilharia do Exército Eduardo Gomes da Silva, que em 2018 era "oficial de inteligência" do CMSE.
Em 2020, Silva passou para a reserva e hoje ocupa o cargo de secretário especial de Modernização do Estado na SGP, no Palácio do Planalto, a pasta de Ramos. O coronel da reserva participou da mesma live investigada, ao lado de Bolsonaro.
A participação do CMSE - um dos oito comandos regionais do Exército no país, responsável pela 2ª Região Militar e pela 2ª Divisão do Exército - numa discussão sobre urnas eletrônicas primeiro veio à tona durante o depoimento do coronel.
A PF procurou ouviu também o empresário paulista - seu telefone celular fora repassado pelo coronel da reserva Silva. Tratava-se de Marcelo Abrileri, 56, que se apresentou como um "empresário do ramo de internet", cuja atividade "gira em torno de plataformas online". Ele tem o segundo grau "técnico na área de eletrônica". Reconheceu que não possui nenhum "grau de conhecimento formal" nas áreas de matemática, probabilidade e informática, embora se considere, "desde a infância", como um "autodidata nessas três áreas”.
Investigado pela PF, Bolsonaro não compareceu ao depoimento determinado por Alexandre de Moraes na última sexta-feira.
O fracasso dos militares, por José Luís Fiori e William Nozaki
A incompetência governamental dos militares brasileiros começa por sua subserviência internacional a uma potência estrangeira
O fracasso dos militares
José Luís Fiori* e William Nozaki
Existe uma psicologia bem compreendida da incompetência militar […]. Norman Dixon argumenta que a vida militar, com todo o seu tédio, repele os talentosos, deixando as mediocridades, sem inteligência e iniciativa, subirem na hierarquia. No momento em que alcançam cargos importantes de tomada de decisão, essas pessoas tendem a sofrer alguma decadência intelectual. Um mau comandante, argumenta Dixon, nunca quer ou é incapaz de mudar de rumo quando toma a decisão errada.
Ferguson, N. Catástrofe. Editora Planeta, São Paulo, 2022, p. 184
Qualquer pessoa de bom-senso – dentro e fora do Brasil – se pergunta hoje como foi que um segmento importante dos militares brasileiros chegou ao ponto de conceber e levar adiante um governo militarizado e aliado a grupos e pessoas movidas por um reacionarismo religioso extremado, e por um fanatismo econômico e ideológico completamente ultrapassados, todos “escondidos” atrás de um personagem grotesco e um “mau militar”, como afirmou o Gal. Ernesto Geisel em outro momento? O historiador itânico Niall Ferguson defende a tese da incompetência universal dos militares para o exercício do governo democrático, e aponta algumas razões que explicariam tal incapacidade a partir da própria vida interna dos quartéis e da carreira militar. No caso específico da geração atual de militares brasileiros, há um contingente que vem se dedicando, há três anos, a desmontar aquilo que seus antecessores do século passado mais prezavam: o setor energético brasileiro.
Os militares brasileiros sempre tiveram uma visão elitista e caricatural do país, imaginando um país sem cidadãos e onde as classes sociais próprias do sistema capitalista são vistas com desconfiança e como uma ameaça à ordem social definida por eles segundo critérios ancorados, em última instância, na sua vassalagem internacional. Dentro desta concepção de um país sem sociedade civil, eles sempre se consideraram os verdadeiros responsáveis pela moral pública e pela definição do que fosse o “interesse nacional” dos brasileiros.
Num determinado momento da história brasileira, os militares entenderam que era importante para o interesse nacional que o país tivesse projetos industrializantes nos setores de metalurgia e siderurgia, ferroviário e rodoviário, petrolífero e petroquímico. No entanto, no momento seguinte, eles mesmos redefinem seu próprio conceito de “interesse nacional” brasileiro, invertem a estratégia econômica dos seus antecessores e promovem a privatização selvagem das empresas públicas, ao mesmo tempo que apoiam a desindustrialização da economia brasileira e seu retrocesso à condição primário-exportadora do início do século passado.
Como é sabido, as Forças Armadas brasileiras tiveram uma participação ativa na construção da Petrobras, Eletrobras, Gasoduto Brasil-Bolívia, Itaipu Binacional e inúmeras outras empresas estatais em setores estratégicos para o desenvolvimento da economia nacional. Mas hoje, como já dissemos, dedicam-se ao desmonte dessas mesmas empresas e setores econômicos, sem nenhum tipo de justificação estratégica de mais longo prazo, sobretudo no caso do setor energético, que é peça essencial da “segurança nacional” de qualquer país do mundo.
Veja-se o caso do Ministério de Minas e Energia (MME), por exemplo, que é um dos mais militarizados do governo Bolsonaro: além do Ministro-Almirante, o gabinete ministerial conta com a presença de mais vinte militares, da ativa ou da reserva, ocupando cargos de chefia, coordenação e assessoria. E esta situação se repete no Sistema Eletrobras, onde militares têm postos destacados em unidades como Eletrosul, Eletronorte, Eletronuclear, CHESF e Itaipu Binacional. E o mesmo se deve dizer do Sistema Petrobras, que é dirigido por militares com presença na presidência e no conselho de administração da empresa, desde onde lideram a desmontagem da própria empresa. A petrolífera brasileira vendeu a BR Distribuidora com seus postos de combustíveis, colocou à venda suas refinarias e passou a refinar menos diesel, gasolina e gás. O mercado foi aberto para a importação desses derivados, e os importadores passaram a pressionar para que o preço no Brasil fosse equivalente ao preço no mercado internacional. Assim se adotou a chamada “política de preço de paridade de importação”, que trouxe enormes lucros e ganhos para os acionistas da Petrobras, mas vem prejudicando diretamente os cidadãos brasileiros, com o aumento contínuo dos preços dos combustíveis e a aceleração em cadeia das taxas de inflação da economia.
Da mesma forma, no caso da energia elétrica, a elevação dos preços está primariamente relacionada a mudanças no regime hidrológico, mas no caso brasileiro atual ela está diretamente vinculada ao desgoverno do setor controlado por militares, mas carente de monitoramento, planejamento, coordenação e melhorias no Sistema Eletrobras, cujos investimentos sofreram redução significativa nos últimos anos.
Não há precedente, na experiência internacional, de um Estado que esteja se desfazendo de sua principal empresa de energia elétrica em meio a uma crise hidroenergética e num cenário de elevação na tarifa de luz. Mas é isto que os militares brasileiros estão fazendo ou deixando que façam. Praticando uma espécie de negacionismo energético que contraria toda sorte de fatos e dados, o Almirante Ministro das Minas e Energia afirmou que “a crise de energia, a meu ver, nunca ocorreu” (entrevista à Folha, em 01/01/2022); manifestando total despreocupação com a soberania nacional, o oficial que preside o conselho de administração da Eletrobras reiterou que “o futuro da empresa é a privatização” (declaração à imprensa em 07/01/2021); e revelando integral descaso com a noção de cidadania, o General Presidente da Petrobras endossa que “a Petrobras não pode fazer política pública” (artigo ao Estadão em 08/01/2022).
Isto está acontecendo no setor energético, mas a mesma incompetência ou desgoverno se encontra também em outras áreas do governo comandadas pelos seus militares, sejam eles velhos generais de pijama ou jovens oficiais que se especializaram rapidamente na compra e revenda de vacinas na área da saúde por exemplo, onde a incompetência militar teve efeitos mais dramáticos e perversos e atingiu a cidadania brasileira de forma extremamente dolorosa.
E o mesmo está acontecendo fora da área econômica, como no caso da administração militar verdadeiramente caótica da ciência e tecnologia e da questão ambiental amazônica, para não falar da situação esdrúxula de um Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República que não conseguiu monitorar, e nem mesmo explicar – até hoje – o carregamento de cerca de 40 quilos de cocaína encontrado dentro de um avião da comitiva presidencial, em uma viagem internacional do próprio presidente.
O desempenho dos militares brasileiros e a volubilidade de suas concepções sobre o desenvolvimento nos trazem de volta à tese do historiador britânico Niall Ferguson. Ele atribui a “incompetência universal” dos militares às próprias regras funcionais da carreira dos soldados, e é possível que ele tenha razão. Mas nossa hipótese extraída da experiência brasileira parte de outro ponto e vai numa direção um pouco diferente.
Do nosso ponto de vista, a incompetência governamental dos militares brasileiros começa por sua subserviência internacional a uma potência estrangeira, pelo menos desde a Segunda Guerra Mundial. Uma falta de soberania externa que multiplica e agrava a fonte primordial da inabilidade e do despreparo do militar brasileiro para o exercício do governo em condições democráticas. Sintetizando nosso argumento: a maior virtude dos militares é sua hierarquia, disciplina e sentido de obediência e, portanto, para um “bom soldado”, é falta grave ou mesmo traição qualquer questionamento das “ordens superiores”. Como consequência, a “verdade” de todo soldado é definida pelo seu superior imediato, e assim sucessivamente, até o topo e ao fim da sua carreira. Dentro das Forças Armadas, a “obediência cega” é considerada uma virtude e condição indispensável do sucesso na guerra ou em qualquer outra “situação binária” em que existam só duas alternativas: amigo ou inimigo, ou “azul” ou “vermelho”, como costumam se dividir os militares em seus “jogos de guerra”.
Não existe a possibilidade do “contraditório” nesse tipo de hierarquia, e é por isso que se pode dizer que a hierarquia militar é por definição antidemocrática. Mais ainda, nesse tipo de hierarquia altamente verticalizada, como é o caso dos militares, a crítica, a mudança e o próprio exercício inteligente do pensamento são proibidos ou desestimulados, e é considerado uma falta muito grave. Portanto, é a própria disciplina indispensável ao cumprimento das funções constitucionais das Forças Armadas, que os incapacita para o exercício eficiente de um governo democrático.
No caso brasileiro, este tipo de cabeça autoritária pôde conviver, durante o período da ditadura militar – entre 1964 e 1985 – com o projeto econômico do “desenvolvimentismo conservador”, porque não havia democracia nem liberdade de opinião, e porque as prioridades do projeto já estavam definidas de antemão desde a segunda revolução industrial. A planilha era simples e ajustada para cabeças binárias: construir estradas, pontes, aeroportos e setores fundamentais para a industrialização do país. Ao mesmo tempo, essa mentalidade binária e autoritária, e distante da sociedade e do povo brasileiro, contribuiu para a criação de uma das sociedades mais desiguais do planeta, devido a sua total cegueira social e política.
Depois da redemocratização, em 1985, essa mesma cabeça bitolada das novas gerações militares perdeu a capacidade de entender a complexidade brasileira e o lugar do país na nova ordem mundial multilateral do século XXI. A Guerra Fria acabou, os EUA deixaram de apoiar políticas desenvolvimentistas, e tudo indica que a formação militar foi sequestrada pela visão neoliberal. Como resultado, os militares brasileiros ainda não conseguiram se desfazer de sua visão anticomunista do período pós-guerra, volta e meia confundem a Rússia com a União Soviética, e ainda somam a isto uma nova visão binária, oriunda dos manuais de economia ortodoxa e fiscalista, em que o próprio Estado é tratado como grande inimigo.
Resumindo nosso ponto de vista: a geração dos militares “desenvolvimentistas” brasileiros do século XX foi “vassala” com relação aos EUA, tinha uma visão apenas territorial do Estado e da segurança nacional, e possuía uma visão policialesca da sociedade e da cidadania, mas apoiou uma estratégia de investimentos que favoreceu a industrialização da economia até os anos 1980. Já a nova geração de militares “neoliberais” do século XXI aprofundou sua vassalagem americana, trocou o Estado pelo mercado, seguiu atropelando a democracia e os direitos sociais dos cidadãos brasileiros.
Neste ponto, podemos voltar à tese inicial de Niall Ferguson, para complementá-la ou desenvolvê-la, porque no caso de uma “corporação militar vassala”, e em um país periférico como o Brasil, a incompetência militar se vê agravada pela sua submissão à estratégia militar e internacional de outro país. Não se pode governar um país quando não se tem autonomia para definir quais são seus próprios objetivos estratégicos, e quais são seus aliados, competidores e adversários. Não se pode governar um país quando não se aceita o contraditório e se trata como inimigos todos os que divergem de suas opiniões. Não se pode governar um país quando se tem medo ou está proibido de pensar com a própria cabeça. Não se pode governar um país enquanto se olha para seus cidadãos como se fossem seus subordinados. Não se pode governar um país enquanto não se compreender que a obrigação fundamental do Estado e o compromisso básico de qualquer governo é com a vida e com os direitos à saúde, ao emprego, à educação, à proteção e ao desenvolvimento material e intelectual de todos os seus cidadãos, independentemente de sua classe, raça, gênero, religião ou ideologia, sejam eles seus amigos ou inimigos.
*José Luís Fiori – Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Economia política Internacional, PEPI, coordenador do GP da UFRJ/CNPQ, “O poder global e a geopolítica do Capitalismo”; coordenador adjunto do Laboratório de “Ética e Poder Global”; pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, INEEP. Publicou “O Poder global e a nova geopolítica das nações”, Editora Boitempo, 2007; “História, estratégia e desenvolvimento”, Boitempo, em 2014 ; “Sobre a Guerra”, Editora Vozes Petrópolis, 2018; e “A Síndrome de Babel”, Vozes, 2020.
sábado, 29 de janeiro de 2022
Aquias Santarém: O medo de Bolsonaro de Denisse Ribeiro e o segredo da jogada do "enfrentamento do 'mito' ao STF" montado para o gado
Operação psicológica militar da extrema-direita: a construção da mitologia Olavo de Carvalho, por Wilson Ferreira
Mesmo depois de morto, a operação psicológica continua: “Olavo de Carvalho deixou um legado”, para racionalizar (ou normalizar) as alopragens políticas de Bolsonaro e seus agregados.
Operação psicológica militar: a construção da mitologia Olavo de Carvalho
por Wilson Ferreira
Como uma biruta de aeroporto, Olavo de Carvalho, falecido esta semana aos 74 anos, sentiu a mudança dos ventos geopolíticos: o tour global das “primaveras” da guerra híbrida da dupla Obama-Biden. E o Brasil seria o próximo alvo. Estancado na periferia do conservadorismo brasileiro, Olavão viu a oportunidade de surfar na onda alt-right norte-americana e virar um elemento na psyOp do golpe militar híbrido: foi levado ao estrelato como o “guru de Bolsonaro” e “ideólogo da extrema-direita brasileira”. De início, incensado pela grande mídia como “brilhante pensador” e faixas “#Olavo tem razão” nas manifestações verde-amarelas. Para depois, passar para a fase “o guru da ala ideológica do Governo” para blindar uma suposta “ala técnica” das políticas neoliberais. Mesmo depois de morto, a operação psicológica continua: “Olavo de Carvalho deixou um legado”, para racionalizar (ou normalizar) as alopragens políticas de Bolsonaro e seus agregados.
“Qualquer autoridade civil, de qualquer dos poderes da República (…) tem livre acesso às unidades militares, para visitação ou para solenidades. No caso específico de Bolsonaro, o mais provável é que por já haver servido enquanto militar da ativa em unidades paraquedistas permanece o vínculo afetivo e pessoal com as brevetações (cerimônias de formatura)… Não cabe à Instituição julgar atitudes ou manifestações políticas de parlamentares”.
Dessa forma a assessoria de imprensa do Exército deu de ombros às exortações políticas do então deputado federal e candidato à presidência em um dos 11 eventos que participou dentro de instituições militares em 2018. Recepcionado aos gritos de “líder!” pelos aspirantes a oficiais da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), o candidato disse: “Parabéns para vocês. Nós temos que mudar este Brasil ok? Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto a, em 2018, seja o que Deus quiser, tentar jogar este Brasil para a direita. O nosso compromisso é dar a vida pela pátria, e vai ser assim até morrer”.
Assim deu início essa operação semiótica simultânea de (a)“normalização” de um candidato militar num sistema supostamente democrático que emergiu depois de duas décadas da ditadura militar; e (b) de uma sistemática estratégia de apagar os rastros ou as digitais do Partido Militar ou PMiG, Partido Militar Golpista (com todas as características de um partido como memória histórica e vocação institucional, Base ideológica, Pautas corporativas, Formação contínua de lideranças, Base eleitoral e militante etc. – clique aqui) que ocupou a cabeça, membros, entranhas e alma da máquina do Estado.
Essa operação ficou visível só a partir de 2018. Na verdade, a operação de transformar um obscuro deputado do Baixo Clero, saudoso da tortura e da ditadura militar, num candidato manchuriano começou em 2014. A partir do instante em que Dilma Rousseff foi reeleita – sobre isso, clique aqui.
Desde que o chefe do Executivo afirmou que “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora” ao se referir à Amazônia em 2020, a grande mídia acelerou a operação psicológica da construção da imagem do presidente como um “golpista” cada vez mais politicamente isolado.
Ou, pelo menos, como um membro que faria parte de uma suposta “ala ideológica” do Governo, para se contrapor a uma “ala técnica” liderada pelo superministro (Economia+Fazenda+Planejamento) Paulo Guedes e a “equipe econômica”.
Como este humilde blogueiro vem apontando, o rendimento semiótico dessa narrativa de “alas” que dividiria o governo é alto:
(a) O destaque dado pela mídia das falas de personagens aloprados do governo (“manchurianos” enterteiners) como a ministra Damares Alves, o ex-secretário da cultura Roberto “Goebbles” Alvim, o ex-ministro das relações exteriores Ernesto Araújo, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga et caterva, com seus shows diários de negacionismo, anticomunismo e messianismo, reforça essa ideia da “ala ideológica”.
(b) Se existe uma “ala ideológica”, existiria seu oposto no governo: a “técnica”. Que reforça a imagem de uma suposta “tecnicidade” das políticas econômicas. Na verdade regida pela ortodoxia ideológica do neoliberalismo periférico;
(c) Dessa maneira, a grande mídia blinda o núcleo duro das políticas neoliberais destinadas à periferia geopolítica global – fiscalismo, monetarismo e Estado mínimo).
(d) Quando essa política econômica “dá ruim” (inflação, desemprego, exclusão social etc.) a culpa é da “ala ideológica” cujos arroubos “autoritários e golpistas” deixariam os “mercados nervosos”, afastando os “investidores”.
(e) Em última instância, esses manchurianos enterteiners reforçam a operação psicológica de desmoralização da política e dos políticos para o distinto público – por exemplo, a CNN joga no ar a seguinte manchete: “Eleições de 2022 afetam dólar no Brasil” (03/01/2022). Em outros termos: política + ideologia = crise ≠ economia + tecnicidade = ciclo virtuoso, desenvolvimento.
Mas a construção da narrativa da “Ala Ideológica” que apague as digitais do golpe militar híbrido do PMiG deve necessariamente ter uma “cosmogonia”: de onde vieram todos esses “negacionistas”, “autoritários” e “golpistas”? É necessária uma narrativa inicial que descreva o pecado original, assim como no Gênesis bíblico.
O freela Olavo de Carvalho
E a origem de tudo estaria na figura do astrólogo e filósofo autodidata Olavo de Carvalho. Na semana da sua morte, aos 74 anos nos EUA, por todos os lados do espectro midiático (da esquerda à direita) via-se a expressão “o guru do bolsonarismo”. Mais improvável que a própria figura de Olavo de Carvalho, é ver a própria mídia progressista caindo nessa psyOp militar: a construção da mitologia do “guru”, como se aquela figura, um mashup de pastiches filosóficos e esotéricos, fosse uma espécie de Rasputin de um presidente elevado à condição de Czar.
Depois de desistir de empregos no jornalismo nos anos 1970, Olavo de Carvalho começou a trabalhar como freelancer e aceitava trabalho onde aparecia, como, por exemplo, colaborador da revista esotérica Planeta. Colaborava com artigos principalmente sobre Astrologia. De trabalho em trabalho, de cursos em cursos autodidatas que oferecia, chegou aos seus últimos anos nos quais aceitou seu último trabalho freela, dessa vez oferecido pelas operações do PMiG (Partido Militar Golpista): encarnar o papel de ideólogo da alt-right tupiniquim e “guru Rasputin” que supostamente fez a cabeça de Bolsonaro.
Mesmo no seu autoexílio nos EUA e ofertando cursos de filosofia e política online, aos poucos começou a ser incensado pela grande mídia, para começar pelo biógrafo do patrão Roberto Marinho, o jornalista Pedro Bial, desde os idos de 1996, numa entrevista na Globo em que o chamou de “polemista por excelência”.
Guerra cultural e guerra híbrida
Para ganhar ainda mais espaço na mídia tradicional no primeiro grande espaço no ano 2000: na revista Época das Organizações Globo, pelas mãos de Augusto Nunes para substituir a coluna do jornalista Franklin Martins.
Embora considerasse Julius Évola (associado profundamente ao nazismo e proponente do “Tradicionalismo”, visão de mundo popular nos círculos de extrema-direita alternativa de Steve Bannon) um “tradicionalista mentiroso”, a “visão” de Olavo de Carvalho era idêntica ao do pensador esotérico italiano: não há realização do progresso no mundo contemporâneo, mas uma crise da civilização, o adentrar da barbárie. Porque resultado do fortalecimento da “consciência coletivista” cujas ideia de igualdade era intrinsicamente perniciosa.
Portanto, não é por menos que Olavo fagocita a questão da “guerra cultural” da alt-right norte-americana: primeiro, pela sua visão paranoica digna do contexto de O Pêndulo de Foucault, do Umberto Eco: cria uma narrativa de que precisamos buscar algo escondido, misterioso, que ninguém havia pensado antes dentro dos pensadores clássicos – de que haveria um grande complô dentro dos departamentos de Filosofia para esconder uma conspiração para destruir a civilização Ocidental; e segundo, tão esperto quanto uma biruta de aeroporto, percebe os ventos geopolíticos da aplicação dos conceitos de guerra híbrida da dupla Obama-Biden nas relações internacionais… e o Brasil como o próximo alvo do tour das “primaveras” promovida desde a primeira década desse século.
E, principalmente, como as Forças Armadas do Brasil absorveram o conceito de guerra híbrida do Departamento de Estado norte-americano: como se o País estivesse sendo alvo, sim, de táticas híbridas. Mas não dos EUA, mas do “comunismo viral” que se infiltrou em agências globais como a ONU e ONGs.
Sócio-diretor, Moro ganhou 70% acima da média salarial do cargo na A&M, por Hugo Souza
Sergio Moro recebeu US$ 656 mil, o equivalente a R$ 3,7 milhões, nos seus doze meses de Alvarez & Marsal, incluindo um bônus de assinatura.
Sócio-diretor, Moro ganhou 70% acima da média salarial do cargo na A&M
por Hugo Souza
Lauro Jardim informa n’O Globo que Sergio Moro recebeu US$ 656 mil nos doze meses em que esteve na folha de pagamento da Alvarez & Marsal, incluindo um bônus de assinatura.
O site Glassdoor é referência em mercado de trabalho nos EUA e a ele funcionários de empresas estadunidenses reportam seus salários sob anonimato. Com base em 22 salários de sócios-diretores da Alvarez & Marsal reportados ao Glassdoor, o site informa que os ocupantes deste cargo na A&M recebem em média US$ 385 mil por ano, incluindo bônus e outros pagamentos adicionais.
Vejam que bela, harmoniosa, é a paisagem na complianceland: Sergio Moro ganhou 70% a mais do que a média dos salários pagos a sócios-diretores pela Alvarez & Marsal, que recebe das empresas investigadas na Lava Jato 75% dos seus honorários no Brasil.
Os US$ 656 mil que Moro ganhou da Alvarez & Marsal são o equivalente a R$ 3,7 milhões, exatamente o valor que a Lava Jato disse que o ex-presidente Lula recebeu em propina nas formas de armazenamento do acervo de Lula e de triplex no Guarujá.
Calhou de o processo do triplex no Guarujá ser definitivamente arquivado precisamente nesta sexta-feira, 28, dia em que vieram à tona os honorários do ex-juiz da Lava Jato na papa-falências americana que vem lavando a égua no Brasil arrasado pelo lavajatismo, coisa que uma certa task-force sairia apressada gritando ser lavagem de dinheiro…
Meteoro Brasil: Conheça o tipo do super apartamento de Deltan Dallagnol em Curitiba (um dos dois milionários apartamentos que ele tem no mesmo edifício de luxo)
Deltan Dallagnol tem dois apartamentos num dos edifícios mais luxuosos de Curitiba. Uma das unidades saiu pela metade do preço. Como? Mutreta. Hoje, você vai saber como ele fez esse ótimo negócio e vai poder conhecer o edifício por dentro.
Alvarez & Marsal desafia TCU e diz que Brasil jamais saberá para quem Moro trabalhou – o que reforça a suspeita de propina
Eduardo Seixas, sócio da empresa, diz que a consultoria não revelará os clientes supostamente atendidos por Moro, que ganhou R$ 3,7 milhões
247 – A suspeita de que o ex-juiz Sergio Moro, que foi destruiu 4,4 milhões de empregos de cidadãos brasileiros, segundo o Dieese, ao quebrar empresas brasileiras que depois repassaram R$ 42 milhões para a consultoria estadunidense Alvarez & Marsal, ficou milionário sem trabalhar, foi reforçada por uma entrevista dos sócios da Alvarez & Marsal no Brasil, destacada pelo jornalista Reinaldo Azevedo, em seu blog. Um dos sócios da empresa, Eduardo Seixas, desafiou o Tribunal de Contas da União e disse que o órgão jamais terá acesso a quais trabalhos foram feitos por Moro nos Estados Unidos.
"Ele [ministro Bruno Dantas] não pode pedir nenhuma informação sobre um trabalho privado que o Moro executou para uma companhia nos Estados Unidos. Quer dizer: ele pode, mas não vai receber porque são informações privadas dos Estados Unidos, e [a] muitas delas nem eu tenho acesso. Então ele não vai receber", afirmou. "Sobre qualquer contratação de empresa na qual o Moro trabalhou no exterior, isso ele [Bruno Dantas] não vai, com certeza, ter nenhum acesso, porque são empresas privadas e não vai ter motivo [para] ter esse tipo de informação."
Como há a suspeita de que Moro não prestou nenhum trabalho efetivo, mas apenas recebeu propina da empresa Alvarez & Marsal por ter quebrado empresas brasileiras que pagaram R$ 42 milhões para a consultoria estadunidense, Reinaldo afirma que o ex-juiz pode ter cometido o crime perfeito. "Atentem para a fala do tal Seixas, da A&M. Sendo como ele diz, nem Bruno Dantas nem ninguém jamais saberão o que Moro fez nos EUA. Nem mesmo se terá a certeza de que trabalhou nos menos de 10 meses em que lá atuou", afirma. "Hipoteticamente ao menos, abre-se o caminho, nessa perspectiva, para o crime perfeito. Moro pinta e borda por aqui, passa a trabalhar para um grupo que é beneficiário dos desastres que ele provocou e assina um contrato com o dito cujo para supostamente atuar em empresas americanas. Logo, jamais se saberá o que fez ou o que não fez por lá porque o homem que pretende governar o Brasil se livra de prestar a informação, usando como escudo a legislação americana. Um patriota como raramente se viu", ironiza.
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