sábado, 10 de maio de 2025

Especialistas analisam o modo do trágico ataque de Israel aos palestinos de Gaza como “reality de genocídio”

 

Pesquisadores afirmam que a ofensiva israelense é parte de uma política deliberada de limpeza étnica, com apoio financeiro internacional

Do Jornal GGN:

Especialistas analisam conflito em Gaza como “reality de genocídio”


    Legenda: Protestos na Faixa de Gaza no dia 14 de maio de 2018. Foto: OCHA


Por 

Na última terça-feira (6), a TVGGN exibiu mais uma edição do programa Observatório de Geopolítica, desta vez com foco no Oriente Médio. O debate contou com a participação de pesquisadores que classificaram a ofensiva israelense contra Gaza como um genocídio, motivado por interesses econômicos e estratégicos. Eles apontaram ainda para a existência de uma política deliberada de limpeza étnica.

Os participantes foram unânimes em afirmar que os acontecimentos em Gaza desde 7 de outubro de 2023 — embora com raízes históricas anteriores — configuram, sob diversos aspectos do direito internacional, um genocídio.

“Não somos apenas nós que chegamos a essa conclusão. Diversas organizações internacionais já deixaram claro que o que ocorre na Palestina é, no mínimo, um crime contra a humanidade. Há elementos evidentes de que se trata de um deslocamento forçado da população”, afirmou o pesquisador Robson Kardochi.

Com mais de dez semanas sem a entrada de mantimentos em Gaza, os efeitos de uma “punição coletiva” tornaram-se visíveis. A situação é agravada por uma política de desassistência programada, cujo objetivo seria dificultar o acesso da população a itens básicos de sobrevivência, como alimentos, medicamentos e, de forma crítica, água potável, além de roupas e outros recursos essenciais à vida.

“É uma estratégia de enfraquecimento de toda uma população, e, antes de mais nada, uma estratégia de limpeza étnica”, afirmou o professor Sami El Jundi. “Dificultar o acesso da população a itens básicos é parte central dessa política.”

Para os especialistas, o que se vê em Gaza é o “primeiro genocídio televisionado” da história, transmitido em tempo real para o mundo. “As pessoas assistem como se fosse um reality show, de maneira absolutamente bizarra”, destacou Sami.

Segundo os pesquisadores, o processo genocida conta não apenas com o envolvimento direto do governo de Israel e de uma parcela significativa da sociedade israelense, mas também com apoio financeiro expressivo. Estima-se que, em menos de dois anos de conflito, cerca de 20 bilhões de dólares tenham sido investidos.

Além disso, Kardochi destacou o papel de outras potências na legitimação da ofensiva. Ele afirmou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem se aproveitado de forma pragmática desse apoio internacional.

“O apoio já era evidente durante o governo Biden, que buscava justificar o injustificável. Agora, com o retorno de Donald Trump, que é declaradamente favorável à ofensiva, a retórica genocida ganha ainda mais força. As declarações de Trump sobre a expulsão dos moradores de Gaza apenas reforçam esse discurso de limpeza étnica”, concluiu Kardochi.

Veja a debate completo na íntegra em:

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Da Rádio BandNews FM:




STF forma maioria contra decisão inconstitucional da Câmara dos deputados que pretendia suspender ação contra Ramagem e que poderia ajudar ajudar Bolsonaro

 

Do UOL:

A maioria da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) votou por derrubar a decisão da Câmara dos Deputados que suspende a ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) por tentativa de golpe de Estado.



sexta-feira, 9 de maio de 2025

Antes de se tornar papa Leão XIV, Robert Prevost compartilhou artigos que criticam Trump e J. D. Vance

 

Já em 2017, Robert Prevost compartilhou uma mensagem que criticava o uso por Trump de termo racista para se referir a imigrantes

Do ICL Notícias:

INTERNACIONAL

Antes de se tornar papa, Leão XIV compartilhou artigos que criticam Trump e Vance


Por AFP

Meses antes de ser eleito sumo pontífice, o papa Leão XIV compartilhou na rede social X artigos que criticam o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu vice-presidente JD Vance, principalmente por suas políticas de imigração.

Em fevereiro, o então cardeal Robert Francis Prevost compartilhou no X um link para o artigo “JD Vance está errado: Jesus não nos pede que classifiquemos nosso amor pelos outros”.

O Vaticano confirmou que a conta é autêntica e pertence a Prevost, nascido em Chicago, mas também com nacionalidade peruana.

O texto, publicado no site National Catholic Reporter, questiona Vance por usar a doutrina católica para apoiar o cancelamento da ajuda externa dos EUA.

Citanto um preceito conhecido como “ordo amoris” (a ordem do amor), o vice-presidente, convertido ao catolicismo em 2019, afirmou que a caridade de um cristão deve beneficiar sobretudo os seus familiares e concidadãos, e não os estrangeiros.

papa

JD Vance foi criticado nas redes por Prevost

Novo papa criticou Trump em 2017

O falecido papa Francisco já havia criticado publicamente esta interpretação nacionalista.

A última mensagem na conta no X do novo chefe da Igreja católica, publicada em 14 de abril, está ligada ao texto de um bispo auxiliar de Washington, de origem salvadorenha.

Este prelado, Evelio Menjívar-Ayala, critica duramente a política de expulsões em massa de imigrantes do governo americano.

Nos últimos anos, Prevost foi muito esporádico no uso do X, anteriormente Twitter. Limitou-se a compartilhar mensagens ou links para sites.

Em 4 de setembro de 2017, por exemplo, compartilhou uma mensagem que criticava o uso por Trump, então em seu primeiro mandato, do termo “bad hombres” (homens maus) para se referir a imigrantes, um vocabulário que poderia fomentar “o racismo”.

Este compartilhamento de artigos e publicações chamou a atenção de uma polêmica influenciadora de extrema direita, Laura Loomer, próxima a Trump.

O novo papa é “woke”, escreveu Loomer no X, usando um termo pejorativo da direita radical para designar as políticas de promoção da diversidade.


quarta-feira, 7 de maio de 2025

Extrema direita e golpismo fardado: Comando Militar do Planalto agiu como autoridade civil paralela para manter palanque golpista

 

 

Documentos mostram que Exército impôs regras de ocupação, barrou comerciantes e legitimou uso político do QG

Do ICL Notícias:

País

Comando Militar do Planalto agiu como autoridade civil paralela para manter palanque golpista



Por Cleber Lourenço

Uma série de ofícios obtidos pelo ICL Notícias revela que o Comando Militar do Planalto (CMP) assumiu, na prática, o controle administrativo e normativo da região do Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília, durante os dois meses de ocupação golpista em frente ao Quartel-General do Exército (QGEx). Em documentos oficiais enviados a órgãos do GDF e a civis, o CMP determinava quem podia ou não permanecer na área, como deveria ser feito o controle de veículos, som e barracas, e tomava decisões semelhantes às de uma prefeitura. Essa postura configurou, na prática, uma gestão militarizada de um espaço público, sem qualquer base legal civil para tais determinações.

O acampamento em frente ao QG se consolidou não apenas como ponto de encontro de manifestantes, mas como um palanque permanente de discursos contra o resultado da eleição presidencial, sem qualquer tentativa do Exército de coibir sua continuidade. Ao contrário: o que mostram os documentos é que a área sob jurisdição militar passou a ser gerida com regras próprias. Tudo isso sem qualquer menção a riscos à ordem constitucional, mesmo com alertas reiterados de autoridades civis.

No Ofício nº 2114, de 7 de dezembro de 2022, o CMP responde a um comerciante que solicitava autorização para vender produtos na região da Praça dos Cristais, no SMU. O documento é direto: “Informo que tal permanência não está autorizada, bem como todos os demais comerciantes que desenvolvem comércio irregular na região do Setor Militar Urbano”. No mesmo texto, o Comando Militar do Planalto alerta que o material do solicitante poderia ser apreendido a qualquer momento e que medidas administrativas seriam tomadas. A resposta demonstra que o Exército agia como instância fiscalizatória sem qualquer delegação legal externa, definindo o que era ou não permitido dentro de um espaço público ocupado.

Planalto

Dias antes, em 6 de dezembro, o Ofício nº 2113 solicitava a atuação da Secretaria DF Legal para remover ambulantes e estruturas comerciais irregulares. O mesmo ofício pede a retirada de ligações de energia, água e internet feitas sem autorização formal, que estavam sendo utilizadas para sustentar a estrutura montada pelos manifestantes. Apesar disso, não há qualquer indício de que o Exército tenha efetivamente interditado ou impedido o funcionamento do acampamento com base nesses abusos. A solicitação de retirada parece ter tido caráter mais simbólico do que efetivo, dado que os acampamentos seguiram operando com toda a estrutura necessária nos dias seguintes.

No Ofício nº 2115, de 12 de dezembro, um civil solicita o cadastramento de um veículo com caixas de som, estacionado na Praça dos Cristais. A resposta do Exército é semelhante: não autoriza a permanência, mas também não informa que houve remoção. Com isso, evidencia-se que o Comando fazia uma distinção entre os usos “permitidos” do espaço, com base em critérios não divulgados, mas alinhados com a tolerância ao movimento golpista. Nenhum dos documentos deixa claro o critério objetivo utilizado para diferenciar ocupantes, o que reforça a percepção de seletividade institucional.

Comando Militar do Planalto geriu a ocupação golpista

As comunicações oficiais analisadas pela reportagem demonstram que o Exército brasileiro, por meio do Comando Militar do Planalto, não apenas tolerou a ocupação golpista em frente ao QG, mas a geriu de forma ativa e seletiva. Ao definir regras de convivência, restringir atividades econômicas e determinar usos específicos para o espaço urbano militarizado, o Exército ultrapassou sua função constitucional e assumiu papel semelhante ao de um ente civil regulador. Isso gerou uma situação anômala, em que o Estado brasileiro, através de uma instituição armada, exerceu poder regulatório sobre um ambiente cívico-político, sem base em qualquer instrumento jurídico democrático.

Enquanto barrava comerciantes e estruturas independentes, o Comando mantinha intacta a estrutura simbólica do acampamento, que incluiu tendas, caminhões, equipamentos de som e discursos abertamente contrários à democracia. O palanque político funcionava com visibilidade, acesso e proteção, amparado por normas que garantiam sua continuidade, mesmo diante de alertas do Ministério Público, da Justiça e da imprensa. Além disso, a presença constante de militares no entorno do QG servia como escudo simbólico e tático contra qualquer tentativa de desmobilização externa, criando uma espécie de bolha de proteção institucional.

O uso do Quartel-General do Exército como centro político informal durante dois meses, sem qualquer ação para sua desativação, representa um marco na relação entre Forças Armadas e radicalização política no Brasil. Ao assumir o papel de gestão do espaço e legitimar o discurso golpista pela omissão ou pela seleção de quem poderia ser reprimido, ou expulso, o Comando Militar do Planalto atuou como agente ativo de um processo de ruptura com os limites institucionais estabelecidos pela Constituição. Essa atuação, ao não ser responsabilizada interna ou externamente, contribui para um perigoso precedente de uso militar de espaços para fins políticos e de ruptura.

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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Sete de nove convênios envolvidos na fraude do INSS foram assinados sob o (des)governo Bolsonaro

 Levantamento junto ao Diário Oficial revelou os acordos de descontos que mais lesaram aposentados e pensionistas

Do ICL Notícias:

Sociedade

Sete de nove convênios envolvidos na fraude do INSS foram assinados sob Bolsonaro




O governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) foi responsável por pelo menos sete convênios que autorizaram entidades a fazer descontos irregulares de aposentados e pensionistas. As informações são de pesquisa feita no Diário Oficial da União pelo jornalista Fernando Molica, do site Correio da Manhã.

O levantamento analisou as 11 entidades que são campeãs das fraudes do INSS, de acordo com a Polícia Federal. Entre as 11, um dos convênios foi renovado no governo Lula, que retomou contrato com uma associação que tivera contrato rescindido em 2020.

Já outro dos acordos, publicado em agosto de 2019, é termo aditivo a um assinado no ano anterior, durante o governo Temer. O termo aumentou o desconto de 0,5% para 2,5% de cada benefício, até o limite de R$ 50,00, para o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical. Em 2020 (sob Bolsonaro) e em 2023 (governo Lula), o Acordo de Cooperação Técnica seria renovado. Os novos extratos publicados no DOU falam em descontos de 0,6% ou de 2,5%.

No levantamento, foi possível comparar valores de descontos. O maior desconto nos benefícios encontrado  é de 4,09%, referente a um acordo assinado, em abril de 2022, entre o INSS e a União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub) e válido por cinco anos. Outros descontos variavam de 2% a 3%

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Vinícius Marques de Carvalho, ministro da CGU (Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)

Convênio foi assinado em 29 de dezembro 2022

Um dos acordos, com a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas foi assinado no dia 29 de dezembro de 2022, 3 dias antes da posse de Lula, e publicado no Diário Oficial de 2 de janeiro de 2023.

A entidade que mais lesou segurados foi a Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS, de acordo com a Controladoria Geral da União (CGU). O contrato, publicado em maio de 2022, estabeleceu 3% de desconto de seus associados por um prazo de cinco anos.  Um acordo assinado em 2021, este com a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos, previa um desconto fixo de R$ 45,00.

As investigações mostram que a grande maioria dos descontos era feita de maneira fraudulenta, sem conhecimento dos aposentados e do pensionistas. Em 2019, Bolsonaro incluiu em medida provisória exigência de renovação anual da autorização de descontos, mas a medida foi afrouxada  no Congress, que aumentou o prazo para três anos. A mudança foi proposta em emendas de parlamentares de diversos partidos:  PT, PR (hoje, PL), Solidariedade MDB, PSDB, PCdoB e PSB.

Jair Bolsonaro sancionou a lei aprovada pelo Congresso, mas já em 2020 possibilitou que as autorizações fossem feitas em até quatro anos. Em 2022, a lei 14.438, , ganhou artigo que acabava com a possibilidade do controle dos descontos.

 

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Da Rádio BandNews FM: