sábado, 31 de julho de 2021

"Dallagnol perdeu a vergonha", diz Joaquim de Carvalho sobre o ex-heroi midiático de Curitiba ao lado do suspeito Moro

 

O jornalista revelou nesta semana que a esposa do ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba comprou um apartamento luxuoso na capital paranaense, mas foi Dallagnol quem negociou a compra, feita com "dinheiro vivo". Assista na TV 247

Deltan Dallagnol e Joaquim de Carvalho

Deltan Dallagnol e Joaquim de Carvalho (Foto: ABR | Brasil247)

247O jornalista Joaquim de Carvalho, em entrevista à TV 247 na manhã deste sábado (31), repercutiu a revelação feita por ele nesta semana acerca da esposa do ex-coordenador da Lava Jato de Curitiba Deltan Dallagnol, Fernanda, que arrematou no dia 12 de julho o segundo apartamento da família no condomínio Plymouth Hill’s, um dos mais luxuosos da capital paranaense.

Usando o pseudônimo Sofimora, ela pagou cerca de R$ 2,1 milhões pelo imóvel. 

"O dinheiro brota de onde? Como é que esse pessoal vai comprando imóveis assim? Eles plantam árvore de dinheiro?", questionou o jornalista.

Joaquim explicou que Dallagnol se envolveu diretamente na compra do apartamento "porque ele fez contatos com a Justiça Federal para fazer essa compra, porque ele queria saber se o condomínio atrasado ele teria que pagar, se isso já não estava no preço. Ele é que negociou tudo isso. A Fernanda só entrou com o nome".

"É preciso verificar esse pagamento" da compra do imóvel, alertou Joaquim: "ele fez em dinheiro vivo. Quem usa dinheiro vivo? Eu não levo bolo de dinheiro para fazer minhas compras. O Dallagnol perdeu a vergonha".

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Jair Messias do Mal deixa claro: dias piores virão. Artigo de Eric Nepomuceno

 

"Não resta outra certeza: com a tresloucada besta-fera sem freios nem amarras, dias piores virão. E serão cada vez piores. Não é só a democracia que está em risco: é tudo", escreve o jornalista Eric Nepomuceno


Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Não adianta tentarem segurar a besta-fera: Jair Messias renova e reforça a certeza de que desconhece qualquer limite, que não tem sequer vestígio de equilíbrio e de bom senso.

Se na ditadura que ele tanto admirou e admira um dos lemas ufanistas era “ninguém segura este país”, nos dias de hoje o lema esclarecedor é “ninguém segura este desequilibrado”.

O tal Centrão, alugado por ele, bem que sugeriu modos minimamente aceitáveis. Em vão. E enquanto isso, o Brasil se faz mais e mais pária no cenário externo, e mais e mais destroçado no cenário interno.

Dez organizações de defesa do meio-ambiente, inclusive a mais influentes, publicam no “Le Monde” um chamado para que sejam suspensas importações francesas de produtos oriundos da região amazônica e do Pantanal devastadas por incêndios criminosos incentivados pelo governo brasileiro. Movimentos similares ocorrem na Áustria, na Holanda e em regiões da Bélgica.  

O governo de Jair Messias ignora olimpicamente essa e, aliás, todas as iniciativas e denúncias semelhantes.

Quase 15% da mão de obra brasileira está desempregada, e outro tanto mantêm, a duras penas, trabalhos precários. Ao menos 44% da população, o que significa cerca de 92 milhões de brasileiros, não chega a consumir o mínimo de alimentos diários recomendados por cientistas e especialistas. E pelo menos outros oito milhões passam diretamente fome.  

As imagens de famílias formando longas filas nas portas de açougues em Cuiabá à espera de receber tocos de osso de vaca é exemplar. Em outras cidades brasileiras, há os que conseguem algo mais: comprar pés de galinha e frango. É o que de mais próximo a carne conseguem ter.  

Dois presidentes de países lusófonos, Portugal e Cabo Verde, comparecem à reabertura do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. E cadê o presidente do país anfitrião?  

Desfilando sua irresponsabilidade criminosa num passeio de moto, claro que sem máscara e sem nenhum cuidado preventivo por mais mínimo que fosse. São mais de 555 mil vítimas da pandemia, do atraso nas vacinas, do esvaziamento do sistema público de saúde, das manipulações e da corrupção levada a cabo por militares incrustados no ministério da Saúde.  

E daí? Tanto choramingar não leva a nada, só complica a vida.

Um incêndio criminoso, cujos responsáveis são Abraham Weintraub, hoje refugiado em Washington para escapar da Justiça brasileira, e Mário Frias, secretário Especial de Cultura, destrói parte do acervo da Cinemateca Brasileira. E o presidente não é capaz de um gesto, uma palavra, nada, só o silêncio que não esconde que, para ele, foi apenas um foguinho a queimar papéis velhos.

Depois de disparar saraivadas de mentiras e cretinices na noite de quinta-feira, Jair Messias aproveita o sábado para repetir ameaças e, claro, expelir mais e mais mentiras e estupidezes de grandiosidade solar.

Não dá para dizer que Jair Messias perdeu a noção do absurdo e do ridículo porque ninguém perde o que nunca teve.

Não há nada que seja capaz de deter essa avalanche de absurdos e de crimes concretos, descritos nos códigos penais e, em alguns casos, na própria Constituição. Ninguém se atreve.

Portanto, não resta outra certeza: com a tresloucada besta-fera sem freios nem amarras, dias piores virão. E serão cada vez piores.  

Não é só a democracia que está em risco: é tudo.

CPI da Pandemia foi quem forçou Bolsonaro a comprar vacinas e revelou a corrupção de militares e do centrão no Ministério da Saúde

 

Crimes sanitários, sabotagens a vacinas, negócios escusos, perversidade no Amazonas. A comissão revelou ao país estratégias e políticas que levaram país aos 560 mil mortos pela covid-19

Senadores fazem um minuto de silêncio para homenagear os 502.817 mortos por covid-19 no Brasil.

Senadores fazem um minuto de silêncio para homenagear os 502.817 mortos por covid-19 no Brasil. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Eduardo Maretti, da RBA - A CPI da Covid retoma suas atividades públicas nesta terça-feira (3) com o depoimento do “reverendo” Amilton Gomes de Paula. Na primeira fase, antes do recesso da segunda quinzena de julho, a comissão superou as desconfianças de que acabaria “em pizza”. Obteve inclusive a aprovação popular. Revelou fatos que comprovam cabalmente a responsabilidade do governo de Jair Bolsonaro e seu Ministério da Saúde perante a tragédia sanitária que se abateu sobre o país com a pandemia de coronavírus, que já levou à morte quase 560 mil brasileiros. Os resultados concretos trazidos pela comissão são irrefutáveis.

Entre eles, ter forçado o governo negacionista de Bolsonaro a ir atrás de vacinas. Se antes da CPI o país assistiu ao presidente atacar a CoronaVac incessantemente, a comissão demonstrou depois que o imunizante da Pfizer foi objeto de um boicote sistemático. Isso indica, segundo vários senadores, que a sabotagem aos imunizantes, mais do que omissão, era uma politica em si.

A CPI, instalada em 27 de abril, revelou também o nebuloso contrato da Covaxin, a vacina indiana objeto de obscuras negociações envolvendo a Precisa Medicamentos e até mesmo uma empresa de fachada em Singapura, a Madison Biotech, à qual deveriam ser destinados antecipadamente 45 milhões de dólares. O contrato foi extinto devido às apurações da CPI. Nesse ponto, a comissão já caminhava para penetrar na corrupção do Ministério da Saúde, e conhecer a estranha relação com intermediários como o PM Luiz Paulo Dominguetti, que se dizia representante de uma empresa (Davati) que prometia vacinas que não tinha.

Para os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA), são muitos os resultados concretos da comissão até aqui. “Por conta da pressão que CPI gerou, ao mostrar às pessoas o que aconteceu, o governo foi obrigado a deixar o discurso antivacina e começou a buscar os imunizantes. Diminuíram também as ações pelo tratamento precoce”, anota o petista.

Crime sanitário

Alencar aponta o crime sanitário configurado na comprovada orientação governamental para o uso de hidroxicloroquina. O medicamento não evita que o paciente contraia a doença nem que seja curado. Ele lembra que o próprio Ministério da Saúde divulgou o “kit covid”. Segundo o senador, em decorrência do trabalho da comissão, o presidente, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, seu então secretário executivo, Élcio Franco, “e todos os membros do gabinete das sombras” serão responsabilizados.

Humberto Costa menciona o fato de que, com as revelações da CPI, os seguidores de Bolsonaro diminuíram os discursos negacionistas e a popularidade do presidente caiu. “Além disso, nosso trabalho impediu negócios nebulosos como o da Covaxin, mostrou a questão da Davati e obrigamos o governo a comprar o “kit intubação”. Tudo isso são efeitos da CPI.”

Para Alencar, a CPI provou concretamente que dentro do Ministério da Saúde havia tráfico de influência, improbidade administrativa, corrupção e superfaturamento na compra de medicamentos. Destaca que o governo assinou o contrato de R$ 1,6 bilhão em 25 de fevereiro para a compra da Covaxin, o que por fim só não foi efetivado porque o servidor Luís Ricardo Miranda evitou o negócio. O presidente da República teria sido informado da irregularidade do contrato. “E ele não tomou providência e prevaricou.”

A perversidade no Amazonas

Para Alencar, uma das mais graves e perversas consequências da atuação do Bolsonaro, seus ministros e seguidores, no período de pandemia, se deu no Amazonas. “O crime sanitário em Manaus, quando estimularam a imunidade de rebanho levando a óbito tantas pessoas que morreram por falta de oxigênio. Todos os que participaram desse crime sanitário, previsto no artigo 268 do Código Penal, serão responsabilizados. A denúncia será encaminhada à Câmara, à PGR e à Corte Internacional de Haia”, promete o senador da Bahia.

No auge da mortandade em Manaus, em janeiro deste ano, com pessoas morrendo sufocadas, sem assistência e abandonadas à própria sorte, a ainda hoje secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina, foi com equipe a Manaus. O objetivo não era resolver a crise de oxigênio, mas divulgar o tratamento com hidroxicloroquina, já então comprovadamente ineficaz no tratamento à covid-19.

“A CPI deverá agora mostrar coisas mais concretas ainda referentes ao grupo à frente do Ministério da Saúde, administrado por 11 meses por um general que confessou na CPI que não entendia absolutamente nada de covid-19 nem de saúde”, diz Otto Alencar.

TCU afirma que aplicativo TrateCov - Programa do governo Bolsonaro que prescrevia Cloroquina para toda e qualquer pessoa que acessasse o mesmo, não importando a doença ou idade - não foi hackeado, ao contrário do que indicou Pazuello

 

A conhecida “capitã cloroquina”, secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, já havia revelado à CPI que o aplicativo não foi hackeado

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Jornal GGN – O Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou que o aplicativo TrateCov, usado em Manaus (AM) para identificar de casos de Covid-19 e recomendar medicamentos sem eficácia científica comprovada no tratamento da doença, não foi hackeado, como sugeriu o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. 

De acordo com uma análise de auditores do Tribunal, o TrateCov “foi planejado para funcionar de modo a identificar associação de quaisquer dois sintomas como ‘Provável diagnóstico de covid-19’”, explicou Chico Alves, em sua coluna no Uol.  

O aplicativo exigia que o paciente efetuasse o preenchimento de um formulário com os sintomas apresentados e sugeria a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina, doxiciclina, Sulfato de Zinco e Desametazona em qualquer idade, seja para Covid-19 ou outras doenças.

Na CPI, ao ser criticado sobre o funcionamento da ferramenta que sugeria tratamento ineficaz para, basicamente, todos os sintomas relatados, Pazuello afirmou que houve “roubo dessa plataforma”. “Foi hackeado por um cidadão. Tem uma investigação que chega nesse cidadão, ele foi descoberto, pegou o diagnóstico, alterou dados e colocou na rede pública”, afirmou o ex-ministro.

A conhecida “capitã cloroquina”, secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, já havia revelado à CPI que o aplicativo não foi hackeado

A análise dos especialistas do TCU afirmou que não houve adulteração e que “a indicação pelo usuário do TrateCov de quaisquer dois sintomas é suficiente para a aplicação web exibir o diagnóstico” de Covid-19.

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sexta-feira, 30 de julho de 2021

O descaso ao acervo da cultura da Cinematica não foi mero acaso, mas parte de um projeto de poder.... Vídeo do Canal Meteoro Brasil e charge crítica de Leandro Franco

 

Destruir a cultura e a educação.... um dos projetos do neofascismo para abrir espaço à imbecilidade e ao culto ao líder do discurso de ódio... Veja e reflita.... Vìdeo do Canal Meteoro Brasil e Charge (logo abaixo) de Leandro Franco

    Do Canal Meteoro Brasil:

    
A maioria de nós sabe muito bem o que o governo Bolsonaro fez com o meio ambiente e com a saúde pública. Todas essas catástrofes acabam ofuscando outras: o que tem acontecido na cultura é muito grave e tem passado quase despercebido.



Sobre os desejos "democráticos" de Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Bia Kicis, militares e outros sobre a urna eletrônica em 2022... Comentário de Reinaldo Azevedo sobre a fraunde patética da Live de Bolsonaro que não provou nada

 Charges sobre os desejos de Bolsonaro e militares que não querem largar a mamata para as urnas em 2022


Do Canal BandNews FM:

No programa "O É da Coisa" desta sexta-feira (30), o jornalista Reinaldo Azevedo comenta a live do presidente Jair Bolsonaro na qual ele admitiu não ter provas de fraude eleitoral. Em vídeo, o chefe do Executivo disse: "Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios". O âncora da BandNews FM fala sobre a argumentação de Bolsonaro e sobre o vídeo de um astrólogo utilizado pelo presidente.



Juristas denunciam novo crime flagrante de responsabilidade de Bolsonaro e cobram ação de Aras, Lira e Pacheco

 

Principais juristas do Brasil, reunidos no grupo Prerrogativas, cobram reação do procurador-geral Augusto Aras e dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, diante do novo crime cometido de responsabilidade por Jair Bolsonaro na live em que disseminou mentiras sobre o sistema eleitoral

Bolsonaro, Arthur Lira, Augusto Aras e Rodrigo Pacheco

Bolsonaro, Arthur Lira, Augusto Aras e Rodrigo Pacheco (Foto: Reprodução/Facebook | PR)

Nota do grupo Prerrogativas – Sempre em defesa do Estado de Direito e da democracia, o grupo Prerrogativas, composto por juristas, professores e profissionais do Direito, alerta para mais uma grave afronta institucional praticada pelo atual presidente da República. Numa autêntica escalada golpista, Jair Bolsonaro prossegue agindo para desestabilizar o processo eleitoral. 

Na sua live de 29/7/2021, utilizando abusivamente canal público de TV, Bolsonaro recorreu a mentiras e distorções fáticas, a pretexto de comprovar sua teoria conspiratória de que as eleições de 2018 teriam sido fraudadas. Praticou calúnias inaceitáveis contra magistrados e servidores da Justiça Eleitoral, sem a menor consistência. Lançou acusações aviltantes e despropositadas contra o presidente do TSE, ministro Roberto Barroso, ao tempo em que fomentou suspeitas absurdas de irregularidades naquele pleito, com o objetivo mal disfarçado de criar um ambiente de desconfiança, apto a tumultuar o processo democrático em nosso país. Trata-se de conduta sórdida e desesperada, voltada e infundir o gérmen do descrédito do eleitorado na honestidade das apurações eleitorais. Tais ataques ao sistema de votação brasileiro e à Justiça Eleitoral traduzem o desapreço de Bolsonaro pelas regras do Estado de Direito. Ele age como inimigo da democracia e por isso merece a repulsa das instituições do Estado e da sociedade civil. O grupo Prerrogativas não abrirá mão de cumprir o dever cidadão de denunciar esse tipo de comportamento.

Já não fosse a gravidade pelo descaso com que conduziu o combate à pandemia - propagandeando remédios comprovadamente ineficazes e retardando a aquisição de vacinas para população, contribuindo, assim,  para o espantoso número de mais de 550.000 mortes e milhões de pessoas contaminadas - o Presidente investe seu tempo e energia, ao longo de todo o seu mandato, contra a democracia brasileira.

O momento é grave e exige providências enérgicas do Presidente da Câmara dos Deputados, do Presidente do Senado Federal e da Procuradoria-Geral da República, que devem observar as relevantíssimas atribuições dos altos cargos que ocupam na estrutura da República e tomar as providências para que discursos e posturas criminosas contra a solidez das instituições e a harmonia e independência dos poderes não sofram rupturas que façam ruir as estruturas do Estado Brasileiro.

Repudiamos veementemente os ataques levianos à urna eletrônica, à Justiça Eleitoral e à Democracia Brasileira e permaneceremos atentos e vigilantes na defesa da ordem jurídica e da Constituição Federal.

Inscreva-se no canal de cortes da TV 247 e saiba mais:

"Estúpido ou canalha?", questiona Alessandro Vieira, após novo crime de Bolsonaro sobre as não provas sem provas e nada de provas sobre fraudes nas urnas eletrônicas

 Senador disse não saber o que é pior: “um presidente tão estúpido que acredita em teorias conspiratórias de WhatsApp ou um tão canalha que inventa as teorias conspiratórias de WhatsApp”

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

247 – Após o novo crime de responsabilidade de Jair Bolsonaro, que usou sua live e a TV Brasil para disseminar mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro, políticos de vários partidos reagiram, segundo relata a revista Carta Capital. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro da CPI da Covid, disse não saber o que é pior: “um presidente tão estúpido que acredita em teorias conspiratórias de WhatsApp ou um tão canalha que inventa as teorias conspiratórias de WhatsApp”. Ele ainda afirmou que, no fim das contas, “são ataques diários contra a democracia, uma doença que vamos curar no voto”.

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou. Segundo ela, não se trata mais de uma “bravata” de Bolsonaro. “O presidente faz um ataque sistemático à democracia brasileira. Cabe a todos nós, que defendemos o Estado Democrático de Direito, deixarmos de lado as nossas diferenças e nos unirmos contra essa tentativa de desmoralizar as nossas instituições”, escreveu.

Inscreva-se no canal de cortes da TV 247 e saiba mais:

Reinaldo Azevedo: Na Live para "provar" fraudes nas urnas admitindo não ter provas, Bolsonaro mostrou ser é o maior pateta da República

 

Do Canal da BandNews FM:




quinta-feira, 29 de julho de 2021

Vídeo do Canal Galãs Feios: Bolsonaro e Kicis recebem amigos do Adolfinho

 

Do Canal Galãs Feios:

Precisou o presidente e a Bia Kicis tirarem foto com uma política alemã de partido do adolfinho para a ficha cair de alguns: “Poxa, não é que esse governo tem admiração pelos neonazis espalhados pelo mundo mesmo. Surpreendente”. Helder Maldonado comenta.





The Intercept: Pesquisadora encontra carte de Bolsonaro publicada em sites neonazistas em 2004. Reportagem de Leandro Demori

 


A antropóloga Adriana Dias é uma das maiores
autoridades em neonazismo no Brasil. Carta e banner
que levava a site de Bolsonaro reforçam ideia de que a
base bolsonarista é neonazista

                    Ilustração: Amanda Jungles/The Intercept Brasil; Getty Images


Reportagem de Leandro Demori publicada no The Intercept Brasil:


FOI POR ACASO que a antropóloga Adriana Dias encontrou provas de que neonazistas brasileiros apoiam Jair Bolsonaro há pelo menos 17 anos.

Dias estava em casa se preparando para uma palestra e precisou consultar uma parte do vasto material que armazena em Campinas, onde vive e trabalha. Há 20 anos pesquisando a movimentação de grupos neonazistas no Brasil, a professora da Unicamp pediu para que o marido buscasse um site que ela havia fisicamente impresso no longínquo ano de 2006.

Doutora em antropologia social, Dias já imprimiu milhares de páginas de dezenas de sites neonazistas em língua portuguesa – isso antes de derrubá-los para sempre. Adriana Dias é uma caçadora digital de nazistas.

Sempre que encontra um desses sites, ela pede aos provedores para que o conteúdo seja tirado do ar. Antes, no entanto, imprime todas as páginas para arquivar em sua pesquisa e tê-los como prova. “Eu abri em uma página aleatória e ali estava o nome de Jair Bolsonaro”.

O material é uma prova irrefutável do apoio de neonazistas brasileiros a Bolsonaro quando o hoje presidente da República era apenas um barulhento e improdutivo deputado. A base bolsonarista é, há quase duas décadas, composta por neonazistas.

Três sites diferentes de neonazistas trazem um banner com a foto de Bolsonaro – com link que leva diretamente ao site que o político tinha na época – e uma carta em que o parlamentar afirmava: “Ao término de mais um ano de trabalho, dirijo-me aos prezados internautas com o propósito de desejar-lhes felicidades por ocasião das datas festivas que se aproximam, votos ostensivos aos familiares”.

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Imagem de Bolsonaro fardado no site Econac em 2004, além de um banner para seu site. É a única menção a um político no site neonazista

 

Imagem: Reprodução/Web Archive

O melhor vinha depois: “Todo retorno que tenho dos comunicados se transforma em estímulo ao meu trabalho. Vocês são a razão da existência do meu mandato.”

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Carta assinada por Jair Bolsonaro, em 2004, publicada pelo site neonazista Econac.

 

Imagem: Reprodução/Web Archive

Nós não conseguimos descobrir se Bolsonaro enviou a carta, via gabinete em Brasília, apenas para as pessoas que administravam os sites neonazistas. Mas uma coisa chamou atenção da pesquisadora Adriana Dias: a mensagem não foi publicada em canto nenhum da internet além dessas páginas.

Eu pedi para que nosso repórter em Brasília, Guilherme Mazieiro, fosse atrás da história. Ele conversou com um servidor de carreira que ocupou um cargo de comando na administração da Câmara para saber como a casa arquiva e-mails enviados e recebidos por parlamentares e como, eventualmente, poderíamos legalmente acessá-los.

A fonte explicou que o conteúdo dos e-mails é tratado como informação pessoal e, portanto, não passível de ser obtido via Lei de Acesso à Informação, mas apenas em casos de decisão judicial, como busca e apreensão. A resposta foi confirmada em pedido de informação oficial que Mazieiro fez à Câmara. Mas o backup existe, segundo a fonte, desde 1995.

Tentamos também outro caminho. Há um processo na Justiça Federal em Minas Gerais sobre um neonazista preso por ter registrado, em foto, o momento em que ele simula o enforcamento um morador de rua. Durante a busca e apreensão em sua casa, policiais encontraram uma carta enviada a ele por Jair Bolsonaro. Tentamos acesso à carta, para compará-la àquela estampada nos sites neonazistas.

Mazieiro enviou e-mails em 29 de abril e 7 de junho ao procurador Carlos Alexandre Ribeiro de Souza Menezes para conversar. Não tivemos resposta. O processo corre no Tribunal Regional Federal da 1a Região, em Brasília. Em sigilo.

Jair Bolsonaro já elogiou as qualidades de Hitler, já tirou foto com sósia de Hitler, já disse que o holocausto poderia ser perdoado. Seu ex-secretário especial da Cultura reproduziu, no início de 2020, em discurso, falas, ambientação e postura, um vídeo copiando o político nazista Joseph Goebbels. Seu assessor especial, Filipe Martins, é réu por fazer um gesto de white power em uma sessão do Senado.

Na semana passada, Bolsonaro e vários membros de seu governo receberam sorridentes a deputada alemã Beatrix von Storch, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), neta do ministro das Finanças de Hitler, o homem que liderou o confiscos dos bens dos judeus enviados para os campos de concentração e extermínio durante a ditadura do Partido Nazista.

Agora, tornamos público o fato de que neonazistas brasileiros apoiam Jair desde, pelo menos, 2004. Que não se trate isso mais como especulação, coincidência ou provocação. A base do bolsonarismo é nazista. E sabemos onde pode haver provas que confirmem a ligação do presidente com a ideologia de Hitler: basta que a Câmara dos Deputados abra seus arquivos – se não à população brasileira, a alguma autoridade interessado em rastrear o neonazismo por aqui – e que o procurador Carlos Alexandre Ribeiro de Souza Menezes preste contas de um processo fundamental para a história do país.

A bola está com Artur Lira e o com Ministério Público Federal. E com o Supremo Tribunal Federal, que já mandou investigar, no passado, ameaças à democracia brasileira.

The Intercept: Bia Kicis flerta com nazismo e lidera maior ataque aos indígenas brasileiros desde 1500. Reportagem de João Filho

 

Reforçando seu alinhamento político, a deputada federal pró-Bolsonaro posa com sua aliada nazista, Beatrix Von Storch.

Artigo de João Filho no The Intercept Brasil:

A deputada Bia Kicis em um encontro com Beatrix Von Storch, uma das líderes do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland).

A deputada Bia Kicis em um encontro com Beatrix Von Storch, uma das líderes do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland).  Foto: reprodução/twitter




NO MESMO DIA em que foi divulgado o áudio de um tenente-coronel da Funai dizendo que atiraria contra indígenas isolados, a deputada federal Bia Kicis foi às redes sociais para saudar uma nazista alemã que defendeu que os refugiados fossem assassinados com tiros. A nazista — me refiro à alemã —  disse textualmente durante a crise dos refugiados em 2015: “É nosso dever nos defendermos com armas. Atiraremos inclusive em mulheres e crianças”. Para Bia Kicis, a foto com a nova parceira nazista representa a consolidação de uma aliança: “conservadores do mundo se unindo para defender valores cristãos e a família.”

Beatrix Von Storch é vice-presidente do partido nazista alemão Alternative für Deustschland (Alternativa para a Alemanha) e neta de um ministro de finanças de Hitler. Em 2018, ela criticou a “islamização do país” e afirmou que “O reinado desse islã na Alemanha não é nada mais que o reinado do mal”. Estima-se que há 4 milhões de muçulmanos vivendo na Alemanha. Se antes os nazistas alemães combatiam os judeus, hoje os inimigos a serem destruídos são os muçulmanos.

Eduardo Bolsonaro também postou foto com a alemã e ressaltou as semelhanças do bolsonarismo com o nazismo: “Somos unidos pelos ideais de defesa da família, proteção das fronteiras e cultura nacional” —  basicamente, o tripé ideológico que sustenta o nazismo no mundo.

As semelhanças entre nazismo e bolsonarismo não são poucas nem recentes. O alinhamento ideológico sempre foi claro. Lembremos que até mesmo um líder dos supremacistas brancos da Ku Klux Klan, David Duke, elogiou Bolsonaro e atestou as afinidades: “ele [Bolsonaro] soa como nós. Ele é totalmente um descendente europeu. Ele se parece com qualquer homem branco nos EUA, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França. E ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como, por exemplo, nos bairros negros do Rio de Janeiro”.

Uma série de episódios protagonizados por integrantes o governo Bolsonaro confirma esse alinhamento: o discurso que o ex-secretário de Cultura Roberto Alvim fez copiando frases do ministro nazista Joseph Goebbels; o gesto supremacista de Filipe Martins; o copo de leite que Bolsonaro tomou em um de suas lives em referência aos neonazistas americanos.

live-bolso-leite

Bolsonaro toma leite em live, referência explícita a um gesto supremacista branco.

 

Foto: Reprodução/Youtube

Bolsonaro já atraía a admiração dos nazistas quando era deputado. Como esquecer da manifestação convocada por nazistas paulistas em 2011 em defesa das declarações racistas e homofóbicas do então deputado Jair Bolsonaro?  Ou da carta enviada por ele que foi apreendida pela polícia na casa de um neonazista mineiro? A confraternização entre parlamentares bolsonaristas e os nazistas alemães apenas formalizou essa aliança no campo institucional.

Mas voltemos a falar de Bia Kicis. Ela e sua amiga nazista compartilham da mesma opinião sobre os gays. A alemã também é uma ferrenha opositora do casamento gay, diz que “homofobia é um termo indefinido” e se refere à população LGBTQIA+ como uma “minoria barulhenta”. Para a AfD, o partido nazista comandado por Beatrix, as escolas alemãs “enfatizam unilateralmente homossexuais, transexuais e bissexuais”. Qualquer semelhança com a obsessão sobre o famoso delírio da “ideologia de gênero” no Brasil não é mera coincidência.

O trabalho de Bia Kicis à frente da presidência da comissão mais importante da Câmara, a de Constituição, Justiça e Cidadania, a CCJ, deve estar fazendo Adolf Hitler sorrir no inferno. Kicis atuou intensamente pela aprovação do PL 490, o projeto de lei que reduz os direitos dos povos indígenas sobre as terras demarcadas. Entre as alterações, a mais absurda é aquela que estabelece um marco temporal para a validade da demarcação das terras: só poderão ser consideradas terras indígenas aquelas que já estavam em posse dos povos indígenas até a promulgação da Constituição de 1988.

O projeto também facilita o contato com povos isolados, proíbe que se amplie terras que já foram demarcadas e permite que garimpeiros explorem livremente os territórios indígenas. Na prática, o projeto pode impulsionar ainda mais o já existente massacre dos povos indígenas por garimpeiros, que serão empoderados pela nova lei. Caso seja aprovada no plenário da Câmara, a lei permitirá que o governo construa rodovias e hidrelétricas nos territórios indígenas, sem precisar consultar as etnias dessas regiões. O bolsonarismo encara os povos indígenas como seus parceiros nazistas na Alemanha encaram os refugiados.

Bia Kicis fez de tudo para cercear as vozes indígenas durante o debate em torno do PL. A presidente, que se recusa a usar máscara durante os debates, interrompeu a palavra da deputada Joênia Wapichana, da  Rede de Roraima, em vários momentos. A deputada é a primeira mulher indígena eleita no país e pleiteava a realização de uma audiência pública para que as comunidades tradicionais fossem ouvidas sobre o projeto de lei. Bia Kicis não só interrompeu Joênia como cortou sua palavra durante o debate. A Bia alemã deve ter ficado orgulhosa.

Nem mesmo uma carta enviada por nove empresas de varejo e produção de alimentos da Europa ameaçando boicotar comercialmente o Brasil fez Bia Kicis mudar de ideia. A carta dizia que se as novas medidas que prejudicam as proteções existentes ao meio ambiente forem aprovadas, as empresas “não terão escolha a não ser reconsiderar o uso da cadeia de suprimentos de commodities agrícolas brasileiras.” O desrespeito ao meio ambiente no Brasil é um tema sensível, que tem intensificado o processo de transformação do país em pária internacional. O bolsonarismo não quer nem saber. Como já disse o ex-chanceler Ernesto Araújo, “que sejamos pária!”.

Comparar o bolsonarismo com o nazismo não é uma forçação de barra. É a constatação de um fato. As duas correntes têm tendências sexistas, racistas, islamofóbicas e xenófobas. Há muito mais semelhanças do que diferenças. Pode-se dizer que o bolsonarismo é um subproduto do nazismo no Brasil ou uma versão adaptada dele. Hoje, os bolsonaristas perderam completamente a vergonha e agora festejam abertamente as semelhanças com o nazismo.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Reinaldo Azevedo: Braga Netto tem de ser investigado por ameaças. Fala, Aras!

 

As notícias crimes no Supremo contra as ameaças golpistas Walter Braga Netto, constituindo crimes de responsabilidade, na análise de Reinaldo Azevedo

Vídeo do Canal BandNews FM:




Quem é a deputada nazista que Bolsonaro abraçou

 

Beatrix von Storch é uma das principais liderança da AfD, partido ultranacionalista alemão que congrega várias alas nazistas. Xenófoba e “boa cristã”, ela mostrou-se favorável a atirar em refugiados que cruzassem as fronteiras do país

Por Jean-Philip Struck, na DW Brasil

Na quinta-feira (22/07), a deputada de extrema direita Bia Kicis (PSL-DF) exibiu em suas redes sociais uma foto com a parlamentar alemã Beatrix von Storch, do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD). O registro foi feito durante um encontro em Brasília. Poucas horas depois, foi a vez de o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho “03” do presidente Jair Bolsonaro, fazer o mesmo.

“Hoje recebi a deputada Beatrix von Storch, do partido Alternativa para Alemanha, o maior partido conservador daquele país. Conservadores do mundo se unindo para defender valores cristãos e a família”, escreveu Kicis. “Somos unidos por ideais de defesa da família, proteção das fronteiras e cultura nacional”, escreveu, por sua vez, Eduardo Bolsonaro.

“A Alternative für Deutschland (Alternativa para a Alemanha) é um partido político alemão de extrema direita, fundado em 2013, com tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e forte discurso anti-imigração”, afirmou o Museu do Holocausto sediado em Curitiba, em reposta à publicação da deputada Bia Kicis.

Uma família com passado sombrio

Membro de uma família antiga de origem nobre, Beatrix von Storch é, pelo lado materno, neta de Johann Ludwig Schwerin von Krosigk, que serviu como ministro das Finanças da ditadura de Adolf Hitler por mais de 12 anos. Inicialmente um conservador tradicional, Schwerin von Krosigk foi nomeado para o posto nos derradeiros meses da República de Weimar, mas acabou abraçando o nazismo com a ascensão de Hitler em 1933.

Schwerin von Krosigk (terceiro de pé da esq. para dir.) e outros ministros no início do governo nazista
Schwerin von Krosigk (terceiro de pé da esq. para dir.) e outros ministros no início do governo nazista

Na posição de ministro das Finanças, Schwerin von Krosigk foi responsável por confiscar propriedades de judeus e explorar financeiramente áreas conquistadas pela Alemanha nazista. Após o suicídio de Hitler, em abril de 1945, Schwerin von Krosigk foi ainda alçado ao posto de “ministro-chefe” (equivalente a chanceler) no efêmero governo do almirante Karl Dönitz, que havia assumido o cargo de presidente do que restava da Alemanha. Concentrado numa área do norte do país que ainda não havia sido conquistada pelos Aliados, o gabinete durou apenas alguns dias, e logo seus membros foram capturados por tropas birtânicas.

Schwerin von Krosigk seria mais tarde julgado e condenado pelo Tribunal de Nurembergue, na etapa conhecida como o “julgamento dos ministros”, entre 1948 e 1949. Ele foi sentenciado a dez anos de prisão por crimes de guerra, mas foi beneficiado por uma anistia em 1951. Morreu em 1977.

Pelo lado paterno, o outro avô de Beatrix von Storch também não foi menos controverso. Filho de um duque, Nikolaus von Oldenburg era membro tanto do Partido Nazista quanto da SA, a força paramilitar da legenda. Em 1941, Von Oldenburg escreveu uma carta para Heinrich Himmler, o comandante da SS e um dos arquitetos do Holocausto, perguntando se ele poderia ajudá-lo a comprar propriedades confiscadas no Leste Europeu.

Ativa em círculos ultraconservadores

Ativa em círculos de direita desde seus tempos de faculdade, Beatrix von Storch, de 50 anos, chegou a trabalhar como advogada, mas no fim dos anos 2000 deixou a profissão para se dedicar à política em tempo integral.

Na sua viagem ao Brasil nesta semana, ela foi acompanhada de seu marido, Sven von Storch, de quem adotou o sobrenome em 2010. Ele aparece na foto do encontro divulgada por Eduardo Bolsonaro.

Sven, membro de uma família alemã que se fixou no Chile após a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, dirige junto com sua mulher vários coletivos e lobbies ultraconservadores na Alemanha, que promovem ideias antimigratórias e “valores cristãos” e se opõem ao casamento gay.

Em 2013, veículos da imprensa alemã levantaram a suspeita de que o casal havia embolsado 98 mil euros que haviam sido doados para um desses coletivos dirigidos por Sven. Beatrix von Storch negou irregularidades e disse que sacou o dinheiro para colocá-lo em um cofre como medida de prevenção.

Sven também costuma publicar textos no site Freie Welt – ligado aos coletivos do casal – advertindo contra o que chama de “grande reset” mundial e a “ideologia de gênero”, entre outros temas que costumam ser explorados pela direita mundial, inclusive a bolsonarista.

Um partido de ultradireita

Em 2013, Beatrix Von Storch se filiou ao partido Alternativa para a Alemanha (AfD), à época ainda uma sigla majoritariamente eurocética moderada que contava com vários liberais. Inicialmente, os fundadores tinham como objetivo combater o uso do euro como moeda e promover a volta do marco alemão.

Mas a AfD rapidamente se converteu de maneira veloz em um agrupamento ultranacionalista e anti-imigração entre 2014 e 2015. A deputada foi uma das responsáveis por essa guinada. Como resultado, vários fundadores deixaram a sigla, afirmando que o partido havia se tornado um veículo “iliberal”, que se distanciou do seu propósito original.

De fato, a AfD é hoje um guarda-chuva para diferentes grupos de ultradireita, como arquiconservadores, fundamentalistas cristãos e ultranacionalistas. Muitos membros também são acusados regularmente de nutrir simpatias pelo nazismo.

Em 2020, por exemplo, um ex-porta-voz da sigla causou indignação ao ser gravado afirmando que se “orgulhava de sua ascendência ariana” e se descrevendo como “um fascista”. Meses depois, ele foi novamente gravado sugerindo que imigrantes deveriam “ser mortos com gás”.

Outros membros de destaque da sigla também foram alvo de críticas por posições abertamente racistas ou que minimizavam o nazismo.

Em 2017, o atual colíder da bancada da AfD no Parlamento, Alexander Gauland, disse que os alemães deveriam ter orgulho dos soldados que lutaram nas duas guerras mundiais. Em 2016, ele já havia provocado indignação ao ofender o zagueiro da seleção alemã Jérôme Boateng, que tem origem africana, afirmando que nenhum alemão gostaria de ter “como vizinho” alguém como o jogador.

Em janeiro de 2017, Björn Höcke, deputado da AfD no parlamento estadual da Turíngia, chamou o Memorial do Holocausto em Berlim de “monumento da vergonha”. Höcke também é autor de um livro que encampa teorias conspiratórias populares na extrema direita, como a chamada “grande troca populacional”, que sustenta que governos europeus, com a cooperação das “elites”, conspiram para trocar a população branca por imigrantes muçulmanos ou africanos.

Alex Gauland, Alice Weidel e Von Storch, membros do grupo responsável por guinada da AfD
Alex Gauland, Alice Weidel e Von Storch, membros do grupo responsável por guinada da AfD

Em 2020, uma ala radical da AfD ligada a Höcke, conhecida como “Der Flügel”, tornou-se objeto especial de vigilância pelo Departamento Federal para a Proteção da Constituição (BfV, o serviço secreto interno da Alemanha). À época, a ala ganhou destaque após o atentado racista de Hanau, que deixou dez mortos. O autor do ataque, embora não oficialmente ligado à AfD, deixou um manifesto que encampava ideias como a teoria conspiratória da “grande troca”. O partido acabou sendo acusado de insuflar o ódio e estimular atentados.

No início de 2021, foi revelado pela imprensa alemã que o BfV havia passado a monitorar toda a AfD por suspeita de extremismo. No entanto, em março, tribunais ordenaram a suspensão da vigilância, apontando que ela feria o princípio de igualdade de oportunidades para os partidos que vão disputar as eleições federais em setembro.

Recentemente, a AfD abraçou em seu programa eleitoral o negacionismo da pandemia. Vários membros também abraçaram manifestações contra medidas de isolamento para frear a crise.

Paralelamente, Beatrix von Storch também liderou com outros membros da AfD um movimento similar dentro da Associação Friedrich A. von Hayek, um think tank alemão fundado em 1998 para promover o liberalismo clássico. Após a entrada de figuras como Von Storch e outros membros da AfD nos anos 2010, o grupo se voltou para posições ultraconservadoras. Um membro da ala liberal descreveu a guinada como um processo de “infiltração por reacionários”.

Declarações incendiárias

O passado nazista da família de Beatrix von Storch foi destacado pela imprensa alemã a partir de 2014, quando ela foi eleita deputada europeia pela AfD.

Em 2016, Von Storch manifestou aprovação à mensagem de um usuário do Facebook que havia perguntado se guardas de fronteira deveriam atirar em refugiados que chegassem ao país, inclusive mulheres com crianças.

À época, o comentário de Von Storch e uma declaração similar de Frauke Petry, então líder da AfD, causaram uma onda de indignação na Alemanha. Vários políticos lembraram na ocasião que os últimos episódios de refugiados baleados na Alemanha haviam envolvido fugitivos da Alemanha Oriental que tentaram escalar o Muro de Berlim.

Paradoxalmente, esses comentários de Von Storch elevaram sua popularidade na cena nacionalista e de ultradireita. Em 2017, ela foi eleita para o Bundestag (Parlamento alemão), representando Berlim. Atualmente, ela também é uma das vice-presidentes da sigla.

Em janeiro de 2018, ela voltou a causar controvérsia ao reclamar publicamente de tuítes da Polícia de Colônia que desejavam feliz ano novo em várias línguas, inclusive o árabe. “O que diabos está acontecendo neste país? Por que um site oficial da polícia da Renânia do Norte-Vestfália [estado em que fica Colônia] tuíta em árabe. Eles pretendem apaziguar as hordas de homens bárbaros, muçulmanos e estupradores em massa dessa maneira?”, escreveu na ocasião. A rede social apagou a mensagem por violação das regras.

Recentemente, Von Storch também passou a abordar outro tema que tem mobilizado redes de ultradireita pelo mundo: o cerco das redes sociais como o Facebook e o Twitter contra publicações incendiárias ou extremistas. Reclamações contra as redes têm unido trumpistas, bolsonaristas e outros membros da cena de ultradireita pelo mundo. Numa publicação recente, ela disse que critérios “esquerdistas” das redes “cancelam” especialmente conservadores.

Dentro da AfD, a deputada costuma ser apontada como membro da ala “cristã ultraconservadora”. Em 2014, quando os ultradireitistas tomaram o partido, ela afirmou que via a sigla como um veículo para “uma visão cristã da humanidade”. Na imprensa alemã, Von Storch costuma ser classificada como “reacionária”, “arquiconservadora” e “cristã radical”.

Em suas publicações na internet, ela assume posições pró-Israel, como ocorre com outros cristãos ultraconservadores, inclusive no Brasil. Oficialmente, ela também ocupa o cargo de vice-comissária de combate ao antissemitismo do grupo parlamentar da AfD.

No entanto, boa parte da comunidade judaica alemã vê seu partido com desconfiança e temor. Em 2019, mais de uma dezena de deputados estaduais da AfD deixaram o plenário do Parlamento da Baviera em protesto ao discurso de  Charlotte Knobloch, uma das mais conhecidas líderes da comunidade judaica alemã. Na ocasião, Knobloch, ex-chefe do Conselho Central dos Judeus da Alemanha (ZdJ, na sigla em alemão), acusou os direitistas da AfD de minimizarem os crimes nazistas e terem relações estreitas com a extrema direita alemã. 

“Um partido representado aqui menospreza esses valores [democráticos] e minimiza os crimes dos nacional-socialistas”, disse na ocasião Knobloch, que nasceu em 1932 e sobreviveu ao Holocausto ao ser salva por uma família de fazendeiros católicos. “Essa chamada Alternativa para a Alemanha baseia a sua política no ódio e na discriminação e, não apenas na minha opinião, não se assenta sobre a nossa Constituição democrática.”

Outras conexões da AfD com o bolsonarismo

A visita de Beatrix von Storch aos deputados Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis não é a única conexão recente entre membros da AfD e a cena bolsonarista/ultraconservadora brasileira. Em 2018, na ocasião da eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, a conta no Twitter da bancada da AfD no Bundestag reproduziu uma mensagem do deputado Petr Bystron felicitando Bolsonaro pela vitória.

Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo
O clã Bolsonaro compartilha várias ideias com a AfD

“Jair Bolsonaro é um conservador franco que vem trabalhando para combater a corrupção de esquerda e restaurar a segurança e prosperidade para o seu povo”, disse em nota o deputado. “Como ocorre com a AfD, ele foi inimizado por todos os lados por ser um outsider que desafiou o sistema”, completou Bystron.

Em março de 2021, o deputado da AfD Waldemar Herdt viajou a São Paulo para visitar o Templo de Salomão e se encontrar com pastores da Igreja Universal do Reino de Deus. Nascido no Cazaquistão, Herdt faz parte da minoria alemã-russa que foi deportada pelo regime soviético para a Ásia Central durante a ditadura de Josef Stalin. Quase todos os membros desse grupo migraram para a Alemanha nos anos 1990, após o fim do comunismo. Dentro da AfD, Herdt é um dos representantes da ala cristã ultraconservadora, a mesma de Von Storch.

Após as críticas pela sua recepção a Von Storch, a deputada bolsonarista Bia Kicis afirmou: “A deputada Beatrix von Storch é uma parlamentar conservadora, que denuncia política de imigração na Alemanha e ataques às liberdades individuais, como a liberdade de expressão. Nada desabona sua conduta, por tudo que pesquisei. É a mesma narrativa contra conservadores aqui e no mundo.”

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