segunda-feira, 31 de dezembro de 2012



2013: coragem para se renovar




Texto de Leonardo Boff

Há mais de quinze anos atrás publiquei no Jornal do Brasil um artigo sob o título “Rejuvenescer como águias”. Relendo aquelas reflexões me dei conta como de elas são ainda atuais nos tempos maus sob os quais vivemos e sofremos. Retomo-as para alimentar nossa esperança enfraquecida e ameaçada pelas ameaças que pesam sobre a Terra e a Humanidade. Se não nos agarrarmos a alguma esperança, perdemos o  horizonte de futuro e corremos o risco de nos entregarmos ao desamparo imobilizador ou à resignação estéril.
Neste contexto lembrei-me de um mito da antiga cultura mediterrânea sobre o rejuvenescimento das águias.
De tempos em tempos, reza o mito, a águia, como a fênix egípcia, se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então as penas se incendeiam e ela toda começa a arder. Quando chega a este ponto, ela se precipita do céu e se lança qual flecha nas águas frias do lago. E o fogo se apaga. Mas através desta experiência de fogo e de água, a velha águia rejuvenesce totalmente: volta a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude. Seguramente este mito constitui o substrato cultural do salmo 103 quando diz:”O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia”.
E aqui precisamos ser um pouco psicólogos da linha de C.G. Jung que tanto se ocupou do sentido dos mitos. Segunda esta interpretação, fogo e água são opostos. Mas quando unidos, se fazem poderosos símbolos de transformação.
O fogo simboliza o céu, a consciência e as dimensões masculinas no homem e na mulher. A água, ao contrário, a terra, o inconsciente e as dimensões femininas no homem e na mulher.
Passar pelo fogo e pela água significa, portanto, integrar em si os opostos e crescer na identidade pessoal. Ninguém ao passar pelo fogo ou pela água permanece intocado. Ou sucumbe ou se transfigura, porque a água lava e o fogo purifica.
A água nos faz pensar também nas grandes enchentes como conhecemos em 2010 nas cidades serranas do Estado do Rio. Com sua força tudo carregam, especialmente o que não tem consistência e solidez. São os infortúnios da vida.
E o  fogo nos faz imaginar o cadinho ou as fornalhas que queimam e acrisolam tudo o que não é ganga e não é essencial. São as notórias crises existenciais. Ao fazermos esta travessia  pela “noite escura e medonha”, como dizem os mestres espirituais, deixamos aflorar nosso eu profundo sem a ilusões do ego. Então amadurecemos para aquilo que é autenticamente humano e verdadeiro. Quem recebe o batismo de fogo e de água rejuvenesce como a águia do mito antigo.
Mas abstraindo das metáforas, que significa concretamente rejuvenescer como águia? Significa entregar à morte todo o  velho que existe em nós para que o novo possa irromper e fazer o seu curso. O velho em nós são os hábitos e as atitudes que não nos engrandecem: a vontade de ter razão e vantagem em tudo, o descuido para com o lixo, o desperdício da água e o desrespeito para com a natureza, bem como a falta de solidariedade para com os necessitados, próximos e distantes. Tudo isso deve ser entregue à morte para podermos inaugurar uma forma de convivência com os outros que se mostre generosa e cuidadosa com a nossa Casa Comum e com o destino das pessoas. Numa palavra, significa morrer e ressuscitar.
Rejuvenescer como águia significa também desprender-se de coisas que um dia foram boas e de ideias que foram luminosas mas que lentamente, com o passar dos anos, se tornaram ultrapassadas e incapazes de inspirar o caminho da vida. Temos que nos renovar na mente e no coração.
Rejunecer como águia significa ter coragem para recomeçar e estar sempre aberto a escutar, a aprender e a revisar. Não é isso que nos propomos a cada  novo ano?
Que o ano de 2013 que se inaugura, seja oportunidade de perguntar o quanto de galinha existe em nós que não quer outra coisa senão ciscar o chão  e o quanto de águia há ainda em nós, disposta a rejuvenescer ao confrontar-se valentemente com os tropeços e as crises da vida. Só então cresceremos e a vida valerá a pena.
E não podemos esquecer aquela Energia poderosa e amorosa que sempre nos acompanha e que move o inteiro universo. Ela nos habita, nos anima e confere permanente sentido de lutar e de viver.
Que o Spiritus Creator nunca nos falte!
Feliz Ano novo de 2013.
Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/2012/12/31/2013-coragem-para-se-renovar/

A Esperança é a Intuição da Essência Oculta que sustenta a Vida


Antônio Gramsci e a inutilidade dos Indiferentes


A vida como expressão de um ponto de vista


O Ano só se torna realmente Novo se Renovarmos Nossos Pensamentos e Percepções



O Ano Novo só será realmente Novo se Renovarmos nossas Ideias ante as velharias de um sistema impessoal, utilitarista e cada vez mais mecanicista, resgatando o humano, o cuidado e a gratuidade, buscando a solidariedade e não a competitividade.


Carlos Antonio Fragoso Guimrães

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Os problemas causados por um modo de consciência são resolvidos por um modo superior de consciência


"Um problema não pode ser resolvido no mesmo nível de consciência que o criou. Você precisa ir para o próximo nível".

Albert Einstein

Nosso lugar no conjunto dos Seres



Texto de Leonardo Boff


  A ética da sociedade dominante no mundo é utilitarista e antropocêntrica. Quer dizer: falsamente considera que o conjunto dos seres da natureza somente possui razão de existir na medida em que serve ao ser humano e que pode dispor deles a seu bel-prazer.
  Continua acreditando que o ser humano, homem e mulher é o centro do universo e rei e rainha da criação.
  Mal sabe que, nós humanos, fomos um dos últimos seres a entrar no teatro da criação. Quando 99,98% de tudo já estava pronto, surgimos nós. O universo, a Terra e os ecossistemas não precisaram de nós para se organizarem e ordenarem sua majestática elegância e beleza.
  Cada ser possui valor intrínseco, independente do uso que fazemos dele. Ele representa uma emergência daquela Energia de fundo, como falam os cosmólogos, ou daquele Abismo gerador de todos os seres. Tem algo a revelar que só ele o pode fazer. E nós a escutar e a celebrar o que nos disser.
  Nós entramos no processo da evolução quando esta alcançou um patamar altíssimo de complexidade. Então irrompeu a vida e como subcapítulo da vida, a vida humana, consciente e livre. Por nós o universo chegou à consciência de si mesmo. E isso ocorreu numa minúscula parte do universo que é a Terra. Por isso nós somos aquela porção da Terra que sente, ama, pensa, cuida e venera. Somos Terra que anda, como diz o poeta e cantador indígena argentino Atauhalpa Yupanqui.
  A nossa missão específica, nosso lugar no conjunto dos seres, é o de sermos aqueles que podem ver a grandeur do universo, escutar as mensagens que cada ser enuncia e celebrar a diversidade dos seres e da vida.
  E porque somos portadores de sensibilidade e de inteligência temos uma missão ética: de cuidar da criação e sermos os guardiães dela para que continue com vitalidade e integridade e com as condições de ainda evoluir já que está evoluindo há 4,4 bilhões de anos.
  Cumpre, portanto, reconhecer e respeitar a história de cada ser da criação, vivo ou inerte. Existiram antes de nós e por milhões e milhões de anos sem nós. Por esta razão devem ser respeitados como respeitamos as pessoas mais idosas e as tratamos com respeito e amor. Eles também tem direito ao presente e ao futuro junto conosco.
  Leonardo Boff
  28/12/2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Leonardo Boff sobre O Natal


Natal: um mito cristão verdadeiro


Texto de Leonardo Boff

24/12/2012

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/2012/12/24/natal-um-mito-cristao-verdadeiro/



  Há poucas semanas, com pompa e circunstância, o atual Papa mostrou-se novamente teólogo ao lançar um livro: “A Infância de Jesus”. Apresentou a versão clássica e tradicional que vê naqueles relatos idílicos uma narrativa histórica. O livro deixou os teólogos perplexos, pois a exegese bíblica sobre estes textos,  há já pelos menos 50 anos, mostrou que não se trata propriamente de um relato histórico, mas de alta e refinada teologia, uma maneira de destacar algo da figura especial de Jesus, elaborada pelos evangelistas Mateus e Lucas (Marcos e João nada falam da infância de Jesus) para provar que Jesus era de fato o Messias, o filho de Davi e o Filho de Deus.
Para esse fim, recorrem a gêneros literários para apresentar uma mensagem, transmitida como se fossem histórias mas que de fato não passam de recursos literários, como, por exemplo, os magos do Oriente (representando os pagãos e os sábios), os pastores (os mais pobres e considerados pecadores por estarem às voltas com animais que os tornavam impuros), a Estrela e o anjos (mostrando o caráter divino de Jesus), Belém que não seria uma referência geográfica mas teria um significado teológico: o lugar onde, segundo as profecias, nasceria o Messias, diferente de Nazaré, totalmente desconhecida, onde Jesus provavelmente teria nascido de fato. E assim outros tópicos como detalhadamente analisei em meu Jesus Cristo Libertador (capitulo VIII).Mas tudo isso não é muito importante porque exige conhecimentos muito especializados.
Importante mesmo é compreender que face aos relatos tão comovedores do Natal estamos diante de um grandioso mito, entendido positivamente como os antropólogos o fazem: o mito como a transmissão de uma verdade tão profunda que somente a linguagem mítica, figurada e simbólica é adequada para expressá-la. É exatamente o que o mito pretende. O mito é verdadeiro quando o sentido que quer transmitir é verdadeiro e ilumina toda a comunidade. Assim o Natal é um mito cristão cheio de verdade, da proximidade de Deus e da familiaridade.
Nós hoje usamos outros mitos para mostrar a relevância de Jesus. Para mim é de grande significação um mito antigo, que a Igreja aproveitou na liturgia do Natal para revelar a comoção cósmica face ao nascimento de Cristo. Ai se diz:
”Quando a noite estava no meio de seu curso e fazia-se profundo silêncio: então as folhas que farfalhavam pararam como mortas; então o vento que sussurrava, ficou parado no ar; então o galo que cantava parou no meio de seu canto; então as águas do riacho que corriam, se paralisaram; então as ovelhas que pastavam, ficaram imóveis; então o pastor que erguia o cajado para golpeá-las, ficou petrificado; então nesse momento tudo parou, tudo silenciou, tudo se suspendeu porque nasceu Jesus, o salvador da humanidade e do universo”.
O Natal nos quer comunicar que Deus não é aquela figura severa e de olhos penetrantes para perscrutar nossas vidas. Não. Ele surge como uma criança. Ela não julga; só quer receber carinho e brincar.
Eis que do presépio veio uma voz que me sussurrou: ”Oh, criatura humana, por que tens medo de Deus? Ele não se fez criança? Não vês que sua mãe enfaixou seus bracinhos e seu corpinho frágil? Não percebes que ela não ameaça ninguém? Nem condena ninguém? Não escutas o seu chorinho doce? Mais que ajudar, essa criança precisa ser ajudado e coberta de carinho porque sozinha não pode fazer nada; não sabes que ela é o Deus-conosco-como nós?”
E ai já não pensamos mais mas damos lugar ao coração que sente, se compadece e ama. Poderíamos fazer outra coisa diante desta Criança, sabendo que é o Deus humanado?
Talvez poucos escreveram tão bem sobre o Natal, sobre Jesus Criança, que o poeta português Fernando Pessoa: ”Ele é a eterna criança, o Deus que faltava. Ele é o divino que sorri e que brinca. É a criança tão humana que é divina”.
Mais tarde transformaram o Menino Jesus no São Nicolau, no Santa Claus e, por fim, no Papai Noel. Pouco importam os nomes, porque no fundo, o espírito de bondade, de proximidade e de Presente divino está, de alguma forma, lá.
Acertado foi o editorialista Francis Church do jornal The New York Sun de 1897 respondendo a uma menina de 8 anos, Virgínia, que lhe escreveu: “Prezado Editor: me diga de verdade, o Papai Noel existe?” E ele sabiamente respondeu:
“Sim, Virgínia, Papai Noel existe. Isto é tão certo quanto a existência do amor, da generosidade e da devoção. E você sabe que tudo isto existe de verdade, trazendo mais beleza e alegria à nossa vida. Como seria triste o mundo se não houvesse o Papai Noel! Seria tão triste quanto não existir Virgínias como você. Não haveria fé das crianças, nem a poesia e a fantasia que tornam nossa existência leve e bonita. Mas para isso temos que aprender a ver com os olhos do coração e do amor. Então percebemos que não há nenhum sinal de que o Papai Noel não exista. Se existe o Papai Noel? Graças a Deus ele vive e viverá sempre que houver crianças grandes e pequenas que aprenderam a ver com os olhos do coração”
Nesta festa, tentemos a olhar com os olhos do coração, pois todos fomos educados a olhar com os olhos da razão. Por isso somos frios. Hoje vamos resgatar os direitos do coração que é caloroso: deixar-nos comover com nossas crianças, permitir que sonhem e nos encher de estremecimento diante da Divina Criança que sentiu prazer e alegria ao decidir ser um de nós pela encarnação.
PS. Desejo aos leitores e leitoras de meu blog um Natal de esperança pois precisamos dela no meio de um mundo em voo cego rumo a um futuro incerto. Mas uma Estrela como a de Belém nos mostrará um caminho salvador. E chamaram Jesus de Emanuel, o Deus que caminha conosco, entro e ao nosso lado.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Individuação




Individuação

Dentro do escondido âmago
imerso nas sombras do Eu
perco-me, em meu frágil ego, a procurar
juntar, em um só todo, todos os pedaços meus

A estranha teimosia de buscar manter-me
acaba por transformar-se, aquietar
e de pueris arrogâncias, selvagens defeitos, expurgo ao torcer-me,
abrindo a mente ao novo  que virá

E assim, tento, sou levado, sigo
de vida em vida caminhando ou parando
Dando forma ao ser único que  sou
Continuando a trabalhar o instrumento
aprendendo ainda a tirar novos sons, menos tormentos
Sigo  aspirando, sonhando,
até chegar o momento em que possa perceber-me
indescritível harmonia de contrários.

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Linguagem e Significado dos Mitos




A linguagem e função das Imagens, Símbolos e Mitos

Texto de 

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

   Da mesma forma como sonhamos individualmente e estes sonhos possuem elementos de nossa psicologia que apontam para etapas de nosso desenvolvimento pessoal, os mitos nascem do meio da coletividade e apontam para o estágio de desenvolvimento de uma sociedade.

  Freud e Jung demonstraram que a linguagem mais fundamental e própria de nosso psiquismo é fundamentalmente simbólica, imagética (o que não inclui somente imagens, mas representações conceituais e/ou sonoras atreladas a um sentimento ou ideia). Muitas vezes, a sabedoria intuitiva se expressa por imagens ou representações que incluem o que nos é conhecido, mas apresentados de algumas maneiras paradoxais, porque elas tenta, através das imagens e símbolos, apontar para alguma coisa ainda não conhecida ou vivenciada, mas que pode ser conhecida, pode ser vivenciada. Por isso, como diz Joseph Campbell, os mitos são, como os sonhos, expressões da sabedoria da vida, da vida humana. Frequentemente trazem temas universais que vestem roupagens das culturas locais, mas sempre se referindo a um enredo atemporal conhecido de quase todas as pessoas. Por isso, tanto um médico de São Paulo quanto um índio do Xingu podem ter sonhos ou gostarem de um conto que, tirando as diferenças superficiais das roupagens culturais, possuem uma mesma temática, que pode ser desde a jornada épica de um herói ao modo como se dá a paixão entre um homem e uma mulher, por exemplo.

  Como bem aponta o filósofo e historiador romeno Mircea Eliade, as imagens, símbolos e mitos apontam para aquele conteúdo profundo que é próprio da espécie humana: a capacidade de buscar sentido na vida e no mundo, e estes sãos os meios de nossa alma de expressar seus anseios, suas tendências de desenvolvimento (ou de estagnação). As imagens, símbolos e mitos são a linguagem figurada da alma e veículos de uma sabedoria só possível de ser "entendida" quando a aceitamos tal qual se nos apresentam para, assimiladas, poderem ser refletidas na alegoria de sua sabedoria sintética e poética, que ainda não foi deturpada pela racionalização ou pela seleção dos preconceitos de uma sociedade hiper-pragmática e voltada para as coisas externas como a nossa.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A melhor mensagem de Natal passa longe do consumismo...




  A melhor mensagem de Natal não é aquela associada ao consumismo, nem à neurose das aparências, mas sim aquela que sai da alma que, por pelo menos uma hora, relembra do esquecido aniversariante e, mais ainda, do seu exemplo no silêncio de nossos corações  que, sensibilizado, se abre aos corações daqueles que a vida nos deu por acompanhantes no caminhar comum da existência...


Carlos Antonio Fragoso Guimarães

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Adeus, Oscar... Obrigado pelo exemplo!


Grato, Oscar
Pela genialidade
Pela generosidade
Pela ousadia de ousar sonhar
Por ter enfrentado a arrogância e a Ignorância da Direita
Por ter mantido a coerência
Pelo exemplo de vida!

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Aquilo que nos sensibiliza já existia em nós


Nada posso te dar que já não exista em ti mesmo. Não posso abrir-te outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada te posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu te ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo... e isso é tudo...

Hermann Hesse

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Beleza de Ser Gente, segundo Paulo Freire



Gosto de ser gente 

porque a História em que me faço com
os outros e de cuja feitura tomo parte

é um tempo de possibilidades 
e não de determinismos.

Paulo Freire

domingo, 28 de outubro de 2012

Leonardo Boff em análise da crise originária, "mensalão" e o STF na presente situação

Crise originária, “mensalão” e o Supremo Tribunal Federal 

Leonardo Boff



Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com/2012/10/28/crise-originaria-mensalao-e-o-supremo-tribunal-federal/

28/10/2012

Deve-se respeitar o veredito da Suprema Corta de Justiça da nação, pois representa um dos poderes supremos de um estado democrático de direito. Entretanto, tal fato, não isenta o cidadão de expressar interrogações e fazer suas críticas. Isso também pertence ao estado democrático de direito. O que vou externar neste artigo seguramente colherá a contradição de não poucos. Respeito a opinião divergente. Mas nem por isso deixarei, por razões de cidadania e de ética, de fazer algumas ponderações suscitadas não apenas por mim mas por notáveis analistas e juristas deste país, em vários meios de comunicação, especialmente, no Boletim Carta Maior entre outros. Mas vamos ao escrito.

 Coloquemo-nos, por um momento, na pele dos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal. Tiveram que se confrontar com um processo de 60 mil páginas: a Ação Penal 470, chamado também de “mensalão”. Enfrentaram uma tarefa hercúlea. Após leitura e meditação do volumoso acervo, impõe-se à Suprema Corte a primeira e desafiadora tarefa: formar convicção sobre a condenação ou não dos incriminados e o tipo de pena a ser cominada. Mas quando se trata de tirar o dom mais precioso de um cidadão depois da vida – a liberdade – especialmente de políticos que ocupavam altos cargos de governo e que em suas biografias ostentam marcas de prisões, torturas e exílios por conta da reconquista da democracia, sequestrada pela ditadura militar, devem prevalecer rigorosamente a isenção e a independência; devem falar mais alto as provas nos autos que os meros indícios, ilações, a pressão da mídia e o jogo político. Para conferir ordem à argumentação fez-se mister criar uma narrativa coerente que, fundada nos autos, sustentasse uma decisão convincente e justa.

 Aqui tem seu lugar a subjetividade que é o natural e inevitável momento ideológico, ligado à cosmovisão dos Ministros, à suas biografias, às relações sociais que nutrem e à sua leitura da política nacional. Isso é livre de crítica.

 O sentido de crise

 É neste contexto que me veio à mente uma categoria fundamental da filosofia moderna, pelo menos desde Kierkegaard, Husserl e Ortega y Gasset: a crise. Para eles e para nós, a crise não é um mal que nos sobrevém; ela pertence essencialmente à vida. Onde há vida há crise: de nascimento, de crescimento, de amadurecimento, de envelhecimento e a grande crise da morte. A pesquisa mostrou que o conceito de crise, em sua gênese filológica, é inerente à atividade do judiciário e da medicina. Por isso a abordamos no contexto do “mensalão”. Seu sentido vem do sânscrito, nossa língua originária, do grego e do chinês.

 Em sânscrito, crise vem de kri ou kir que significa desembaraçar (scatter, scattering), purificar (pouring out) elimpar.De crise vem as palavras acrisolar e crisol. A crise atua como um crisol (cadinho que purifica o ouro das gangas); acrisola (purifica, limpa) um processo vital ou histó­rico dos elementos que se lhe incrustaram a ponto de encobrir o seu cerne verdadeiro. Crise designa, portanto, o processo de liberação do núcleo central da questão, desembaraçada de elementos acidentais. Depois de qualquer crise, seja corporal, psíquica, moral, interior e religiosa o ser humano sai purificado, libertando forças para uma vida mais vigorosa e com novo sentido.

 Todo processo de purificação implica uma de-cisão que instaura uma cisão entre o verdadeiro e falso, entre o substancial e o acidental. Dai seu caráter doloroso, não raro, dramático. De crise vem ainda a palavra critério que é a medida pela qual se pode discernir o autêntico do inautêntico e o correto do corrupto.

 Em grego crise (krisis, krínein) significa também a de-cisão num processo judicial. O juiz estuda as acusações, verifica as provas nos autos, processualmente pesa e sopesa os prós e os contras e deixa cair a de-cisão. Introduz uma cisão entre a dúvida e a certeza, entre a prova e apenas os indícios. O mesmo ocorre com uma consulta médica. O médico examina os sintomas, conjuga os vários elementos e decide: o diagnóstico é esse.

 A todo este processo de amadurecimento de uma decisão ou diagnóstico os gregos chamavam de crise. Quando se tomou a de-cisão, acaba a crise. Reina a certeza e a tranquilidade da consciência. Quando um doente supera o “ponto crítico” é sinal que começou a cura e o médico, em breve, decide dar-lhe alta do hospital.

 Efetivamente, na crise não se trata de opinar sobre algo mas de decidir sobre algo depois de um processo de criação de convencimento a partir de provas seguras.

 Em chinês, a palavra crise resulta de dois kanjis: um para perigo e outro para oportunidade. Viver é perigoso (G. Rosa) mas prenhe de oportunidades. É sempre perigoso lançar um juízo seja pelo juiz seja pelo médico. Mas todo juízo cria a oportunidade de tirar a limpo as incriminações, responder às dúvidas e mediante uma decisão conforme à lei, consolidar a convicção.

 Politização do STF? 

 O que expusemos designa o conceito ideal de crise (Max Weber) que possui uma função heurística (orientadora). Na prática, o tratamento da crise é aproximativo e não isento de ambiguidades. No caso da Ação Penal 470 cabe perguntar: fazer coincidir o julgamento com as eleições municipais não é entrar no jogo político, oferecendo uma poderosa arma a um lado dos contendores? Não há o sério risco de com isso se comprometer os princípios da isenção e da imparcialidade? Utilizar-se da polêmica teoria “do domínio do fato total” para enquadrar a maioria dentro de um raciocínio lógico-dedutivo, não empalidece o princípio básico da “presunção da inculpabilidade”? No furor condemnandi visível na linguagem adjetivada de alguns Ministros, não ocorreu um excesso de imputação?

 A verdade é que réus foram e devem ser condenados por crimes e delitos que cometeram, irrefutavelmente comprovados, seja do PT seja da base aliada, pouco importa a importância do cargo e da respectabilidade da biografia. A lei vale indistintamente para todos.

 Mas os delitos foram de várias naturezas e em circunstâncias diferenciadas. Pode-se colocar a todos num mesmo saco, o famoso “domínio do fato” apenas com diferenciações? Cabe a razão jurídica debruçar-se sobre esta questão crucial.

 Seguramente o julgamento foi legal (segundo as leis) e moral (realizado por Ministros conscientes e doutos). Mas ele foi suficientemente ético no sentido da irrestrita observância dos princípios da isenção, da independência e da presunção da inocência, livre da forte tendência a condenar? Caso se confirmar a suspeita de que a condenação de José Genoino e José Dirceu se fez apenas por indícios e por ilações sem provas suficientes nos autos e por causa disso forem enviados à prisão, estes podem se considerar “prisioneiros políticos”, impossível num regime democrático de direito. Dificilmente pode-se escapar da crítica de um tribunal de exceção e de possível corrupção ética no procedimento judicial. Há dúvidas a serem dirimidas. À história caberá a última palavra.

 Chamamento à conversão e à esperança 

 Por fim, importa reconhecer que o PT que porfiou por ética na política (políticos responsáveis e honestos) e por ética da política (instituições e procedimentos segundo valores e princípios), com o “mensalão” de alguns de seus membros, abriu uma ferida no partido como um todo, que por muito tempo irá sangrar. Muitos, mesmo não inscritos no partido como eu, havíamos depositado confiança na séria dimensão ética das práticas políticas do PT. Nós intelectuais, podemos ficar frustrados face aos delitos eventualmente cometidos, mas o povo confiante não merece sentir-se traído e ludibriado como tantas vezes na história.

 Quem caiu sempre pode se levantar a recomeçar. É o que cobramos do PT sem o que perde credibilidade e dificilmente pode mais se apresentar como alternativa a um tipo de política que incorpora em seus hábitos a corrupção e o uso indevido do poder público para garantir vitórias. Criou-se um vazio que clama ser preenchido ou pelo PT reconvertido ou por outros atores e partidos que levantem a bandeira da ética e orientam suas práticas políticas por princípios e valores. Nisso nossa esperança não desfalece.


Leonardo Boff é professor emérito de Ética da UERJ e membro da Comissão Internacional da Carta da Terra

 Fonte: Jornal do Brasil on line de 28/10/2012

Assange e a Justa Luta por Justiça

"Toda a vez que presenciamos uma injustiça
e não agimos,
Nós estamos treinando nosso caráter
para ser passivo com o ocorrido.
E é assim que acabamos por perder
toda a capacidade
de nos defendermos
e defendermos
a quem amamos"

Julian Assange

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O 11 de setembro ocorre todos os dias pelo mundo...

Como ocorreu em 11 de setembro de 1973, no Chile... e ainda continua pelo mundo.... Não que eu seja indiferente aos inocentes de Nova York no 11 de setembro de 2001.... Mas isso não deveria ser motivo para tanta violência, nem antes, nem depois...


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O momento único de estar consigo mesmo é o da verdade



É quando você é levado a estar consigo mesmo que você ou descobre que está em paz por se aceitar, ou se sente um estranho por nunca se ter conhecido e, assim, por não ter sido o que achava que deveria...
 
Carlos Antonio Fragoso Guimarães

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O presente do tempo esquecido

Ai de quem espera sempre tudo para o amanhã... Chegando lá e vendo que o esperado se fez diferente, poderá ter saudade do hoje, que é um precioso presente... 

 Carlos Antonio Fragoso Guimarães


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pensar faz toda a perigosa diferença


Em todas as épocas há aqueles que são levados a agir como massa e há aqueles que abrem caminhos novos por pensar por sí próprios.... Mas é comum que quem assim o faça seja condenado pela massa...

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

terça-feira, 26 de junho de 2012

A liberdade no capitalismo

"Os capitalistas chamam 'liberdade' a dos ricos de enriquecer e a dos operários para morrer de fome. Os capitalistas chamam liberdade de imprensa a compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública."

 Vlademir Iich Lenin


domingo, 22 de abril de 2012

Meus agradecimentos ao gênio...


Por sua genialidade,
Por vossa simpatia,
Pela sua eterna jovialidade,
Pelo seu imenso carisma,
Pela sua capacidade,
Pelo seu sonho que nos faz sonhar,
Por toda a sua capacidade,
MUITO OBRIGADO, PAUL McCARTNEY!!!!

Homenagem aos momentos mágicos do Show de Sir Paul McCartney em Recife, dia 21 de abril de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Aprender com a amizade


Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.
Miguel de Unamuno

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Reencarnação: evidências possíveis na recordação espontânea de crianças


Memória Extra-Cerebral: Evidências a favor da Reencarnação

Carlos Antonio Fragoso Guimarães



Memória Extra-Cerebral.... É este o termo técnico usado por cientistas e parapsicólogos para as lembranças espontâneas de crianças que, geralmente a partir do começo da fala ao redor dos dois anos, parecem demonstrar recordações referentes a pessoas e fatos existentes ou ocorridas antes de seu nascimento (STEVENSON, 1995; ANDRADE, 1993; SHRONDER, 2001). As crianças não dizem lembrar-se que vêem tais pessoas ou fatos, mas que são estas pessoas e que vivenciaram pessoalmente estes fatos.

A memória extra-cerebral traz o incômodo paradoxo de que as lembranças narradas (e, em vários casos, posteriormente confirmadas através de documentos, etc.) não foram registradas através da aparelhagem neuropsicomotora do sujeito que as detêm, mas, a principio, pelo "cérebro" e demais órgãos sensoriais de uma outra pessoa, impreterivelmente morta à época em que a criança espontaneamente narra suas lembranças, muitas vezes referentes a outras famílias e em outros locais que não estão em relação com a família da criança hoje (STEVENSON, 1995; ANDRADE, 1993; SHRODER, 2001). Este fenômeno faz questionar se o modelo mecanicista da mente dominante na ciência não será limitado demais... Pois o fenômeno parece ter um substrato psíquico não necessariamente associado ao sistema nervoso da criança que recorda.

Hoje, a pesquisa da Memória Extra-Cerebral adentra os corredores das universidades. Entre estas, temos de destacar as pesquisas iniciadas pelo Dr. Ian Stevenson na Universidade de Virgínia, Estados Unidos, onde foi professor de Psiquiatria e Psicologia e, mas recentemente, chefe da Divisão de Estudos da Personalidade. A Psychical Research Foundation, da mesma universidade, possui uma revista própria, científica, dedicada a todos os aspectos metodológicos da pesquisa que sugiram a sobrevivência após a morte do corpo físico, incluindo todos os fenômenos parapsicológicos, além dos estudos de casos de Memória Extra-Cerebral. A revista chama-se THETA, não sem razão o nome dado aos prováveis agentes não-físicos causadores de vários dos fenômenos paranormais ligados à teoria da sobrevivência (Poltergeists, Memória Extra-Cerebral, Aparições, etc.). As pesquisas neste sentido realizadas por pesquisadores da Universidade de Virgínia ganhou o nome de "Projeto THETA".

Diversos fatores diferenciais são utilizados como métodos e técnicas de indícios de Reencarnação. Citemos:

1) Experiências de Regressão de Memória Artificialmente Provocadas quer seja através de hipnose ou de relaxamento profundo. Tem o incoveniente de que a sugestão da regressão possa provocar lembranças fictícias para atender a expectativa do hipnólogo, mas, ao mesmo tempo, pode atingir realmente instâncias profundas do inconsciente (PINCHERLE, 1990);

2) Regressão de Memória Espontânea. Caso raro em que certas pessoas entram em transe espontâneo e recordam de eventos prováveis de vidas passadas;

3) Memórias Espontâneas. Geralmente ocorrem em crianças e adolescentes que, em dado momento, começam a recordar nitidamente reminiscências ligadas a uma personalidade que elas dizem ser em outro tempo e lugar. Em algumas destas lembranças existem marcas de nascença que, de alguma forma, estão ligados a traumas físicos que elas dizem ter causado a morte na sua vida anterior.

Entre os primeiros investigadores europeus a realizar estudos sobre memórias espontâneas ligadas a marcas de nascença, está o Dr. Resart Bayer, psiquiatra e presidente da Sociedade Turca de Parapsicologia. Fala o Dr. Bayer que "Certos sinais ou marcas congênitas, muito evidentes, como cicatrizes, etc., que não têm explicações dentro das leis biológicas mas que obrigatoriamente têm de ter uma causa" geralmente associadas às lembranças espontâneas em sua quase totalidade ligadas a ferimentos e traumas que causaram a morte em outra vida, e obrigam a ciência a ocupar-se com seriedade destes fenômenos.

O Dr. Stevenson publicou um livro, em dois volumes, com mais de mil páginas, com casos documentados de memórias espontâneas ligadas a marcas de nascença (STEVENSON, 1997). Estes casos são muito raros, mas o conjunto de casos levantados por Stevenson e colaboradores não podem ser negligenciados como as melhores evidências a favor da hipótese da Reencarnação.

Bibliografia

  • Andrade, Hernani Guimarães. Reencarnação no Brasil. Matão, 1993, Casa Editora O Clarim.
  • Shroder, Tom. Almas Antigas - A busca de evidências científicas da reencarnação. Rio de Janeiro, Sextante, 2001.
  • Pincherle, Livio et al. Terapia de Vida Passada. São Paulo, Summus Editorial, 1990.
  • Stevenson, Ian. Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. Charlotteville, University Press of Virginia, 1995.
  • ______________ Reincarnation and Biology, vol. 1: BirthmarksVol. 2: Birth Defects and Other Anomalies. Esport, Connecticut. Prager, 1997
(Publicado no Boletim GEAE Número 456 de 27 de maio de 2003)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Florbela Espanca: Silêncio!...

Silêncio!...

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!






Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A Ventania



A ventania
Assovia o vento dentro de mim
Estou despido
Dono de nada
Dono de ninguém
Nem dono de minhas certezas
Sou minha cara contra o vento
A contra-vento
E sou o vento
Que bate em minha cara. 

Eduardo Galeano

A beleza interior que quase ninguém vê



Perguntarão pela tua alma, a alma
que é ternura, bondade, tristeza, amor.
Mas tu mostrarás a alma do teu voo
livre por entre os mundos.
E eles compreenderão que a alma pesa.
Que é um segundo corpo,
e mais amargo,
porque não se pode mostrar,
porque não se pode ver...

Cecília Meirelles

A música do poeta



Canta, poeta, canta
Violenta o silêncio conformado
Cega com outra luz a luz do dia
Desassossega o mundo sossegado
Ensina a cada alma a sua rebeldia.

Miguel Torga (1907-1995)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Antropofagia Civilizatória



"Não só vos devorais uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos devorassem os grandes, bastaria um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande."
Padre Antônio Vieira

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sentir além do cálculo vale ainda a pena?


Será tolo o pequeno coração que teima ainda em bater e sentir em um mundo cada vez mais mecanizado?

Carlos

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

domingo, 1 de janeiro de 2012

Mensagem de Ano Novo

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade