segunda-feira, 23 de junho de 2014

Luis Nassif: a Homogeinização e "a Cartelização mediocrizante da Notícia"




Extraído do LUIS NASSIF ONLINE:

1.     TODOS os grupos de mídia fizeram a mesma cobertura negativa da Copa, com os mesmos tons de cinza, o mesmo destaque às irrelevâncias prejudicando seu próprio departamento comercial, pelo desânimo geral que chegava aos anunciantes.
2.     NENHUM grupo preparou uma reportagem sequer mostrando os detalhes de uma organização exemplar, que juntou governos federal, estadual, municipal, Ministério Público, Tribunais de Conta, Polícia Federal, Secretarias de Segurança, departamentos de trânsito, construtoras, fundos de investimento. NENHUM!
3.     Depois, TODOS fazem o mea culpa e passam a elogiar a Copa no mesmo momento.
4.     Na CPMI de Carlinhos Cachoeira TODOS atuaram simultaneamente para abafar as investigações.
5.     Na do “mensalão”, TODOS atuaram na mesma direção, no sentido de amplificar as denúncias e esmagar qualquer medida em favor dos réus, até as mais irrelevantes.
6.     Na Operação Satiagraha, pelo contrário, TODOS saíram em defesa do banqueiro Daniel Dantas, indo contra a tendência histórica da mídia de privilegiar o denuncismo.
7.     No episódio Petrobras, TODOS repetiram a mesma falácia de que a presidente Maria da Graça disse que foi um mau negócio e o ex-presidente José Sérgio Gabrielli disse que foi bom negócio. O que ambos disseram é que, no momento da compra, era bom negócio; com as mudanças no mercado, ficou mau negócio. TODOS cometeram o mesmo erro de interpretação de texto e martelaram durante dias e dias, até virar bordão.
8.     No anúncio da Política Nacional de Participação Social, TODOS deram a mesma interpretação conspiratória, de implantação do chavismo e outras bobagens do gênero, apesar das avaliações dos próprios especialistas consultados, de que não havia nada que sugerisse a suspeita. Só depois dos especialistas desmoralizarem a tese, refluíram - com alguns veículos ousando alguma autocrítica envergonhada.
É um cartel, no sentido clássico do termo.
Uma empresa jornalística que de fato acredite no seu mercado jamais incorrerá nos seguintes erros:
1.     Trabalhar sem nenhuma estratégia de diferenciação da concorrência, especialmente se não for o líder de mercado. A Folha tornou-se o maior jornal brasileiro, na década de 80, apostando na diferenciação inteligente.
2.     Atuar deliberadamente para derrubar o entusiasmo dos consumidores e anunciantes em relação ao seu maior evento publicitário da década: a Copa do Mundo.
3.     Expor de tal maneira a fragilidade do seu principal produto – a notícia -, a ponto de municiar por meses e meses seus leitores com a versão falsa de que tudo daria errado na Copa e, depois, ter que voltar atrás. Em nenhum momento houve uma inteligência interna sugerindo que poderia ser um tiro no pé. Ou seja, acreditaram piamente nas informações falsas que veiculavam - a exemplo do que ocorreu com a maxidesvalorização de 1999.
4.     Nos casos clássicos de cartel, um grupo de empresas se junta para repartir a receita e impedir a entrada de novos competidores. No caso brasileiro, a receita publicitária cada vez mais é absorvida pelo líder – a Globo – em detrimento dos demais integrantes do grupo. Para qualquer setor organizado da economia, essa versão brasileira de cartel será motivo de piada.
Tudo isso demonstra que há tempos os grupos de mídia deixaram de lado o foco no mercado e no seu público. Não se trata apenas da perda de espaço com a Internet. Abandonaram o produto principal – a confiabilidade da notícia – para atuar politicamente, julgando estar na política sua tábua de salvação.
A sincronização de todas as ações, em todos os momentos, mostra claramente que existe uma ação articulada, centralmente planejada. Visão conspiratória? Não. Provavelmente devido ao  fato de não existirem mais os grandes capitães de mídia, capazes de estratégias inovadoras individuais. Assim, qualquer estrategista de meia pataca passa a dar as cartas, por falta de interlocução à altura em cada veículo.

The Economist destaca a queda de hegemonia da poderosa Rede Globo


Do site Muda Mais:

The Economist: hegemonia da Globo surpreende, mas está em queda


A revista britânica The Economist pôs os números na ponta do lápis e fez uma comparação (link is external) entre o poder de uma emissora norte-americana de TV e o poder da Globo. Concluiu: “A Globo é sem dúvida a empresa mais poderosa do Brasil, dado seu alcance a tantos lares do país. Sua competidora mais próxima na TV aberta, a Record, tem percentual de audiência de apenas 13%. A rede de TV mais popular dos EUA, a CBS, tem meros 12% de audiência no horário nobre, enquanto suas competidoras próximas detêm por volta de 8%. A Globo consegue audiência de 91 milhões de pessoas, ou pouco menos da metade da população brasileira, todos os dias. Nos Estados Unidos, só no dia de final do Super Bowl".

Com esses números em mente, a revista seguiu sua reportagem para mostrar o quanto o monopólio da Globo é surpreendente – e como e por que ele começa sua debacle. E aponta esse fenômeno como tendência regional na América Latina:

“Em vários países da América Latina, as grandes empresas de comunicação estão em meio a um drama da vida real. O Grupo Clarín, na Argentina, está sendo fracionado pelo governo, e o México tenta reduzir o tamanho de sua Televisa. Mas o governo brasileiro é mais dócil com relação aos empresários de grupos de comunicação. Ajuda também o fato de os Marinhos serem mais maleáveis  ao clima político, e os filhos de Roberto Marinho, serem mais discretos".

Mas a reportagem da Economist aponta que tanta hegemonia começa a falhar: as audiências da Globo começam a se dividir com a TV a Cabo e serviços de vídeo por demanda, como o Netflix (que não conta quantos assinantes tem no Brasil). O mercado publicitário brasileiro tende a se dividir entre os dois Gs: Globo e Google, diz a revista.

De fato, a audiência do Jornal Nacional há um bom tempo não é mais aquela olha a cara dela. Nem os jogos da Copa estão sendo assistidos na Globo, que está sentindo a concorrência conquistar até mesmo a audiência da seleção brasileira (que preferiu acompanhar a Copa pela Band).


sexta-feira, 20 de junho de 2014

Na Copa, houve Caos sim, só que dentro da Mídia Golpista

“Previsões furadas: deu caos na mídia”





Segue texto do Brasil 247:


O site “Muda Mais” questiona reportagens da grande mídia que previam problemas diversos durante a realização da Copa do Mundo; “a Copa está rolando, as pessoas estão felizes, os turistas estão se divertindo e os jogadores e jornalistas estrangeiros estão se encantando. Os estádios ficaram prontos, o caos aéreo não rolou, nem mesmo todos os apagões previstos: de energia elétrica, de mão de obra, telefonia e internet. Sim, se você não se lembra, tudo isso foi previsto pela mídia tradicional no Brasil nos meses que antecederam a Copa do Mundo”, diz o texto

Muda Mais – A Copa está rolando, as pessoas estão felizes, os turistas estão se divertindo e os jogadores e jornalistas estrangeiros estão se encantando. Os estádios ficaram prontos, o caos aéreo não rolou, nem mesmo todos os apagões previstos: de energia elétrica, de mão de obra, telefonia e internet.
Sim, se você não se lembra, tudo isso foi previsto pela mídia tradicional no Brasil nos meses que antecederam a Copa do Mundo. Disseram que os estádios – elemento básico para o evento – só estariam prontos em 2038 (claro, a Veja disso isso).

Chegou a Copa e os jogos não estão acontecendo em estádios de hologramas, porque, afinal, estão todos prontos. O caos aéreo não só não rolou, como o índice de voos atrasados (4,2%), durante a Copa, está menor do que o padrão internacional (15%) e o europeu (8,4%). E também menor do que a média brasileira ao longo do ano.

Também previram que alguns estádios inspiravam preocupação com a iluminação e os serviços de telefonia e internet. Pelas fotos postadas nas redes sociais do pessoal durante o jogo, parece que não rolou o apagão da comunicação nos estádios. E o consumo de energia? Caiu durante os jogos. Logo depois do primeiro jogo da Copa, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), informou que o consumo de energia elétrica chegou a cair mais de 20% no Brasil.

Também não foi preciso recorrer à mão de obra estrangeira para suprir a demanda por mão de obra temporária. Os mais de 700 mil empregos temporários gerados estão sendo ocupados por brasileiros.

Mas parece que o caos se deu mesmo, foi na mídia, que quis brincar de vidente e acabou fazendo previsões furadas. De acordo com o dicionário Aulete, jornalismo é “atividade profissional de levantamento, apuração e transmissão de notícias – fatos atuais de interesse público”. Quem faz previsão, é cartomante.

Fonte:brasil247

terça-feira, 17 de junho de 2014

Leonardo Boff: "Quem envergonhou o Brasil aqui e lá fora?"

Quem envergonhou o Brasil aqui e lá fora?



Texto de Leonardo Boff



  Pertence à cultura popular do futebol a vaia a certos jogadores, a juízes e eventualmente a alguma autoridade presente. Insultos e xingamentos com linguagem de baixo calão que sequer crianças podem ouvir é coisa inaudita no futebol do Brasil. Foram dirigidos à mais alta autoridade do pais, à Presidenta Dilma Rousseff, retraída nos fundos da arquibancada oficial.

  Esses insultos vergonhosos só podiam vir de um tipo de gente que ainda têm visibilidade do pais, “gente branquíssima e de classe A, com falta de educação e sexista’ como comentou a socióloga do Centro Feminista de Estudos, Ana Thurler.

    Quem conhece um pouco a história do Brasil ou quem leu Gilberto Freyre, José Honório Rodrigues ou Sérgio Buarque de Hollanda sabe logo identificar tais grupos. São setores de nossa elite, dos mais conservadores do mundo e retardatários no processo civilizatório mundial, como costumava enfatizar Darcy Ribeiro, setores que por 500 anos ocuparam o espaço do Estado e dele se beneficiaram a mais não poder, negando direitos cidadãos para garantir privilégios corporativos. Estes grupos não conseguiram ainda se livrar da Casa Grande que a tem entranhada na cabeça e nunca esqueceram o pelourinho onde eram flagelados escravos negros. Não apenas a boca é suja; esta é suja porque sua mente é suja. São velhistas e pensam ainda dentro dos velhos paradigmas do passado quando viviam no luxo e no consumo conspícuo como no tempo dos príncipes renascentistas.

    Na linguagem dura de nosso maior historiador mulato Capistrano de Abreu, grande parte da elite sempre “capou e recapou, sangrou e ressangrou” o povo brasileiro. E continua fazendo. Sem qualquer senso de limite e por isso, arrogante, pensa que pode dizer os palavrões que quiser e desrespeitar qualquer autoridade.

   O que ocorreu revelou aos demais brasileiros e ao mundo que tipo de tipo de lideranças temos ainda no Brasil. Envergonharam-nos aqui e lá fora. Ignorante, sem educação e descarado não é o povo, como costumam pensar e dizer. Descarado, sem educação e ignorante é o grupo que pensa e diz isso do povo. São setores em sua grande maioria rentistas que vivem da especulação financeira e que mantém milhões e milhões de dólares fora do país, em bancos estrangeiros ou em paraísos fiscais.

  Bem disse a Presidenta Dilma: “o povo não reage assim; é civilizado e extremamente generoso e educado”. Ele pode vaiar e muito. Mas não insulta com linguagem xula e machista a uma mulher, exatamente aquela que ocupa a mais alta representação do país. Com serenidade e senso de soberania pessoal deu a estes incivilizados uma respota de cunho pessoal:”Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do rumo”. Referia-se às suas torturas sofridas dos agentes do Estado de terror que se havia instalado no Brasil a partir de 1968. O pronunciamento que fez posteriormente na TV mostrou que nada a tira do rumo nem a abala porque vive de outros valores e pretende estar à altura da grandeza de nosso país.

   Esse fato vergonhoso recebeu a repulsa da maioria dos analistas e dos que sairam a público para se manfiestar. Lamentável, entretanto, foi a reação dos dois candidatos a substitui-la no cargo de Presidente. Praticamente usaram as mesmas expressões, na linha dos grupos embrutecidos:”Ela colhe o que plantou”. Ou o outro deu a entender que fez por merecer os insultos que recebeu. Só espíritos tacanhos e faltos de senso de dignidade podiam reagir desta forma. E estes se apresentam como aqueles que querem definir os destinos do país. E logo com este espírito! Estamos fartos de lideranças medíocres que quais galinhas continuam ciscando o chão, incapazes de erguer o voo alto das águias que merecemos e que tenham a grandeza proporcional ao tamanho de nosso país.

   Um amigo de Munique que sabe bem o portugues, perplexo com os insultos comentou:”nem no tempo do nazismo se insultavam desta forma as autoridades”. É que ele talvez não sabe de que pré-história nós viemos e que tipo de setores elitistas ainda dominam e que de forma prepotente se mostram e se fazem ouvir. São eles os principais agentes que nos mantém no subdesenvolvimento social, cultural e ético. Fazem-nos passar uma vergonha que, realmente, não merecemos.

   Leonardo Boff professor emérito de Etica e escritor

domingo, 15 de junho de 2014

Luis Nassif sobre o comportamento "Yellow Bloc" dos VIPs contra Dilma

As vaias à Dilma e os neoflautistas de Hamelin


texto de Luis Nassif




Encontro um banqueiro meu conhecido após o jogo da Copa. Ficou em um dos camarotes VIPs, ao lado de personalidades como Gilmar Mendes.

Foi com a namorada ao Itaquerão. Ambos estavam impressionados com a qualidade do estádio, com a limpeza dos banheiros, com a beleza e relevância do evento. Até Lázaro Brandão, o todo-poderoso presidente do Conselho do Bradesco, esteve presente, me diz ele.

Tudo funcionou a contento, disseram-me, o trânsito (que depende da Prefeitura), o Metrô (que depende do estado), o estádio (cuja construção foi apoiada pelo governo federal). Enfim, motivo geral para espalhar pelo mundo uma imagem mais positiva do país.

Apenas um dado falhou, para vergonha de São Paulo: o nível das vaias à presidente da República.

- Não era povão. Veio das alas VIPs e foi constrangedor.

O momento mais baixo da Copa, o episódio que manchou a imagem do país no mundo partiu daquele segmento que Cláudio Lembo chama de “elite branca”. Mas, como bem observou um de nossos comentaristas, não os trate como elite. Elite pressupõe um estágio intelectual e moral superior. São Paulo tem uma elite intelectual, médica, tecnológica.

Os que se manifestaram representam apenas a selvageria empetecada, os black blocs com grife.

O caráter de um jornal é dado pela soma individual dos seus colunistas e pela linha editorial.

Hoje, o episódio foi lamentado pelos maiores cronistas esportivos, timidamente em suas colunas, mais acerbamente em seus blogs. Mas são  pontos fora da curva.

A baixaria contra uma presidente da República, uma mulher digna, não mereceu condenação dos jornais, mas a celebração em suas manchetes.  O grito: “Dilma vai tomar no c…” torna-se, a partir de agora, o símbolo máximo do enorme poder de que dispõe a mídia para influenciar o baixo clero da “elite branca”.

São incapazes de separar a crítica ao estilo dos ataques pessoais. Não é por nada que tornaram José Serra seu herói predileto. Qualquer coisa vale na disputa política, principalmente abrir mão de ideias e recorrer aos ataques mais baixos.

Os jornalões tornaram-se a versão moderna e adaptada do Flautista de Hamelin. O flautista levava os ratos para o rio e os afogava. Os jornais levam os ratos para o mundo - e os celebram.

Não foi por outro motivo que a parte do evento que mais impressionou a colunista social do Estadão foram alguns banheiros entupidos. Na verdade, havia pouco banheiro para a m… que jorrou dos camarotes, estimulada pelos neoflautistas de Hamelin.

Fonte: Luis Nassif Online

sábado, 14 de junho de 2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A alta classe média paulista na abertura da Copa do Mundo: sem água, sem educação e sem razão


"Ontem, coube a uma única mulher receber toda a agressão de uma torcida rica e privilegiada que conseguiu ingressos para o jogo de abertura em São Paulo. Uma elite raivosa que não perde a chance de destilar seu ódio de classe, seus preconceitos e sua falta de educação. Parabéns, presidenta Dilma, você não se escondeu nos palácios da República como fizeram os governadores."
Florestar Fernandes Jr.

  Apesar de todos os esforços ola ala golpista do empresariado, da mídia e da classe média, há Copa. E como eles não conseguiram o Caos que, dando vexame, sangrasse o governo e a presidente, apelaram para, a partir da ala dos Vips, puxar uma vaia contra a presidente e a FIFA, contagiando outros coxinhas pela arena. Contudo, a ação, que não se seguiu pelo país, só demonstra o grau de reacionarismo contradição da pretensa elite sem educação e cada vez mais claramente hipócrita. 

  A elite e convidados globais e que, sem água, sem educação e sem razão,mas com dinheiro para pagar quase mil reais nos melhores setores das arenas da Copa - a mesma dita "elite" que dizia estar contra e/ou que torcia para um fracasso total da mesma Copa - mostra toda a sua vertente fascista e desesperada ante um novo fracasso em conquistar o poder federal... É este tipo elitista e intolerante, simpatizantes do golpismo, que quer dirigir o Brasil... Intelectualmente? Bem, eles adoram o Lobão, o Jabor, a Leitão, acreditam que Olavo de Carvalho é filósofo e aceitam tudo o que vem da Globo e da Veja como verdade..... esperar alguma nobreza de gente assim é demais....

Carlos Antonio Fragoso Guimarães







sábado, 7 de junho de 2014

A revista The Economist faz uma breve radiografia do poder exagerado da Rede Globo no Brasil

Economist: hegemonia da Globo não tem comparação no mundo!

Miguel do Rosário

Fonte: O Cafezinho


Essa matéria da Economist faz algumas comparações arrepiantes entre o tamanho da Globo no Brasil e o tamanho das principais TVs norte-americanas.

Arrepiante por duas razões: 1) eu, que escrevo há anos sobre mídia, nunca tive acesso a essa informação; 2) agora temos noção melhor do papel nocivo da Globo na democracia brasileira.

A parte da reportagem que mais me interessou, como eu disse acima, foi a comparação entre Brasil e EUA, feita nos dois primeiros parágrafos. Eu mesmo traduzo:

Quando a Copa do Mundo começar no dia 12 de junho, dezenas de milhões de brasileiros irão assistir às festas na TV Globo, o principal canal aberto da televisão do país. Mas para a Globo será apenas mais um dia de grande audiência. Não menos que 91 milhões de pessoas, pouco menos da metade da população, passa pelo canal durante o dia: o tipo de audiência que, nos EUA, acontece apenas uma vez ao ano, e apenas para o canal que ganha o direito, naquele ano, de exibir o Super Bowl, o jogo dos campeões do futebol americano.

A Globo é certamente a empresa mais poderosa do Brasil, dado o seu alcance em tantos lares. O seu concorrente mais próximo, a Record, tem uma audiência de apenas 13%. O canal de TV mais popular dos Estados Unidos, a CBS, tem apenas 12% da audiência durante o horário nobre, e seus principais concorrentes oscilam em torno de 8%.

(…)

Em outro trecho da matéria, comenta-se o poder da Globo de moldar comportamentos no Brasil. “Seus programas também moldam a cultura nacional”. Não é assustador que esse poder fique concentrado em mãos de uma só empresa, de uma empresa que, por sua vez, consolidou-se na ditadura e que tem uma postura fortemente partidária e ideologizada?


A revista comenta que, em outros países latino-americanos, como na Argentina e no México, os governos estão combatendo o excesso de poder da mídia, mas o “governo brasileiro é mais dócil em relação aos proprietários de mídia”.

Repare que a Economist sequer faz qualquer reparo “antibolivariano”, tanto que ela toma o cuidado de citar um governo de esquerda (Argentina) e um de direita (México).

E aí, Dilma, agora entende porque precisamos de uma lei para dar fim a esse monopólio? A hegemonia da Globo já está causando estranheza internacional!

O mundo está olhando mais para nosso país e uma das coisas que o tem surpreendido negativamente é a concentração midiática, que é uma faceta de nosso atraso cultural e político.

Afinal, queremos ou não ser um país democrático?