segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A farsa do sequestro-bomba, o desespero dos coxinhas e mais um golpismo espetaculoso midiático

Seguem texto de Cíntia Alves, extraído do JornalGGN e Luis Nassif Online, e de Luiz Müller do blog Luiz Müller:

Globo noticia ação "terrorista" em Brasília associando hotel a José Dirceu


 Jornal GGN - Os produtos jornalísticos da Rede Globo parecem reciclar o expediente adotado no sequestro de Abílio Diniz, que mudou os rumos da eleição de 1989, para noticiar uma "ação terrorista" que acontece nesta segunda (29), em Brasília.

 O portal G1 e a Globo News pulicaram que um sequestro ocorre por motivação política no mesmo hotel que pretendia contratar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), condenado na Ação Penal 470.

 De acordo com a polícia, por volta das 8h da manhã um homem com cerca de 30 anos deu entrada no hotel Saint Peter. Ele foi de quarto em quarto apenas no 13º andar e pediu que os hóspedes esvaziassem o edifício. Segundo fontes ouvidas no local, não se trata de roubo ou sequestro com a finalidade de pedir algo em troca, mas sim de "terrorismo".

 No início desta tarde, cerca de 300 hóspedes já haviam deixado o local. O sequestrador faz de vítima um dos mensageiros do hotel, que aparece frequentemente na sacada de um quarto, portando um cinto que supostamente contém explosivos. A polícia ainda não confirmou essa informação, mas estima que se de fato a carga for real, ela tem potencial para danificar a estrutura do prédio.

 A polícia identificou que o sequestrador tentou uma vaga de vereador no Tocantins pela coligação PP, PTB e PSDB, mas não foi eleito. Segundo informações da Globo News, a corporação avalia que o infrator apresenta desequilíbrio emocional e diz que sua motivação é de ordem política. Em frases desconexas, ele pede a extradição de Cesare Battisti e ampliação da Lei da Ficha Limpa.

 A emissora também associou o episódio ao hotel que contrataria Dirceu - algo equivalente a associar um acidente na linha do Metrô paulista ao caso Alstom.


  Caso Diniz

 Faltando cinco dias para o primeiro turno das eleições, a grande mídia parece insistir em uma bala de prata contra a vantagem da candidata Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de opinião. A lembrança de Dirceu no sequestro de hoje lembra a cobertura de grandes jornais sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz, executivo do grupo Pão de Açúcar, em 1989.

 Naquele ano, o caso foi revelado às vésperas do segundo turno das eleições. Fernando Collor de Mello (PRN) e Luís Inácio Lula da Silva (PT) disputavam a Presidência. À época, a grande mídia levantou suspeitas sobre o envolvimento do PT no sequestro de Diniz. Após a vitória de Collor, as acusações foram desmentidas. A investigação apontou que os envolvidos na ação foram obrigados a vestir uma camisa da campanha de Lula.

Sequestro em Brasília:A grande mídia brasileira, mentirosa e parcial, é a culpada pela loucura

Luis Müller

  Ligar TV, ouvir rádio ou ler jornais no Brasil é um exercício de psiquiatria. O mundo inteiro elogia o Brasil pelas conquistas sociais do últimos anos, os avanços na saúde, o menor índice de desemprego da história, os salários sobem acima da inflação, a educação avançou, e muito. Nunca se construíram tantas casa populares, o Pré Sal colocou o Brasil entre os maiores donos de reservas de petróleo e o país saltou da 13ª posição entre as maiores economias do mundo para a 7ª economia do mundo. Desenvolvimento Econômico com desenvolvimento Social. 

  Mas nada disto é destacado na mídia. As vezes um único caso negativo ganha repercussão nacional e vira discurso contra o governo, alimentando uma oposição sem programas claros. Só notícias negativas são publicizadas e repetidas diuturnamente. Goebels invejaria a capacidade da mídia tupiniquim em transformar mentiras repetidas em verdades no senso comum. O que Goebels conseguiu com sua máquina de propaganda, nós sabemos. Deixou um povo inteiro refém do medo e enlouquecido, capaz de destruir a humanidade inteira numa guerra insana e assassina. Pois a mídia brasileira faz exatamente a mesma coisa. E orientados pelo ódio disseminado pelos meios de comunicação, era de se esperar que começassem a aparecer loucos do tipo suicida e homem bomba, dispostos a salvar o mundo do demônio, e a resgatar a pátria do “comunismo”.

  Na mídia não faltarão menções ao Hotel que “iria contratar Zé Dirceu”, a falsa informação de que Dilma teria proposto negociar com o tal “estado islâmico”, que Césare Battisti não foi extraditado e outras mentiras e negatividades escondidas nas largas mangas da mídia tupiniquim.

  Está na Hora da Lei dos Meios pra acabar com o monopólio das (des)informações. E com os golpistas oligopólios máfio midiáticos que continuam a se arvorar como detentores da verdade única, tal qual Hitler e Goebels. A continuar assim, teremos como resultado o mesmo que aquela nefasta semeadura de 1933.

 Reeleger Dilma, eleger uma Constituinte Exclusiva e efetivar a Lei dos Meios ajudará a salvar o Brasil dos golpistas…e dos loucos terroristas como este de Brasília.

  Em tempo: A loucura pode ser do sujeito ou pode ser da própria mídia e da oposição brasileira. Em 1989 Abílio Diniz, milionário dono do Grupo Pão de Açúcar, foi sequestrado. Não havia nenhuma conotação política no sequestro. Mas “arranjaram” uma camiseta do PT para um dos sequestradores. E lá foi a Globo, capitaneando os oligopólios midiáticos, a distribuir a versão de que o sequestro teria sido feito para arrecadar recursos para o PT. 

  O ódio da mídia e da Classe dominante ao PT não é de agora. Vem desde a sua criação. O PT veio pra mudar a história do Brasil, colocando pobres, trabalhadores e o todos os “diferentes” na história. E é por isto que eles tem ódio ao PT e o semeiam diuturnamente. Se não dermos um basta nisto, geraremos cada vez mais loucos defensores de posturas nazistas e fascistas. Eles detestam a democracia que o PT tanto defende e busca sempre ampliar mais.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Boaventura de Sousa Santos fala sobre o perigo Marina Silva






  Boaventura de Sousa Santos é um dos mais reconhecidos e importantes cientistas sociais da atualidade. Titular de Sociologia, Economia e Ciências Políticas nas universidades de Coimbra e da Yale University, aqui ele fala do perigo e da representação reacionária de um governo Marina Silva

 O artigo a seguir foi extraído do site da revista Carta Maior:


 O que está em jogo no Brasil

O que há de verdadeiramente "novo" na candidatura de Marina Silva significa um retrocesso não só político como civilizacional.


 Escrevo esta crônica de Cuiabá, capital do Estado do Mato Grosso e que é também a capital do que no Brasil se designa por agronegócio (agricultura industrial de monocultura: soja, algodão, milho cana do açúcar), a capital do consumo de agrotóxicos que envenenam a cadeia alimentar e da violência contra líderes camponeses e indígenas que defendem as suas terras da invasão e do desmatamento ilegais. Reúno-me com líderes de movimentos sociais, um deles (indígena Xavante) chegado à reunião clandestinamente por estar sob ameaça de morte. Deste lugar e desta reunião torna-se particularmente claro o que está em jogo nas próximas eleições no Brasil.


  As classes populares – o vasto grupo social de pobres, excluídos e discriminados que viu o seu nível de vida melhorado nos últimos doze anos com as políticas de redistribuição social iniciadas pelo Presidente Lula e continuadas pela Presidente Dilma – estão perplexas mas têm os pés bem assentes no chão e não me parece que sejam facilmente iludidas. Sabem que as forças conservadoras que se opõem à Presidente Dilma estão apostadas em recuperar o poder político que perderam há doze anos. Conscientes de que a época Lula transformou ideologicamente o país, não o poderão fazer pelos meios e com os protagonistas habituais. Para pôr fim a essa época é necessário recorrer a alguém que a evoque, Marina Silva, o desvio contra-natura para chegar ao poder. A pouco e pouco as classes populares vão conhecendo o programa de Marina Silva e identificando, tanto o que nele é transparente, quanto o que nele é mistificatório.


 É transparente o regresso ao neoliberalismo que permita os lucros extraordinários decorrentes das grandes privatizações (da Petrobras ao pré-sal) e da eliminação da regulação macroeconómica e social do Estado. Para isso se propõe a total independência do Banco Central e a eliminação das diplomacias paralelas (leia-se, total alinhamento com as políticas neoliberais dos EUA e da UE). É mistificatório o recurso a conceitos como o de “democracia de alta intensidade” e de “democratizar a democracia” – conceitos muito identificados com o meu trabalho mas de que é feito um uso totalmente oportunístico – como se fosse uma novidade política quando, de fato, do que se trata é, no seu melhor, a continuação do que tem vindo a ser feito em alguns estados de que é exemplo mais notável o do Rio Grande do Sul.


  Acresce a tudo isto que o que há de verdadeiramente novo na candidatura de Marina Silva significa um retrocesso não só político como civilizacional. Trata-se da certificação da maioridade política do evangelismo conservador. O grupo parlamentar evangélico é já hoje poderoso no Congresso e o seu poder está totalmente alinhado, não só com o poder econômico mais predador (a bancada ruralista), a que a teologia da prosperidade confere desígnio divino, como com as ideologias mais reacionárias do criacionismo e da homofobia. Marina, se eleita, levará tais espantalhos ideológicos para o Palácio do Planalto para que de lá façam a pregação do fim da política, da ilusão da diferença entre esquerda e direita, da união entre ricos e pobres. Tirando o verniz religioso, trata-se do regresso democrático à ideologia da ditadura, no ano em que o Brasil celebra o mais longo e mais brilhante período de normalidade democrática da sua história (1985-2015).

  Em face disto, por que estão perplexas as classes populares? Porque a Presidente Dilma nada faz ou diz para lhes mostrar que está menos refém do agronegócio que Marina Silva. Nada faz ou diz para mostrar que é urgente iniciar a transição para um modelo de desenvolvimento menos centrado na exploração voraz dos recursos naturais que destrói o meio ambiente, expulsa camponeses e indígenas das suas terras e assassina os que lhe oferecem resistência. Bastaria um pequeno-grande gesto para que, por exemplo, os povos indígenas e afrodescendentes se sentissem protegidos pela sua Presidente: mandar publicar as portarias de identificação, de declaração e de homologação de terras ancestrais, portarias que estão prontas, livres de qualquer impedimento jurídico e apenas engavetadas por decisão política.

  O que as classes populares e os seus aliados parecem não saber é que não basta querer que a Presidente Dilma ganhe as eleições. É necessário vir para a rua lutar por isso. Ao contrário, os adversários dela sabem isso muito bem.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A ação dos reacionários e o chumbo grosso que virá faltandos poucos dias para as eleições em artigo de Ricardo Melo para a Folha de São Paulo




Extraído da Folha Uol:

Chumbo Grosso



Ricardo Melo



Se alguma coisa a campanha eleitoral propiciou, foi clarificar os verdadeiros interesses em conflito no país. A ficção de uma terceira via voltou para o ralo. Tanto nas declarações como nas proposições e na base social que as apoiam, as candidaturas de Marina Silva e Aécio Neves têm se aproximado de maneira indiscutível.

O confronto em jogo está evidente. Os dois candidatos oposicionistas afirmam em alto e bom som que o objetivo é tirar o PT do poder. As articulações de bastidores com vistas a um eventual segundo turno acontecem a céu aberto. O ex-presidente FHC resumiu o sentimento num jantar com milionários pró-Aécio: "Apelo mesmo". Um bordão de amplo espectro.

A esta altura, Aécio Neves, de candidato competitivo, viu-se reduzido a moeda de troca. Cardeais tucanos negociam sem constrangimento o voto em Marina para "impedir o mal maior". A ironia é que isso acontece justo no momento em que algumas pesquisas injetaram sobrevida ao ex-governador de Minas.

Já a "entourage" de Marina escancara as opções da ex-ambientalista. Quer porque quer credenciar-se como candidata do grande capital. Corre atrás da alta sociedade seja onde for, como um trator à procura de uma árvore para derrubar. Fala em "atualizar" as leis do trabalho. Para bom entendedor, tais palavras bastam. Seus comícios populares se esvaziam na mesma proporção em que proliferam encontros com madames, empresários graúdos e financistas internacionais.

Claro, faz parte manter uma embalagem social. Para tentar preservar alguma popularidade entre os pobres, Marina recorre à sua origem humilde e sofrida -algo inquestionável. Problema: do outro lado estão um ex-metalúrgico que também passou fome e chegou à Presidência e uma militante torturada por defender a liberdade nos anos da ditadura. Ou seja, na comparação, até aí morreu Neves, com o perdão da coincidência.

O maior risco para o PT é calçar o salto alto e passar a viver de louros passados. Verdade seja dita: com ou sem barbeiragens do IBGE, os indicadores sociais, inclusive os anunciados pela ONU, mostram que o país mudou para melhor. Isto é fato. Mas o modelo de agradar gregos e troianos exibe sinais de esgotamento.

A campanha pela Constituinte exclusiva para uma reforma política até agora foi relegada a nota de rodapé em alguns discursos petistas. Medidas como a taxação das grandes fortunas dormitam nos escaninhos da legenda. A submissão às tergiversações do comandante do Exército em relação às torturas é indigna da tradição de um partido que se pretende popular.

Nestas duas semanas que precedem o primeiro turno, é possível prever chumbo grosso pela frente. Dossiês anônimos, vazamentos seletivos, fotos de maços de dinheiro, notas de agências de risco, especulação financeira, ataques pessoais -tudo será amplificado numa eleição tão disputada. Para separar o joio do trigo, não há outro caminho: mostrar o que se fez mas também dizer o que se fará.

URNA E TAPETÃO

As investidas do comitê de Marina Silva contra sites na internet, bem como a tentativa de Cid Gomes de tirar de circulação a revista "IstoÉ", pegam muito mal. O Brasil tem uma montanha de leis para reparar eventuais danos por acusações inverídicas. Tentar impedir por antecipação que reportagens e o debate político venham a público só serve para desqualificar os autores dessas ações. 


Ricardo Melo, 58, é jornalista. Na Folha, foi editor de 'Opinião', editor da 'Primeira Página', editor-adjunto de 'Mundo', secretário-assistente de Redação e produtor-executivo do 'TV Folha', entre outras funções. Também foi chefe de Redação do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), editor-chefe do 'Diário de S. Paulo', do 'Jornal da Band' e do 'Jornal da Globo'.

A parcialidade da Globo como perfeita aula de antijornalismo e ilustração dos interesses dos magntadas da mídia


Extraído do Luis Nassif Online:



As “erratas” da Globo contra Dilma: uma aula de antijornalismo





Texto de Michel Arbache - do Portal Luís Nassif


Todo o mundo jornalístico já conhece o velho vício do jornalismo de opinião: não deixar ao espectador a chance de pensar; de tecer o próprio juízo sobre determinado assunto. Pois o que deve prevalecer, sempre, é a opinião do dono da mídia. Se, por exemplo, o dono da mídia é a favor da redução da maioridade penal, o telejornal não dará margem ao contraditório. É do jogo – ainda que isto seja perigoso à democracia, já que os donos da mídia costumam comungar as mesmas idéias. E quando isto acontece, é óbvio que a opinião pública refletirá a opinião de meia-dúzia de oligarcas que mandam no país. A despeito de todo esse jogo, o que o ‘Bom Dia Brasil’ (1), da Globo, fez hoje (22/09/2014) com a entrevistada, Dilma Rousseff, foi de uma baixeza comparável com a manipulação do debate em 1989 (2).

Acontece que, em meio à entrevista (que, importante salientar, foi pré-gravada) com a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, a entrevistadora Miriam Leitão divergiu de alguns números – como a taxa de crescimento na Alemanha e o índice de desemprego entre jovens no Brasil – ocorrendo uma ligeira discussão. E logo após a entrevista pré-gravada, já ao vivo, a jornalista Ana Paula Araújo fez as “erratas”para deixar claro que Miriam Leitão estava certa e Dilma Rousseff errada nos dois pontos. Se o apuro da emissora com a correção dos números fosse levado à risca todos os dias e em todos seus programas, a blogosfera não precisaria fazer, quase que diariamente, as “erratas” para corrigir os erros da Globo em seus noticiários – e que a emissora jamais se preocupou em corrigir. Ou seja: a Globo é parcial até na arte da truculência.

Talvez a deselegância (ou truculência, como queira) da Globo com Dilma Rousseff sirva de alerta para que a assessoria da presidenta reflita se realmente vale a pena se sujeitar às entrevistas na empresa que faz explícita oposição a ela e seu partido. Pois é pura arapuca. Um dos funcionários da Rede Globo, Jô Soares, por exemplo, cansa de dizer que “já cansei de convidar pessoas do PT ou do governo federal para entrevistas, mas eles negam”. Só não diz por que eles negam. Ora, pegue-se o exemplo da entrevista com o então ministro da saúde Alexandre Padilha ao Programa do Jô (3). Após a entrevista, Jô Soares ficou uma semana lendo mensagens (4) de corporações médicas – contrárias ao programa Mais Médicos - que “desmentiam” dados do ministro – até que, enfim, fosse convidado o presidente do Conselho Federal de Medicina para “anular” a entrevista do ministro (5). Outro exemplo mais recente que bem ilustra o que significa se submeter a uma entrevista na Globo foi o pedido “delicado” de Ricardo Noblat a ninguém menos do que a presidenta da República: “fale um pouquinho menos” (6). Por muito menos, Barack Obama, presidente dos EUA, passou a tratar parte da mídia (como a Fox News) no seu país como oposição (7).

Fontes:

1- Entrevista de Dilma ao Bom Dia Brasil:

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/09/bom-dia-brasil-e...



2- Boni confessa que Globo manipulou o debate de 1989 para favorecer Collor contra Lula:

https://www.youtube.com/watch?v=VrpurEkmJkU



3- Jô Soares entrevista Padilha:

http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/jo-soares-apre...



4- Jô Soares, uma semana lendo mensagens atacando a entrevista de Padilha:

https://www.youtube.com/watch?v=IF6o1d2-Tq4



5- Jô Soares faz entrevista para desdizer a entrevista de Padilha:

http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/roberto-luiz-d...



6- “Fale menos” – Noblat para Dilma –  a 0:47 do vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=o_DeoR3bZ-U



7- Obama trata parte da mídia como oposição:

http://blog.opovo.com.br/pliniobortolotti/obama-e-a-midia-os-mesmos...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sobre o ódio implícito no discurso de Marina Silva



O texto a seguir é de Fábio de Oliveira Ribeiro

Meditações meditabundas: sobre o ódio implícido no discurso de Marina Silva


Fonte: Luis Nassif Online


Esta semana Marina Silva acusou seus adversários de estarem fazendo uma “campanha de ódio” contra ela. Vários comentaristas políticas sustentaram que ela tem razão, outros disseram que a candidata do PSB está apelando querendo aproveitar a imagem de vítima. Notei algo bem mais perigoso no discurso da ex-petista.

Há duas maneiras de incitar o ódio. A primeira e mais evidente é aquela que se faz de maneira direta. Neste caso o autor do discurso nomeia e desqualifica a vítima, não reconhecendo nela qualidades humanas, titularidade de direitos ou atributos de cidadania que lhe permitam reivindicar algo do Estado. Os exemplos mais claros deste tipo de discurso na atualidade são a homofobia do pastor Malafaia e a criminalização da indigência social promovida pela jornalista Rachel Sherezade. Um instiga a violência contra homosexuais, a outra acarretou uma onda de linchamentos de suspeitos negros miseráveis.

A segunda forma de incitar o ódio é um pouco mais sofisticada. O autor deste tipo de discurso se coloca na posição de vítima para levar seus apoiadores a acreditarem que cometem atos de justiça ao vingar com violência as calúnias, difamações e injúrias cometidas contra seu líder pelos adversários. O cálculo feito pelo autor deste tipo de discurso é o seguinte: se alguém cometer uma violência em minha defesa, o ato praticado em meu favor intimidará meus adversários impedindo-os de me culpar pelo resultado uma vez que não pedi para que eles fossem agredidos.

Num Estado de Direito, o discurso de ódio implícito é mais perigoso do que o discurso de ódio direto, pois:

“Os discursos políticos em geral qualificados como ‘extremistas’ são também os que aparecem, do ponto de vista psicológico, como os mais regressivos. De fato, eles buscam, na matriz do imaginário infantil, os meios para ‘ler’ e interpretar as realidades da crise. Alimentam-se do caos da sociedade, esteja ela ou não em guerra, para dizer: ‘Vejam como temos razão!’ Quanto a isso, as relações entre o imaginário e o real são contraditórias apenas em aparência. Claro, é mesmo nas representações imaginárias do carrasco que, primeiro, se constrói a figura da vítima, da ‘sua’ vítima.” (PURIFICAR E DESTRUIR, Jacques Sémelin, Difel, 2009, p. 44/45)

Marina Silva representa um grupo político e religioso minoritário. Mas a sede dela e de seus apoiadores de chegar ao poder é evidente. Enquanto a candidatura dela crescia nas pesquisas ela não fez absolutamente nada para criminalizar a oposição. Foi somente quando Dilma Rousseff começou a recuperar as intenções de voto no primeiro e no segundo turno que a candidata do PSB disse que está sendo vítima de um discurso de ódio. Num contexto de disputa incerta, este tipo de discurso pode funcionar como uma senha para seus apoiadores desencadearem violências contra o grupo oponente? Sim e não.

A ambiguidade da resposta à pergunta é preocupante, pois sabemos que:

“Indubitavelmente, os indivíduos são tragados pela dinâmica de morte em massa, mas, mesmo assim, eles sem dúvida sabem como tirar proveito. Não lhes faltam oportunismo e cálculo para instrumentalizar seus efeitos em benefício próprio. Por isso, na escala individual, as razões da passagem ao ato são múltiplas. O que é verdadeiro para determinado indivíduo, em preciso momento, não é para outro. E é exatamente essa variabilidade de motivos privados que ajuda a dar ao assassínio a sua dimensão de massa. Os indivíduos entram na dinâmica assassina não como autômatos balbuciando um mesmo discurso ideológico estereotipado, mas sim com histórias diferentes e, daí, com expectativas e motivações pessoais. A implicação comum para causar mortes resulta das posturas variadas e equívocas.” (PURIFICAR E DESTRUIR, Jacques Sémelin, Difel, 2009, p. 390/391)

Apesar dos acertos dos governos Lula e Dilma, o anti-petismo virulento e irracional faz parte da realidade política brasileira. O fenômeno nasceu da retórica agressiva dos tucanos (frustrados com suas seguidas derrotas em disputas presidenciais) e tem sido diariamente alimentado por vários articulistas da grande imprensa (Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Demétrio Magnoli, Olavo Carvalho etc...). O anti-petismo já resultou em atos violentos, como aqueles que foram vistos na Av. Paulista ano passado quando filiados do PT foram agredidos por manifestantes de direita que infiltraram o MPL. No Facebook há comunidades de extrema-direita que pregam abertamente um golpe de estado e a prisão e perseguição política dos petistas.  

O que aconteceria à disputa eleitoral brasileira este ano se fanáticos religiosos que apóiam a candidata do PSB agredirem candidatos do PT? É desconhecido o número de pessoas suscetíveis aos discursos de ódio direitos de Malafaia e da Rachel Sherezade e aos discursos de ódio indiretos da candidata do PSB e dos retóricos anti-petistas influentes na imprensa que estão no campo de Marina Silva. A julgar pelo aumento de linchamentos e agressões a homosexuais, podemos supor que eles não são poucos. Formularei a pergunta de outra maneira. O que ocorreria se a própria Marina Silva fosse agredida por alguém acusado de estar a serviço dos petistas?

A violência política sempre começa com um ato simbólico, com uma bolinha de papel atingindo a cabeça do candidato adversário por exemplo. Nas últimas eleições a temperatura foi elevada ao extremo por José Serra. Nos quatro anos que se seguiram a eleição de Dilma Rousseff a imprensa atacou o PT e a presidenta de maneira sistemática, sempre com o intuito de assegurar uma vitória eleitoral na próxima eleição.

Uma derrota de Marina Silva é possível. Impossível dizer se aqueles que a apóiam estão dispostos a correr o risco. A Casa Grande tem dado indicações claras de que quer voltar ao poder de qualquer maneira. Neste contexto, a violência política real ou simulada, intencional ou difusa, pode acarretar um verdadeiro massacre.

“Distingamos, enfim, a terceira utilização possível do massacre, principalmente por atores não estatais (ou, pelo menos, assim supostos). Nesse caso, a finalidade é a de agredir em um ponto preciso o grupo visado, para provocar em seu interior um choque traumático intenso, que seja capaz de dobrar a política de seus dirigentes. Como os organizadores do massacre sabem que constituem minoria na sociedade em que agem, o recurso a tal procedimento espetacular lhes permite, já de início, se afirmar na cena pública, chamando a atenção para a sua causa. Quer reivindiquem a responsabilidade ou se mantenham anônimos, eles acham que os efeitos políticos da ação de destruição podem pesar sobre quem decide a política: por exemplo, criando uma crise das instituições ou bloqueando uma evolução política que eles desaprovam.” (PURIFICAR E DESTRUIR, Jacques Sémelin, Difel, 2009, p. 489/490)

Até o presente momento a grande imprensa não atacou Marina Silva com a mesma intensidade, virulência que tem atacado Dilma Rousseff. Os ataques que a candidata do PSB sofreu de alguns blogueiros são irrelevantes do ponto de vista político, pois o público alvo destes é reduzido e composto majoritariamente por eleitores da adversária de Marina Silva. Apesar de estar sendo constantemente atacada diante de um público bem maior, Dilma Rousseff não se fez de vítima. A candidata do PT tem sido bem mais responsável, ela sentiu na carne quais são as consequencias dramáticas provocadas por um discurso de ódio.

Os fatos contrariam as opiniões de Marina Silva. E ela deveria recusar a postura agressiva que adota ao se dizer vítima, pois:

“Fatos e opiniões, embora possam ser mantidos separados, não são antagônicos um ao outro; eles pertencem ao mesmo domínio. Fatos informam opiniões e as opiniões, inspiradas por diferentes interesses e paixões, podem diferir amplamente e ainda serem legítimas no que respeita à sua verdade factual. A liberdade de opinião é uma farsa, a não ser que a informação fatual seja garantida e que os próprios fatos não sejam questionados. Em outras palavras, a verdade fatual informa o pensamento político, exatamente como a verdade racional informa a especulação filosófica.” (ENTRE O PASSADO E O FUTURO, Hannah Arendt, Perspectiva, 2009, p.295/296)

Apesar de apoiar Marina Silva e de saber que são irrelevantes e minoritários os eventuais ataques feitos contra ela, a grande imprensa faltou com a verdade factual. Por razões que não são ignoradas, os jornais, telejornais e revistas admitiram como verdadeira a opinião divulgada por Marina Silva de que ela é vítima de uma campanha de ódio. Isto tende a reforçar a verdadeira campanha de ódio que tem sido feita diariamente pelos apologistas do anti-petismo (Malafaia, Rachel Sherezade, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Demétrio Magnoli, Olavo Carvalho etc...).

Marina Silva precisa começar a ter cuidado com o que deseja. É muito fácil montar num tigre, difícil mesmo é descer dele. Ao se apoiar em grupos que difundem discursos de ódio diretos e indiretos contra o PT, ao usar sua extrema visibilidade como candidata preferida por grupos poderosos de mídia para veicular um discurso que legitima e instiga de maneira sutil a violência contra seus adversários, a candidata do PSB pode provocar uma verdadeira tragédia nacional. Presumo que, pessoalmente, ela não deseje um massacre. Mas como sabemos, nem sempre um líder político consegue prever exatamente o que está começando.

sábado, 13 de setembro de 2014

Imprensa tendenciosa, Manipulação Midiática, Corrupção e tentativas de influir nos Votos

Um teste de credibilidade


Por Luciano Martins Costa em 09/09/2014 na edição 815  do Observatório da Imprensa


  Em períodos eleitorais como o que atravessamos, pode-se observar com mais clareza a pobreza do solo em que a imprensa hegemônica faz suas colheitas de notícias. Na entressafra de pesquisas de intenção de voto, predomina o jornalismo declaratório, que tenta transformar em informação relevante qualquer coisa que brote desse deserto de ideias.

  O mais novo fruto dessa seara de suposições é uma lista de políticos que teriam sido beneficiados por operações do doleiro Alberto Yousseff. Os artigos, editoriais e comentários publicados nas edições de terça-feira (9/9) sobre o assunto estão repletos de expressões condicionais, do tipo “maracutaias podem ter custado tanto”, “políticos teriam se beneficiado”, “seriam 62 os envolvidos” e “não se informou o que teriam praticado”.
  Em tudo predomina o cuidado de não fazer afirmações, principalmente porque a fonte primária, a revista Veja, tem um alentado histórico de farsas, denúncias forjadas e suposições nunca confirmadas, tudo misturado a acusações que se revelaram verdadeiras e fundamentadas.

  Por mais que o jornalismo predominante na mídia tradicional do Brasil se mostre há muitos anos contaminado por determinado viés ideológico, que impõe uma visão homogênea sobre os principais acontecimentos, ainda se pode observar certa cautela no intenso noticiário sobre o depoimento que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria negociado com a Justiça, em troca de amenizar a pena de prisão a que está sujeito.
Mas há um abismo entre o que os jornais manifestam como opinião de seus editores e a convicção que expressam em seu noticiário. O editorial do Estado de S.Paulo pondera, com cautela, que “é ainda muito pouco – e incerto – o que acaba de vir a público do esquema de corrupção na Petrobras”.

  A Folha de S. Paulo, também em editorial, observa que o denunciante “tem todo interesse em tentar encurtar sua prisão, o que pode fazer não apenas narrando fatos reais, mas também confundindo a Justiça – hipótese em que os verdadeiros criminosos entenderiam o recado e tratariam de ajudá-lo”.

  Há, portanto, certa dose de reserva no núcleo de opiniões dos dois diários paulistas de circulação nacional quanto à credibilidade da fonte.
  O abraço dos desesperados

  Já o Globo não tem dúvida: tudo que vazou da suposta negociação entre o principal acusado das falcatruas na Petrobras e as autoridades é tido pelo jornal carioca como fato, e essa posição oficial se reflete no modo como o assunto vem sendo tratado em todos os veículos do grupo, com especial dedicação no Jornal Nacional de sua rede de televisão.

  No entanto, mesmo no núcleo de campanha do PSDB à Presidência da República, considera-se que é muito baixo o potencial desse noticiário para provocar mudanças na distribuição das intenções de voto. Analistas próximos ao senador Aécio Neves, citados pela imprensa, acham que a denúncia mais recente na safra de escândalos que nascem na Petrobras é muito genérica e imprecisa, e envolve tantos nomes que acaba se diluindo na conta geral da corrupção.
  Quem se beneficiaria desse noticiário ruidoso produzido em cima de uma ação desesperada do ex-diretor que se vê cada vez mais próximo de ser condenado?
  Os jornais observam que o candidato do PSDB é o único que pode tirar alguma vantagem do escândalo, visando principalmente os eleitores da classe de renda média, “urbanos e escolarizados” que apoiam a ex-ministra Marina Silva, como anota um colunista do Globo. Mas também Aécio Neves é um homem em circunstância de desespero, cujo patrimônio de votos se esvaiu com a ascensão da candidata do PSB.

  É muito mais provável que a suposta denúncia do ex-diretor da Petrobras tenha um efeito irrelevante nas escolhas do eleitorado. Mesmo que os autores do vazamento tenham o cuidado de alimentar a imprensa a conta-gotas, para manter o assunto no noticiário, o primeiro impacto é o que conta: depois disso, ensinam as teorias da comunicação, tudo passa a ser redundância.
  Certamente o tema será explorado no próximo debate entre os candidatos, marcado para o dia 2 de outubro na Rede Globo. Mas, antes disso, uma nova pesquisa terá indicado se a imprensa ainda possui alguma influência sobre as urnas.





sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Robert Lanza, considerado pelo New York Times um dos três mais importantes cientistas vivos, afirma que existe vida após a morte e mesmo a reencarnação e que há evidências científicas desta realidade



Texto de 

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

 Não foram as pesquisas pioneiras de William Crookes (1832-1919) físico-químico descobridor do elemento químico Tálio e da matéria radiante, com médiuns na Inglaterra vitoriana e que abriram caminho à Society for Psychical Resarch, fundada em 1882 e ainda em atividade, e que tiveram entre seus membros Frederic Myers, Henry Sidwick, Sir Oliver Lodge, Charles Richet, e outros, que quebrou a rigidez mecanicista de seus pares, mas chamou a atenção de vários colegas de ciência para o estudo sério das questões referentes às pesquisas psíquicas (hoje, psi), antecedido nesta por nomes como o do médico alemão Justinos Kerner (1786-18620 e do físico Karl Friedrich Zöllner (1834-1882) e do naturalista conterrâneo Alfred Russel Wallace (1823-1913), estudos que fortaleceu as pesquisas na área feitas pelo astrônomo francês Camille Flammarion (1842-1925), e do fisiologista e Prêmio Nobel Charles Richet (1850-1935), autor do importantíssimo Traité de Metapsichique que resume 45 anos de pesquisas intensivas e controladas com médiuns, reafirmando a realdade dos fenômenos psíquicos. 
    
   Não foram apenas os esforços dos já falecidos pesquisadores contemporâneos Hemendra Nath Banerjee (1920-1985), da Universidade de Rajasthan, Índia, ou o norte-americano Ian Stevenson (1918-2007), psiquiatra-chefe do departamento de Estudos da Consciência, da Universidade de Virgínia, ou do pesquisador brasileiro Hernani Guimarães Andrade (1913-2003), fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, entre outros, que, através de pesquisa de campo metódica, incluindo entrevistas, coleta de documentos e análise de dados, conseguiram evidências favoráveis à tese vida após a morte e da reencarnação, apresentando casos de memória extra-cerebral em crianças que afirmavam, entre dois e sete anos, lembrar-se de vidas anteriores (Banerjee coletou 1200 casos bem documentados, Stevenson, mais de 2700 e Andrade, cerca de 80 no Brasil), além do estudo de outros fenomenos que apontam para a sobrevivência, como (casos Poltergeist, mediunidade, Experiências de Quase Morte, etc..(Andrade, Stevenson, Tizané, Raymond Moody, Elizabeth Kübler-Ross, Camille Flammarion, Scott Rogo, Sam Parnia, entre outros) . As pesquisas atuais em EQM (Experiência de Quase Morte), com os estudos internacionais de Sam Parnia, Peter Fenwick e vários médicos ao redor do mundo se encontram com os estudos do bioquímico Rupert Sheldrake e os do psicólogo Charles T. Tart sobre as limitações do paradigma cartesiano diante do acumulo de evidências sobre as capacidades psíquicas que apontam para além da matéria (no sentido vulgar do termo).

  Agora, um dos mais importantes cientistas da atualidade afirma, com todas as letras, que a possibilidade de vida após a morte e da reencarnação é uma ideia não apenas lógica, mas cientificamente plausível.

   
 O Dr. Robert Paul Lanza (foto), nascido em 1959, é considerado um dos maiores cientistas  da atualidade. 
 Médico pesquisador, é especializado em medicina regenerativa à nível celular (histologia regenerativa) e, por força de suas pesquisas, um estudioso de áreas de ponta, como a física moderna (quântico-relativista). Entre outras funções, ele é chefe de pesquisas do Advanced Cell Technology e professor do Institute for Regenerative Medicine, departamento do Wake Forest University Scholl of Medicine, todas situadas nos EUA. 

   Robert Lanza ficou famoso por suas pesquisas com células-tronco e clonagem de seres vivos, em especial como meio de preservação em favor de espécies ameaçadas de extinção (c.f. na wikipedia).

  Não bastasse seu currículo repleto de contribuições científicas de ponta, Dr. Lanza lançou, em 2008, um livro em que faz um levantamento do que a ciência atual entende sobre a vida e que é voltado para a instrução  e atualização do público geral com um nível médio de conhecimento científico, intitulado "O biocentrismo: Como a vida e a consciência são a chave para entender a natureza do Universo".  

 Como o próprio título sugere, para Lanza é a vida e, mais ainda, a consciência  - que se expressa por meio da vida -  que tem a primazia evolutiva e, com esta, estimula o desenvolvimento das manifestações físicas do Universo. É a consciênica e a vida, sua expressão que, para tanto, se utilizam da matéria tanto para animá-la quanto para se desenvolverem mutuamente (mente, vida e matéria) do que o oposto, ou seja, a matéria dando origem à vida e a consciência como mero fruto do acaso. Tal inversão lançaria nova e revolucionária luz sobre a ordem que vemos na natureza e seria o que determina a escala o aspecto geral do universo conhecido e o processo evolutivo que vemos, da matéria à consciência. Indo mais além, estabelece, como consequência, a existência da própria consciência como ente com uma realidade própria, inclusive sobrevivente à morte física. 

  Apesar de ainda polêmica, a ideia não é de modo algum nova. Desde os filósofos gregos antigos até os nomes mais reconhecidos da ciência moderna, como o do astrônomo Camille Flammarion (1842-1925) e Charles Richet (1850-1935), Prêmio Nobel de Medicina em 1913, passando por pesquisadores como os já citados Ian Stevenson e do brasileiro Hernani Guimarães Andrade, e, mais recentemente, com nomes como o do astrofísico escocês Archie Roy (1924-2012) e do  biológo britânico Rupert Sheldrake, que se teoriza, a partir de evidências, que a vida e, portanto, a consciência humana possam não apenas sobreviver ao corpo mas ainda determinar  o processo de sua embriogênese, atuando sobre o material genético, e a sua morfologia. Tudo isso sendo é discutido e amparado em uma série de evidências científicas (evidências, bem entendido, já que muita gente dentro do establishment científico, modelado no velho paradigma mecanicista-positivista, ainda resiste a considerá-las provas), como as atualmente apresentadas pelos médicos Sam Parnia, na Inglaterra, e van Lommel, na Holanda, sobre as experiências clínicas de pacientes que tiveram experiências de quase morte. 

  Agora, dentro do rígido mundo acadêmico e laboratorial, é o Dr. Robert Lanza quem afirma que o atual nível de avanço da ciência permite dirimir praticamente qualquer dúvida sobre esta questão. Para ele, o quadro atual da ciência possibilita afirmar que a vida continua para além da morte física e, mais que isso, essa vida consciente se aperfeiçoa com o tempo, voltando a viver em outros corpos (reencarnação), e atuando entre uma vida e outra em dimensões para além da nossa.

  Os estudos de Lanza - transdisciplinares ao estilo de Edgar Morin, James Lovelock, Ilya Prigogine, Dean Radin e Fritjof Capra -, unem ou estabelece pontes de comunicação que vai da Física Avançada para a Psicologia e Biologia de ponta e o levaram a formular sua teoria ou princípio do Biocentrismo. Nesta, é a consciência (ou algo bem parecido com a noção de um espírito consciente) que é o elemento mais fundamental no universo, ou seja, é a consciência o elemento que rege e estabelece a composição do universo, e não o inverso como o modelo mecanicista convencional costuma estabelecer.... Costuma estabelecer e reduzir, metafisicamente e a priori, de conformidade com o modelo mecanicista, interpretando a consciência como se esta fosse um mero epifenômeno secundário e sem muita importância da matéria (visão materialista-reducionista). 

  As afirmações de Lanza podem parecer polêmicas, ousadas ou até mesmo temerárias, mas estão longe de serem frutos de uma mente excêntrica que deseje polemizar para obter notoriedade. Ao contrário, são baseadas em evidências, portanto, fatos, bem estabelecidos e pesquisados que agora ele tenta explicar numa teoria coerente, denominada biocêntrica

 Vale lembrar que no curriculo do autor, anos atrás, ele pesquisou em áreas da Psicologia com ninguém menos que o pai do Behaviorismo radical, B. F. Skinner, e com grandes nomes da biologia, bioquímica e biofísica, tendo artigos publicados nas revistas mais difícies e conceituadas, como a Science. Portanto, suas colocações não são resultados de uma mente sonhadora ou ingênua e, apesar da resistência inevitável, com críticas pesadas mas nem sempre equilibradas dos colegas embebidos do paradigma mecanicista, obteve a simpatia ou mesmo o discreto apoio de outros lumiares da ciência contemporânea, como o do médico e Prêmio Nobel, Dr. Edward Donnal Thomas, que saiu em defesa de Lanza na revista Forbes em 2007, ou do físico Lawrence Krauss, que considera as ideias de Lanza cientificamente interessantes embora, para ele, dificies de serem testadas - mas se levarmos em conta as pesquisas de Banerjee, Stevenson, Dean Radin, Charles Tart e H. G. Andrade, entre outros, possíveis de serem feitas.

   Lanza, enfatizamos, se aproxima muito de autores e teóricos avançados da Física, Filosofia, Biologia e Psicologia como David Bohm, James Lovelock, Jan Smuts, Ludwig von Bertalanffy, Maturana, Varela, Carl Gustav Jung, Stanislav Grof, Leonardo Boff e Fritjof Capra ao afirmar que existe uma lógica inteligente para a estrutura do universo, onde as leis, forças e constantes variações parecem equilibradas para se afinarem com a vida, o que permite sua eclosão e manifestação em um histórico de complexificação crescente, manifestação e desenvolvimento, ou seja, há uma forte evidência de coesão e regência nas leis da natureza, o que implica que na ação de uma inteligência modeladora subjacente a este quadro (a matéria em si não demonstraria sinais de consciência). Esta mesma ideia já foi aventada por grandes nomes da física moderna, como Niels Bohr, Werner Heisenberg, Wolfgang Pauli, Erwin Schrödinger e, mais dubiamente, Albert Einstein (veja-se, sobre isso, os livros de Fritjof Capra, em especial O Tao da Física e O Ponto de Mutação), mas quase nunca foi devidamente considerada pelo establishment científico oficial. 

  Sem conhecer Hernani Guimarães Andrade, mas bem ciente das pesquisas de cientistas como Fred Alan Wolf e David Bohm, Lanza deles também se aproximam ao afirmar também que o espaço e o tempo não são objetos ou coisas existentes por si, mas sim ferramentas relativas, adaptadas ao nível de nosso entendimento animal, interpretação de nossa mente em determinado estado de consciência. Lanza vai mais além, afirmando que carregamos o espaço e o tempo em torno de nós “como tartarugas”, o que significa que quando a casca sai, espaço e tempo ainda existem. Neste ponto, a teoria de Lanza é bem próxima do modelo tetradimensional da psique, ou espírito, de Hernani Guimarães Andrade (c.f., deste autor, os livros Morte, Renascimento, Evolução e Psi Quântico) e se aproxima do pensamento teórico do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961).

 Robert Lanza, portanto, estabelece uma trama relacional abrangente unindo os fios da Biologia, da Física e da Psicologia. O quadro teórico resultante resgata as noções da Metapsíquica de Charles Richet, Gustave Geley e Frederic Myers. Afirma ele que o Biocentrismo dá sentido à ideia bastante ventilada nos últimos trinta anos, no complexo meio da Física teórica, de múltiplos universos, evocando a noção de que é possível a existência da consciência em “outros mundos” (o modelo tetradimensional da Psique de Andrade também afirma isso, o que também é validado pelas pesquisas de Stanislav Grof). 

  Neste quadro, como já intuiam, na Física, Bohr, Pauli, Schrodinger e Bohm, na Biologia, com Maturana, Varela, e na Psicologia, William James, Carl Jung e Stanislav Grof, a consciência desempenha um papel que a ciência dita exata começa a levar em consideração. Sendo assim, segundo Lanza, a morte seria uma mera ilusão criada pela mente restringida pelos sentidos, adaptados a um mundo material limitado e difícil de se lidar a três dimensões, mas que demonstra possuir uma capacidade criativa e intuitiva que ultrapassa estes limites pois, a vida, para Robert Lanza, transcende a linearidade banal aceita pelo modelo cartesiano-newtoniano da ciência clássica e ao qual estamos acostumados. Segundo ele, a noção aceita de morte é uma interpretação errônea, ou melhor, uma crença culturalmente compartilhada, baseada numa metafísica materialista que ainda desconsidera os achados da Psicologia e da Física de ponta. Capacidades aparentemente anômalas, como a percepção extra-sensorial, a precognição, etc., seriam indícios de que a mente superaria, em certos momentos e em condições ainda pouco compreendidas (Richet, Jung, Rhine, Readin, Tart, Grof, Andrade) os limites do universo físico ao qual estamos familiarizados.

 Lanza, em sua visão transdisciplinar (Morin, Capra) e transpessoal (Grof), também resgata as contribuições de pensadores como Pierre Teilheard de Chardin e Pietro Ubaldi, embora não se possa saber ao certo até onde o pesquisador estudou - se de fato estudou - tais autores. Seja como for, a mesma ideia geral, o chamado Princípio Antrópico Cosmológico tão presente no pensamento destes, também se expressa no Biocentrismo de Lanza, ou seja, de que a vida e a nossa existência humana são emergências esperadas, não o fruto do acaso, pelo contrário, sendo fenômenos inevitáveis. 

  A vida e a consciência, por sua vez, criariam a realidade biológica e esta transformaria o mundo (lembram-se da hipótese Gaia, de James Lovelock?), sem a noção linear, reducionista, simplificadora e limitante que adotamos nos últimos trezentos anos. A morte apenas existe como conceito cultural, ensinado pelas gerações a partir de uma visão limitadora da realidade, e, portanto, não pode “existir em qualquer sentido real”. 

 
Uma vida que cumpre seu ciclo é a manifestação temporal da consciência que continua a existir em outras realidade dimensionais, e mesmo podendo voltar a esta dimensão para um novo ciclo de desenvolvimento pessoal, ajudando, igualmente, no desenvolvimento coletivo. A vida física individual seria um mera emergência temporal, um fragmento na realidade restritiva a que estamos acostumados, mas que a supera e que, por sua vez, daria simplesmente um novo recomeçar quando morremos, para novas possibilidades. 

  O contrário de morrer não é, portanto, viver, mas nascer. A vida simplesmente é e se manifesta temporalmente, na matéria, dentro dos limites do nascer e do morrer e, portanto, transcende - como sentimos intuitivamente - o tempo cronológico. Não se trata de um tempo, passado, presente e futuro – aqui, sem a nossa consciência, espaço e tempo não tem valor algum, desta forma, quando morremos, a nossa mente não poderia deixar de existir, pois ela faria parte do universo, assim, ao menos uma parte fundamental da mente individual pode ser imortal, como, aliás, é dito por quase todas as tradições religiosas e filosóficos do mundo inteiro.

  
 Na teoria dos multi-versos, há uma possibilidade de um número indefinido de dimensões, ou de lugares ou de outros universos onde a nossa alma poderia migrar após a morte, de acordo com a teoria de neo biocentrismo, e ainda assim interagir e voltar à dimensão física.

 Mas será que o espírito/alma/consciência existe de modo independente? Outros cientistas reconhecidos formularam alguma teoria ou hipótese de trabalho que dê sustentação a isso? A resposta é afirmativa. 

  Embora polêmicas diante do domínio do paradigma mecanicista, existem teorias de trabalho consrtuídas por vários cientistas que dão suporte à ideia da vida consciente após a morte. Para o Dr. Stuart Hameroff, por exemplo, uma experiência de quase morte, EQM - aquela em que o paciente vê o próprio corpo e as tentativas da equipe médica de o ressuscitar -, acontece quando a informação quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dirige ao espaço. Apesar de ser apenas um modelo, é um modelo que enfrenta o paradigma dominante já que, ao contrário do que defendem os materialistas, a teoria de Hameroff oferece uma explicação alternativa da consciência que pode, talvez, apelar para a mente científica racional e intuições pessoais sobre um fenômeno que já é reconhecido como ocorrente desde que o médico Dr. Raymond Mood publicou seu clássico livro sobre EQM, Vida depois da Vida, em 1975 (veja o vídeo ao final deste artigo). 

 A consciência interagiria ou se utilizaria, de acordo com o modelo teórico de Hameroff e do físico britânico Sir Roger Penrose, dos microtúbulos das células cerebrais,  que poderiam ser os sítios primários de processamento quântico da mente. Após a morte esta singularidade informacional, que é a consciência é liberada de seu corpo, o que significa que a mente e seu histórico vai com ele para algum outro lugar ou dimensão.

 A Consciência, ou pelo menos a proto consciência, é teorizada por quase todo os autores aqui citados como a propriedade fundamental do universo, possivelmente presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big Bang. Nos dizeres de Lanza, baeado em Hameroff e Penrose,“em uma dessas experiências conscientes comprova-se que o proto esquema é uma propriedade básica da realidade física acessível a um processo quântico associado com atividade cerebral.” (veja-se o video abaixo, ao final deste texto, após a bibliografia sugerida).

 Esta interpretação quântica da consciência, que é melhor desenvolvida no modelo de Hernani Guimarães Andrade, é retrabalhada por Lanza e explica diversos fenômenos, como experiências de quase morte, projeção astral, experiências fora do corpo e até mesmo a reencarnação sem a necessidade de recorrer a qualquer ideologia religiosa. A energia de sua consciência potencialmente é reciclada de volta em um corpo diferente em algum momento e nesse meio tempo ela existe fora do corpo físico em algum outro nível de realidade e possivelmente, até mesmo outro universo.

  Por mais que pareçam aparentemente áridas, estas são explicações que dão uma explicação, talvez ainda a ser aprimorada, da ciência para a possibilidade de vida após a morte. Elas dizem que nossas consciências (ou espíritos) são consequencias da própria estrutura do universo e pode ter existido, em estágios diferenciados de desenvolvimento, já desde o início dos tempos. Nossos cérebros, assim, não produzem a consciência, servindo apenas, usando uma analogia aproximativa, ou metáfora, como meros receptores e amplificadores para a proto-consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, como parece indicar aspectos como tempo psicológico, PES, EQM, memória extra-cerebral de crianças que lebram espontaneamente de vidas anteriores, há realmente uma parte de sua consciência que é não material e vai viver após a morte de seu corpo físico.

   A possibilidade de que nossa consciência pessoal seja uma centelha diferenciada e em evolução de uma realidade em si mesmo, fundamentalmente consciencial e que dá origem às diferentes facetas da realidade e que nós mesmos, assim, somos imortais e que podemos reencarnar, é a consequencia lógica de alguns princípios estabelecidos pelo modelo biocêntrico de Rober Lanza. Estes princípios são:

1. O espaço e o tempo não são realidades absolutas independentes de consciências-observadoras, portanto, a realidade “externa” seria um processo de percepção (interpretação) e de criação da consciência.

2. As nossas percepções externas e internas estão ligadas, de forma profunda, não podendo se divorciar uma da outra.

3. O comportamento das partículas subatômicas está ligado com a presença de um observador consciente. Sem esta presença, as partículas existem, no melhor dos casos, em um estado indeterminado de probabilidade de onda.

4.  Sem consciência a matéria permanece em um estado indeterminado de probabilidade. A consciência precede o universo.

5. A vida cria o universo, e não o contrário, como estabelecido pela ciência tradicional.

6. O tempo não tem real existência fora da percepção humana.


7. O espaço, assim como o tempo, não é um objeto. O espaço é uma forma de compreensão e não existe por conta própria.

Bibliografia sugerida:

ANDRADE, Hernani Guimarães. Morte, Renascimento, Evolução. Editora Pensamento, São Paulo. Segunda edição: Editora Didier.

ANDRADE, Hernani Guimarães. Espírito, Perispírito e Alma - Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico. Editora Pensamento, São Paulo. Segunda edição: Editora Didier.

ANDRADE, Hernani Guimarães. Psi Quântico. Editora Pensamento, São Paulo. Segunda Edição: Editora Didier.

BANERJEE, Hemendra Nath. Vida Pretérita, Vida Futura. Editora Nórdica.

CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. Editora Cultrix. São Paulo.

CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. Editora Cultrix. São Paulo

GROF, Stanislav. Além do Cérebro. McGraw-Hill, São Paulo.

GUIMARÃES, Carlos Antonio Fragoso. Evidências da Sobrevivência. Editora Madras, São Paulo.

LANZA, Robert Paul &  BERMAN, Bob. Biocentrism: How life and consciousness are the keys to understanding the true nature of the universe. Benbella Books, 2009.

RADIN, Dean. Mentes Interligadas. Editora Aleph.

RICHET, Charles Robert. Tratado de Metapsíquica. Editora do Conhecimento.

STEVENSON, Ian. Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects. 2 Volumes. Prager Publishers.

STEVENSON, Ian. Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação. Editora Vida e Consciência.

STEVENSON, Ian. Casos Europeus de Reencarnação. Editora Vida e Consciência.

TART, Charles T. O Fim do Materialismo. Editora Cultrix, São Paulo.

Segue o documentário sobre a teoria de Hameroff e Penrose sobre a consciência quântica:




quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Marina Silva, messianismo, fundamentalismo religioso e o poder ao mercado fianceiro



Segue texto da Professora Flávia Biroli, do Instituto de Ciência Política da UnB.

A candidata do PSB, Marina Silva, se apresenta como a representante da “nova política”.

A política não seria feita de acordos e disputas entre partidos políticos e grupos na sociedade, mas de uma reunião das pessoas “de bem”. Quem define quem faz parte da “nova política” é a própria candidata, com uma sabedoria que, ao que parece, viria da pureza de quem está fora da política e imbuída de uma missão.

Acreditava que no Brasil de hoje não havia o risco de um novo salvador. Afinal, o momento em que Collor apareceu como candidato da “nova política”, contra a política dos marajás, parece não apenas distante, mas de algum modo aquém do patamar em que as disputas se colocaram desde então.

Estava enganada. Temos hoje novamente uma candidata que se apresenta como a representante da “nova política”.  A recusa da dinâmica política aparece como a solução, os partidos e as instituições são vistos como entraves, mas sua candidatura só foi possível porque seguiu a rota mais convencional do casuísmo, tomando carona em um partido que nada tem a ver com a agenda que parecia ser a sua. E tudo para garantir que não ficaria de fora da disputa eleitoral, mesmo não acreditando nos caminhos desta política.


Marina Silva também se apóia em concepções da economia que nada têm de novas, que são defendidas há décadas pelos banqueiros e pelos economistas que estão com ela – eles tiveram, aliás, lugares bem pagos e de prestígio em consultorias, bancos e em governos anteriores.

Maior controle do mercado sobre o Banco Central (a independência do BC), ajustes na economia para restabelecer a “confiança” dos investidores, é assim o “novo” de Marina Silva. Ela é “nova” financiada pelo Itaú, fazendo acordos com o agronegócio e com uma agenda econômica produzida por André Lara Resende (quem não se lembra dele, pode lançar no google confisco da poupança no governo Collor, grampo do BNDES, banco Matrix, privatização da Telebrás etc.) e Eduardo Gianetti (que repete a fórmula dos “ajustes duros” e da autonomia do Banco Central, além de elogios à política econômica de Fernando Henrique Cardoso).

O fundamentalismo religioso a coloca numa posição em que a crença supera os direitos individuais. Já falou a favor do criacionismo, recusando o conhecimento científico. É contrária aos direitos dos homossexuais e prefere diluir os problemas em noções vagas de diferença a enfrentar o fato de que sua posição colabora para a recusa da cidadania e para a violência contra tantas pessoas. É mulher na política, mas retirou a palavra “sexismo” do seu programa de governo. Afinal, conflitos são coisa do passado.

O que ela teria de distinto, sua identidade de ambientalista, vai rapidamente pelo ralo. Afinal, é preciso garantir a “confiança”. E como não há conflitos na sociedade dos discursos de Marina Silva, as dúvidas sobre os transgênicos se resolvem definindo áreas de plantio para transgênicos e não-transgênicos: um caminho para a paz entre o agronegócio e os ambientalistas, afinal! E o etanol se transforma em aliado do ambientalismo, garantindo um lugar para os usineiros no pacote da “nova política”.

O messianismo garante que Marina Silva seja “líder nata” sem propostas e com a entrada mais tradicional no jogo político. Ela está acima das disputas e dos conflitos. E os acordos… bem, os acordos são feitos à velha moda, nos bastidores, enquanto ela repete “nova política”, “nova política”, “nova política”.

Sabemos, no entanto, que os conflitos sociais não desaparecem e os apoios de banqueiros, investidores e empresários são cobrados depois. Sabemos também que por mais complicado que seja governar com instituições democráticas, sem elas nós todos nos tornamos reféns do que nos reservam as boas intenções ou a vontade de uma “iluminada”.

(*) Professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília
Fonte: Carta Maior