quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Portal do José: PATÉTICO EXTREMO! BOLSONARISTAS DESMASCARANDOS E HUMILHADOS! SÓ HOSPÍCIO E CADEIA SALVAM! FORA BETS!

 

Do Portal do José:




Nikolas Ferreira: a manipulação política do repertório bíblico. Artigo de João Cezar de Castro Rocha

 

Do ICL Notícias:

Nikolas Ferreira: a manipulação política do repertório bíblico

O fervoroso deputado parece conhecer o texto bíblico de outiva e não por meio dos olhos

A alegria vem pela manhã

Na avenida Paulista, na manifestação do dia 7 de setembro, Nikolas Ferreira ilustrou de forma exemplar a manipulação do repertório bíblico, a verdadeira base da estratégia dos defensores da Teologia do Domínio.

Como sempre, transcrevo a fala do deputado.

“Vocês não estão sozinhos. E que o choro pode durar uma noite, mas a alegria, ela vem pela manhã”.

(Pausa dramática para um breve passeio no trio elétrico. Na multidão, pessoas levantam as mãos para o céu, como se ouvissem uma pregação ou escutassem um louvor.)

“Bem-aventurados os que têm sede de justiça. Bem-aventurados os que choram, porque toda a lágrima um dia será secada pelo nosso Senhor. Eu não tenho dúvidas de que Deus continua com os olhos abertos para nossa Nação”.

Nessa fala, duas passagens muito conhecidas são deliberadamente deturpadas.

Vejamos.

Em primeiro lugar, o Salmo 30 ocupa o centro da cena. Como se sabe, a autoria é atribuída a Davi. O Salmo foi composto para a dedicação do templo, fato que só ocorreu após sua morte, durante o reinado de seu filho, Salomão. [1] A passagem maltratada pelo político assim se lê:

“Cantem louvores ao Senhor,

vocês que são os seus santos,

e deem graças ao seu santo nome.

Porque a sua ira dura só um momento,

mas o seu favor dura a vida inteira.

O choro pode durar uma noite,

mas a alegria vem pela manhã”. [2]

Na vida do fiel, o choro expressa o sofrimento de que ninguém escapa. Contudo, a manhã promete o alívio que será concedido pelo Senhor. Em última instância, trata-se de manter a serenidade em meio às tribulações, pois a fé, em si mesma, é sustento suficiente. Em nenhuma circunstância é razoável a interpretação sugerida por Nikolas Ferreira, que associa o Salmo ao contexto político brasileiro e, ainda mais concretamente, serve como instrumento para atacar o Ministro Alexandre de Moraes. Aqui, nessa hermenêutica oportunista, a “alegria”, alvorada radiosa, só será possível com o impechament do Ministro. A inadequação salta aos olhos.

(Seria uma caricatura se as consequências não fossem a proposta de ordem social teonomista.)

Não é tudo.

Você prestou atenção na forma como Nikolas Ferreira mencionou o Salmo? Reveja o vídeo. Pois é! Isso mesmo que você notou:

“(…) mas a alegria, ela vem pela manhã”

Como acabamos de ver, o trecho é um pouco diferente:

“(…) mas a alegria vem pela manhã”

Ora, por que o deputado adicionou uma curiosa vírgula e, sobretudo, o pronome pessoal “ela”? A resposta é surpreendente, mas muito reveladora. O deputado, dublê de pastor, adotou a lição presente no louvor “Todavia me alegrarei”, grande sucesso de Samuel Messias.

Você conhece o louvor?

Destaco a estrofe que remete ao Salmo 30:

“O choro dura uma noite, mas a alegria

Ela vem pela manhã

Eu creio, eu creio”

O fervoroso deputado parece conhecer o texto bíblico de outiva e não por meio dos olhos… Isto é, menos pela leitura meditada do que pela fruição coletiva do louvor. Contudo, há um tanto de cálculo nesse tropeço tão elementar. Para que se entenda o alvo, basta que se evoque um esclarecimento de grande alcance:

“De início, observo que nas últimas décadas ocorreu algo como um ecumenismo de base no que aqui foi chamado de setores evangélicos. Um pensamento comum, uma cosmovisão única, foi se formando a partir das músicas, cânticos, canções, que circulam livremente entre as igrejas, sem as amarras doutrinárias”. [3]

A hinologia evangélica foi fundamental para a difusão de trechos das Escrituras, assim como da formulação, nada sistemática mas por isso mesmo muito influente, de interpretações deturpadas dessas passagens — quase que exclusivamente com intenção política. A lenta propagação dos fundamentos da Teologia do Domínio dificilmente teria tido idêntico êxito sem sua assimilação, por vezes insciente, propiciada pela multiplicação de louvores, que dominam o cotidiano de milhões de fiéis. A observação do pastor Sérgio Dusilek ilumina a dimensão do problema:

“A influência militar não se deu somente no trânsito dos favores, da reciprocidade entre importantes figuras evangélicas e as principais figuras da república. Esta influência foi gestada e transmitida pela hinologia evangélica, especialmente por certo tipo de música que se popularizou como Gospel. Os chamados cânticos de guerra emularam gerações de jovens às muitas batalhas imaginárias, seguindo a um Jesus, ora apresentado como capitão, ora como general”. [4]

O próprio louvor “Todavia me alegrarei” opera uma colagem de duas instâncias da Bíblia. Além do Salmo 30, Samuel Messias também recorreu ao livro do profeta Habacuque. Recordemos sua oração (cito apenas os trechos mencionados no louvor):

“Ainda que a figueira não floresça,

nem haja fruto na videira;

ainda que a colheita da oliveira

decepcione,

e os campos não produzam mantimento

ainda que as ovelhas

desapareçam do aprisco

nos currais não haja mais gado,

mesmo assim eu me alegro no Senhor,

e exulto no Deus da minha salvação.

O Senhor Deus é a minha fortaleza”. [5]

 

“Todavia me alegrarei” adapta a passagem, com ligeiras alterações:

“Ainda que a figueira não floresça

Nem haja fruto na vide

Ainda que falhe o produto da oliveira

E os campos não produzam mantimento

Ainda que o rebanho seja exterminado da malhada

E nos currais não haja gado

Todavia eu me alegrarei no Senhor

Exultarei o Deus da minha Salvação

Porque o Senhor Deus

Ele é a minha força”.

Se o proponente da Teologia do Domínio, Nikolas Ferreira, desejasse citar o livro de Habacuque, você acha que ele teria como referência realmente à mão o texto da Bíblia ou a letra do louvor?

As bem-aventuranças

Na sequência da fala do deputado teonomista, a deturpação do repertório bíblico não se constrange nem mesmo diante das bem-aventuranças. O contexto é dos mais conhecidos e celebrados dos Evangelhos: o “Sermão do Monte”:

“Ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte. Ele se assentou e os seus discípulos se aproximaram dele. Então ele passou a ensiná-los”. [6]

Seguem-se no Evangelho de Mateus as sete bem-aventuranças; agora, assinalo somente as duas instâncias deturpadas por Nikolas Ferreira:

“ — Bem-aventurados os que choram,

porque serão consolados.

(…)

— Bem-aventurados os que têm fome

e sede de justiça,

porque serão saciados”. [7]

Não somente o deputado altera a ordem das bem-aventuranças, mas também manipula seu sentido, a fim de lhes atribuir uma deriva política rasa e vulgar, concluindo com uma ameaça velada — “Deus continua com os olhos abertos para nossa Nação”. Tradução automática: nos momentos de delírio dos presentes na avenida Paulista, o impeachment do Ministro Alexandre de Moraes equivale ao início do Paraíso prometido e à suprema Consolação dos justos que já choraram demais.

E não apenas.

A manipulação das bem-aventuranças foi uma das estratégias centrais na imposição de uma ordem teonomista na República de Gilead, na distopia fundamentalista de Margaret Atwood, “O conto da aia”.

Duvida?

“Na hora do almoço eram as Beatitudes. Bem-aventurado isso bem-aventurado aquilo. Elas punham para tocar uma gravação em disco, a voz era de um homem. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os misericordiosos. Bem-aventurados os mansos. Bem-aventurados os que se calam. Eu sabia que este último eles tinham inventado, sabia que estava errado, e que tinham excluído partes também, mas não havia nenhuma maneira de verificar”. [8]

No Brasil de 2024 ainda podemos verificar e portanto denunciar as inúmeras deturpações do repertório bíblico feitas por defensores da Teologia do Domínio.

(Pelo menos por enquanto.)

 

[1] “Então o rei e todo o Israel com ele ofereceram sacrifícios ao Senhor. Salomão ofereceu em sacrifício pacífico ao Senhor vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Assim, o rei e todos os filhos de Israel consagraram a Casa do Senhor”. 1Rs, 8: 62–63. Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017, p. 589.
[2] Salmo 30: 4-5. Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada. Op. cit., p. 935.
[3] Paulo Donizeti Siepierski. “Prefácio”. In: Sérgio Dusilek & Tayná Louise de Maria (orgs.). A noiva sob o véu. Novos olhares sobre a participação das igrejas evangélicas nas eleições de 2022. Rio de Janeiro: Menocchio, 2024, p. 7.
[4] Sérgio Dusilek. “Os batistas da convenção batista brasileira e as eleições de 2022: um caminho de difícil retorno”. In: In: Sérgio Dusilek & Tayná Louise de Maria (orgs.). A noiva sob o véu. Op. cit., p. 25.
[5] HC 3: 17–19. Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada. Op. cit., p. 1605.
[6] MT 5: 1-2. Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada. Op. cit., p. 1705.
[7] MT 5: 4 e 6. Bíblia de Estudo Nova Almeida Atualizada. Op. cit., p. 1706.
[8] Margaret Atwood. O Conto da Aia. Tradução de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2017, p. 109.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Ranieri Costa explica como a teologia dos coaches flerta com o pior do fundamentalismo da religião e do charlatanismo

 Do Canal ICL:




A atualidade da Teoria da Estupidez de Dietrich Bonhoeffer para ajudar a entender a invasão dos ratos do fascismo e do bolsonarismo

 

Vídeo do Canal Razão e Reflexão:

Neste vídeo, exploramos a teoria da estupidez de Dietrich Bonhoeffer, um dos grandes pensadores do século XX. Ele argumenta que a estupidez é mais perigosa do que a maldade, pois é imune à razão e crítica. Bonhoeffer destaca como a conformidade social e a falta de pensamento crítico levam a ações irracionais, mesmo entre pessoas inteligentes. Discutimos a relevância dessas ideias no contexto atual, onde a desinformação e a manipulação são abundantes. Através de suas reflexões, somos desafiados a cultivar a sabedoria e a resistência contra a estupidez coletiva. Junte-se a nós nesta jornada provocativa e instigante.



sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Elon Musk parece finalmente se curvar a Alexandre de Moraes, ao STF e às leis brasileiras

 

Defesa do X disse que novo representante legal da empresa será apresentado em 30 dias, além de bloquear perfis com conteúdo criminoso


Do Jornal GGN:

Depois de uma série de ataques a Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e à soberania brasileira, que estaria vivendo em condições que comprometem a liberdade de expressão, o bilionário Elon Musk resolveu acatar as leis do país e vai cumprir todas as decisões judiciais para que a rede social X volte ao ar. 

Na última quarta-feira, os advogados  André Zonaro Giacchetta e Sérgio Rosenthal, ambos do escritório Pinheiro Neto, apresentaram uma petição em que garantem que um representante legal da empresa será indicado nos próximos 30 dias. 

A defesa, que atua de forma emergencial em nome do X, informou ainda que atendeu à ordem do STF de suspender novamente contas de usuários que atentaram contra a democracia ou usaram a plataforma para disseminar um discurso de ódio. 

Alexandre de Moraes, no entanto, não aceitou as condições apresentadas pelos advogados e determinou a nomeação de um representante legal no prazo de 24 horas, sob pena de não reconhecer a petição e a atuação dos defensores. 

Moraes determinou ainda a apresentação da “comprovação documental da respectiva Junta Comercial da regular constituição da empresa, com indicação de seu representante, com amplos poderes, inclusive de nomeação de advogados”.

Entenda o caso


À BBC Brasil, Sérgio Rosenthal que o X decidiu cumprir todas as determinações judiciais. exigidas pelo STF. 

Suspensa desde 31 de agosto, a rede social X mais uma multa, desta vez de R$ 5 milhões, por ficar disponível para usuários brasileiros a partir da utilização de novos acessos pelos servidores CDN Cloudfare, Fastly e Edgeuno, supostamente criados para burlar o bloqueio da plataforma.

De acordo com a nota da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a conduta da rede X demonstra intenção deliberada de descumprir a ordem do STF. A plataforma já foi bloqueada novamente. 

Antes, o X e a Starlink, também de propriedade de Musk, tiveram as contas bancárias bloqueadas, das quais foram transferidos R$ 18,3 milhões à União para o pagamento de multas por descumprimento de ordens judiciais. 

Sem saída


Para Luciana Santana, secretária executiva da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), o conflito entre Elon Musk e as autoridades brasileiras mostram a gravidade e a potencialidade desse movimento de pessoas que têm esse perfil como o do bilionário sul-africano. 

Sobre a tentativa de trazer o X de volta ao ar, a secretária executiva questiona como isso foi possível. “O caso mostra o quanto estamos vulneráveis dentro desse processo e quanto a gente precisa entender as estratégias, a forma como a extrema-direita funciona para além do que a gente já conhece.” 

À TVGGN, Luciana ressalta que Musk fez mais do que confrontar o ministro do STF, mas sim confrontar as leis do Estado brasileiro. “Isso é muito grave e é importante que a gente possa, a partir dos meios que a gente tem, comunicar melhor para que a comunidade internacional saiba o que está acontecendo nesse entrelace entre Elon Musk, o X e a justiça brasileira”, finaliza.

Recuos


O GGN mostrou, no início do mês, que o bilionário não tem grandes problemas em cumprir ordens de autoridades locais, especialmente quando as relações políticas influenciam seus negócios.

Próximo de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, Musk acompanhou a censura a um documentário da BBC sobre o líder extremista indiano, que acusou a emissora britânica de difamação.

“As regras na Índia sobre o que pode aparecer nas redes sociais são muito estritas e nós não podemos violar as leis do país”, justificou o bilionário.

Musk também se comporta bem na Turquia, tendo em vista o interesse na reeleição do presidente Recep Tayyip Erdogan. Para tanto, ele removeu conteúdos e perfis em 2023 a pedido das autoridades turcas sem reclamar de censura.

“Em resposta ao processo legal e para garantir que o Twitter continue disponível para o povo da Turquia, tomamos medidas para restringir o acesso a alguns conteúdos na Turquia hoje”, informou o X.

LEIA TAMBÉM:

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Portal do José: PERDEU MANÉ! COVARDIA DE ELON MUSK FRUSTRA BOLSONARO E DIREITA! MORAES ENQUADRA E HUMILHA O FALSO ESTRANGEIRO "MITO DA LIBERDADE"!

 

Do Portal do José:




Reinaldo Azevedo: BC de Campos Neto e dos bancos privados pune crescimento e emprego e eleva Selic em 0,25. Fed corta juro em 0,5 ponto

 

Da Rádio BandNews FM:




Reinaldo Azevedo: Episódio envolvendo o X e os interesses de Elon Musk libera o ódio dos fanáticos à democracia e ao país

 

Da Rádio Band News FM:




Juliana Dal Piva recupera todas as provas contra Carlos Bolsonaro que foram ignoradas pelo MP do RJ

 

Vídeo do Instituto Conhecimento Liberta:




PF aprofunda investigação da conexão do plano de tentativa de golpe fascistóide com ataques no 8/1. Reportagem de Juliana Dal Piva

 

Os investigadores querem evitar qualquer lacuna e também a possibilidade de que o MPF peça novas diligências após a conclusão do caso na PF.

Do iclnotícias.com.br:

PF aprofunda investigação da conexão do plano de tentativa de golpe com ataques no 8/1

Serão tomados novos depoimentos e também avaliou-se a necessidade de novas diligências e análises de dados

A Polícia Federal (PF) está trabalhando nos dados que vinculam fatos e provas entre a tentativa de golpe de estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022 e os ataques aos prédios da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. No entanto, a conclusão do caso foi adiada para outubro.

Os investigadores querem evitar qualquer lacuna e também a possibilidade de que o MPF peça novas diligências após a conclusão do caso na PF, como já ocorreu após os relatórios finais de inquérito do caso das joias e também da falsificação do cartão de vacinação.

A coluna apurou que serão tomados novos depoimentos e também avaliou-se a necessidade de novas diligências e análises de dados.

Existia expectativa de conclusão ainda em setembro, independente das eleições municipais. Mas o compartilhamento de provas após a evolução do caso da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) também deu muitos elementos novos para a investigação sobre o golpe.

Juliana Dal Piva
Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

“A Conspiração Lava Jato”: Nassif fala sobre novo livro, política, mídia e Judiciário em entrevista

 “A Conspiração Lava Jato”, que narra fatos e bastidores relacionados à política contemporânea, ao papel da mídia e à influência do Judiciário nas crises que o País atravessou nas últimas décadas.

Do Jornal GGN:

Luis Nassif. Foto: Reprodução/UnBTV


O jornalista Luis Nassif concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista João Paulo Biage, da UnBTV, na qual fala sobre seu novo livro, “A Conspiração Lava Jato”, que narra fatos e bastidores relacionados à política contemporânea, ao papel da mídia e à influência do Judiciário nas crises que o País atravessou nas últimas décadas. O livro está em pré-venda (compre aqui) e chegará às bancas ainda em setembro.

Nassif explica que o livro resgata a “década maldita de 2010”, quando setores da imprensa conspiraram contra os governos do PT usando, primeiro, o Mensalão e, depois, a Lava Jato. A obra aborda a atuação de vários personagens, internos e externos, que compõem a miscelânea que levou ao golpe em Dilma Rousseff, à prisão de Lula e seu afastamento das eleições, à ascensão de Jair Bolsonaro ao poder.

O jornalista termina falando sobre a sucessão de Bolsonaro, que foi mero produto de uma conspiração maior pelo poder. Para Nassif, Bolsonaro “está morto”. Será substituído por figuras mais jovens e úteis ao establishment interessado em interferir no poder, como Tarcísio de Freitas e Pablo Marçal.

Assista a entrevista completa abaixo:

A dança das cadeiras da direita, por Andrea Dip, jornalista investigativa e psicanalista

 

A questão é que nessa dança das cadeiras da direita, o debate de pautas importantes e urgentes para a população é que está ficando sem lugar.


A dança das cadeiras da direita

Campo tenta se reconfigurar para atrair o centro
Por Andrea Dip, no site ICL Notícias:

O agitador candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) é de extrema direita? Se sim, por que ele – após apoiar a candidatura de Bolsonaro à reeleição em 2022 – agora rivaliza com o bolsonarismo que é a face da nova extrema direita brasileira? E José Luiz Datena (PSDB) que carrega há mais de 20 anos o clamor punitivista em seus programas de televisão? É menos de direita por ter aceito as provocações do rival e dado uma cadeirada em Marçal? Em que lugar dessa régua estaria, então, o atual prefeito de SP e candidato à reeleição Ricardo Nunes, que se opõe a Marçal e Datena mas recentemente recebeu o apoio oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro – que, sempre bom lembrar, no início da campanha municipal tecia elogios a Marçal? É de extrema direita? E a Marina Helena, do Novo?

Com poucas propostas concretas para solucionar problemas graves e estruturais de uma cidade do tamanho de São Paulo – ou com ideias absurdas como construir um prédio de 1km – essa régua tem se tornado uma pauta central nas discussões, principalmente entre os próprios candidatos citados, que se acusam de ser “comunistas”, “esquerdistas” e levantam falsas acusações clichês contra o único candidato realmente de esquerda na disputa, Guilherme Boulos (PSOL), e o provocam o tempo todo a reagir às investidas, nos minutos de debate em que poderiam estar discutindo saneamento básico ou medidas para a contenção da emergência climática que literalmente sufoca a população.

Marina Helena inclusive tem se proclamado como a “única candidata de direita” na disputa eleitoral, como se isso por si legitimasse sua eleição.

Com o avanço de uma nova extrema direita ou de um neofascismo no mundo todo, essa régua que posiciona figuras no espectro político da direita tem se tornado uma ferramenta importante inclusive para a própria direita.

Em um congresso que acompanhei na última semana em Berlim, chamado “Berlin Campaign Conference” (Conferência de Campanha em Berlim), o principal tema discutido entre políticos de partidos conservadores da Europa, Estados Unidos e Nova Zelândia foi como puxar para a direita os votos dos eleitores que se posicionam mais ao centro. “Não tentem correr atrás dos votos da AfD, a oportunidade está na maioria silenciosa que não se identifica com nenhum extremo” diria um membro do Partido Conservador Britânico. Ele se referia ao partido alemão de ultradireita “Alternative für Deutschland” (Alternativa para a Alemanha), que tem crescido de maneira assustadora no país. E, claro, um dos pricipais segredos estaria em se aproveitar melhor das redes sociais, sobretudo o TikTok, onde os jovens estão.

Para os palestrantes do evento – promovido pela organização “The Republic” – que diz querer “influenciar ativamente a formação da opinião pública e quebrar a liderança da opinião de esquerda no discurso social” e “criar uma rede de multiplicadores liberais-conservadores para formar a futura geração de impulsionadores do debate civil, impulsionados pela visão de dinamizar o ativismo conservador alemão” – a extrema direita vem deixando votos perdidos pelo centro. Seria parte da estratégia de partidos ultraconservadores menos raivosos em seus discursos, se distanciar da imagem extrema para ganhar o centro. Não se engane: as falas ali eram absolutamente xenófobas, pró-armas, pró-Trump, negacionistas climáticas, Estado mínimo, o starter pack da ultradireita. Mas essa tentativa de se afastar da imagem extrema para ganhar o centro foi o que me chamou a atenção: As unidades de medidas dentro da nova direita parecem estar se adaptando ao momento.

“Num guarda-chuva da ultra direita, a extrema direita é aquela que tem um discurso frontalmente antidemocrático contra as instituições. E a direita radical integra as suas demandas, os seus valores, as suas ambições políticas dentro de um quadro institucional democrático, buscando transformar essas instituições de acordo com as suas leituras mais particularizadas da sociedade. Então, a direita radical faz uso do jogo democrático. É claro que essa distinção é muito muito útil do ponto de vista analítico, mas se consideramos a ultra direita como um guarda-chuva, ele acaba integrando muitas pautas, muitas bandeiras que estão indistintamente presentes, seja no campo da direita radical, seja no da extrema direita” explica o historiador especializado em extremismo de direita, violência política e história do neofascismo Odilon Caldeira Neto, que é professor adjunto de história contemporânea no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora e coordenador do Observatório da Extrema Direita.

Ele diz que existem alguns pontos de convergência da moralidade, da centralidade heteropatriarcal, do resgate dos valores tidos como tradicionais, o conservadorismo de costumes, etc. mas lembra que também existe uma diversidade dentro do próprio campo bolsonarista, “sejam aqueles inspirados na referência de Olavo de Carvalho, sejam naquelas tensões mais próprias do campo militar, assim como alguns expoentes de uma certa radicalização neoliberal, que em grande medida foi o campo ali onde o Pablo Marçal teve uma grande interlocução com o bolsonarismo”.

Sobre Marçal, talvez ainda seja cedo para classificar, define Odilon. Mas explica que o coach talvez chegue à condição de uma extrema direita, não por conta da mobilização de questões clássicas, como uma referência ao fascismo histórico, ao integralismo no caso brasileiro, ou mesmo à questão do militarismo, que foi tão forte no bolsonarismo:

“Eu acho que a questão das novas tecnologias, onde o discurso é populista e reacionário, da segurança pública, do punitivismo, estabelece uma via muito comum a extrema direita, que é fortemente marcada por condições latino-americanas e que se amplia, se a gente pensa o fenômeno do Trumpismo. Então nesse sentido, me parece que o Pablo Marçal pode ser caracterizado como fenômeno da da extrema direita em torno desse tom do punitivismo, que ultrapassa as raias da institucionalidade democrática”, diz.

E acrescenta: “No caso do Datena, eu acho que ele utiliza da questão da segurança como uma trajetória política desde os seus tempos de comunicador, mas é uma figura que faz o resgate de uma direita que hoje em dia já pode ser considerada mais clássica do que aquilo que foi outrora, em alguma medida, o malufismo em São Paulo, o discurso da Rota, da segurança, também do punitivismo, mas sem uma demagogia que possa ser compreendida em torno de uma via anti ou mesmo não institucional como é o caso do Pablo Marçal. Datena é a figura mais de uma direita, que pode ter algumas características autoritárias, mas não está necessariamente presente dentro desse campo da ultra direita. Eu vejo Marçal mais como o expoente de uma tendência do próprio bolsonarismo, e daí tem uma disputa do campo da ultradireita no caso de São Paulo, que converge desde a candidatura do Novo até a candidatura do atual prefeito e também essa figura mais midiática e radicalizada do Pablo Marçal”.

A questão é que nessa dança das cadeiras da direita, o debate de pautas importantes e urgentes para a população é que está ficando sem lugar.

Da GLOBO: PGR denuncia três deputados do PL por corrupção e organização criminosa em esquema de desvio de emendas

 

Denúncias contra Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) foram encaminhadas ao STF. Procuradas, defesas dos políticos disseram que não vão comentar caso.


Do G1:

Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília



Os deputados federais do PL Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) denunciados pela PGR — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados e Mário Agra/Câmara dos Deputados


A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) três deputados do PL pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa em um suposto esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares.

A acusação foi enviada ao Supremo em agosto e atinge os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Procuradas pela TV Globo, as defesas dos congressistas disseram que não vão comentar as denúncias.

Além dos deputados, outras seis pessoas foram denunciadas pela PGR no caso.

  • A Procuradoria aponta que o grupo ligado aos parlamentares teria agido para desviar parte dos recursos destinados à Prefeitura de São José de Ribamar, no Maranhão.

Segundo a PGR, o então prefeito da cidade maranhense foi pressionado a devolver parte dos valores, mais de R$ 1 milhãomas a operação não chegou a ser concretizada neste caso.

A investigação foi aberta em 2021 – época em que o chamado "orçamento secreto" estava em vigor. Esse mecanismo pouco transparente de distribuição de recursos públicos via emendas foi declarado inconstitucional pelo STF no final de 2022.

Em março de 2022, os parlamentares foram alvos de uma ação da Polícia Federal que apurava esquema de desvio de emendas parlamentares para os municípios do interior do estado do Maranhão.

  • O caso está em sigilo no Supremo. O relator, ministro Cristiano Zanin, abriu prazo para que as defesas se manifestem sobre a acusação.

Na sequência, o caso deve ser levado a julgamento na Primeira Turma do Supremo. Se o colegiado acolher as denúncias da PGR, os parlamentares virarão réus de uma ação penal.

Em julho, a Procuradoria pediu ao Supremo a abertura de 13 apurações preliminares sobre suspeita de desvios utilizando recursos de emendas. Os casos também tramitam em sigilo na Corte.

O que se sabe sobre a denúncia da PGR contra deputados do PL de Bolsonaro por corrupção em emendas

 

Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa teriam tentando desviar mais de R$ 1 milhão dos recursos de emendas destinadas à cidade no Maranhão

Divulgação PGR

Jornal GGN. - A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto, uma denúncia contra três deputados federais do PL pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa em um suposto esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) teriam tentando desviar parte dos recursos de emendas enviadas à Prefeitura de São José de Ribamar, localizada na Região Metropolitana de São Luís, capital do Maranhão.

Os parlamentares teriam agido para pressionar o então prefeito da cidade, Eudes Sampaio, a devolver parte dos valores. A PGR apresentou inclusive trocas de mensagens que, segundo a acusação, mostram a pressão do grupo sobre o prefeito. 

O desvio em questão seria de cerca de R$ 1,6 milhão e correspondia a um percentual das emendas, de acordo com inquérito da Polícia Federal (PF). Contudo, neste caso, a operação não foi concluída.

Na Suprema Corte, os autos da denúncia, que tramita em sigilo, estão sob relatoria do ministro Cristiano Zanin. Ele já intimou os acusados para apresentar defesa prévia. Após isso, a Primeira Turma deve julgar se os alvos se tornarão réus.

Vale ressaltar, que a investigação foi aberta em 2021, época em que o “orçamento secreto” ainda estava em vigor. Já em 2022, o mecanismo foi declarado inconstitucional pelo STF pela falta de transparência. 

Só o deputado Josimar Maranhãozinho foi indiciado pela PF em três inquéritos diferentes, todos sobre suspeitas de desvios em emendas parlamentares. Em um desses casos, ele foi flagrado em vídeos carregando caixas de dinheiro vivo. Esta última denúncia está com a PGR desde o final de 2021 e ainda não teve uma definição.