quarta-feira, 18 de setembro de 2024

“A Conspiração Lava Jato”: Nassif fala sobre novo livro, política, mídia e Judiciário em entrevista

 “A Conspiração Lava Jato”, que narra fatos e bastidores relacionados à política contemporânea, ao papel da mídia e à influência do Judiciário nas crises que o País atravessou nas últimas décadas.

Do Jornal GGN:

Luis Nassif. Foto: Reprodução/UnBTV


O jornalista Luis Nassif concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista João Paulo Biage, da UnBTV, na qual fala sobre seu novo livro, “A Conspiração Lava Jato”, que narra fatos e bastidores relacionados à política contemporânea, ao papel da mídia e à influência do Judiciário nas crises que o País atravessou nas últimas décadas. O livro está em pré-venda (compre aqui) e chegará às bancas ainda em setembro.

Nassif explica que o livro resgata a “década maldita de 2010”, quando setores da imprensa conspiraram contra os governos do PT usando, primeiro, o Mensalão e, depois, a Lava Jato. A obra aborda a atuação de vários personagens, internos e externos, que compõem a miscelânea que levou ao golpe em Dilma Rousseff, à prisão de Lula e seu afastamento das eleições, à ascensão de Jair Bolsonaro ao poder.

O jornalista termina falando sobre a sucessão de Bolsonaro, que foi mero produto de uma conspiração maior pelo poder. Para Nassif, Bolsonaro “está morto”. Será substituído por figuras mais jovens e úteis ao establishment interessado em interferir no poder, como Tarcísio de Freitas e Pablo Marçal.

Assista a entrevista completa abaixo:

A dança das cadeiras da direita, por Andrea Dip, jornalista investigativa e psicanalista

 

A questão é que nessa dança das cadeiras da direita, o debate de pautas importantes e urgentes para a população é que está ficando sem lugar.


A dança das cadeiras da direita

Campo tenta se reconfigurar para atrair o centro
Por Andrea Dip, no site ICL Notícias:

O agitador candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) é de extrema direita? Se sim, por que ele – após apoiar a candidatura de Bolsonaro à reeleição em 2022 – agora rivaliza com o bolsonarismo que é a face da nova extrema direita brasileira? E José Luiz Datena (PSDB) que carrega há mais de 20 anos o clamor punitivista em seus programas de televisão? É menos de direita por ter aceito as provocações do rival e dado uma cadeirada em Marçal? Em que lugar dessa régua estaria, então, o atual prefeito de SP e candidato à reeleição Ricardo Nunes, que se opõe a Marçal e Datena mas recentemente recebeu o apoio oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro – que, sempre bom lembrar, no início da campanha municipal tecia elogios a Marçal? É de extrema direita? E a Marina Helena, do Novo?

Com poucas propostas concretas para solucionar problemas graves e estruturais de uma cidade do tamanho de São Paulo – ou com ideias absurdas como construir um prédio de 1km – essa régua tem se tornado uma pauta central nas discussões, principalmente entre os próprios candidatos citados, que se acusam de ser “comunistas”, “esquerdistas” e levantam falsas acusações clichês contra o único candidato realmente de esquerda na disputa, Guilherme Boulos (PSOL), e o provocam o tempo todo a reagir às investidas, nos minutos de debate em que poderiam estar discutindo saneamento básico ou medidas para a contenção da emergência climática que literalmente sufoca a população.

Marina Helena inclusive tem se proclamado como a “única candidata de direita” na disputa eleitoral, como se isso por si legitimasse sua eleição.

Com o avanço de uma nova extrema direita ou de um neofascismo no mundo todo, essa régua que posiciona figuras no espectro político da direita tem se tornado uma ferramenta importante inclusive para a própria direita.

Em um congresso que acompanhei na última semana em Berlim, chamado “Berlin Campaign Conference” (Conferência de Campanha em Berlim), o principal tema discutido entre políticos de partidos conservadores da Europa, Estados Unidos e Nova Zelândia foi como puxar para a direita os votos dos eleitores que se posicionam mais ao centro. “Não tentem correr atrás dos votos da AfD, a oportunidade está na maioria silenciosa que não se identifica com nenhum extremo” diria um membro do Partido Conservador Britânico. Ele se referia ao partido alemão de ultradireita “Alternative für Deutschland” (Alternativa para a Alemanha), que tem crescido de maneira assustadora no país. E, claro, um dos pricipais segredos estaria em se aproveitar melhor das redes sociais, sobretudo o TikTok, onde os jovens estão.

Para os palestrantes do evento – promovido pela organização “The Republic” – que diz querer “influenciar ativamente a formação da opinião pública e quebrar a liderança da opinião de esquerda no discurso social” e “criar uma rede de multiplicadores liberais-conservadores para formar a futura geração de impulsionadores do debate civil, impulsionados pela visão de dinamizar o ativismo conservador alemão” – a extrema direita vem deixando votos perdidos pelo centro. Seria parte da estratégia de partidos ultraconservadores menos raivosos em seus discursos, se distanciar da imagem extrema para ganhar o centro. Não se engane: as falas ali eram absolutamente xenófobas, pró-armas, pró-Trump, negacionistas climáticas, Estado mínimo, o starter pack da ultradireita. Mas essa tentativa de se afastar da imagem extrema para ganhar o centro foi o que me chamou a atenção: As unidades de medidas dentro da nova direita parecem estar se adaptando ao momento.

“Num guarda-chuva da ultra direita, a extrema direita é aquela que tem um discurso frontalmente antidemocrático contra as instituições. E a direita radical integra as suas demandas, os seus valores, as suas ambições políticas dentro de um quadro institucional democrático, buscando transformar essas instituições de acordo com as suas leituras mais particularizadas da sociedade. Então, a direita radical faz uso do jogo democrático. É claro que essa distinção é muito muito útil do ponto de vista analítico, mas se consideramos a ultra direita como um guarda-chuva, ele acaba integrando muitas pautas, muitas bandeiras que estão indistintamente presentes, seja no campo da direita radical, seja no da extrema direita” explica o historiador especializado em extremismo de direita, violência política e história do neofascismo Odilon Caldeira Neto, que é professor adjunto de história contemporânea no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora e coordenador do Observatório da Extrema Direita.

Ele diz que existem alguns pontos de convergência da moralidade, da centralidade heteropatriarcal, do resgate dos valores tidos como tradicionais, o conservadorismo de costumes, etc. mas lembra que também existe uma diversidade dentro do próprio campo bolsonarista, “sejam aqueles inspirados na referência de Olavo de Carvalho, sejam naquelas tensões mais próprias do campo militar, assim como alguns expoentes de uma certa radicalização neoliberal, que em grande medida foi o campo ali onde o Pablo Marçal teve uma grande interlocução com o bolsonarismo”.

Sobre Marçal, talvez ainda seja cedo para classificar, define Odilon. Mas explica que o coach talvez chegue à condição de uma extrema direita, não por conta da mobilização de questões clássicas, como uma referência ao fascismo histórico, ao integralismo no caso brasileiro, ou mesmo à questão do militarismo, que foi tão forte no bolsonarismo:

“Eu acho que a questão das novas tecnologias, onde o discurso é populista e reacionário, da segurança pública, do punitivismo, estabelece uma via muito comum a extrema direita, que é fortemente marcada por condições latino-americanas e que se amplia, se a gente pensa o fenômeno do Trumpismo. Então nesse sentido, me parece que o Pablo Marçal pode ser caracterizado como fenômeno da da extrema direita em torno desse tom do punitivismo, que ultrapassa as raias da institucionalidade democrática”, diz.

E acrescenta: “No caso do Datena, eu acho que ele utiliza da questão da segurança como uma trajetória política desde os seus tempos de comunicador, mas é uma figura que faz o resgate de uma direita que hoje em dia já pode ser considerada mais clássica do que aquilo que foi outrora, em alguma medida, o malufismo em São Paulo, o discurso da Rota, da segurança, também do punitivismo, mas sem uma demagogia que possa ser compreendida em torno de uma via anti ou mesmo não institucional como é o caso do Pablo Marçal. Datena é a figura mais de uma direita, que pode ter algumas características autoritárias, mas não está necessariamente presente dentro desse campo da ultra direita. Eu vejo Marçal mais como o expoente de uma tendência do próprio bolsonarismo, e daí tem uma disputa do campo da ultradireita no caso de São Paulo, que converge desde a candidatura do Novo até a candidatura do atual prefeito e também essa figura mais midiática e radicalizada do Pablo Marçal”.

A questão é que nessa dança das cadeiras da direita, o debate de pautas importantes e urgentes para a população é que está ficando sem lugar.

Da GLOBO: PGR denuncia três deputados do PL por corrupção e organização criminosa em esquema de desvio de emendas

 

Denúncias contra Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) foram encaminhadas ao STF. Procuradas, defesas dos políticos disseram que não vão comentar caso.


Do G1:

Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília



Os deputados federais do PL Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) denunciados pela PGR — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados e Mário Agra/Câmara dos Deputados


A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) três deputados do PL pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa em um suposto esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares.

A acusação foi enviada ao Supremo em agosto e atinge os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Procuradas pela TV Globo, as defesas dos congressistas disseram que não vão comentar as denúncias.

Além dos deputados, outras seis pessoas foram denunciadas pela PGR no caso.

  • A Procuradoria aponta que o grupo ligado aos parlamentares teria agido para desviar parte dos recursos destinados à Prefeitura de São José de Ribamar, no Maranhão.

Segundo a PGR, o então prefeito da cidade maranhense foi pressionado a devolver parte dos valores, mais de R$ 1 milhãomas a operação não chegou a ser concretizada neste caso.

A investigação foi aberta em 2021 – época em que o chamado "orçamento secreto" estava em vigor. Esse mecanismo pouco transparente de distribuição de recursos públicos via emendas foi declarado inconstitucional pelo STF no final de 2022.

Em março de 2022, os parlamentares foram alvos de uma ação da Polícia Federal que apurava esquema de desvio de emendas parlamentares para os municípios do interior do estado do Maranhão.

  • O caso está em sigilo no Supremo. O relator, ministro Cristiano Zanin, abriu prazo para que as defesas se manifestem sobre a acusação.

Na sequência, o caso deve ser levado a julgamento na Primeira Turma do Supremo. Se o colegiado acolher as denúncias da PGR, os parlamentares virarão réus de uma ação penal.

Em julho, a Procuradoria pediu ao Supremo a abertura de 13 apurações preliminares sobre suspeita de desvios utilizando recursos de emendas. Os casos também tramitam em sigilo na Corte.

O que se sabe sobre a denúncia da PGR contra deputados do PL de Bolsonaro por corrupção em emendas

 

Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa teriam tentando desviar mais de R$ 1 milhão dos recursos de emendas destinadas à cidade no Maranhão

Divulgação PGR

Jornal GGN. - A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto, uma denúncia contra três deputados federais do PL pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa em um suposto esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares.

Segundo a PGR, os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) teriam tentando desviar parte dos recursos de emendas enviadas à Prefeitura de São José de Ribamar, localizada na Região Metropolitana de São Luís, capital do Maranhão.

Os parlamentares teriam agido para pressionar o então prefeito da cidade, Eudes Sampaio, a devolver parte dos valores. A PGR apresentou inclusive trocas de mensagens que, segundo a acusação, mostram a pressão do grupo sobre o prefeito. 

O desvio em questão seria de cerca de R$ 1,6 milhão e correspondia a um percentual das emendas, de acordo com inquérito da Polícia Federal (PF). Contudo, neste caso, a operação não foi concluída.

Na Suprema Corte, os autos da denúncia, que tramita em sigilo, estão sob relatoria do ministro Cristiano Zanin. Ele já intimou os acusados para apresentar defesa prévia. Após isso, a Primeira Turma deve julgar se os alvos se tornarão réus.

Vale ressaltar, que a investigação foi aberta em 2021, época em que o “orçamento secreto” ainda estava em vigor. Já em 2022, o mecanismo foi declarado inconstitucional pelo STF pela falta de transparência. 

Só o deputado Josimar Maranhãozinho foi indiciado pela PF em três inquéritos diferentes, todos sobre suspeitas de desvios em emendas parlamentares. Em um desses casos, ele foi flagrado em vídeos carregando caixas de dinheiro vivo. Esta última denúncia está com a PGR desde o final de 2021 e ainda não teve uma definição.



Reinaldo Azevedo: Fogo em Brasília; Marina aponta a existência de terrorismo climático da extrema-direita com objetivos politico-golpistas

 

Da Rádio Band News FM:




A ação de Bolsonaro e seus apoiadores do agronegócio nas queimadas e incêndios criminosos atacando o meio-ambiente e povos originários

 


    O vídeo à seguir foi originalmente postado por @doantidoto no Instagram:




terça-feira, 17 de setembro de 2024

Reinaldo Azevedo: Cuidado com pensamentos perigosos da direita que tentam justificar o fascismo

 

Da Rádio BandNews FM:




Fazenda de bolsonarista que foi palco de “dia do fogo” em 2022 é hoje a que tem mais queimadas no Brasil

 A fazenda Bauru tem um histórico envolvendo incêndios criminosos. Em 2022, uma operação policial descobriu um plano para fazer um novo “Dia do Fogo” no local.

Fazenda Bauru, no Mato Grosso, é recordista de focos de incêndio; políticos condenados por corrupção compraram terreno


Por Bruno Fonseca e Gabriel Gama — 
Agência Pública

Quase na divisa de Mato Grosso com Amazonas, uma fazenda pegou fogo. Muito. Muito mais que as que estão ao seu redor. Na realidade, mais que qualquer outra propriedade privada rural em todo o Brasil.

Segundo levantamento inédito da Agência Pública, a fazenda Bauru, no município de Colniza (MT), foi a que teve mais focos de incêndio registrados em todo o ano de 2024. Foram 608 detectados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde o início do ano. A segunda fazenda que mais teve incêndios no mesmo período registrou 290 — menos da metade da Bauru.

Focos de incêndio

Focos de incêndio (em vermelho) na área da fazenda Bauru ao longo deste ano. (Foto: Bruno Fonseca/Agência Pública)

A maioria dos incêndios na fazenda aconteceu em julho. Houve dias em que a fazenda teve mais de 50 focos ativos. Mas o problema não cessou. Agora, em setembro, parte da fazenda aparece com alerta de incêndio grave no sistema de mapas do Google.

As queimadas na fazenda Bauru colocaram a propriedade no radar do Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros. Em agosto deste ano, foi divulgada uma lista de áreas com incêndios que estavam sendo monitoradas: a Bauru estava entre elas. A reportagem questionou a corporação sobre as ações neste ano e se alguém foi detido por incêndios criminosos, mas os bombeiros não responderam até a publicação.

Focos de incêndio

Alerta de incêndio na área da fazenda em 10 de setembro de 2024

A fazenda Bauru tem um histórico envolvendo incêndios criminosos. Em 2022, uma operação policial descobriu um plano para fazer um novo “Dia do Fogo” no local. Segundo a investigação, que envolveu diversos órgãos do Executivo e Judiciário do estado e de municípios, um grupo criminoso estava se organizando para provocar queimadas coordenadas em vários pontos de Colniza. A Operação Jomeri prendeu uma pessoa por porte de arma ilegal e apreendeu material artesanal para atear fogo.

O “Dia do Fogo” original foi uma ação de fazendeiros na região de Novo Progresso (PA), em 2019, que combinaram por WhatsApp de realizar queimadas em protesto a políticas ambientais de preservação da floresta. Na época, incêndios também atingiram o estado de Mato Grosso, na região da BR-163. Os responsáveis permanecem impunes até hoje.

Por que isso importa?

  • A quantidade de queimadas em 2024 tem afetado a saúde de brasileiros em diversos estados e contribuído para a devastação de biomas como o Pantanal e a Amazônia.
  • Colniza, onde está a fazenda Bauru, é o município com mais focos de calor em Mato Grosso, que é o estado com mais focos neste ano.

A reportagem da Pública também encontrou uma série de áreas embargadas por desmatamento irregular na área da Bauru em 2022, a partir de decisões da Secretaria de Meio Ambiente do estado.

Antes, em 2019, a empresa responsável pela fazenda Bauru foi multada em R$ 4 milhões pelo Ibama por destruir mais de 540 hectares de vegetação com uso de fogo, sem autorização da autoridade competente. No ano anterior, a propriedade já tinha sido multada em mais de R$ 13 milhões pela destruição de 2,6 mil hectares de floresta de forma irregular.

Município onde está a fazenda é o recordista em incêndios no estado

As queimadas na fazenda Bauru ajudam a explicar como Colniza se tornou o município com maior número de focos de calor em Mato Grosso em 2024, com 2.171 registros. A baixa qualidade de ar aumentou a procura por atendimento médico nas unidades de saúde em setembro, sobretudo crianças e idosos, segundo relatou o G1.

O histórico de Colniza não é bom há muitos anos. Em 2015, o município liderou o ranking dos que mais desmatam na Amazônia. A cidade respondeu sozinha por 19% do desmatamento registrado no estado entre agosto e dezembro daquele ano.

Fazenda Bauru

Satélites capturaram área devastada por incêndios na fazenda Bauru

Colniza é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do país: foram 19,2 milhões de toneladas de CO₂ equivalente emitidas em 2022, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases (Seeg), do Observatório do Clima. E também é a campeã do Brasil em emissões per capita: é como se cada um dos 25.766 habitantes do município tivesse mais de 300 carros rodando 20 quilômetros por dia.

Já Mato Grosso é o estado que mais registrou focos de calor em todo o ano no país (38.279 até 11 de setembro, já superando em 76% o número de focos do ano passado inteiro). A situação é tão drástica que 22 municípios do estado cancelaram os atos de 7 de Setembro devido à fumaça.

Políticos condenados por corrupção compraram “fazenda do fogo”

Mas quem é o dono ou a dona da fazenda Bauru? A resposta é uma briga judicial. De um lado, uma dupla formada por um ex-governador condenado a seis anos por corrupção e lavagem de dinheiro e um ex-deputado condenado a 26 anos de prisão por desvio de recursos públicos. De outro, um grupo empresarial que diz ter levado calote dos políticos no processo de venda da fazenda, que é palco de conflitos armados e mortes há quase 20 anos.

Os políticos são Silval da Cunha Barbosa (MDB), ex-governador de Mato Grosso entre 2010 e 2015, e José Geraldo Riva (PSD), ex-deputado estadual por quatro mandatos, entre 1994 e 2014, ex-presidente da Assembleia Legislativa e um dos políticos mais influentes do estado. Riva está em regime semiaberto desde 2022.

Segundo um processo penal que tramita no Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT), Barbosa e Riva teriam tentado comprar a fazenda Bauru em 2012 por R$ 18,6 milhões. A compra, contudo, foi alvo de inquérito policial, pois a Polícia Civil do estado teria identificado que o dinheiro usado por Barbosa para pagar as primeiras parcelas da fazenda teria origem criminosa.

Ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa, condenado por corrupção, teria tentado comprar a fazenda Bauru. (Foto: Marcos Vergueiro/SECOM MT)

Segundo a investigação, o ex-governador teria feito a compra com o dinheiro de suposta propina que teria sido repassada por frigoríficos do Grupo JBS, da Marfrig e de outras empresas em troca de benefícios de isenção fiscal durante a gestão de Barbosa. As vantagens teriam acontecido dentro do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).

Além dos dois políticos, o acordo de compra da fazenda envolveu Janete Gomes Riva (PSD), que foi alçada a candidata ao governo do estado em 2014 quando Riva, com quem é casada, teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à Lei da Ficha Limpa. Ela perdeu. Janete também é proprietária da fazenda Paineiras, em Juara (também no MT), onde sete pessoas foram encontradas em condições análogas à escravidão em 2010, segundo reportagem da Repórter Brasil.

Participaram também do acordo de compra da fazenda Bauru: Eduardo Pacheco, casado com uma parente de Barbosa e que representou o ex-governador no contrato; e Pedro Jamil Nadaf, ex-secretário da Casa Civil do governo de Barbosa, que chegou a ser preso junto ao ex-governador em 2016, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo incentivos fiscais a empresários e negociação de terrenos.

A reportagem procurou o ex-governador e o ex-deputado para esclarecerem sobre a posse da fazenda e as queimadas no local. Nenhum dos dois respondeu até a publicação.

Terreno é palco de conflitos e mortes há décadas

Na outra ponta da disputa está Magali Pereira Leite, sócia-administradora da Agropecuária Bauru, dona original da fazenda. Um dos nomes pelo qual a fazenda Bauru é conhecida é fazenda Magali. Ela é viúva do empresário paulista Fozi José Jorge, que morreu em 2011.

Na Justiça, Leite argumenta que acordou a venda para a empresa Floresta Viva Exploração de Madeira e Terraplanagem, que tem como sócios o casal Riva, e para Eduardo Pacheco, representando o ex-governador Barbosa. Ela diz ter recebido R$ 10,5 milhões dos R$ 18,6 milhões negociados.

A reportagem procurou a Agropecuária Bauru, de Leite, que confirmou ser a proprietária da fazenda Bauru, mas afirmou que “quem está na posse, desde 2012, é a empresa Floresta Viva, por força de contrato de compra e venda”. Questionada sobre os incêndios, a empresa respondeu que: “Como não exercemos a posse do imóvel, não podemos confirmar os incêndios ou desmatamentos. Sobre as queimadas em Mato Grosso, é de conhecimento público que a situação está gravíssima”.

A fazenda Bauru é marcada por conflitos há anos. Em 2008, o governo do estado anunciou que 5 mil hectares do terreno seriam doados para cem famílias de posseiros que ocupavam o local havia mais de cinco anos. No fim do mesmo ano, dois funcionários da fazenda e um topógrafo que fazia medições de áreas da propriedade foram assassinados. Em 2009, outros dois funcionários foram mortos e um terceiro foi baleado.

Já em 2019, a fazenda voltou ao noticiário quando aconteceram as primeiras mortes por conflitos no campo durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O posseiro Eliseu Queres de Jesus, de 38 anos, foi morto. Outras nove pessoas ficaram feridas. Na época, a administração da fazenda estaria sob responsabilidade da empresa do casal Riva, que publicou nota em diversos portais lamentando o ocorrido, mas alegando que a propriedade é vítima de invasores.

A Pública conversou com Derisvaldo de Sá, presidente da Associação Gleba União, que atua com posseiros que vivem no entorno da fazenda Bauru. Segundo ele, que é candidato a vereador pelo PT nestas eleições, a situação está mais pacificada agora, pois os posseiros teriam conseguido fechar contratos de doação e de compra e venda de terrenos.

Planos de candidatos em Colniza ignoram queimadas

O atual prefeito de Colniza, Milton de Souza Amorim, tenta a reeleição pelo União Brasil. Seu único adversário é o candidato do PL Siwal Sant Ana Soares, mais conhecido como Walzinho.

Apesar de Colniza bater recordes de queimadas no estado, a Pública apurou que não há nenhuma menção de combate ao fogo ou ao desmatamento no plano de governo dos candidatos à prefeitura apresentado ao TSE. As propostas vão mais no sentido de flexibilizar regras ambientais.

Sob gestão de Milton de Souza Amorim, região bate recordes de queimadas; prefeito é candidato à reeleição

Em vez de tratar das queimadas, o atual prefeito afirma que planeja “interceder perante o estado no intuito de coibir o excesso de força em ações da Sema [Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso] e Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]”.

Já Soares diz que pretende “criar um programa para disponibilização de maquinário para atender os produtores rurais e incrementar a produção agropecuária no município”.

A reportagem procurou os dois candidatos, que não responderam.



Cidades administradas por prefeitos de direita e latifundiários retornam a lista de desmatadores

 

Marcelândia e Querência (MT) deixaram lista prioritária do plano para Prevenção e Controle do Desmatamento, mas retornaram


Por Carolina Bataier e Bruno Stankevicius Bassi — De Olho nos Ruralistas

Estabelecida a partir do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), a lista de municípios prioritários teve sua primeira versão publicada em 2008. Desde então, tornou-se um dos principais instrumentos de política pública por trás da redução drástica do desmatamento no bioma. Em 2012, durante o governo Dilma Rousseff (PT), o corte de vegetação atingiu sua mínima histórica, com 4,6 mil km² de perda florestal anual.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o programa foi paralisado. Uma das poucas atualizações realizadas no período foi a revisão da lista prioritária, publicada em 2021, com 52 municípios. Entre eles, 29 deles pertencem à lista dos cem maiores municípios do país.

Os dados integram o dossiê “Os Gigantes”, publicado no dia 5 pelo De Olho nos Ruralistas. Realizado ao longo de quatro meses, o estudo detalha as políticas ambientais e climáticas dessas cem prefeituras, espalhadas por onze estados e que, juntas, administram uma área equivalente a 37% do território brasileiro.

Oito novos municípios foram incluídos pela primeira vez na lista do PPCDAm, enquanto outros cinco foram devolvidos à condição de prioritários. Entre eles, dois são destaque por integrarem os Gigantes e serem administrados por prefeitos latifundiários: Querência e Marcelândia, ambos no Mato Grosso.

Os dois possuem secretarias de Meio Ambiente unificadas com Agricultura, conforme mostramos em reportagem anterior da série, que detalha os achados do dossiê: “Os Gigantes: 30 municípios têm secretarias de ambiente fundidas com agronegócio, mineração e turismo“.

Prefeito de Marcelândia é sócio de colonizadora ré por desmatamento

O município de Marcelândia é o 97º na lista dos cem maiores do país. Ele deixou a lista do PPCDAm em 2013. A conquista foi fruto de uma bem-sucedida política de controle estabelecida por Adalberto Diamante (PR), prefeito entre 2005 e 2012.

Celso Padovani visita fazenda de soja da Pronorte, em Marcelândia. (Foto: Instagram)

Na administração seguinte, de Arnóbio Vieira de Andrade (PSD), as ações regrediram, levando Marcelândia de volta à relação dos maiores desmatadores da Amazônia, formalizada em portaria de 2018. Sob Arnóbio, a perda florestal anual saltou de 12 km², quando assumiu, para 112 km² em 2020 — posicionando o município entre os vinte maiores desmatadores da Amazônia naquele ano.

Ele foi sucedido por outro pecuarista, Celso Padovani (DEM), que concorreu sozinho ao cargo nas eleições de 2020. Na ocasião, ele declarava um patrimônio de R$ 10,5 milhões, que incluía fazendas, veículos e 1.694 cabeças de gado. Em 2024, ele novamente concorre sozinho. Seu patrimônio aumentou para R$ 16,1 milhões.

O político é sócio da Celso Padovani & Cia Ltda., razão social da Pronorte Colonização, uma das principais imobiliárias agrícolas do Mato Grosso. A empresa é ré em uma ação civil pública movida em 2021 pela Força-Tarefa em Defesa da Amazônia (Amazônia Protege). A ação visa a recuperação de 6.117 hectares, desmatados sem autorização no imóvel Projeto Santa Rita, em Marcelândia. A autuação ocorreu em 2007, por fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o processo, a empresa reincidiu na prática outras duas vezes, entre 2016 e 2018.

A Força-Tarefa solicita a recuperação imediata da área e pede o pagamento de uma multa de R$ 42,3 milhões. A Pronorte, por sua vez, diz que o corte de vegetação foi realizado por arrendatários e compradores dos imóveis do Projeto Santa Rita, e que não é responsável pelo dano ambiental. O processo corre na 1ª Vara Federal Cível e Criminal de Sinop (MT).

Em Querência, Gorgen pagou multa de R$ 1,36 mi por desmatamento

Outro dos Gigantes que voltou para a lista de municípios prioritários do MMA, Querência se alterna entre o domínio de dois fazendeiros. O atual prefeito, Fernando Gorgen (União) está em seu quarto mandato: ele comandou o executivo entre 2005 e 2012 e, após um hiato de quatro anos, voltou em 2016; foi reconduzido em 2020, quando declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma fortuna avaliada em R$ 17,3 milhões. Junto dos irmãos, Gorgen comanda um império agropecuário, encabeçado pelas empresas Chapada Água Azul e Javaés.

Um dos integrantes originais da lista de municípios prioritários do MMA, Querência foi reclassificado em 2011, durante a primeira passagem de Gorgen na prefeitura. Nesse período, ele alcançou uma média de 20 km² desmatados ao ano, tirando o município do inglório “top 20” de maiores desmatadores da Amazônia. Seu sucessor, Gilmar Reinoldo Wentz (MDB), manteve a mesma toada, reduzindo a média para 17 km² ao ano — o equivalente a dez Parques do Ibirapuera, em São Paulo.

Quando Gorgen regressou, em 2016, as taxas passaram a subir, chegando ao pico de 69 km² em 2018. No ano passado, o município perdeu 37 km² de floresta. Embora Querência continue distante dos “líderes”, o aumento lhe valeu o retorno ao PPCDAm.

Foi nesse período que Gorgen e sua família tornaram-se alvo da Operação Polygonum, deflagrada em 2018 pelo Ministério Público do Mato Grosso e pela Delegacia de Meio Ambiente. O prefeito, sua ex-esposa Roseli Zang e os sobrinhos Tiago Gorgen, Fernanda Gorgen Cunha e Franciele Gorgen Jacob foram autuados por desmatar uma área de 5.447 hectares.

O caso ganhou repercussão pela suspeita de envolvimento de um superintendente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT), que teria fraudado as autorizações de desmatamento expedidas em nome dos Gorgen. O processo foi extinto em 2023 após a família assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), onde se comprometeu a reverter o dano ambiental e a pagar uma multa de R$ 1,36 milhão, quitada em março daquele ano.

Nas eleições de 2024, Fernando Gorgen apoia outro representante do agronegócio, Jean do Coutinho (União). Se eleito, ele será o quarto fazendeiro a comandar Querência, o 61º maior do Brasil. Coutinho disputa contra o ex-prefeito Gilmar Ventz e contra a ex-primeira-dama Roseli Zang.

Nova lista prioritária tem 38 gigantes, oito não firmaram compromisso

Em abril, a ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lançou o programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia. Pensado como um complemento ao PPCDAm (relançado no ano passado), o novo programa prevê investimentos de R$ 730 milhões em ações de regularização fundiária e ambiental e assistência técnica, visando a ousada meta de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030.

Fernando Gorgen (dir.) ao lado do deputado federal José Medeiros e do estadual Gilberto Cattani (com a estampa Agro “Facista”). (Foto: Instagram)

O ato de lançamento em Brasília marcou a divulgação da nova relação de municípios prioritários, que substitui a anterior, de 2021. Agora, são 70 prefeituras listadas, responsáveis por 78,1% do desmatamento na Amazônia entre 2021 e 2022. Dessas, 38 estão na lista dos Gigantes.

Programa União com Municípios amplia para 70 lista de prefeituras prioritárias para ação contra desmatamento e queimadas

Os prefeitos e secretários de Meio Ambiente foram convidados a firmar um convênio com o governo federal para acessar os recursos. Até o momento da publicação deste relatório, 53 municípios haviam aderido ao programa.

Entre os dezessete que não assinaram dentro do prazo inicial, oito integram os Gigantes. Destes, seis possuem secretarias de Meio Ambiente subalternas às pastas de Agricultura e Turismo. São eles: Senador José Porfírio (PA) e os mato-grossenses Apiacás, Colniza, Juína, Paranatinga e Marcelândia, do prefeito “colonizador” Celso Padovani.

Ao longo de quatro meses de pesquisa, De Olho nos Ruralistas tentou contato com as secretarias de Meio Ambiente das cem prefeituras que integram a lista dos Gigantes, solicitando informações sobre a execução do orçamento voltado a ações ambientais e a eficácia dessas políticas. Apenas oito responderam. Uma delas foi Querência, que compartilhou informações sobre as ações ambientais realizadas no município.

Em uma segunda etapa, a equipe de pesquisa enviou perguntas específicas relativas aos casos de irregularidades ambientais apontadas no dossiê, envolvendo catorze prefeitos. Entre eles, os titulares de Marcelândia e Querência. Não houve retorno até o fechamento da reportagem.

Confira vídeo sobre “Os Gigantes”

O território brasileiro comporta quase todo o continente europeu. Um quinto das Américas. É a maior área continental do hemisfério sul. O Oiapoque, no Amapá, está mais próximo do Canadá do que em relação a Chuí, no extremo sul do país. Entre o litoral paraibano, onde se inicia a Rodovia Transamazônica, e Mâncio Lima, na divisa com o Peru, são 4.326 quilômetros — quase a mesma distância entre Lisboa e Moscou.

Entre esses extremos existem 5.568 municípios. Entre eles, desponta um time seleto cujas proporções são comparáveis a países inteiros: os cem maiores municípios do país. O maior deles, Altamira (PA), é maior que a Grécia. Bem maior que Portugal.

“É uma fatia decisiva e esquecida do Brasil”, aponta o diretor do De Olho nos Ruralistas, Alceu Luís Castilho. “Esses municípios costumam ficar fora da cobertura eleitoral, diante da ênfase nos grandes centros urbanos, mas a importância ambiental deles é gigantesca. O impacto deles é planetário”.

Além do dossiê “Os Gigantes”, o observatório publica uma série de vídeos e reportagens detalhando os principais achados do estudo, que mapeia as políticas ambientais dos cem municípios e conta casos emblemáticos de conflitos de interesses envolvendo prefeitos-fazendeiros e a influência de empresas e sindicatos rurais.

 


Apoio internacional, diálogo sobre impunidade e investigação sobre terroprismo ambiental: como o governo enfrentará as queimadas?

 

Uma das suspeitas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal

“No Mato Grosso, em uma região que abrange três biomas: Cerrado, Amazônia e Pantanal, os impactos tem gerado vários processos, como a erosão genética na biodiversidade, a perda de sementes”, enfatiza Fran. Foto: Iberê Périssé/Projeto Solos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (16), com ministros para discutir ações para por fim aos incêndios espalhados pelo país. 

O encontro contou ainda com representantes do do ICMBio, do Ibama e de cientistas. A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, apresentou um mapa com as áreas devastadas, além de ações e estratégias que precisam ser implementadas.

Uma das suspeitas levantadas em conversas privadas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal. 

“A gente apaga 10 focos, eles fazem mais 10”, disse um dos ministros à imprensa. 

Nas redes sociais, Lula afirmou que a Polícia Federal está trabalhando para responsabilizar os criminosos que iniciaram os incêndios ou financiaram tais crimes ambientais.  

“O governo federal está atuando junto com o Corpo de Bombeiros do DF para ajudar no combate às chamas. A Polícia Federal tem hoje 52 inquéritos abertos contra os responsáveis por esses crimes contra o nosso país”, escreveu Lula.

Ações intencionais


De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a suspeita é a de que pequenos grupos de pessoas cumprem ordens de um grupo de mandantes, que determinam os locais e financiam os crimes à distância.

Apenas em agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 10.328 focos de incêndios florestais, que ganharam mais força devido ao clima seco. 

O total de ocorrências foi o maior da série histórica do INPE, que monitora os focos de incêndio desde 1998.

Apoio internacional

Entre as ações previstas pelo Planalto está o pedido de ajuda para combater as queimadas direcionado para Paraguai, Colômbia, México, Peru, Uruguai, Chile, Canadá e Estados Unidos.

Até o momento, apenas o Uruguai respondeu ao pedido. O país vizinho vai enviar uma aeronave da Força Aérea Uruguaia e 40 mil litros de líquido extintor de incêndio.

O pedido foi feito no início do mês, por Marina Silva, que além de verificar a possibilidade do envio de aeronaves e brigadistas, também sondou as contrapartidas do Brasil para a consolidação do apoio. 

Para por fim às queimadas, o Brasil também enviou ajuda para a Bolívia, a fim de combater os focos de incêndio nas fronteiras.

Penalidade

Lula abordou ainda o  presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, também nesta segunda-feira. A intenção do presidente foi fazer um apelo para que os crimes ambientais sejam tratados “com a gravidade que eles possuem” pela polícia e pelo Poder Judiciário. 

Isso porque, para o presidente, impera a impunidade em relação a tais crimes. “O próprio presidente da República me telefonou, preocupado com a circunstância de impunidade em a essas queimadas dolosas, de modo que daqui faço já um apelo ao Poder Judiciário, aos juízes, que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, afirmou Barroso, durante o discurso de abertura da reunião do Observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas (OMA) do Poder Judiciário.

Segundo levantamento do Observatório do Clima, as queimadas recordes na Amazônia resultaram em 31 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) emitidos na atmosfera entre junho e agosto deste ano.

LEIA TAMBÉM: