domingo, 26 de abril de 2015

Respondendo racionalmente ao racismo cientificista do professor britânico da USP e a teoria da "Curva do Sino".


  Dr. Joseph Mengele (1911-1979), médico, cientista, músico, doutor em Medicina e Antropologia, pioneiro das pesquisas de manipulação genética em humanos, responsável por centenas de milhares de mortes e experimentos cruéis no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.


Ciência, Ideologia e Cientificismo


Carlos Antonio Fragoso Guimarães

   Depois que o professor britânico, atualmente na USP,  Peter Leers Pearson, do Instituto de Biociências, tomou como "verdade científica" a tese defendida por James Watson da "superioridade da raça branca", sem maiores reflexões e citações de outras pesquisas, convém destacar o problema da ciência, do cientificismo e do preconceito racial nas lides acadêmicas, que, feitas por pessoas, constituem-se de grupos de "especialistas" e, portanto,  de gente como todas as demais, mergulhadas em um contexto histórico e social específico que sustenta, financia, determina e dá as linhas gerais da pesquisa em ciência ou dos saberes que produzem e divulgam. Um título e/ou treinamento em determinada área de conhecimento não dá nem o dom da sabedoria global e muito menos uma transformação ética ou de caráter para melhor, reconhecendo a responsabilidade que se tem pelo saber adquirido sobre outras pessoas (veja-se o caso de Mengele e outros que usaram da ciência para fins anti-humanos) -, portanto, são passíveis de adotaram preferências e preconceitos culturais de aspectos irracionais e mesmo imorais, sem maiores reflexões.

    É uma fraqueza bastante humana tomar as benesses que o treinamento científico e um pouco de sorte pode dar a alguns, com o reconhecimento de seus pares do campo acadêmico e científico, e daí achar que se sabe tudo, ou quase tudo. Dai para transformar a ciência, um empreendimento válido de busca de relações e explicações entre causas e efeitos entre eventos a partir de um método modelar de observação e/ou experimentação, para o cientificismo, que é a crença irracional que a ciência - e seu substrato filosófico clássico, o positivismo reducionista - é o único caminho válido e as explicações mecanicistas as únicas "verdadeiras", é um pulo, constituindo um perigo ideológico e social, que foi apontado diversas vezes tanto por epistemólogos e filósofos da ciência, como Johannes Hessen, Thomas Kuhn, Paul Paul Feyerabend, Fritjof Capra, Edgar Morin e outros, quanto por filósofos da condição humana, fenomenólogos e existenciais, como Soren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche, Karl Jaspers, Edmund Husserl, Miguel de Unamuno entre outros. Infelizmente, mesmo um grande cientista, como o co-descobridor da estrutura em dupla-hélice do DNA, como James Watson, pode cair nesta armadilha, como antes caira Lord Kelvin, Césare Lombroso, Fritz Harber (Prêmio Nobel de Química e criador do sórdido gás de cloro), etc .

   O sociólogo Anthony Giddens em seu livro As Consequências da Modernidade é bastante enfático ao apontar o sistema de "especialistas"- ou os sistemas peritos - como a atualização moderna dos antigos mestres e guardiães do conhecimento (sejam religiosos, políticos ou filosóficos).

  Na sociedade moderna, mecanicista e cada vez mais impessoal, nos encontramos permanentemente dependentes da técnicos, especialistas ou, juntando ambos, de sistemas peritos abstratos, isto é, um complexo de ações e instrumentos técnicos criados e manitados por especialistas em múltiplos níveis e áreas, com os quais interagimos cotidianamente e que não exigem das pessoas um conhecimento aprofundado  sobre o seu funcionamento (a internet e o sistema bancário, por exemplo). 
"Por sistemas peritos quero me referir a sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que vivemos hoje”, esclarece Giddens (livro citado, p. 35 da edição da Unesp, 1991).
  Estes sistemas, nos quais encontra-se integrado o conhecimento dos especialistas em áreas departamentais, influencia continuamente muitos dos aspectos da nossa percepção de mundo, do nosso ser e agir cotidianos. Por outro lado, os sistemas peritos atuam como mecanismos de diferenciação social e desencaixe – porque removem as relações sociais das imediações e percepção do contexto histórico e cultural ao mesmo tempo que criam novas classes com um poder construído em cima de um novo mito e promovem uma doação contínua de poder social aos especialistas como representantes de uma pretensa "verdade" compreendida e dominada por uns poucos "privilegiados". Isso pode levar a uma nova forma de fundamentalismo com traços disformes pretensamente científicos, mas tão nocivo quanto as demais formas de fundamentalismo, seja religioso, seja político. Aliás, o cientificismo concretizou na forma de farsa o desejo de Augusto Comte: transformou-se numa espécie de religião laica.


  Nas sociedades tradicionais, pré-modernas, a autoridade residia no saber de certos guardiães, assim socialmente entendidos: o padre, o xamã, o líder político, o curandeiro, o militar, pessoas que se diferenciavam pelo saber fazer, saber interpretar, saber agir dentro de critérios considerados legítimos e indispensáveis pela comunidade.  A legitimidade do moderno especialista também se funda no reconhecimento social baseado na crença do pretenso domínio de um saber, mas potencialmente, diante da maior democratização do conhecimento, este saber não pode ser um monopólio inquestionável e nem se pode estar seguro de que a posse deste garante-lhe que sua verdade será incontestável. Como bem esclarece  Antonio Ozai da Silva em seu estudo sobre Giddens, a "sua posição enquanto perito advém basicamente do desequilíbrio entre as suas habilidades e informações e as do leigo"
   Para Giddens (p. 105):
1) a especialização é desincorporadora (abandono do conteúdo tradicional), não tem um local restrito (mas vários), é descentralizada e se baseia em princípios impessoais;
2) não está vinculada à verdade formular, mas à crença na possibilidade de que um saber “x” é correto;
3) o acúmulo de conhecimento especializado envolve processos intrínsecos de especialização;
4) a confiança em sistemas abstratos, sistemas peritos, não é gerada mecanicamente pelo saber em si, pelo saber esotérico de quem se especializou, mas no mito de que o especialista realmente sabe mais e melhor que os demais;
5) a especialização interage com a reflexividade institucional crescente, o que pressupõe processos contínuos de atualizações, ou seja, de perda e reapropriação de habilidades e conhecimentos.
   Karl Popper foi outro epistemólogo que observou que a ciência não está edificada sobre pilares tão sólidos quanto comumente se imagina ou se é levado a imaginar, mas sobre a areia movediça das transformações da percepção, isto é, ela não tem fundamento tão estável. Modismos inteletcuais, teorias, explicações e interpretações mudam constantemente e o ceticismo metódico deveria ser, portanto, o seu princípio metodológico, assim como a ética deveria ser sua forma de controle. 

  A ciência, como mostra Giddens, Kuhn, Capra e outros, precisou se impor enquanto uma verdade real, pelo menos em seus primórdios, como uma áurea quase tão sagrada quanto o saber com quem ela rivalizava. Daí o desejo de Augusto Comte, pai do positivismo, de criar uma Igreja Positivista, uma Religião da Ciência - e todos sabemos o quão influente foi e, em certa medida, ainda é o positivismo. Deste desejo ficou o mito do novo sacerdócio da verdade laica e a busca constante para se tentar repassar uma áurea de científicidade a tudo, desde o uso "cirúrgico" de armas de destruição em massa às vendas de pasta de dentes "cientificamente" testadas e aprovadas. Porém, com o passar do tempo, ela perdeu em muito a áurea de autoridade que chegou a possuir. “De certa forma, isso provavelmente é resultado da desilusão com os benefícios que, associados à tecnologia, ela alega ter trazido para a humanidade”, ressalta Giddens (p. 109). 

   Se o conhecimento e técnicas adquiridos através da ciência, em si positivos e neutros, podem ser mal utilizadas pela propaganda para a venda de produtos, mesmo nocivos, o que dizer das teorias que podem ser utilizadas para "justificar" novas formas de segregação social, incluindo as "explicações genéticas" para a capacidade intelectual?

     Vejamos uma discussão, feita por Cristiano Bodart, extraído do blog Café com Sociologia, sobre o viés preconceituoso e social presente na chamada "Teoria da Curva do Sino", a partir de uma entrevista de Charles Murray, seguidor de James Watson, que retoma as antigas teses racistas da eugenia e do etnocentrismo da raça branca, e que foi tomada pelo Professor Peter Leers Pearson como "prova" da pretensa superioridade dos brancos em relação aos negros (e, se formos mais adiante na visão enviesada de Watson, aos latinos).


Teoria da Curva do Sino e a naturalização das desigualdades sociais - Café com Sociologia






Por Cristiano Bodart

Você já ouviu falar da “Teoria da Curva do Sino”? Tal teoria defende, grosso modo, que negros e brancos têm QIs diferentes. Aponta que judeus têm, em média, um Quoficiente de Inteligência (QI) maior em relação as demais “raças”.  Afirma ainda que o QI dos brancos seria, em média, maior que dos negros. A teoria foi apresentada por James Watson e posteriormente (em 1994) por Charles Murray e Richard Herrnstein na obra "The Bell Curve" (A Curva do Sino, Free Press, 1994). Em 2007, a Folha de São Paulo fez uma entrevista com Charles Murray (aqui), que apresentou suas ideias ligadas a eugenia.

  Nessa entrevista notamos contradições à teoria sociológica culturalista, aquela que defende que somos fruto de nossa construção cultural, a qual se dá por meio do processo de aculturação.

    A “Teoria da Curva do Sino”, herdeira do etnocentrismo e do eurocentrismo, utiliza-se de testes de QIs, os quais estão influenciados pelo estado de pobreza. Aqui consiste o erro metodológico: testar a capacidade intelectual de pessoas que viveram em contextos sociais diferentes (contextos degradantes e contextos abastados, com acesso a cultura, saúde e esporte) e depois comparar os resultados.

   Na entrevista dada a Folha de São Paulo, nota-se que o teórico se contradiz por várias vezes, reconhecendo a importância do contextos social e da experiência de vida de cada pessoa. Em sua entrevista existe, ao meu entender, um ponto merece ser levado em consideração: a questão de cotas raciais. Se reconhecemos que os problemas sociais estão ligados a situação social, não há motivos para termos cotas raciais, apenas. As cotas devem ser sociais (em primeira momento) e raciais (em segundo momento, mas não como definidor da cota). Ou seja, o indivíduo só poderá ser definido como cotista se sua condição social for desfavorável e a questão da cor da pele ser usado como um peso favorável sobre os brancos pobres, já que ser pobre negro é muito mais difícil do que ser pobre branco. Mas tal sistema de cota deve ser encarada como temporária e parte de outras políticas corretivas das disparidades de condições de acesso.

  Teorias como essa têm sido utilizada para justificar históricas explorações do homem sobre o homem. Para justificar o  status quo, naturalizando as desigualdades sociais, como se estas não fossem resultados de nossa excludente história política.

sábado, 25 de abril de 2015

Sobre o racismo "científico", a volta da eugenia nazista, na USP, discutido por Fábio de Oliveira Ribeiro





Sobre o racismo "científico" na USP



Texto de Fábio de Oliveira Ribeiro, extraído do Jornal GGN


  Jornal GGN - Na última quarta-feira (22), um docente britânico da pós-graduação da USP (Universidade de São Paulo) foi acusado por estudantes e pelo coletivo "Ocupação Preta” de "defender e disseminar argumentos científicos racistas" em uma aula ministrada no IB (Instituto de Biociências).
Peter Lees Pearson teria usado o artigo "James Watson’s most inconvenient truth: Race realism and the moralistic fallacy" (“A mais inconveniente verdade de James Watson: a realidade racial e a falácia moralista”, em tradução livre), publicado em 2008. O texto expõe crenças quanto a uma suposta superioridade do QI (Quociente de Inteligência) dos asiáticos e dos europeus frente ao QI dos africanos. Supreendido pelo coletivo, o professor começou a falar em inglês.
Na versão da USP, "pretendia-se estimular o debate sobre até que ponto os argumentos apresentados pelo autor seriam cientificamente defensáveis, e não estimular qualquer forma de racismo."
Para o advogado e articulista do GGN, Fábio de Oliveira Ribeiro, racismo é crime, não importando a lingua utilizada para praticá-lo.
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
Racismo é crime. A difusão de idéias racistas também. É o que consta da Lei 7716/1989:
"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa"O crime acima tipificado (induzir ou incitar a discriminação racial) pode ser praticado de diversas formas: produção de videos, textos, palestras, aulas, etc... Mas a utilização de meios tecnológicos (radio, TV e internet) agrava a pena.
"§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada apela Lei 9459/97) Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa"
A utilização de uma outra língua não isenta o autor do fato de responder pelo crime por dois motivos. A utilização da língua portuguesa não é um elemento específico do tipo penal. Além disto, a mensagem racista certamente será compreendida pelas pessoas que compartilharem a segunda língua utilizada pelo agente.
O crime tipificado no art. 20 da Lei 7716/1989  é de mera conduta, ou seja, o aspecto subjetivo (culpa ou dolo) não é levado em consideração durante a mensuração judicial do fato. Havendo prova da conduta e estando a mesma de acordo com o tipo penal o Judiciário tem que condenar o criminoso e impor a pena adequada. Este crime não se confunde com a injuria racial:
"STJ. Racismo. Crime. Praticar ou incitar a discriminação ou preconceito de procedência nacional (Lei 7.716/89, art. 20). Injúria preconceituosa (CP art. 140, § 3º). Distinção.«O crime do art. 20, da Lei 7.716/89, na modalidade de praticar ou incitar a discriminação ou preconceito de procedência nacional, não se confunde com o crime de injúria preconceituosa (CP art. 140, § 3º). Este tutela a honra subjetiva da pessoa. Aquele, por sua vez, é um sentimento em relação a toda uma coletividade em razão de sua origem (nacionalidade)."
Fiz estas digressões em razão da grave denúncia que pesa contra um professor da USP. Surpreendido durante uma aula em que ensinava aos alunos que os negros são geneticamente inferiores ele passou a falar em inglês. Segundo denúncia postada na internet por uma testemunha e reproduzida pelo jornalista Antonio Luis MCCosta o fato foi gravado em vídeo. Se isto ocorreu o mesmo poderá ser utilizado como prova no processo criminal.
Mesmo que não tivesse sido gravado, o professor poderia ser processado com base no testemunho das pessoas que presenciaram a comunicação racista. Ao tal professor só posso fazer uma pergunta. Ele disse que os negros são geneticamente inferiores. Como ele explica a genialidade de Cruz e Souza*?
O caso é grave. A USP é uma instituição pública. Esta não é a primeira vez que um incidente semelhante ocorre nas suas dependências. Este seria um bom momento para iniciar, na Assembléia Legislativa de São Paulo, uma CPI do Racismo na USP.




A grande imprensa, comprometida com o deus Mercado, tornou-se autofágica

   "A imprensa tradicional tem se dedicado, ano após ano, a convencer o leitor de que a economia brasileira está no caminho errado. Quando o anunciante, diante de tanto pessimismo, resolve poupar seu dinheiro, cumpre-se a profecia". - Luciano Martins Costa





A profecia que devora o profeta

Por Luciano Martins Costa em 24/04/2015  - Observatório da Imprensa

Jornalistas que foram demitidos da Folha de S. Paulo fazem circular uma carta do jornal, assinada pelo editor-executivo Sérgio Dávila, justificando os cortes ocorridos na semana passada. Como se sabe, o diário paulista vem reduzindo sua força de trabalho desde janeiro. O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo considera que se trata de uma tática para evitar que se configure uma demissão em massa, caso em que as entidades sindicais precisam ser avisadas com no mínimo 30 dias de antecedência.
Na linguagem peculiar dos momentos de crise, o texto começa assim: “A Folha realizou nos últimos dias ajustes em sua equipe. A redução é efeito da crise econômica que afeta o país e atinge a publicidade”.
Esse é o ponto central a ser discutido neste espaço, mas há outras questões levantadas na mensagem que merecem atenção. Por exemplo, informa-se que equipes serão reagrupadas e outras mudanças deverão ser anunciadas. O executivo chama o adensamento de grupos editoriais menores em equipes maiores – caso de Ciência e Saúde, que se agrega ao caderno Cotidiano – de “mudanças morfológicas”.
O jornal promete que essas futuras movimentações “não envolverão novos ajustes” – expressão que ameniza a dureza das demissões. O objetivo, afirma, “é tornar o jornal mais eficiente para atender as demandas do leitor bem como otimizar o funcionamento da redação”.
O comunicado assegura que a Folha “continua líder em seu segmento, seja em circulação, audiência ou fatia publicitária, faz parte de uma empresa sem dívidas, que integra o segundo maior grupo de mídia do país, e preserva sua capacidade de investimentos editoriais”. Portanto, é de se concluir que se trata de dificuldades circunstanciais.
Na lógica do negócio, quem paga pela circunstância desfavorável é sempre o jornalista, não o executivo que errou na estratégia ou na gestão da empresa. No caso das empresas jornalísticas, pode-se afirmar que um dos elementos mais interessantes desse jogo é o fato de que a imprensa tradicional tem se dedicado, ano após ano, a convencer o leitor de que a economia brasileira está no caminho errado. Quando o anunciante, diante de tanto pessimismo, resolve poupar seu dinheiro, cumpre-se a profecia.
O viés negativo
Há sempre mais de uma maneira de dar uma notícia, como se diz na velha anedota sobre o gato que subiu no telhado. Por exemplo, se o leitor procurar o mesmo assunto em duas fontes distintas, poderá encontrar duas versões diferentes do mesmo fato, apesar da grande homogeneidade que se observa nos principais veículos de comunicação do Brasil. No caso do noticiário econômico, predomina um viés negativo, mas mesmo nesse contexto pode-se fazer interpretações variadas.
Vejamos, seletivamente, como os principais diários de circulação nacional abordam nas edições de sexta-feira (24/4) um mesmo assunto: o índice de emprego. O Globo coloca o tema no rodapé da notícia sobre o projeto de terceirização, com o seguinte subtítulo: “País volta a gerar empregos formais”. O Estado de S. Paulo traz reportagem de tamanho médio, na parte inferior de uma página onde o destaque é também a terceirização. Diz o título: “Economia brasileira cria 19 mil vagas de emprego em março”.
Observe-se, agora, como a Folha de S. Paulo trata os mesmos indicadores. No alto da página, com dois infográficos que mostram a queda da oferta de empregos no trimestre e a recuperação ocorrida no mês de março, o leitor se depara com o título: “Emprego formal tem pior 1º trimestre desde 2002”.
Em termos de comparação, leia-se que o especialista Valor Econômico publica o seguinte título: “Mesmo com março melhor, emprego é negativo no 1º trimestre” – e a reportagem, mais equilibrada, registra uma diversidade maior de interpretações de analistas e autoridades.
Não se está aqui a dizer que a imprensa deve sempre procurar o lado mais otimista dos acontecimentos, porque uma de suas funções é manter a sociedade alerta tanto para oportunidades como para riscos ao seu bem-estar. O que, sim, se pode conjecturar, é que tem razão o ministro do Trabalho, citado nas reportagens, quando afirma que o discurso de que o país está em crise, repetido desde a campanha eleitoral do ano passado, afeta a criação de empregos.
Se o leitor tiver acesso aos três diários de circulação nacional, mais o Valor Econômico, vai entender o seguinte: a oferta de empregos caiu no terceiro trimestre mas se recuperou em março; os contratos para grandes obras estão sendo retomados, o que pode conter os cortes na construção civil; a publicação do balanço da Petrobras é vista pelo mercado com otimismo; o setor de serviços segue em pleno crescimento.
Nas redações, as profecias catastrofistas devoram os profetas.


O perfeito retrato da relação da grande mídia - sociedade



A grande mídia empresarial, especialmente a Globo, Folha, Estadão e afins, é mesmo tão boazinha, tão generosa e tão desinteressada.... A imagem abaixo é perfeita tradução desta realidade:  

terça-feira, 21 de abril de 2015

Professor da Federal de Santa Catarina discute a hipocrisia da grande mídia comprometida, citando o escândalo dos Zelotes e outros, que são convenientemente abafados

  O silêncio em relação à Operação Zelotes, com fraudes e sonegação que envolvem 19 bilhões de reais junto à Receita Federal, dos quais 672 milhões de reais dizem respeito à sonegação do grupo de comunicações RBS (Rede Brasil Sul) , não é resultado apenas de restrições jurídicas, mas sobretudo do interesse particular e do cinismo que envolve praticamente todos os grandes veículos, seja de mídia impressa, de radiodifusão ou de suas versões na internet – hoje sócios de empresas de telefonia, de bancos e até mesmo do setor armamentista. No caso da Operação Zelotes, o Banco Santander é o maior sonegador, com mais de 3 bilhões de reais. O Grupo RBS, o sétimo na lista, além da sonegação, teria pago propina que chega a 15 milhões de reais para “abonar” outros 150 milhões. Um lucro e tanto no suborno. A distância entre intenção e gesto, entre discurso e prática, é enorme. E aproxima a falsa intenção do gesto; aproxima o discurso moral do cinismo e da hipocrisia.


JORNAL DE DEBATES > COBERTURA DA CORRUPÇÃO

A hipocrisia como critério de noticiabilidade

Por Francisco José Castilhos Karam em 14/04/2015 na edição 846 do Observatório da Imprensa

Reproduzido do objETHOS, 13/4/2015; título original “Empresas jornalísticas – a hipocrisia como critério de noticiabilidade”, intertítulos do OI


O Código de Ética da Associação Nacional de Jornais garante: “Apurar e publicar a verdade dos fatos de interesse público, não admitindo que sobre eles prevaleçam quaisquer interesses” (da ANJ são sócios muitos jornais, entre eles O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Diário Catarinense e Zero Hora).

O código de Ética da Associação Nacional de Editores de Revistas determina: “Assegurar ao leitor as diferentes versões de um fato e as diversas tendências de opinião da sociedade sobre esse fato” (da ANER são sócias, entre muitas, a revista Veja). A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão subscreve a Declaração de Chapultepec, que assegura: “A credibilidade da imprensa está ligada ao compromisso com a verdade, à busca de precisão, imparcialidade e equidade e à clara diferenciação entre as mensagens jornalísticas e as comerciais.” (da Abert são sócias, entre muitas, a TV Globo e a Rede Brasil Sul de Comunicações, esta última essencialmente representada pela RBS TV tanto de Santa Catarina como do Rio Grande do Sul).

O silêncio em relação à Operação Zelotes, com fraudes e sonegação que envolvem 19 bilhões de reais junto à Receita Federal, dos quais 672 milhões de reais dizem respeito à sonegação do grupo de comunicações RBS (Rede Brasil Sul) , não é resultado apenas de restrições jurídicas, mas sobretudo do interesse particular e do cinismo que envolve praticamente todos os grandes veículos, seja de mídia impressa, de radiodifusão ou de suas versões na internet – hoje sócios de empresas de telefonia, de bancos e até mesmo do setor armamentista. No caso da Operação Zelotes, o Banco Santander é o maior sonegador, com mais de 3 bilhões de reais. O Grupo RBS, o sétimo na lista, além da sonegação, teria pago propina que chega a 15 milhões de reais para “abonar” outros 150 milhões. Um lucro e tanto no suborno. A distância entre intenção e gesto, entre discurso e prática, é enorme. E aproxima a falsa intenção do gesto; aproxima o discurso moral do cinismo e da hipocrisia.

Se nos últimos 300 anos os pilares do Jornalismo foram a legitimidade social que granjeou e a credibilidade em que presumivelmente se assentava, os rumos da atividade profissional – menos por vontade de seus jornalistas e mais por imposição dos aspectos mercadológicos e ideológicos sobre o processo de produção jornalística – apontam a perda da crença de que a imprensa, como instituição da modernidade, tem algo ainda a ver com o esclarecimento público.

Exceções à regra

Os “dois pesos e duas medidas” na comparação Operação Lava Jato e Operação Zelotes atestam que, se havia ainda alguma vergonha em defender interesses pessoais, em defender o bolso dos empresários da comunicação, ela foi pelo ralo. Junto está indo o patrimônio moral de vários profissionais. Obviamente, não é possível generalizar, mas parte dos repórteres, colunistas, comentaristas e apresentadores incorporaram de tal forma a defesa de seu emprego e de seu patrão que é cada vez mais ilustrativa a charge de Henfil, publicada em 1989 na capa do livro Jornalistas pra quê? Os profissionais diante da ética, produzido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. A imagem representava Cristo sendo crucificado e o soldado que o pregava na cruz se desculpando: “Eu tenho que sobreviver, entende?”

Pode-se sobreviver, mas o respeito vai se reduzindo a pó; pode-se defender o bolso do patrão, mas a legitimidade da atividade profissional se reduz à medida em que cresce a desconfiança com uma forma de fazer jornalismo em que fatos são o que menos importam, já que o lucro vem da audiência, da venda de outros produtos conexos e do valor de mercado informativo baseado na especulação e na escolha cirúrgica de determinadas fontes.

Se o mesmo critério jornalístico de cobertura da Operação Lava Jato fosse aplicado na Operação Zelotes, a repercussão seria outra e mostraria os danos da sonegação à saúde, à educação e à vida dos cidadãos, destacando o assalto aos cofres públicos e o sangramento do Estado a partir do lucro particular desonesto. Se o critério jornalístico, policial e jurídico fosse o mesmo, dirigentes do Banco Santander e do Grupo RBS estariam provavelmente na cadeia.

Ao analisar a mídia, o pesquisador holandês Teun Adrianus van Dijk já tinha constatado uma velha estratégia que se aplica ao cenário de cobertura jornalística atual a partir dos centros de decisão das empresas de mídia, pelo menos na Política e na Economia: “1) as virtudes dos amigos nós maximizamos; 2) as virtudes dos inimigos nós minimizamos; 3) os defeitos dos amigos nós minimizamos; 4) os defeitos dos inimigos nós maximizamos”.

A síntese de Teun van Dijk cabe tranquilamente em uma cobertura tendenciosa, de uma moral particular, de um cinismo exacerbado. Exceções, como a de Janio de Freitas, da Folha de S. Paulo, com sua honestidade e correção, confirmam a regra. Conta-se nos dedos, na grande mídia hegemônica (grandes empresas com rádio, tevê, jornal, revista e internet) os jornalistas que ainda apuram e informam com os requisitos éticos, técnicos e estéticos pelos quais a profissão obteve certo reconhecimento social.

Sem resposta

O cinismo, transformado em valor habitual, amplia a hipocrisia como valor universal. E ajuda a disseminar a má informação, a confusão informativa, a ideia de que jornalistas não servem senão para fazer propaganda travestida de jornalismo, e que, a despeito dos fatos, a angulação e a narrativa final são dadas pelos centros do poder econômico, pelas fontes beneficiárias de tal poder, pelos acionistas e pelos anunciantes. Há, com tal perspectiva, claros prejuízos ao esclarecimento público; aumentam os preconceitos e os estereótipos. E preconceitos e estereótipos são o suporte valorativo que dão margem ao linchamento moral generalizado e eventualmente físico.

O jornalismo como esclarecimento precisa se reinventar com novas fontes, novas abordagens, novos atores e novas narrativas. Ele parece passar à margem da grande mídia. E é aí que entra o Estado como protetor da Democracia. E, até agora, o Estado não consegue apostar no surgimento de novas mídias; não consegue investir em meios públicos e alternativos qualificados e em mídias menores mas mais honestas, ao invés de descarregar muito dinheiro em publicidade na grande mídia e despejar dinheiro público para socorrer poderosas mídias endividadas. O Estado, representado pelo governo eleito, não consegue responder aos ataques do jornalismo que tem a hipocrisia como critério de noticiabilidade e o cinismo como valor universal.

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Francisco José Castilhos Karam é professor da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador do objETHOS

10 bons motivos para se temer as bancadas BBB: 'Bíblia, boi e bala', do Congresso Nacional


"Que esta versão da Câmara dos Deputados é uma das mais conservadoras da história, não há dúvidas. O projeto que reduz a maioridade penal, em tramitação desde 1993 e até então sempre postergado, não causou só comoção social como acendeu um sinal de alerta. Há outros no caminho."



Texto de Grasielle Castro, do Brasil Post


Que esta versão da Câmara dos Deputados é uma das mais conservadoras da história, não há dúvidas. O projeto que reduz a maioridade penal, em tramitação desde 1993 e até então sempre postergado, não causou só comoção social como acendeu um sinal de alerta. Há outros no caminho.

Apelidados de Bancada BBB, da bíblia, boi e bala, pela deputada Erika Kokay (PT-DF), em referência a quantidade de religiosos, delegados e ruralistas eleitos, os conservadores apresentaram uma pauta robusta esta legislatura.

O grupo tem se articulado para tirar do limbo da Casa projetos de consenso da bancada que eram facilmente rejeitados. Eles contam com um aliado forte, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para se eleger presidente, Cunha fez promessas como aceleração na redução da maioridade penal e na PEC 215, que beneficia os ruralistas.

Além disso, o próprio deputado é autor de projetos polêmicos, como o que institui o dia do orgulho hétero.

O Brasil Post listou os 10 principais projetos apoiados pela Bancada BBB:

- Redução da maioridade penal

A Câmara dos Deputados trabalha para reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. Em uma comissão de 27 parlamentares, com apenas 6 contra a proposta, a batalha dos progressistas é para formar um texto menos conservador.

Na opinião da maioria dos deputados que compõem o colegiado, o projeto, relatado pelo ex-delegado Laerte Bessa (PR-DF), atende os anseios da sociedade. De acordo com o Datafolha, 87% da população são a favor da proposta. A intenção dos deputados é votar a matéria no plenário até o fim deste semestre.

- Alteração no Estatuto do Desarmamento

Nesta legislatura, a Câmara também instalou uma comissão especial para analisar o projeto de lei que modifica o Estatuto do Desarmamento.

A norma em estudo facilita a compra e o porte de armas de fogo. Diminui os impostos e reduz de 25 para 21 anos a idade mínima para a compra de armas. Dos 27 integrantes do colegiado, 14 são favoráveis às alterações.

- Arma de fogo para parlamentar

Projeto de lei de autoria do presidente da bancada da bala, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), libera o porte de armas para os parlamentares.

De acordo com ele, a demanda é grande, porém velada. "Tem gente que fica com medo do que as pessoas vão achar, mas quer e não tem coragem de falar isso publicamente", defende. Segundo ele, quem se sentir incomodado, que não use.

- Estatuto da Família

O PL 6583/13, que cria o Estatuto da Família, esteve nos holofotes no ano passado por causa de uma enquete que perguntava qual a definição de família para as pessoas.

Para o relator do texto na legislatura passada, família só pode ser constituída por homem e mulher. Para complicar ainda mais, a definição dele proíbe casais gays de adotar filhos.

O texto continua em tramitação na Câmara, agora em uma comissão especial presidida pelo teólogo, integrante da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ). O relator é Diego Garcia (PHS-PR), também da bancada religiosa.

- PEC 215, contra os interesses dos índios

Uma das promessas de campanha do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aos ruralistas foi desengavetar a tramitação da PEC 215. Ela transfere do governo federal e da Funai para o Congresso a responsabilidade por fazer a demarcação de terras indígenas.

O temor das comunidades indígenas é que deputados ruralistas paralisem os processos e passem a legislar em causa própria.

A comissão especial que analisa a proposta é presidida pelo deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). Além de integrar a bancada ruralista, ele votou a favor da flexibilização da regularização de imóveis rurais no Código Florestal.

- Estatuto do Nascituro

Bandeira da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família, de 236 parlamentares, o Estatuto do Nascituro dá direitos ao feto e inviabiliza qualquer oportunidade de se discutir a descriminalização do aborto.

Apresentado no PL 478/2007, o texto também foi desengavetado este ano. Em junho de 2013, quando tramitava na Comissão de Finanças, o texto foi considerado uma violência contra a população, as famílias e a sociedade.

A medida proíbe inclusive o aborto em caso de estupro. Para alguns, defende o direito do bebê. Para outros, como o Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, a proposta legitima o estupro e é cruel com as mulheres.

- Aborto como crime hediondo

No dia 10 de fevereiro, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu desarquivar o PL 7443/2006 do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que inclui a prática do aborto entre os crimes hediondos.

Na justificativa do projeto, Cunha argumenta que incluir o aborto como "crime contra a vida implica atribuir a esse tipo penal tratamento diferenciado e severo, o que o equipara ao crime de homicídio".

- Punição maior para o médico que pratica aborto

Assim que passou a presidir a Mesa Diretora da Câmara, Cunha também desengavetou outro projeto de sua autoria, o PL 1545/2011. Esta proposta tipifica o crime de aborto praticado pelo médico quando não for dos tipos admitidos pela lei brasileira.

A sugestão do deputado é punir o médico com reclusão de 6 a 20 anos, além de proibir o exercício da profissão. O projeto aguarda parecer do relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Casa.

- Criminalização da "heterofobia"

Mais um polêmico projeto do presidente da Câmara incomoda os que defendem avanços na legislação. Também em fevereiro, o deputado desarquivou o projeto que penaliza a discriminação contra os heterossexuais.

A matéria já passou pela Comissão de Direitos Humanos no ano passado e a relatora do texto, Erika Kokay (PT-DF) rejeitou a proposta por considerar que não há discriminação contra heterossexuais. O texto foi arquivado no dia 31 de janeiro, com o fim da legislatura anterior e desengavetado dez dias depois.

- Dia do orgulho hétero

Em contrapartida ao Dia Internacional do Orgulho Gay, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu apresentar um projeto de lei para criar o Dia do Orgulho Hétero. O PL 1672/2011 estabelece que a data seria comemorada no terceiro domingo de dezembro.

No projeto, Cunha alega que "no momento que discutem preconceito contra homossexuais, acabam criando outro tipo de discriminação — contra os heterossexuais — e além disso o estimulo à 'ideologia gay' supera todo e qualquer combate ao preconceito".

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O editor do blog Implicante, fianciando por Geraldo Alckimin com 70 mil reais por mês, Fernando Gouveia, ou Gravataí Merengue, acredita ser um gênio e todos os demais uns bocós


"Com argumentos falaciosos e patéticos, ele tenta justificar o injustificável: o mensalão que seu site, o Implicante, recebe do governo Alckmin, por intermédio da agência Propeg.

"Revelada essa mamata monstruosa, ele conseguiu dizer que o caso se enquadra numa tentativa de tentar coibir as vozes antipetistas na internet. Quer dizer: se fingiu de vítima."



O editor do Implicante deve achar que somos todos imbecis. Por Paulo Nogueira


Implicante com cara de bobo


Fernando Gouveia, ou Gravataí Merengue, deve achar que somos todos imbecis.

Com argumentos falaciosos e patéticos, ele tenta justificar o injustificável: o mensalão que seu site, o Implicante, recebe do governo Alckmin, por intermédio da agência Propeg.

Revelada essa mamata monstruosa, ele conseguiu dizer que o caso se enquadra numa tentativa de tentar coibir as vozes antipetistas na internet. Quer dizer: se fingiu de vítima.

Ora, Merengue: a questão aí é impedir canalhices como as que vocês publicam (ou publicavam) rotineiramente.

Num mundo menos imperfeito, Merengue estaria já na cadeia, tais e tantas calúnias espalhou contra o PT, Lula e Dilma.

Mas o mundo é como ele é, e então temos que suportar as explicações ridículas de Merengue.

A farsa começa já na apresentação do site.

“Não somos jornal, não usamos concessão pública, nada disso.”

Sim. Usam 70 mil reais, ao mês, do dinheiro do contribuinte.

Alckmin sabia desse conteúdo? Eis uma pergunta que deve ser respondida em algum momento.

Porque o Implicante é um golpe baixo, sujo, desleal.

Desinforma, manipula, calunia, mente o tempo todo.

Ainda na apresentação, o editor diz que você não vai gostar do conteúdo caso seja “do governo, alguém por ele contratado ou apenas um militante”.

O asco provocado pelo Implicante vai muito além disso. Ele provoca repulsa em qualquer pessoa com um mínimo de apreço à verdade e à decência.

O site esteve fora do ar algumas horas hoje, e isso fez circular o rumor de que fora desativado.

Gravataí, numa nota no próprio site, desmentiu.

Vai ser divertido observar os próximos movimentos do Implicante, se os houver.

Sites dessa natureza vivem da escuridão, das sombras – e não resistem a raios de sol que exponham suas entranhas.

“Vai começar a brincadeira”: esta a derradeira linha do texto em que o editor introduziu o Implicante ao público.

Agora, é tempo de acrescentar o seguinte: acabou a brincadeira.

Luis Fernando Veríssimo sobre o simbolismo de Jair Bolsonaro como "A mulher feia de cada um"


A mulher feia de cada um

|Luis Fernand Veríssimo


  Estamos vivendo preâmbulo de golpe, em que causas se misturam, fronteira entre oportunismo político e moralismo exacerbado se dilui, e as definições são impossíveis

  Para-choques de caminhão têm sempre o que dizer, e algumas das suas frases tornaram-se clássicas. Há declarações religiosas, num tom de catequese ressentida (“Deus é maior do que você merece”). Há as frases que tratam das agruras do casamento (“Se casamento fosse coisa bom, não precisava de testemunha”) e das suas consequências indesejáveis (“Deus fez a mãe e o Diabo fez a sogra”). Algumas são sobre o sexo (“Bom é mulher carinhosa e embreagem macia”) e sobre as armadilhas do sexo (“Casamento que começa em motel termina em pensão”), outras são exemplos de sabedoria prática (“Devagar se vai ao longe... mas leva muito tempo”, “Cana dá pinga, pinga demais dá cana”, “Em terra de sapo mosquito não dá rasante” etc) e outras apenas confessionais (“Devo tudo à minha mãe, mas estamos negociando”).

  A minha frase de para-choque preferida é “Se me virem abraçado com mulher feia, podem apartar que é briga”. Uma frase preconceituosa, é claro. Se você for examiná-la de perto — o que é sempre desaconselhável com qualquer piada — a frase é cruel. A mulher tem muitas maneiras de ser bonita sem, necessariamente, ser vistosa. E há muitas razões para estar abraçado com uma mulher feia sem que seja briga. O importante na frase é o que a mulher feia significa para cada um. A mulher da frase, além de feia, é simbólica. Representa todos os mal-entendidos que queremos evitar a nosso respeito. Ela é a causa que nunca abraçaríamos, embora pareça que sim. Por exemplo: se me virem participando de uma manifestação de rua de que também participe o Jair Bolsonaro ou similar, com faixas pedindo a volta da ditadura militar, podem ter certeza que, ou não sou eu ou entrei na manifestação errada. Os outros manifestantes podem não se incomodar com a companhia, e sua decisão é respeitável. Mas eu sei bem que mulher feia não quero do meu lado.

  Acho que todo mundo deveria se preocupar com a mulher feia que aparecerá na sua biografia, quando contarem a história destes tempos. Estamos vivendo um preâmbulo de golpe, em que as causas se misturam, a fronteira entre o oportunismo político e moralismo exacerbado se dilui, e as definições são impossíveis — pelo menos definições claras e precisas como as de um para-choque. Mas no futuro cada um terá de dizer se estava dançando ou brigando com mulher feia.

domingo, 19 de abril de 2015

A mentalidade nazi-fascista de muitos paulistas em sua ânsia golpista a partir de uma pesquisa da USP e Unifesp com manifestates sobre suas preferências midiáticas e jornalísticas




Palavras racistas seguidas de suásticas são encontradas em um muro de São Paulo


 "Em pesquisa feita com os manifestantes do dia 12 de abril, o mais alto grau de credibilidade é dado à apresentadora do SBT Raquel Sheherazade, considerada entre os comentaristas políticos: 49,40% disseram “confiar muito” nela, seguindo-se o colunista Reinaldo Azevedo (39,60% dizem confiar muito nele)."

O breviário do perfeito Midiota: pesquisa mostra o grau de sofisticação intelectual dos que protestam e querem o impeachment de Dilma Rousseff

Breviário do perfeito midiota


Por Luciano Martins Costa em 16/04/2015 - Observatório da Imprensa


  A base que os defensores do impeachment da presidente Dilma Rousseff chamam de “apoio popular” é formada por cidadãos de perfil extremamente conservador, propensos a acreditar em mitos urbanos e com baixo grau de cultura política. Sob orientação do filósofo Pablo Ortellado, da USP, e da socióloga Esther Solano, da Unifesp, dezenas de pesquisadores organizados pelo núcleo de debates Matilha Cultural, de São Paulo, entrevistaram 571 participantes da manifestação de domingo (12/4), em toda a extensão da Avenida Paulista. O resultado é estarrecedor. E esclarecedor.

   Por exemplo, 71,30% acreditam que Fábio Luís Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Lula, é sócio da gigante de alimentos Friboi; 64,10% acham que o Partido dos Trabalhadores pretende implantar uma ditadura comunista no Brasil; 70,90% entendem que a política de cotas nas universidades gera mais racismo; 53,20% juram que a facção criminosa PCC é um braço armado do Partido dos Trabalhadores; 60,40% acham que o programa bolsa-família “só financia preguiçoso”; 42,60% acreditam que o PT trouxe 50 mil haitianos para votar em Dilma Rousseff nas últimas eleições; 55,90% dizem que o Foro de São Paulo quer criar uma ditadura bolivariana no Brasil e 85,30% acham que os desvios da Petrobras são o maior caso de corrupção da história do Brasil.  

  A lista das perguntas permite traçar um perfil muito claro da matriz dos protestos, como preferências partidárias, confiança na imprensa, em partidos  e entidades civis e, principalmente, adesão a teses improváveis que, no entanto, são muito populares nas redes sociais digitais. O resultado mostra, por exemplo, que a maioria (57,80%) confia pouco ou simplesmente não confia (20,80%) na imprensa. No entanto, o mais alto grau de credibilidade é dado à apresentadora do SBT Raquel Sheherazade, considerada entre os comentaristas políticos: 49,40% disseram “confiar muito” nela, seguindo-se o colunista Reinaldo Azevedo (39,60% dizem confiar muito nele).

  A maioria (56,20%) declarou usar como principal fonte de informação política os sites da mídia tradicional (jornais, TVs, etc.), vindo em seguida o Facebook (47,30%). No campo da imprensa propriamente dita, o veículo em que os manifestantes declaram ter mais confiança é a revista Veja (51,80% confiam muito); entre os jornais, destaca-se O Estado de S. Paulo (40,20%).

  Rejeição à política

  Foram entrevistados apenas manifestantes com idades acima de 16 anos, ou seja, cidadãos aptos a votar. O perfil médio corresponde ao que foi identificado pelo Datafolha (ver aqui): na maioria (52,70%) homens, brancos (77,40%), com educação superior completa (68,50%), idade acima de 45 anos e classes de renda A e B. Apesar de uma tendência a afirmar que não confiam em políticos, a maioria declarou considerar, como lideranças mais confiáveis, pela ordem, o senador Aécio Neves, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB, o governador Geraldo Alckmin, vindo em seguida a ex-ministra Marina Silva e o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ); José Serra (PSDB-SP) perde para Ronaldo Caiado.

  Nada menos do que 73,20% dizem não confiar nos partidos políticos em geral, contra apenas 1,10% que confiam muito e 25,20% que confiam pouco.

  Os maiores índices de rejeição vão, evidentemente, para o PT (96% não confiam), seguindo-se o PMDB (81,80% não confiam). A presidente Dilma Rousseff (com 96,70%), seguida do ex-presidente Lula da Silva (95,30%) são os políticos em que os manifestantes menos confiam, seguidos pelo prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad (87,60%). O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conta também com alto grau de rejeição (73,40% não confiam nele).

  Os números da pesquisa (ver aqui) permitem fazer uma análise bastante clara do recorte da população que saiu às ruas na última manifestação de protesto contra o governo federal. Os participantes são, majoritariamente, eleitores do PSDB, de uma extração específica da população paulista formada por indivíduos de renda mais alta, brancos, com baixa educação política a despeito da alta escolaridade, muito influenciados por jornalistas comprometidos com a agenda da oposição e propensos a acreditar em rematadas bobagens que proliferam nas redes sociais.

  A “base popular” que o senador Aécio Neves apresenta como fonte de legitimidade para seu projeto de impeachment da presidente da República é a fração mais reacionária de seu próprio eleitorado, primor de analfabetismo político. A maioria se encaixa exatamente na definição do perfeito midiota.

  Passarão?

sábado, 18 de abril de 2015

Leonardo Boff sobre a cultura anti-vida do capital



A cultura do capital é anti-vida e anti-felicidade

17/04/2015


  A demolição teórica do capitalismo como modo de produção começou com Karl Marx e foi crescendo ao longo de todo o século XX com o surgimento do socialismo e pela escola de Frankfurt. Para realizar seu propósito maior de acumular riqueza de forma ilimitada, o capitalismo agilizou todas as forças produtivas disponíveis. Mas teve como consequência, desde o início, um alto custo: uma perversa desigualdade social. Em termos ético-políticos, signfica injustiça social e produção sistemática de pobreza.

  Nos últimos decênios, a sociedade foi se dando conta também de que não vigora apenas uma injustiça social, mas também uma injustiça ecológica: devastação de inteiros ecossistemas, exaustão dos bens naturais, e, no termo, uma crise geral do sistema-vida e do sistema-Terra. As forças produtivas se transformaram em forças destrutivas. Diretamente, o que se busca mesmo é dinheiro. Como advertiu o Papa Francisco em excertos já conhecidos da Exortação Apostólica sobre a Ecologia: ”no capitalimo já não é o homem que comanda, mas o dinheiro e o dinheiro vivo. A ganância é a motivação … Um sistema econômico centrado no deus-dinheiro precisa saquear a natureza para sustentar o ritmo frenético de consumo que lhe é inerente.”

  Agora o capitalismo mostrou sua verdadeira face: temos a ver com um sistema anti-vida humana e anti-vida natural. Ele nos coloca o dilema: ou mudamos ou corremos o risco da nossa própria destruição e parte da biosfera, como alerta a Carta da Terra.

  No entanto, ele persiste como o sistema dominante em todo a Terra sob o nome de macro-economia neoliberal de mercado. Em que reside sua permanência e persistência? No meu modo de ver, reside na cultura do capital. Isso é mais que um modo de produção. Enquanto cultura encarna um modo de viver, de pensar, de imaginar, de produzir, de consumir, de se relacionar com a natureza e com os seres humanos, constituíndo um sistema que consegue continuamente se reproduzir, pouco importa em que cultura vier a se instalar. Ele criou uma mentalidade, uma forma de exercer o poder e um código ético. Como enfatizou Fábio Konder Comparato num livro quer merece ser estudado A civlização capitalista (Saraiva, 2014):”o capitalismo é a primeira civilização mundial da história”(p.19). O capitalismo orgulhosamente afirma: ”não há outra alternativa (TINA= There is no Alternative).”

  Vejamos rapidamente algumas se suas características: finalidade da vida: acumular bens materiais; mediante um crescimento ilimitado, produzido pela exploração sem limites de todos os bens naturais; pela mercantilização de todas as coisas e pela especulação financeira; tudo feito com o menor investimento possível, visando a obter pela eficácia o maior lucro possível dentro do tempo mais curto possível; o motor é a concorrência turbinada pela propaganda comercial; o beneficiado final é o indivíduo; a promessa é a felicidade num contexto de materialismo raso.

  Para este propósito se apropria de todo tempo de vida do ser humano, não deixando espaço para a gratuidade, a convivência fraternal entre as pessoas e com a natureza, o amor, a solidariedade, a compaixão e o simples viver como alegria de viver. Como tais realidades não importam para a cultura do capital, como reconheceu o insuspeito mega-especulador George Soros (A crise do Capitalismo, Campus 1999), porque, embora tenham valor, não tem preço nem dão lucro. Mas exatamente são elas que produzem a felicidade possível. Ele destrói as condições daquilo que se propunha: a felicidade. Assim ele não é só como anti-vida mas também anti-felicidade.

  Como se depreende, esses ideais não são propriamente os mais dignos para efêmera e única passagem de nossa vida neste pequeno planeta. O ser humano não possui apenas fome de pão e afã de riqueza; é portador de outras tantas fomes como de comunicação, de encantamento, de paixão amorosa, de beleza e arte e de transcendência, entre outras tantas.

  Mas por que a cultura do capital se mostra assim tão persistente? Sem maiores mediações diria: porque ela realiza uma das dimensões essenciais da existência humana, embora a elabore de forma distorcida: a necessidade de auto-afirmar-se, de reforaçar seu eu, caso contrário não subsiste e é absorvido pelos outros ou desaparece.

 Biólogos e mesmo cosmólogos (citemos apenas um dos maiores deles Brian Swimme) nos ensinam: em todos os seres do universo, especialmente no ser humano, vigoram duas forças que coexistem e se tencionam: a vontade do indivíduo de ser, de persistir e de continuar dentro do processo da vida; para isso tem que se auto-afirmar e fortalecer sua identidade, seu “eu”. A outra força é da integração num todo maior, na espécie, da qual o indivíduvo é um representante, constituido redes e sistemas de relações fora das quais ninguém subsiste.

  A primeira força se constela ao redor do eu e do indivíduo e origina o individualismo. A segunda se articula ao redor da espécie, do nós e dá origem ao comunitário e ao societário. O primeiro está na base do capitalismo, o segundo, do socialismo na sua expressão melhor.
Onde reside o gênio do capitalismo? Na exacebação do eu até ao máximo possível, do indivíduo e da auto-afirmação, desdenhando o todo maior, a integração na espécie e o nós. Desta forma desequlibriou toda a existência humana, pelo excesso de uma das forças, ignorando a outra.

  Nesse dado natural reside a força de perpetuação da cultura do capital, pois se funda em algo verdadeiro mas concretizado de forma exacerbadamente unilateral e patológica.

  Como superar esta situação secular? Fundamentalmente no regate do equilíbrio destas duas forças naturais que compõem a nossa realidade. Talvez seja a democracia sem fim, aquela instituição que faz jus, simultaneamente, ao indivíduo (eu) mas inserido dentro de um todo maior (nós, a sociedade) do qual é parte. Voltaremos ao tema porque não é suficiente fazer a crítica a esta cultura malvada, como a chamava Paulo Freire; importa contrapor-lhe outro tipo de cultura que cultiva a vida e cria espaços para o amor, a cooperação, a criatividade e a transcendência.

Conhecendo um pouco da ficha de alguns "insuspeitos" e "puros", como Agripino Maia e Ronaldo Caiado, que defendem ardorosamente o impeachment de Dilma

 "A ficha corrida dos que esbravejam contra a ilegalidade e a falta de ética na política é intrigante"

  É o que veremos no artigo publicado no Jornal GGN,  transcrito abaixo, que cita associação de vários "defensores morais do impeachment" com  desvio de dinheiro, associação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, prisão por fraudes, contas em paraísos fiscais com nomes de familiares, recebimento de propina, recursos de campanha questionados na Justiça e até falsificação de documentos para criação de partido; presidentes de partidos de oposição receberam essa semana líderes de movimentos anti-Dilma no Congresso

Os defensores do impeachment na Operação 'Puxando a Capivara'

Líderes de oposição receberam agitadores de protestos anti-governo para condenar a corrupção. Mas a ficha dos que esbravejam contra a ilegalidade e a falta de ética na política é intrigante
Arte: Angelica Pinheiro
Jornal GGN Lideranças de partidos de oposição ao governo receberam, na quarta-feira (15), alguns dos agitadores dos protestos dos dias 15 de março e 12 de abril - entre eles, Rogério Chequer, do Vem Pra Rua. Durante o encontro, figurões como Agripino Maia (DEM), Ronaldo Caiado (DEM), Mendonça Filho (DEM), Paulinho da Força (SD), Aécio Neves (PSDB) e Roberto Freire (PPS) tiveram a oportunidade de esbravejar contra os casos de corrupção que desgastam o PT e a gestão Dilma Rousseff.
Chama atenção, entretanto, a ficha dos defensores da ética e do combate indiscriminado à corrupção. Associação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, prisão por fraudes e desvios em grandes obras, contas em paraísos fiscais em nome de familiares, recebimento de propina, recursos de campanha questionados na Justiça e até falsificação de documentos para criação de partido fazem parte do histórico de acusações e dos relacionamentos intrigantes que envolvem as estrelas políticas do encontro em tela.
GGN fez uma breve seleção:
1 - Aécio Neves (PSDB)
O neto de Tancredo Neves que construiu um aeroporto de R$ 14 milhões no terreno do tio-avô já foi questionado na Justiça sobre o paradeiro de mais de R$ 4 bilhões que deveriam ter sido injetados na saúde de Minas Gerais. O caso Copasa contra o ex-governador foi engavetado, por manobras jurídicas. Destino semelhante tiveram as menções a Aécio na Lava Jato. O tucano foi citado por Alberto Youssef como beneficiário de propina paga com recursos de Furnas. Para o procurador-geral da República, isso não sustenta um inquérito. Rodrigo Janot também cuida de outro escândalo que leva a Aécio, sob a palavra-chave Liechtenstein (um principado ao lado da Suíça). Investigando caso de lavagem de dinheiro, procuradores do Rio de Janeiro chegaram a uma holding que estava em nome da mãe, irmã, ex-mulher e filha do tucano. Esse inquérito está parado desde 2010 - época em que Roberto Gurgel era o PGR.
2- Agripino Maia (DEM) 

Presidente do DEM, Agripino Maia foi dono das expressões mais sugestivas de defesa da luta contra a corrupção. "Chegou a hora de colocar o impeachment [de Dilma Rousseff]", disse no encontro com os manifestantes anti-governo. O senador tem em seu currículo a acusação de receber R$ 1 milhão em propina, em um esquema que envolvia a inspeção de veículos no Rio Grande do Norte, entre 2008 e 2011. Coordenador da campanha presidencial de Aécio, o democrata, em 2014, teve seu caso arquivado no MPF pelo ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel. Mas foi reaberto há sete meses por Janot, e agora está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).

3- Ronaldo Caiado (DEM)
O senador Ronaldo Caiado (DEM) é associado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira por supostamente ter recebido verba ilícita nas campanhas de 2002, 2006 e 2010. Cachoeira foi denunciado por tráfico de influência e negociava propinas para arrecadar fundos para disputas eleitorais. O bicheiro foi preso em 2012 por operação da Polícia Federal que desbaratou esquema de adulteração de máquinas caça-níquel. Caiado foi citado nesse contexto, recentemente, por Demóstenes Torres. Ele teria participado de negociação entre Cachoeira e um delegado aposentado que queria ampliar esquemas de jogo ilegal. Até familiar do democrata já foi alvo de denúncia. O pecuarista Antônio Ramos Caiado, tio de Caiado, está na lista suja do trabalho escravo.

4- Roberto Freire (PPS)

Uma das principais acusações que pesam contra o presidente nacional popular-socialista é de envolvimento com o Mensalão do DEM. A diretora comercial da empresa Uni Repro Serviços Tecnológicos, Nerci Soares Bussamra, relatou que o partido praticava chantagem e pedia propina para manter um contrato de R$ 19 milhões com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, comandada pelo deputado Augusto Carvalho. Freire teria sido beneficiado no esquema.

5- Paulinho da Força (SD)
O presidente do Solidariedade, segundo autoridades policiais, participou de esquema de desvio de recursos do BNDES. Um inquérito foi aberto no STF para investigar o caso. Em 2014, a Polícia Federal também indiciou a sogra e outras duas pessoas ligadas ao deputado federal sob suspeita de falsificarem assinaturas para a criação do Solidariedade. Gilmar Mendes conduzirá, ainda, a apuração em torno da suposta comercialização de cartas sindicais (uma espécie de autorizações do Ministério do Trabalho para a criação de sindicatos) por Paulinho, dirigente da Força Sindical. Consta nos registros que cada carta era vendida por R$ 150 mil.
6- Mendonça Filho (DEM)
Em fevereiro de 2014, Mendonça se envolveu em uma polêmica por querer indicar deputado acusado de duplo homicídio pelo Supremo Tribunal Federal para presidir a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Julio Campos (DEM), ex-governador do Mato Grosso, afirmou que Mendonça teria dito que a indicação era uma "homenagem". O deputado federal de Pernambuco já foi preso pela Justiça eleitoral sob acusação de fazer carreata no dia de votação, mas o STF decidiu que não houve crime eleitoral. Um documento daOperação Castelo de Areia citava contribuição suspeita de R$ 100 mil da Camargo Correa a Mendonça, para sua tentativa de ser prefeito do Recife. Ele admitiu que recebeu R$ 300 mil da empresa, mas alega que foram doações dentro das conformidades.
7- Carlos Sampaio (PSDB)
O deputado mais votado da região de Campinas (SP) recebeu R$ 250 mil de uma empreiteira envolvida no esquema de corrupção da Petrobras investigado na Operação Lava Jato. Sua última campanha arrecadou, oficialmente, R$ 3 milhões. Não há comprovação sobre a lisura da doação. Sampaio, coordenador jurídico do PSDB e autor do pedido para que Aécio fosse empossado no lugar de Dilma Rousseff, teve reprovada a sua prestação de contas referente às eleições para a Assembleia de São Paulo, em 1998, e às eleições municipais de Campinas, em 2008.
8- Luiz Penna (PV)
O presidente do PV também aparece um tanto escondido na fotografia. Irregularidades já remetidas à prestações de contas do partido incluem seu nome. Em 2006, por exemplo, boa parte dos R$ 37,8 mil gastos em passagens aéres e R$ 76,8 mil com diárias de campanhas eleitorais foram atribuídos a José Luis Penna. Na época, servidores do TSE apontaram ausência de documentos que comprovassem os gastos e uso de notas frias, indicando empresas fantasmas que teriam prestado os serviços. O corpo técnico do Tribunal sugeriu a rejeição das contas do partido de 2004, 2005 e 2006. O deputado federal respondeu a dois processos judiciais, um pelo TRE-SP, rejeitando a sua prestação de contas à eleição de 2006, e outra pelo TSE reprovando as contas do PV de 2004. 
 
9- Flexa Ribeiro (PSDB)

O hoje senador já foi preso pela Polícia Federal em 2004, na Operação Pororoca, por fraude em licitações de grandes obras realizadas no Amapá. Foi acusado de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência, peculato, prevaricação, usurpação de função pública e inserção de dados falsos em sistema de informações.

10- Antonio Imbassahy (PSDB)

O deputado federal tucano era prefeito de Salvador em 1999, quando contratos suspeitos foram assinados com as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Siemens, que formavam o consórcio responsável pelo metrô da capital baiana. O Ministério Público Federal investiga osuperfaturamento nas obras, que gira em torno de R$ 166 milhões. Até agora, dois gestores indicados por Imbassahy à época e duas empresas foram indiciadas. O tucano é o vice-presidente da CPI da Petrobras, que investiga desvios de verbas da estatal, onde diretores da Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa também aparecem como réus. Imbassahy foi acusado pelo PT de se aproveitar do posto na CPI para pedir documentos à Petrobras e vazar para a imprensa. 
11- Beto Albuquerque (PSB)
Ex-colaborador do governo Tarso Genro (PT) no Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (PSB) foi envolvido na intriga que rendeu a queda do então diretor-geral do Departamento de Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) José Francisco Thormann. Thormann se antecipou a uma demissão após a imprensa local ter revelado que ele viajou à Suiça às custas de uma empresa privada subcontratada para fazer obras no Estado. Em nota de defesa, Thormann afastou suspeitas sobre o fato, e revelou que Beto Albuquerque, quando secretário de Infraestrutura do Estado, também fez viagens ao exterior bancadas por empresas que detinham contratos com o poder público. Quando a notícia surgiu, Beto já não era secretário - tinha deixado a gestão petista para reforçar a bancada do PSB na Câmara Federal.