Do Portal do José:
Do Portal do José:
Do Jornal GGN:
Eles não temem a manipulação da estatísticas: temem o que as estatísticas podem mostrar (à favor do governo Lula).
Foi uma reestreia em grande nível da pior fase do jornalismo brasileiro: o jornalismo de esgoto, através do qual a mídia difundia as acusações mais inverossímeis visando estimular o estouro da boiada, o gado que atuava de maneira irracional nas grandes ondas de linchamento.
Lembrou as acusações de Cuba enviando dólares ao PT através de garrafas de rum, as FARCs invadindo o Brasil, a ABIN espionando o Supremo, Ministros recebendo propinas nas garagens do Palácio, e factóides em geral.
Criaram um crime impossível e atribuíram a um “inimigo”, usando o recurso do “SE”, que suporta tudo. “Se minha avó fosse roda, eu seria bicicleta”, por exemplo.
O crime impossível: a manipulação dos dados do IBGE.
Como explicou Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE e intelectualmente muito mais honesto que Edmar Bacha, outro ex-presidente, é impossível qualquer manipulação de dados no IBGE, devido à estrutura profissional dos funcionários do órgão.
A última manipulação ocorreu no período Delfim Netto, na primeira metade dos anos 70 – com plena aprovação do sistema Globo, que comanda o atual linchamento. Como reação, surgiram inúmeros outros índices, o do DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas), o da FGV (Fundação Getúlio Vargas), da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da Universidade de São Paulo. Além deles, todas as grandes instituições financeiras montaram seus próprios levantamentos de preços.
Depois de criar o crime impossível, criaram o suspeito do “SE”: se o futuro presidente do IBGE, Márcio Pochmann, manipular as estatísticas, ocorrerá o mesmo que ocorreu com o IBGE argentino. E “se” Pochmann não manipular as estatísticas? Aí perde-se o gancho.
O que poderia ser uma crítica técnica ao pensamento de Pochmann, tornou-se um caso de linchamento público desmoralizante para o jornalismo da Globo. Após a primeira suspeita lançada, seguiu-se um festival de ataques de jornalistas analfabetos econômicos, zurrando como sábios contra os estudos de Pochmann, sem a menor noção sobre o papel do IBGE ou sobre temas tratados por Pochmann e sobre a própria biografia de Pochmann, “acusando-o” de ter posições ideológicas. E Roberto Campos Neto? Esse tem posição técnica.
Cronista esportivo, coube a Milly Lacombe, da UOL, enxergar o rei nú: em um país em que a economia é dominada pela ideologia do mercado, as acusações a todos que não concordam com isso é serem “ideológicos”.
Em suma, um movimento que em nada ficou devendo aos movimentos do gado bolsonarista, as mesmas suposições sem base factual, o mesmo terraplanismo, a mesma intenção de fazer o gado pensar com o fígado.
Depois de um dia de ataques bárbaros, capitaneados por Miriam Leitão, restou uma única crítica válida: o anúncio do Secretário de Comunicação Paulo Pimenta, antecipando-se à Ministra do Planejamento Simone Tebet, uma grosseria, sem dúvida. E a soberba lição de civilidade de Tebet, quando cercada pelo gado setorista e indagada sobre o que achava das acusações sobre o crime impossível de Pochmann:
Por trás dessa baixaria completa, está o receio da grande guerra pelos índices.
O ponto central da ideologia mercadista é vender o peixe de que todas as medidas beneficiando o mercado são “técnicas”, e não políticas.
A consolidação dessa ideologia se deu através do monopólio dos indicadores e pela exclusão de qualquer análise sistêmica sobre medidas econômicas.
Vende-se a ideia de que gastos públicos aumentam a inflação prejudicando os mais pobres. E se começarem a ser desenvolvidos trabalhos mostrando os efeitos das taxas de juros sobre o emprego e sobre a situação dos mais pobres?
Em pleno período de ataques aos aumentos do salário mínimo, o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) divulgou um estudo, com base no IBGE, mostrando que em mais de 50% das famílias, com um aposentado ou pensionista, eles eram o arrimo econômico. Ou seja, o aumento do salário mínimo beneficiou a saúde, pelo fato de ajudar a alimentar a família; a educação, permitindo às crianças entrar mais tarde no mercado de trabalho; a segurança, tornando as crianças menos suscetíveis às investidas do crime organizado.
E se o IBGE utilizasse seus levantamentos para analisar, por exemplo, as externalidades positivas dos investimentos públicos ou dos gastos sociais? Por exemplo: o dinheiro gasto em uma estrada reduziu em xis porcento as perdas com transporte e com carga, permitindo um ganho adicional de ypisilone para a economia brasileira.
Ou a visão sistêmica sobre os financiamentos do BNDES? Hoje em dia, o mercado meramente compara os custos de financiamento do BNDES com a taxa Selic – e diz que a diferença é déficit público. E se forem incluídos nas contas as empresas criadas, os fornecedores, os empregos e o pagamento de impostos desse novo universo produtivo? Aí se poderia saber que, além de gerar empregos e investimentos produtivos, os financiamentos do BNDES ajudam na arrecadação fiscal. E seriam desmascaradas as análises rasas que sustentam muitos dos estereótipos econômicos que alimentam a mídia.
Em suma, há uma grande batalha ideológica em torno dos índices. O medo desse pessoal não é com a manipulação de índices, mas como a elaboração de novos índices, bem embasados academicamente, podendo comprometer a sua própria manipulação de conceitos. Eles não temem a manipulação da estatísticas: temem o que as estatísticas podem mostrar.
Do UOL:
Informações da Folha de S. Paulo: Agentes de inteligência do governo Jair Bolsonaro (PL) elaboraram mais de mil relatórios sobre a pandemia, projetando aumento no número de casos e mortes no Brasil, enquanto o ex-presidente boicotava medidas de combate à Covid-19 e o acesso às vacinas.
Do Canal Meteoro Brasil:
As novidades sobre Marielle Franco importam para o futuro de Jair Bolsonaro.
Qual a função das Forças Armadas? Defesa nacional não é. Não há ameaça dos vizinhos, não há protagonismo algum das FFAA brasileiras nos embates geopolíticos
Uma hora haverá a necessidade de se discutir: qual é, afinal, a função das Forças Armadas? Nos longínquos anos 70, a primeira Página Amarela que consegui emplacar na Veja foi com Fábio Konder Comparato. E ele situava nessa ausência de propósito claro a tendência dos militares de se imiscuírem em todos os poros da vida nacional – e estávamos em plena ditadura.
De lá para cá, nada aconteceu. Qual a função das Forças Armadas na atual quadra da história? Defesa nacional, é que não é. Não há ameaça dos vizinhos, não há protagonismo algum nos grandes embates geopolíticos globais. E se houvesse ameaça, não haveria Forças Armadas preparadas. Não há investimentos em inovação ou tecnologia, capazes de transbordar para o setor civil. E tanques e outros instrumentos de dissuasão são utilizados apenas contra brasileira, como ficou claro na invasão do Morro do Alemão.
O Plano Nacional de Defesa, elaborado na gestão Nelson Jobim, mostrava a necessidade de uma força enxuta, tecnológica e com capacidade de mobilização. Para tal, houve investimentos vultuosos no submarino nuclear e nos caças Gripen.
Haveria dois objetivos potenciais para serem trabalhados. Um deles, as ameaças à Amazônia, especialmente com a invasão de traficantes. Mas já está comprovado a ineficácia do uso das FFAAs contra o crime organizado.
O segundo, seria a defesa da Amazônia Azul, da costa brasileira, das plataformas da Petrobras e, especialmente, das novas fronteiras de exploração mineral, no Elevado Rio Grande.
Mas a gloriosa Marinha dos Almirantes Álvaro Alberto e Othon Luiz transformou-se em uma força contaminada pela ultradireita mais indisciplinada – bastando conferir o comportamento abusivo do Alto Comando na transição para o governo Lula.
Coube a um Almirante ligado à energia nuclear, Bento Albuquerque, permitir o maior atentado à segurança nacional, o golpe da privatização da Eletrobras. Ao que tudo indica, seu objetivo é ajudar a desenvolver – e a participar – do mercado privado de pequenas centrais.
Mesmo com participação direta nas decisões de poder, os militares permitiram a venda da Embraer à Boeing, sabendo que a empresa era a única maneira do país absorver a tecnologia do Gripen. E tudo isso no governo militar de Jair Bolsonaro.
Dia desses, uma publicação chinesa taxou as FFAAs brasileiras como as piores do planeta. Foi um exagero retórico, mas que reflete a extraordinária perda de foco do orçamento de defesa, consumido quase que inteiramente com gastos com pessoal. E para quê?
O país tem carência de pessoal na saúde, nos órgãos ambientais, na Previdência Social. O máximo que o governo militar de Bolsonaro ousou foi alocar militares em alguns quadros, mas com superposição de vencimentos.
Nos anos 70, o governo militar de Médici e Geisel tiveram preocupação em criar instituições ligadas ao financiamento da inovação. Nos anos 2020, o governo militar de Bolsonaro permitiu o esvaziamento dos centros de pesquisa E seu único foco foi a criação de empregos para patentes inferiores e negócios para superiores.
Por falta total de objetivos, de projetos ou de conceitos, o que restou às Forças Armadas foi tentar empalmar o poder civil, sem nenhum projeto nacional consistente de desenvolvimento como álibi.
Do Jornal GGN:
Élcio Queiroz, novo delator do caso Marielle, tirou foto com Jair. Ele dirigiu o carro do executor Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro
A Polícia Federal avançou uma etapa importante na apuração do caso Marielle. Nesta segunda (24), o ministro Flávio Dino anunciou que provas obtidas pelos investigadores levaram à delação de Élcio Queiroz.
Em sua delação, Élcio Queiroz teria prestado detalhes sobre a execução do crime. Élcio admitiu que dirigiu o carro usado por Ronnie Lessa, que foi quem metralhou o veículo que transportava Marielle Franco em março de 2018. Além de Marielle, os milicianos também atingiram o motorista da vereadora, Anderson Gomes.
Élcio ainda implicou um terceiro envolvido preso nesta segunda (24): Suel, apelido de Maxwell Corrêa, que teria participado dos atos preparatório, monitorando os passos de Marielle ao longo de semanas. Suel ainda teria ajudado a proteger os autores do crime e a obstruir as investigações ocultando armas.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são dois ex-policiais militares, envolvido com a milícia do Rio de Janeiro, que acabaram ligados à família Bolsonaro no início das investigações.
Élcio Queiroz tem foto abraçado com Jair Bolsonaro [destaque]. Segundo a revista Veja, a foto teria sido feita em 2011.
Ronnie Lessa morava no Vivendas da Barra, o mesmo condomínio onde Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro têm imóvel. A filha de Ronnie Lessa, inclusive, teria tido um relacionamento com Renan Bolsonaro.
No começo das investigações, o porteiro do Vivendas da Barra teria dito que partiu da casa 58, de Jair Bolsonaro, a autorização para que Élcio Queiroz entrasse no condomínio com o carro usado na execução de Marielle, no mesmo dia do crime. Embora tenha sido autorizado pela casa 58, Élcio teria ido encontra Ronnie na casa 66.
Depois, porém, a grande mídia reportou que o porteiro recuou da história e que seu depoimento foi tratado como “mentiroso” por uma promotora bolsonarista que trabalhava no caso. Autoridades chegaram a questionar, à época, se o depoimento do porteiro, citando o nome de Bolsonaro, era uma tentativa de atrapalhar as investigações, porque toda vez que o nome do ex-presidente era citado, a investigação precisava ser desmembrada e enviada para o foro competente.
Outra peça chave da investigada pela morte de Marielle era o miliciano Adriano da Nóbrega, membro do Escritório do Crime. Ronnie Lessa atribuiu o assassinato da ex-vereadora ao grupo de matadores de aluguel comandado por Nóbrega.
Em fuga por conta de outro inquérito, Adriano da Nóbrega foi morto em operação da polícia da Bahia, em 2020, e o caso circulou na opinião pública como possível “queima de arquivo”.
Quando Adriano foi morto, membros do Escritório do Crime teriam ligado para “Jair” ou “presidente” ou “homem da casa de vidro”, segundo escutas feitas a pedido do Ministério Público. As escutas foram canceladas sob a justificativa de que se o interlocutor fosse mesmo Jair Bolsonaro, o MP não teria competência para o caso.
Adriano da Nóbrega teve mulher e mãe lotadas no gabinete de Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro, e era amigo do ex-assessor Fabrício Queiroz, pivô das rachadinhas no gabinete da ALERJ. Adriano da Nóbrega já foi defendido na tribuna por Jair Bolsonaro e condecorado por Flávio Bolsonaro.
Segundo Flávio Dino, com a prisão de Ronnie Lessa, Élcio Queiroz e Suel pela execução de Marielle e Anderson Gomes, a Polícia Federal pode avançar sobre outra etapa da investigação: os mandantes do crime.
Mensagens apreendidas pela Polícia Civil do Distrito Federal apontam que George Washington de Oliveira Sousa teve ajuda no planejamento de uma ação golpista. Ele já foi condenado e está preso por uma tentativa de atentado a bomba em Brasília, no dia 24 de dezembro.
Do UOL:
Mensagens apreendidas pela Polícia Civil do Distrito Federal apontam que George Washington de Oliveira Sousa teve ajuda no planejamento de uma ação golpista. Ele já foi condenado e está preso por uma tentativa de atentado a bomba em Brasília, no dia 24 de dezembro.
Washington se comunicou com ao menos 6 investigados nas semanas que antecederam o crime. Entre eles estão o empresário Ricardo Cunha e o casal de pecuaristas Bento e Solange Liebl, todos da região sudeste do Pará.
Cunha passou uma "missão" a Washington e acertou o envio de uma encomenda a ele. Os dois são de Xinguara (PA) e trocaram mensagens e ligações na noite em que a bomba foi plantada em um caminhão-tanque próximo ao aeroporto de Brasília.
Solange e Bento, pecuaristas de São Félix do Xingu (PA), trataram do envio de "peças de caminhão" a Washington. Segundo um relatório policial, o próprio militante bolsonarista confessou que isso seria um código para os explosivos.
Cunha e Washington negaram que o empresário tenha qualquer envolvimento no crime. Já Solange e Bento Liebl foram procurados, mas não responderam até a publicação desta reportagem.
Cunha e Washington foram a Brasília em novembro, em datas parecidas. Logo que chegou à capital federal, o empresário mandou uma mensagem a Washington, gerente de um posto de gasolina, pedindo que fosse encontrá-lo no quarto do hotel onde estava.
Cunha procurou Washington por mensagem, dizendo que tinha uma "missão" para ele. Era 10 de dezembro, e os dois combinaram de se encontrar no dia seguinte, no acampamento golpista em frente ao QG de Brasília.
A polícia suspeita que Washington tratou sobre os explosivos com Solange Liebl. Em 1º de dezembro, ela avisou ao militante que ele precisava autorizar um motorista a buscar "peças", o que seria um código para os explosivos.
No dia 11 daquele mês, Bento contou a Washington que estava servindo como "motorista de índio": ele e seu grupo estavam em Brasília com o indígena José Acácio Serere Xavante, o cacique Serere, que seria preso no dia seguinte.
Cunha nega ter enviado qualquer material a Washington em Brasília. Ao UOL, o empresário disse não se lembrar do teor das mensagens, mas afirma que não seria "louco para colocar vidas de pessoas inocentes em perigo" com um plano de bomba.
Cunha afirmou que a "missão" passada a Washington seria a de identificar intrusos no acampamento dos manifestantes. "Eu falava com ele [Washington] direto no acampamento. Muitas vezes era alguma suspeita de infiltrado no acampamento, ele vivia falando isso", declarou o empresário.
Sobre o compromisso de levar o "material do caminhão" a Washington, Cunha disse que isso não se concretizou. "Não levei nada e voltei de carona no outro dia. Inclusive fomos parados por uma blitz perto de Brasília e o carro foi vistoriado", diz.
Já a defesa de Washington negou que haja outros envolvidos no caso. "George Washington não tem nenhuma ligação com essas pessoas", declarou a advogada Rannie Karla Monteiro.
Do UOL:
A viagem, acima de tudo, revela o desconhecimento e ignorância do grupo em relação aos direitos humanos e à diplomacia brasileira. Como bem disse meu companheiro Chico Alves, "esse avião passa na ONU?".
21.set.2021 - O ex-presidente Jair Bolsonaro durante o discurso de abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU. Imagem: AFP
Jamil Chade - Colunista do UOL
Afinal, onde fica a ONU? Bom, depende do assunto que você pretende tratar. Caso seja um tema relacionado com a paz mundial, o destino é Nova Iorque e seu Conselho de Segurança. Se a questão for drogas e crime, pegue um avião para Viena. Se o assunto for Justiça, Haia é o destino. Se a questão é moradia, o interessado deve se encaminhar para Nairobi. Já temas sobre cultura e educação, a sede fica em Paris.
Mas se o assunto for a situação de pessoas detidas e a questão de direitos humanos, é uma obrigação ir até Genebra, na Suíça.
Nos últimos dias, descobrimos que os senadores Eduardo Girão (Novo-CE), Magno Malta ( PL-ES) e Carlos Portinho (PL-RJ), juntamente com o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) foram até Nova Iorque para entregar à ONU documento assinado por 52 parlamentares bolsonaristas. O texto "denuncia" uma suposta violação de direitos dos cerca de 200 extremistas que continuam presos e que atacaram a democracia brasileira em 8 de janeiro.
A viagem, acima de tudo, revela o desconhecimento e ignorância do grupo em relação aos direitos humanos e à diplomacia brasileira. Como bem disse meu companheiro Chico Alves, "esse avião passa na ONU?".
Bom, a realidade é que o Comitê de Direitos Humanos da ONU tem sua sede, seu escritório e seu staff no Palais Wilson, edifício à beira do Lago Leman e antiga sede da Liga das Nações.
Sempre foi lá. Nunca mudou.
Ele implementa a Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos. Apesar de um tratado ser de 1966, foram necessários mais dez anos para que ele entrasse em vigor e tivesse a ratificação de um número mínimo de governos para funcionar.
Hoje, caso os bolsonaristas acertem o destino de sua denúncia, terão de esperar entre dois e cinco anos para que uma decisão seja tomada.
Curiosamente, trata-se do mesmo órgão que examinou a petição entregue por Luiz Inácio Lula da Silva, denunciando a parcialidade do então juiz Sergio Moro. Anos depois da queixa e com Lula já solto, o órgão da ONU confirmou que o ex-juiz e atual senador cometeu irregularidades em seu comportamento.
Naquele momento, bolsonaristas acusaram a ONU de comunista, globalista e outras palavras que duvido que saibam o significado.
Agora, serão exatamente os mesmos peritos que irão avaliar o caso dos bolsonaristas.
O que aconteceu para que eles recorram ao órgão que tanto atacaram?
Mas não vamos nos antecipar. Primeiro, temos de encontrar o endereço certo. Para isso, basta um correio eletrônico com as informações. Para facilitar, deixo aqui o email:
ohchr-petitions@un.org
Há também uma segunda opção, enviando por correio tradicional. Neste caso, o endereço é:
Petitions and Inquiries Section/Human Rights Committee
Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights
United Nations Office at Geneva
1211 Geneva 10, Switzerland
Não há necessidade de colocar o continente. Os correios sabem onde fica a Suíça.
Mas, antes disso, a petição terá de ser enviada por meio de um formulário. Neste caso, entrem e preencham os dados solicitados no link:
https://www.ohchr.org/en/documents/tools-and-resources/form-and-guidance-submitting-individual-communication-treaty-bodies
Detalhe: não vale preencher em português.
Fazer um lobby certamente é parte do jogo. Mas entregar um documento para o embaixador do Brasil na ONU em Nova Iorque é bater à porta errada. Para que o assunto tenha seguimento, o destino seria a missão do Brasil na ONU, em Genebra.
Sugiro procurar um dos diplomatas mais experientes e bem relacionados do Itamaraty: Tovar Nunes da Silva, o embaixador encarregado de temas de direitos humanos.
De fato, era para Genebra que Damares Alves e sua tropa ultraconservadora embarcavam cada vez que discursavam ou iam defender sua agenda indefensável de direitos humanos na ONU. Eram solenemente ignorados ao tentar fazer vingar suas ideias.
Em certas ocasiões, me deparei com funcionários de altíssimo escalão da ONU zombando da delegação de Damares, depois dos encontros que mantinham com a delegação brasileira.
Isso é outra história. Mas, como diz a escritora Juliana Monteiro, é a mesma história.