Frente ampla o quê? Depois do Bozo pianinho, o “véio da Havan”
por Armando Rodrigues Coelho Neto
Numa cena do filme Cidade de Deus, um dos bandidos diz que tem que barbarizar, chocar, escandalizar. Com disparos à queima-roupa, grassa a violência numa comunidade armada, onde crianças aprendem a atirar. Tem até uma espécie de Robin Hood que divide o dinheiro roubado com os habitantes da favela.
Mais tarde, esse mundo cruel da ficção passa a ser controlado por milícias na vida real. A comunidade vira metáfora de um mundo cão homenageado pelo candidato dos militares, que por conta da fraude eleitoral/2018 se torna “presidente”. Metáfora que com outras vertentes, até hoje dá suporte à democracia de fachada.
No aquilo deu nisso, de pronto a Cidade de Deus substituiu o Estado e decretou toque de recolher durante a pandemia, no país acéfalo de ministro da Saúde. O “presidente” e seus cloroquinocratas assinam quase 60 mil mortos vítima da “gripezinha”. Com STF e tudo, o Brasil tenta passar “alkingel” nos crimes do Bozo.
Os últimos dias têm sido de grandes emoções nesse circo de horrores. O clown da Educação fugiu, foi premiado com indicação para cargo no Banco Mundial, com a experiência de quem quebrou o Banco Votorantin. Teve passaporte diplomático e tudo, mistérios sobre a data de sua destituição e eventual “yes” de Donald Trump.
Mas, Bozo fechou uma redondinha com o STF e a China: mandou o nóia do Weintraub ir embora. Depauperaram os 300 mínions, acharam o Queiróz na casa do defensor do Bozo e a mulher dele (Queiróz) fugiu. Flávio Rachadinha ganhou foro privilegiado com aparente privilégio de um amigo, que votou contra sua própria tese.
Na chapa quente, a PGR disse que a Farsa Jato não está acima do MPF, dando sequência a uma revoada do ninho da capitã do mato do golpe. De outro giro, Zumbi tremeu na tumba com seus descendentes protagonizando cenas estranhas na Fundação Palmares, na Justiça e na Educação.
A “Perua do Inverno”, depois de uns dias no xilindró, foi solta. Está deprimida com a tornozeleira eletrônica e, tardiamente, vai procurar um psiquiatra. Caminho, aliás, que deveria ser seguido começando pelo maluco da Virginia e por toda a equipe – inclusive o astronauta Marcos Pontes, que anda vendo a terra plana.
Psiquiatra, Rivotril, Gardenal e anticonvulsivos cairiam bem. Correm o risco de surtar, pois está em curso uma tal Frente Ampla, Basta, Direitos Já. Dilma e Lula querem saber para que isso serve. Até Ciro Gomes, que quer os votos dos que odeiam o PT, está desconfiado, ainda sem saber para quem vai piscar o olho.
Essa história de Frente é tão complexa, que o herói Zé Roela da Globo (Moro) se transformou em ameaça de racha. Seria o racha no que está rachado na direita e na esquerda. Seria um novo “Ele Não” sabor pandemia, com toque de “alkingel” para passar a boiada, vender tudo, trabalho precarizado, vender até água e cocô.
É Bozo limpinho e cheiroso ou Mourão (tecla SAP dele). Querem a direita que come com garfo e faca. Como diz um certo “tio Rey” (das negas dele), basta o Bozo parar de arrotar em público e de soltar pum no elevador. Fora Guedes que é bom ninguém fala. Nem o “Rey”, acho. A meta é fim dos direitos sociais e vender o Brasil, talkey?
Eis o Bancarrota Blues, de Chico Buarque (aniversariante do mês). Guedes quer vender tudo: jerimum, mamão, surubim, diamantes, ouro, e até nióbio que não está na letra da música. São temas que não se toca na tal frente, e em torno da qual querem que a “zisquerda siúna”, para combater o fascismo tabajara (chupa, Globo!).
Estou com Lula, pois não é mesmo para pegar o primeiro ônibus que passa. Não sei quem disse, mas não dá mesmo pra juntar Lula, Dilma, Boulos, Globo, Dória, Moro, além de calhordas da Farsa Jato num mesmo pacote. Só falta a assinatura do STF e das FFAA. Derrubam a democracia, levam uma rasteira e agora querem o quê?
Como disse Dilma Rousseff para o El Pais, tirar Bozo, sem mostrar a associação do neoliberalismo com o neofascismo vai dar em nada. Como “ser a favor de um documento que tem uma pessoa como Miguel Reale, que assinou junto c’a Janaína Pascoal aquele impeachment fraudulento”, disse. A frente ideal seria em 2018.
Sem um projeto Brasil, o Fora Bozo é um mero anticonvulsivo para as contradições das elites, para deixar Bozo pianinho. E aí ele sai sorridente, para inaugurar obra de Lula/Dilma, levando junto evangélicos para festejar o milagre da água feito pelo enviado de satã. Assim mesmo, sem qualquer autocrítica.
Mas, querem autocrítica do Lula e do PT, que eles não fazem. Globo, grande mídia, a lepra evangélica nem ninguém. Globo e Folha admitem que apoiaram o golpe de 1964, mas não admitem o suporte ao golpe de 2016. Outros nem isso.
Sequer a classe média faz autocrítica. Empobrecida e impedida de ir a Europa, voltou a fazer postagens Soto Zen no Feice. Quer se iluminar, se afastar dos “maus fluidos”, fugir da negatividade, virar “ser de luz”, cheio de positividade na sua yoga. Imersa na holística, “não critique minha incoerência”. A política não presta mesmo.
Após começar a ser investigado pelo STF, até o “véio da Havan” (Louro José para Lula) virou Zen. “Precisamos baixar as armas”, disse à revista Crosoé. Dá até conselho o Bozo: “Presidente, senta no colo, beija na boca, abraça. É só com união que teremos o Brasil que nós queremos. Não podemos continuar numa guerra…”
No pós-guerra que ajudou a criar, o “véio” agora quer paz, num país cuja primeira homenagem às vítimas da Covid foi uma Ave Maria sanfonada. Como disse um comentarista de uma TV aberta de Portugal, Bozo inaugurou o neo-sanfonismo num país que criou os BRICS, era potência emergente, candidato a assento na ONU.
Pobre Cidade de Deus! Querem passar “alkingel” no Bozo. Mas ele não tem só as assinaturas de Moro, Globo, das elites brasileira. “Made in USA”, ele é obra dos militares, dos filhotes da ditadura de 64. Garantiram os privilégios deles, e deixaram o povo, o servidor público e o patrimônio da Nação à mercê do chupim Guedes.
Bozo se “elegeu” sem máscara e infectado pelos piores sentimentos. Impregnado de ódio, preconceito, apatia, distópico, de terrorismo moral. Não adianta querer agora tentar por máscara nem passar “alkingel”. Quem precisa tirar a máscara que o faça e, se alguma dignidade lhes restar vale a dica: cassação/renúncia.
E, se os militares não assumirem seu papel constitucional, se o Supremo Tribunal Federal idem; e se a opção é serem políticos, terão que assumir esse ônus. Não sem lembrar que a serviço deles, apodreceram e judicializaram a ideia de que política é um lixo.
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