Do UOL:
O colunista Reinaldo Azevedo analisou a disputa entre a Câmara e o governo Lula após a derrota do governo sobre o reajuste do IOF (para os ricos).
Do UOL:
O colunista Reinaldo Azevedo analisou a disputa entre a Câmara e o governo Lula após a derrota do governo sobre o reajuste do IOF (para os ricos).
Do Portal do José no Youtube:
02/07/25 NOSSAS PREVISÕES ESTÃO SE CONFIRMANDO! BOLSONARO BAIXOU HOJE NO HOSPITAL...APÓS VEM A CADEIA. SIGAMOS.
José Luís Fiori aponta que EUA e G7 estão enfraquecidos, mas não devem aceitar perder o poder que exercem há mais de 500 anos
Do Jornal GGN:
Se existe uma certeza em relação ao futuro do cenário global é o de que ele é incerto, tendo em vista o caos, a desordem e o descontrole que o regem. Esta conclusão é do professor José Luís Fiori, Professor emérito dos Programas de Pós-graduação em Economia Política Internacional (IE/UFRJ), e em Bioética e Ética Aplicada (PPGBIOS/UFRJ), da UFRJ.
Tamanho caos é causado, por exemplo, pelo desaparecimento de atores do sistema mundial, que exerciam algum tipo de arbitragem capaz de negociar os crescentes conflitos no mundo, a exemplo de instituições e acordos firmados após o término da 2ª Guerra Mundial e Guerra Fria.
“Espatifaram, estão esvaziadas, não são legítimas, por definição. E a principal potência responsável, em grande medida, ou pela criação ou pela tutela dessas instituições, é hoje a principal contestadora dessas instituições. Não pode haver desordem maior”, aponta Fiori.
Um dos grandes exemplos apontados pelo professor é o G7, composto pelo Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, e cuja participação se justifica porque seriam as sete maiores economias do mundo. “O G7 é uma caricatura grotesca do que eles foram.”Na análise de Fiori, ainda que tais países tivessem grande influência por muito tempo, hoje se mostraram uma organização pouco influente.
Tal percepção ficou clara quando, na semana passada, tais países se reuniram, porém sem grandes debates. Pelo contrário, o que mais havia era embates.
“Em primeiro lugar, eles não são mais as sete principais potências econômicas do mundo. Pelo menos, três outras não estão aí incluídas, entre as dez maiores. Segundo, eles não são, tampouco, as sete maiores economias mais industrializadas do mundo. Terceiro, eles não têm mais acordos sobre a condução da guerra na Ucrânia. Eles não têm acordos sobre a Rússia”, continuou o professor.
“Além disso, o que é quase cômico, o líder, o chefe dos sete que chegou de Boné na reunião com a anunciada ideia de anexar um dos sócios. É a primeira reunião do G7 depois da posse do Trump depois de ele ter anunciado que quer o Canadá e quer a Groenlândia”, emendou Fiori.
O presidente dos EUA foi responsável ainda pela recente guerra tarifária imposta justamente a parceiros que, diante de respostas à altura, obrigaram-no a recuar. “Donald Trump e os Estados Unidos não têm hoje mais o poder que Trump imaginou que teria.”
Segundo Fiori, Trump e sua equipe erraram no cálculo da eficácia da guerra comercial, não conseguiram intermediar o fim da Guerra na Ucrânia, como prometido em campanha pelo presidente ou conseguiram manipular o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. “Aos cinco meses de governo, você ter cinco milhões de pessoas na rua protestando contra você é um sucesso que poucos presidentes conseguem.”
Em contrapartida à desordem interna dos EUA e desarticulação do G7, a China e os países asiáticos se reuniram este mês, durante o segundo Fórum China-Ásia Central, realizado no Cazaquistão. “Não há nenhum conflito. Estão discutindo cooperação, desenvolvimento, não tem ideia de guerra nenhuma.”
Enquanto o G7 não representa mais o poder econômico e político que apresentava décadas atrás, os BRICs formaram um bloco econômico promissor, uma vez que reúnem cinco dos 10 países mais ricos do mundo, somam 45% da população mundial, tem 43% do PIB mundial, 60% das reservas de gás e 50% das reservas mundiais de petróleo, além de deter o controle de terras raras e da produção de alimentos.
“Mas o que que é e, sobretudo, como funciona ou como funcionará uma ordem multipolar? Em princípio, ela soa melhor, ela parece mais democrática do que uma ordem unipolar, com certeza. Mas você não tem nenhuma ideia do que seja ou que possa vir a ser, essa ordem multipolar”, ressalta Fiori.
O que se sabe até o momento é o papel do hegemon, que apesar de passar a impressão de centralidade e estabilidade, é o grande desestabilizador do sistema global ao promover conflitos.
“O Ocidente, o G7, a OTAN, a União Europeia não vão abrir mão do poder que eles conquistaram nesses últimos 500 anos conversando. Não vão”, aposta o professor. “Eles estão vendo isso como uma perda de um poder que eles tiveram e que exerceram de forma implacável em todo o mundo nos últimos 500 anos, usando o seu direito de matar e invadir onde bem entendessem”, conclui o docente emérito.
A análise de Fiori foi compartilhada com os alunos do Ciclo de Estudos Estratégicos – Geopolítica do Século XXI, promovido pela Cátedra Celso Furtado, no auditório da FESPSP, na última terça-feira (17).
LEIA TAMBÉM:
Do Jornal GGN, reportagem de Patrícia Faermann:
Sob escudo da comunidade internacional, Trump e Israel atacam Irã e admitem planos além de contenção nuclear
Ataque israelense ao Irã – Foto: Reprodução
Donald Trump admitiu em sua rede social que por trás dos ataques às instalações nucleares no Irã, há uma ofensiva pela mudança do regime iraniano. A fala, feita na sua rede Truth Social, contrariou todo o movimento de seu governo – e endossado por organismos internacionais e líderes europeus chave – de que os ataques visavam somente repreender a construção de armas nucleares pelo Irã.
“Esta missão não foi e não é sobre mudança de regime [do Irã]”, disse o Secretário de Defesa Pete Hegseth, neste domingo (22). “Não queremos uma mudança de regime”, insistiu o vice-presidente JD Vance, em entrevista ao programa “Meet The Press”, da NBC. “Os EUA não estão em guerra com o Irã, mas em guerra com o programa nuclear do Irã”, manteve o braço-direito de Trump.
Horas depois, abertamente explícito e contrário à cautela da sua própria Administração, Trump assumiu, na noite deste domingo: “Não é politicamente correto usar o termo ‘Mudança de Regime’, mas se o atual regime iraniano não consegue tornar o Irã grande novamente, por que não haveria uma mudança de regime???”.
A fala ocorre ainda em meio a um momento crucial do conflito de Israel, quando o genocídio em Gaza estava começando a aderir maiores rechaços da comunidade internacional, principalmente de países europeus, e de organismos internacionais.Os ataques iniciados por Netanyahu ao Irã, e continuados por Trump, conseguiram virar o discurso de líderes internacionais que já não podiam manter neutralidade frente ao genocídio palestino. Quando a imagem do primeiro-ministro de Israel sofria o maior nível de desgaste junto aos pares, desde que o conflito na área se iniciou há mais de 600 dias, desde outubro de 2023, ao mirar o Teerã, Netanyahu volta a receber respaldo.
“Israel está fazendo o trabalho sujo” dos países ocidentais ao bombardear o Irã, escancarou a lógica o chanceler alemão, Friedrich Merz. Com maior discrição, mas também aderindo ao movimento, Emmanuel Macron responsabilizou o Teerã pelos ataques.
De forma similar, Reino Unido e organizações como a Comissão Europeia e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) legitimaram a atuação de Israel e dos EUA.
Nesta segunda-feira (23), o secretário-geral da OTAN Mark Rutte reafirmou que o Irã “não deve desenvolver armas nucleares” e que os ataques não ferem o direito internacional. “Meu principal medo é que Teerã possa ter a bomba atômica, o que seria uma ameaça a Israel e a toda a região”, disse.
Antes de pedir “diplomacia”, a vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, responsabilizou o Teerã. “O Irã não pode ter uma bomba nuclear, e a diplomacia é a solução para evitar isso”, disse. Mas martelou que a União Europeia “não será conivente” com a aceleração do programa nuclear iraniano. “Todos concordamos sobre a necessidade urgente de desescalada.”
A conivência de organismos e lideranças internacionais com os EUA, por outro lado, levanta camadas mais graves ao conflito que tem um potencial perigoso de escalada. Ao admitir que o objetivo é, também, derrubar o governo iraniano, Trump abre ainda mais espaço para respostas ao bombardeio, com a intensificação dos ataques na região e internacional, o que deve iniciar uma fase ainda mais brutal do conflito.
É a ameaça que sofremos atualmente, da civilização ocidental ser assaltada por uma histeria cristã fundamentalista, coletiva, fanática, fascistóide...
Veja o vídeo e depois leia o texto de Dora Incontri:
Para onde vamos, com multidões de jovens de joelhos nas universidades públicas, pedindo “perdão pelos pecados da universidade brasileira”? O censo nos revela ainda o avanço dos evangélicos - que em sua maioria fazem parte de uma investida de poder, que ameaça a liberdade e o Estado laico.
Do Jornal GGN:
O mapa religioso do Brasil e o avanço do fanatismo
por Dora Incontri
Corre nas redes um vídeo assustador. 1.500 jovens na Universidade Federal de Minas Gerais, uma das melhores do país, reunidos num culto evangélico, dentro do espaço universitário. Hinos, batismos, conversões, “milagres”, centenas de alunos de joelhos, “pedindo perdão pelos pecados da universidade brasileira”. A cena me lembrou um livro que uso em minhas aulas sobre a história do cristianismo: Cristianismo e paganismo, 350-750 – A conversão da Europa ocidental. Ou ainda o filme Alexandria (2009), dirigido por Alejandro Amenábar, que conta a história da filósofa e astrônoma Hipátia, que costumo passar ou indicar para meus alunos. As duas fontes mostram como o cristianismo – leia-se o catolicismo – foi imposto a ferro e fogo, muitas vezes numa histeria coletiva, depois que o Imperador romano Constantino o adotou como religião (e mais especificamente o catolicismo, porque havia inúmeras denominações cristãs na época, por exemplo o arianismo, o pelagianismo, o montanismo, o marcionismo e dezenas de outras, todas declaradas heréticas pela Igreja Romana e que passaram a ser perseguidas, tanto quanto os cultos do paganismo).
Desde então, o cristianismo, na versão católica, foi avançando mundo afora. O livro conta como multidões se entregavam ao batismo coletivo, penitentes dos pecados pagãos, e como templos, bibliotecas, lugares de ensino do mundo greco-romano foram sendo literalmente destruídos. Só para citar dois exemplos, a biblioteca de Alexandria foi em parte destruída por fanáticos cristãos (na mesma época em que martirizaram Hipátia) e a conversão da Alemanha ao cristianismo foi arrematada com a queda a machadas de um templo de Tor, liderada por São Bonifácio, por volta do ano 800.Então… sabemos para onde nos levou esse movimento de tomada de poder pela igreja, com um cristianismo que pouco tinha a ver com o mestre Nazareno, exemplo de fraternidade, serviço ao próximo e compaixão.
É a ameaça que sofremos atualmente, da civilização ocidental ser assaltada por uma histeria cristã fundamentalista, coletiva, fanática, que destrói outras religiões, que submete a massa a uma manipulação de sujeição e que arrasa com a arte, com a ciência, com a liberdade de pensamento e com a nossa esperança de um mundo igualitário, fraterno e fundante do Reino que Jesus queria implantar. Ou, dito de outra forma, de uma sociedade socialista, como tantos sonharam e pela qual lutaram até hoje. Eu prefiro refinar ainda o conceito e falar em uma sociedade anarco-socialista.
Podemos agora comentar sobre o censo do IBGE, que trouxe algumas pequenas novidades em relação ao mapa das religiões no Brasil. Não poderia deixar de fazer algumas leituras a respeito, já que essa coluna trata de espiritualidade, como um dos seus eixos temáticos.
A primeira constatação que já vem há pelo menos 5 décadas é o recuo dos católicos e o aumento dos evangélicos. E essa cena na Universidade Federal de Minas Gerais é o efeito concreto desse avanço. Diga-se, entre parênteses, que essa progressão não é majoritariamente dos setores mais tradicionais do protestantismo, mas sim dos pentecostais e neopentecostais. A novidade é que nesse censo publicado agora em 2025 e que traz os dados de 2022, os evangélicos (26,9%) cresceram com menos velocidade. Católicos (56,7%) continuam caindo, espíritas (1,8%) (sempre colocados em terceiro lugar entre as religiões no Brasil), decaíram ligeiramente. Digno de nota é o aumento percentual de adeptos de religiões afro-brasileiras (1%) e de pessoas sem religião (9,3%) (que engloba ateus, agnósticos, mas cuja predominância parece ser de pessoas – jovens – com uma espiritualidade livre, difusa, não aderente a uma religião em particular).
Algumas considerações: sabemos que há um projeto, ligado a uma “teologia de domínio”, importada dos EUA, que está em pleno vigor no governo atual do império do norte, mas que já vem sendo amarrada há décadas. É um avanço agressivo de setores hiper conservadores de evangélicos e católicos (por exemplo, o vice de Trump, J.D. Vance, é um desses católicos radicais) que pretendem resgatar valores tradicionais cristãos, como agendas patriarcais, antifeministas, contra direitos humanos, contra pautas LGBTQI+, contra lutas antirracistas e sobretudo contra tudo que é de esquerda, em completo alinhamento com um projeto neoliberal e de extrema direita.
Assim, o desaceleramento do crescimento evangélico entre nós é uma meia boa notícia, pois seus adeptos continuam crescendo de qualquer forma, mas o pior é que estão avançando os sinais para minar completamente o Estado laico, a escola pública laica e agora até as universidades públicas, onde não deveria haver qualquer movimento religioso, muito menos dessa forma invasiva e fanática.
Por outro lado – não encontrei informações estatísticas sobre isso – dentro do catolicismo (ainda em declínio), há hoje um reavivamento de setores também radicais, que oraram pela morte do Papa Francisco e fazem pregações misóginas e contra todas as pautas progressistas, marcando um território em comum com os evangélicos conservadores.
Duas boas novidades, que aponto neste novo censo: o avanço dos afro-brasileiros e os dos sem religião. O primeiro caso, me parece, se deve a um processo recente de identificação cultural e ancestral com as raízes afro, coisa que era muito reprimida anteriormente. Embora, ainda muitos adeptos dessas religiões sejam brancos e a maior contingência de negros se encontre entre os evangélicos. O segundo caso indica um desejo de espiritualidade mais livre, menos institucional por parte das novas gerações, fato que já analisei aqui em outro artigo (https://jornalggn.com.br/cidadania/kardec-e-uma-espiritualidade-livre-por-dora-incontri/).
Entretanto, do que tenho sido cobrada, desde que saiu o resultado do censo em relação às religiões, é que me pronuncie sobre o leve declínio dos espíritas. Tenho algumas hipóteses explicativas para esse dado. 1) a migração de espíritas para religiões afro (conheço pessoalmente vários), sobretudo para a Umbanda, por conta da maior liberdade de participação no fenômeno mediúnico (usando um termo kardecista). 2) o enrijecimento institucionalista e dogmático do movimento espírita hegemônico, liderado pela Federação Espírita Brasileira e seus seguidores, afastando jovens e pessoas de senso crítico. 3) a adoção de grande parte do movimento (esse mesmo hegemônico) a pautas de direita e extrema direita. Muita gente foi expulsa ou saiu espontaneamente dos centros espíritas, que apoiaram de maneira explícita a barbárie bolsonarista. 4) o abafamento da mediunidade, que constitui o cerne do espiritismo de Kardec, com imposições que acabam por tornar a prática espírita uma coisa sem experiências espirituais vivas, que são fonte de convicção.
Há um movimento espírita progressista, que tem avançado nos últimos anos, tecendo reflexões e lançado iniciativas para retomar o que, a nosso ver, pode ser uma revivescência do espiritismo genuíno, dinâmico e crítico como proposto por Kardec. E esse movimento, de qualquer maneira, está mais perto desses que querem uma espiritualidade livre (mas também crítica) do que os que seguem setores radicais e dogmáticos das religiões tradicionais.
Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.
Do Canal do analista político Bob Fernandes:
Do Canal Instituto Conhecimento Liberta - ICL:
O “Provocação Histórica” recebe o historiador Carlos Fico. Professor titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Ao admitir que discutiu alternativas como estado de sítio com militares, Bolsonaro pode ter comprometido sua própria estratégia de defesa
247 – A estratégia de defesa adotada por Jair Bolsonaro no depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira, 10, pode agravar sua situação jurídica. Bolsonaro reconheceu que discutiu com os comandantes das Forças Armadas alternativas para contestar o resultado das eleições de 2022, como a decretação do estado de sítio, o estado de defesa e a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Apesar de negar qualquer articulação golpista, Bolsonaro afirmou que levou aos militares “considerandos” — cenários possíveis — para lidar com a rejeição, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do pedido do PL para anular parte dos votos do segundo turno. Segundo criminalistas ouvidos pelo jornal Estado de S. Paulo, a admissão de que apresentou essas propostas a altos comandos das Forças Armadas pode ser interpretada como um indício de tentativa de golpe de Estado, ainda que envolva instrumentos previstos na Constituição.
“O problema não é o instrumento em si, mas o uso fora do contexto constitucional”, explicou o criminalista Marcelo Crespo, professor da ESPM-SP. Para ele, a narrativa de Bolsonaro, ao reconhecer reuniões estruturadas com autoridades militares, “admite fatos” que revelam movimentos concretos para questionar o resultado eleitoral. “Sob essa perspectiva, reconhece movimentos em busca de alternativas ao resultado eleitoral”, afirmou.
Na tentativa de evitar consequências penais, Bolsonaro afirmou que nenhuma das alternativas foi formalizada. Disse que não assinou qualquer minuta golpista e que a reunião em que se discutiu o tema teria sido “bastante informal”. Ressaltou ainda que as medidas foram descartadas por não haver “clima”, “oportunidade” ou “base minimamente sólida” para uma ruptura institucional.
A versão do ex-presidente entra em conflito com o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. Na segunda-feira, 8, Cid reafirmou que Bolsonaro “recebeu, leu e enxugou” o conteúdo de uma minuta com propostas de ruptura institucional. Bolsonaro, por sua vez, negou: “Não procede o enxugamento”, afirmou.
A estratégia de alegar que os atos não passaram de “preparatórios” — e, portanto, não configurariam crime — também foi duramente criticada por juristas. Segundo Aury Lopes Jr., professor de direito penal da PUC-PR, a diferenciação entre atos preparatórios e atos executórios é central no direito penal. Embora reuniões e conversas abstratas não sejam puníveis, a tentativa de golpe já é considerada crime. “A questão dos atos preparatórios já foi superada, as provas mostram que houve algo além disso”, disse Crespo.
Fernando Neisser, professor da FGV-SP, acredita que Bolsonaro escolheu a única linha de defesa possível diante do volume de provas. O ex-presidente tentou apresentar as reuniões como “desabafos” motivados pela derrota eleitoral, buscando construir a imagem de alguém emocionalmente abalado e sem controle da situação. Para Neisser, trata-se de uma tentativa de despolitizar e desmilitarizar as tratativas.
Bolsonaro também tentou recorrer à tese do “crime impossível” — alegando que não havia condições materiais para consumar um golpe, já que não contava com apoio das Forças Armadas. Citou, inclusive, declarações do ministro da Defesa, José Múcio, que disse não ver os ataques de 8 de janeiro como uma tentativa golpista. “Golpe não são meia dúzia de pessoas, dois ou três generais e meia dúzia de coronéis. Vejam 64. Falar em golpe de Estado? O que aconteceu depois do meu governo, sem armas, sem núcleo financeiro, sem qualquer liderança, isso não é golpe”, declarou Bolsonaro.
Apesar do esforço em mostrar que atuou dentro dos limites constitucionais, especialistas são unânimes em afirmar que a estratégia adotada pode ter tido o efeito contrário. “A situação até piorou, porque ele não conseguiu provar sua inocência. Entrou péssima e saiu pior”, concluiu o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
O processo, conduzido por Alexandre de Moraes no STF, continua em andamento e tende a se tornar um dos casos mais emblemáticos da história recente do país. A eventual responsabilização criminal de Bolsonaro poderá depender da avaliação final sobre se suas ações extrapolaram ou não os limites da legalidade democrática.
O seguinte artigo do historiador Dirceu Machado foi extraído do site Correio Espírita:
Ian stevenson
INFÂNCIA E JUVENTUDE
O médico psiquiatra Ian Pretyman Stevenson nasceu a 31 de outubro de 1918 na cidade de Montreal, Canadá e desencarnou em 08 de fevereiro de 2007, aos 88 anos, na cidade de Charlottesville no estado da Virginia, Estados Unidos. Seu pai era o correspondente canadense para o New York Times.
Desde a infância sofria de crises de bronquite, repetidamente, e passava muito tempo na cama. Sua saúde nunca foi das melhores e, enquanto enfermo, dedicava-se à leitura e estudos diversos. Sua mãe incentivou-o a se interessar pela Teosofia, assunto que lhe agradou bastante. Nos períodos em que gozava de saúde distinguia-se dos demais colegas chamando a atenção de seus professores. Os professores gostam de alunos superiores, e Stevenson se destacou, por sua inteligência, enquanto estudava na Universidade de St. Andrews, na Escócia e na Universidade McGill em Montreal no Canadá. Graduou em medicina em 1942, tendo se especializado em 1943.
Foi aconselhado a deixar o clima frio do Canadá e se mudar para o Arizona onde iria encontrar bastante calor o que permitiu que se dedicasse mais aos seus estudos e pesquisas acadêmicas.
INÍCIO DAVIDA PROFISSIONAL
Nos anos de 1950, inspirado por um encontro com Aldous Huxley, tornou-se um pioneiro no estudo médico sobre os efeitos do LSD. Em 1957 Stevenson foi nomeado chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia. A sua principal pesquisa incluía doenças psicossomáticas, compêndios sobre pacientes entrevistados e exames psiquiátricos. Neste período, Stevenson criou uma área de pesquisa dentro do Departamento de Psiquiatria dedicada a fenômenos considerados paranormais. Seu interesse por esse assunto já era antigo, desde os tempos em que lia sobre Teosofia e assuntos correlatos.
A maioria dos historiadores sobre pesquisas paranormais concorda que investigações sistemáticas sobre tais ocorrências não começaram antes de 1882, quando a Society for Psychical Research (SPR) foi fundada em Londres. Seus fundadores abertamente declararam suas intenções de investigar cientificamente tais fenômenos incomuns e Stevenson tomou conhecimento de tais trabalhos, principalmente aqueles publicados por Frederic Myers e Edmund Gurney sobre o assunto. Também os trabalhos publicados pela American Society for Psychical Research [ASPR], lhe interessaram bastante. Neste grupo se destacaram os trabalhos de C. J. Ducasse e Laura, que mostravam que o ceticismo sobre algumas evidências dos fenômenos paranormais não excluíam a aceitação de outras evidências.
PESQUISAS SOBRE REENCARNAÇÃO
Seu interesse se voltou para o estudo de casos alegados de reencarnação e, a partir daí, se dedicou quase que completamente a esclarecer cientificamente esse assunto tão ignorado pela ciência. Stevenson se tornou um dos pioneiros da moderna pesquisa científica a respeito da reencarnação. Seu método de pesquisa consistia em recolher e analisar meticulosamente casos de crianças as quais pareciam se lembrar de vidas passadas sem o auxílio da hipnose.
A primeira monografia de Stevenson sobre o assunto que o consagrou foi escrita em 1961, foi The Evidence for Survival from Claimed Memories of Former Incarnations, na qual examinava 44 casos publicados de memórias de vidas passadas. O texto foi publicado pela American Society for Psychical Research em homenagem ao filósofo William James, um dos primeiros presidentes da entidade. A repercussão foi muito grande e chamou a atenção de leitores não acadêmicos como a famosa médium norte-americana Eileen Garrett, co-fundadora da Parapsychology Foundation.
FINANCIAMENTO DAS PESQUISAS SOBRE REENCARNAÇÃO
Eileen Garrett, era tanto uma médium espiritualista como também uma notável empresária bem sucedida e contatou Stevenson pedindo-lhe para investigar o caso de uma criança indiana que dizia ter vivido antes. As despesas da viagem correriam sob o patrocínio de sua organização. Stevenson aceitou e viajou à Índia durante suas férias.
A segunda pessoas a se interessar pela pesquisa foi Chester F. Carlson, o inventor da xerografia. Ele tinha experiência como cientista, e antes de seu segundo casamento acreditava, como a maioria dos cientistas faziam (e ainda fazem), que a mente é só um produto do cérebro e suas propriedades inteiramente físicas. Sua segunda esposa, Dorris, tinha alguma capacidade para percepção extra-sensorial. Ela impressionou seu marido com sua habilidade e também o influenciou para que financiasse pesquisas em fenômenos paranormais, principalmente aqueles relacionados à reencarnação.
Durante oito anos Chester Carlson financiou as pesquisas de Ian Stevenson através da Universidade de Virginia e, assim, o cientista pode trabalhar com tranquilidade levando adiante pesquisas que o levaram a se tornar a maior autoridade mundial no estudo da reencarnação com método científico.
Em 1967, Stevenson foi escolhido como Diretor do Setor de Estudos da Personalidade (posteriormente recebendo o nome de "Setor de Estudos da Percepção") e, por um determinado período, foi também o responsável pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade da Virgínia.
Quando Carlson faleceu (1968), legou um milhão de dólares para manter uma cadeira na Universidade da Virgínia, e mais um milhão de dólares para o próprio Stevenson, com o intuito de que a pesquisa sobre a reencarnação não parasse.
LEGADO PARA A POSTERIDADE
Stevenson aposentou-se em 2002, deixando o seu trabalho na Universidade de Virginia nas mãos de sucessores, dirigidos pelo Dr. Bruce Greyson. Quanto as pesquisas relacionadas com a reencarnação Ian Stevenson escolheu o Dr. Jim Tucker, um psiquiatra infantil, que concentrou seu estudo em casos de crianças norte-americanas que se recordavam de vidas anteriores.
Stevenson desencarnou em 08 de fevereiro de 2007, aos 88 anos , de pneumonia na comunidade para aposentados de Blue Ridge em Charlottesville, na Virginia.
Ian Stevenson – médico, psiquiatra, cientista, pesquisador, fundador da moderna pesquisa científica a respeito da reencarnação - é mais um exemplo de que Ciência e Espiritualidade podem caminhar juntas.
LIVROS PUBLICADOS
· Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação –( Twenty Cases Suggestive of Reincarnation.) (1966). (Second revised and enlarged edition 1974), University of Virginia Press, ISBN 0813908728
· Cases of the Reincarnation Type Vol. I: Ten Cases in India, (1975). University of Virginia Press.
· Cases of the Reincarnation Type Vol. II: Ten Cases in Sri Lanka. (1978). University of Virginia Press.
· Cases of the Reincarnation Type Vol. III: Twelve Cases in Lebanon and Turkey. (1980). University of Virginia Press.
· Cases of the Reincarnation Type Vol. IV: Twelve Cases in Thailand and Burma. (1983). University of Virginia Press.
· Unlearned Language: New Studies in Xenoglossy. (1984). University of Virginia Press, ISBN 0813909945
· Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects Volume 1: Birthmarks and Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects Volume 2: Birth Defects and Other Anomalies. (1997). (2 volumes), Praeger Publishers, ISBN 0-275-95282-7
· Where Reincarnation and Biology Intersect. (1997). Praeger Publishers, ISBN 0-275-95282-7 . (A short and non-technical version of the scientific two-volumes work, for the general reader)
· Children Who Remember Previous Lives: A Quest of Reincarnation. (2001). McFarland & Company, ISBN 0-7864-0913-4 , (A general non-technical introduction into reincarnation-research)
· European Cases of the Reincarnation Type. (2003). McFarland & Company, ISBN 0786414588
ARTIGOS PUBLICADOS EM REVISTAS ESPECIALISADAS
· "The Explanatory Value of the Idea of Reincarnation" (1977) Journal of Nervous and Mental Disease, 164:305-326.
· "American Children Who Claim to Remember Previous Lives" (1983) Journal of Nervous and Mental Disease, 171:742-748.
· "The Belief in Reincarnation Among the Igbo of Nigeria" (1985) Journal of Asian and African Studies, XX:13-30.
· "Characteristics of Cases of the Reincarnation Type Among the Igbo of Nigeria" (1986) Journal of Asian and African Studies, XXI:204-216.
· "Birthmarks and Birth Defects Corresponding to Wounds on Deceased Persons", (1993). Journal of Scientific Exploration, 7:403-410.
· (with Cook, E.W., Greyson, B.) (1998). "Do Any Near-Death Experiences Provide Evidence for the Survival of Human Personality after Death? Relevant Features and Illustrative Case Reports",Journal of Scientific Exploration, 12(3): 377-406.
· "Past lives of twins"(1999). Lancet, Apr 17; 353(9161):1359-60.
· "The phenomenon of claimed memories of previous lives: possible interpretations and importance"(2000). Medical Hypotheses, 54(4), 652-659.
· "Ropelike Birthmarks on Children Who Claim to Remember Past Lives" (2001). Psychological Reports, Aug 89(1):142-144.
· (with Pasricha, S.K., Keil, J. and J.B. Tucker), (2005). "Some Bodily Malformations Attributed to Previous Lives" Journal of Scientific Exploration 19(3):359-383.
Vìdeo importantíssimo do canal Menteabissal:
A Palestina sofre. Sem apologia ao terror ou agressão ao povo judeu, cabe refletir sobre a violência da guerra e do terror.
Do Jornal GGN:
Holocausto palestino. Quem legitima e paga o silêncio da imprensa?
por Armando Coelho Neto
O sabujo papel da grande mídia nacional não é novidade, seja no tocante à proteção dos interesses da pretensa elite nacional e internacional, seja ao reproduzir e adotar como pontos de vistas seus, coberturas e opiniões de fatos cobertos pela mídia internacional. Assim, democracias e ditaduras são exatamente democracias e ditaduras, desde que essas sejam as expressões adotadas pelas agências de notícias “gabaritadas”. Um presidente autoproclamado na Venezuela, por exemplo, pode ser presidente mesmo sem voto, desde que os Estados Unidos o reconheça.
Sem escrúpulos, a grande mídia nacional cumpre o vergonhoso papel de repetir os interesses do mundo ocidental. Nessa condição, permanece tratando os Estados Unidos como exemplo de democracia, ainda que Donald Trump tenha desqualificado de uma vez por todas esse mito. Na dita pátria da liberdade, é possível fazer apologia ao nazismo, enquanto protestos contra o holocausto em Gaza, patrocinado por Israel, são violentamente reprimidos. Aliás, sequer a palavra holocausto pode ser usada. É praticamente de uso exclusivo para judeus.A expressão terrorismo passa por esse crivo, ainda que na realidade, terrorismo seja arma dos mais fracos. Trata-se de recurso do qual se valem aqueles que, sem exército, mas com causa que julgam justas a ele recorre, seja por natureza política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou qualquer outra espécie partem para a violência. Em quaisquer dos casos, traz a marca da atrocidade, do trágico, do impactante. Servem de exemplos a explosão de bombas em maratonas como a de Boston (EUA) em 2013, o ataque nesse ano a uma casa de show em Moscou (Russia), ou o fatídico ataque em 7 outubro de 2023, num festival em Israel.
Desse modo, sem apologia e ou condenar povos, grupos, menos ainda expressar simpatias, vale a assertiva do líder Vladimir Putin, quando diz que os grupos tidos como “terroristas” pela Rússia são vistos pela mídia atlanticista como simples opositores, rebeldes, grupos de resistência. Mas, se as mesmas ações são praticadas por grupos simpáticos ao ocidente, são simples rebeldes. Nesse caso, cumpre comparar as atrocidades do grupo nazista Wagner (Rússia e Ucrânia) com o Hamas e Hesbolah (Israel). Todos recorrem a violência.
Com o mesmo cinismo, a grande mídia impõe a visão do que possa ser democracia, ainda que possa ser fruto de voto comprado. Na recente eleição presidencial do Brasil, o derrame de dinheiro público para reeleger o ex-capitão, ultrapassou o limite da indecência, com a maior compra de votos da história. Verbas para caminhoneiros, taxistas, roubo nos empréstimos consignados para aposentados, recursos liberados ilegalmente às vésperas das eleições, entre outras falcatruas. Prender favorito à vitória no Brasil é democrático, já na Venezuela ou outro país é ditadura.
As alternâncias de poder tão decantadas, mesmo entre famílias ou grupo, como nos Estados Unidos, nas republiquetas ou nas brenhas brasileiras, recebem chancelas de aceitação, pela singular existência de voto, urnas eletrônicas ou não, são legitimadas pelo revezamento formal (dos mesmos), em que pese os vícios conhecidos. Ah, mas a pior democracia é melhor que qualquer ditadura. Não, leitor, a essência dessa fala é o valor atribuído às palavras, de forma que, no contexto, existem democracias e democracias, violências e violências aceitáveis e permitidas conforme a conveniência da grande mídia.
Tais rótulos e chancelas são aplicados à palavra terrorismo, como se a violência que esse ato encerra não fosse tão criminoso e repugnante quanto as atrocidades de uma guerra. Nesse sentido, a grande mídia glamoriza o holocausto judeu e minimiza o holocausto – genocídio, matança, extermínio, ou seja lá que nome possa querer dar à devastação, à destruição, à barbárie em Gaza. Qual a diferença entre os inocentes assassinados pelo Hamas e os inocentes assassinados por Israel? Seria um ato terrorista mais grave do que uma guerra genocida, como os assassinatos ao vivo na Faixa de Gaza, hoje o maior cemitério aberto do planeta?
A Palestina sofre. Sem apologia ao terror ou agressão ao povo judeu, ao seu histórico sofrimento, cabe refletir sobre a violência da guerra e do terror, o quanto se nivelam, o silêncio e indiferença da grande mídia. Ou Juca Chaves teria razão quando afirmou: “A imprensa é muito séria, se você pagar, eles até publicam a verdade”.
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo
A Folha de S. Paulo vive há anos “contando mentiras dizendo verdades”. Aliás, tema de uma peça publicitária dela, premiado em Cannes (1988).
Do Jornal GGN:
Folha de S. Paulo. Colher verdade para vender mentira?
por Armando Coelho Neto
O tema, em princípio, é Folha de S. Paulo, mas cabe antes falar de Globo, por pertencerem a mesma cepa. Em 1992, a emissora produziu a bem-sucedida série “Anos Rebeldes” (Gilberto Braga), na qual conta parte da ditadura militar, com foco inclusive na guerrilha, sequestro de embaixadores, etc., mas comete a proeza de omitir o seu próprio papel como braço dos ditadores e que deles foi porta-voz.
Folha de S. Paulo. Não, leitor, não cabe relembrar que ela conseguiu lacrar que foi vítima de “invasão” pela Polícia Federal, durante o governo Fernando Collor de Mello, o salvador da pátria de então, um “imbroxável” da época que tinha “aquilo roxo”. Junto com a Globo et caterva, o jornal o tornou presidente. “Invasão? ” Os policiais federais da operação nunca foram ouvidos. Vale a versão dos Frias.
Também não cabe aqui, falar de “Folha Corrida”, um documentário produzido pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL), segundo quem, a Folha abrigava agentes da ditadura que “torturavam de manhã e trabalhavam no jornal à tarde”. O veículo publicava fotos, nomes completos e filiação de militantes do Partido Comunista, conclamando o público a fazer denúncias. É o que diz a produção do ICL.
A Folha de S. Paulo vive há anos “contando mentiras dizendo verdades”. Aliás, tema de uma peça publicitária dela, premiado em Cannes (1988). Num fundo difuso, o narrador enaltece um governante que recuperou a economia de seu país e devolveu o orgulho ao seu povo, e até queria ser artista. Ao ser aberta a imagem, surge Adolf Hitler, e ouve-se: “É possível contar um monte de mentiras dizendo só verdades”.
Na prática, a Folha de S. Paulo colocou Lula e Hitler no mesmo patamar, com visível intento de desqualificar Lula, com a imagem esfolada pela prisão espúria, e apoiar a candidatura adversária. É que esse mesmo comercial voltou a ser exibido em 2018, durante a campanha presidencial daquele ano, quando os indiscutíveis feitos do presidente Luís Inácio Lula da Silva estavam sendo exaltados.
Os feitos positivos de Hitler e de Lula eram verdadeiros, já que tanto um quanto outro trouxeram dados positivos às economias de seus respectivos países. Tanto um quanto o outro, devolveram o orgulho ao seu povo. Mas, com mentiras embutidas, seja na falsa e maldosa comparação entre as duas personalidades, seja pelo fato da comparação estar a serviço da candidatura apoiada pelo jornal, que se diz isento.
Quando fake news e disciplina nas redes sociais voltam ao centro do debate, nota-se que na prática as redes só potencializaram o que Globo e Folha (meros exemplos) já o faziam. Como dito no comercial, difundiam e difundem mentiras falando verdades, de forma clara ou camuflada. Não debater o sequestro do orçamento por um parlamento corrupto é uma forma de mentir.
Em 13/08/2024, a Folha publicou: “Moraes usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo, revelam mensagens”. O uso do genérico “rito” colocou sob suspeita a pessoa do ministro e o próprio tribunal, criando dúvida sobre algo que a rigor não teria rito algum. Seria uma nova Vasa-Jato? O veículo só quis estabelecer uma falsa similaridade e ou semelhança com o ex-juiz ladrão de Curitiba.
A Folha está preparando uma série especial de reportagens sobre o julgamento do ex-capitão. Diante do impacto no futuro do país, com garantia de sigilo e fins estatísticos, o jornal quer saber de possíveis leitores, quais temas gostariam que fossem aprofundados. Nesse sentido, é importante tirar a máscara do jornal, e dele pedir compromisso com a democracia, sem flertes com golpistas.
Folha, Globo et caterva sabem que pavimentaram o caminho para o nazifascismo. Sabem que os problemas de hoje têm raízes num passado próximo com o qual compactuaram. Palavras como ditadura, democracia, censura, direitos fundamentais ganham sentido de ocasião. Os que distorcem os seus sentidos ganham palanques e visibilidade em nome de uma polifonia corrosiva.
Se a Folha está mesmo preocupada com o impacto do julgamento do ex-capitão, tem que resgatar o sentido real das palavras, dar a dimensão real dos acontecimentos. Da Adutora do Gandu aos 700 mil mortos, falar de genocídio, fome, joias, imóveis, discriminação, aporofobia, inclusão, narcopentecostalismo, coisa e orçamento públicos. Há que se reconstituir a história, resgatar valores. Sem anistia.
Entrar na história para contar a História, sem essa de colher verdade para vender mentira.
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo