sexta-feira, 31 de julho de 2020

Pepe Escobar: prioridade do 'deep state' é descartar Trump e, por tabela, Bolsonaro



Jornalista repercutiu na TV 247 a decisão do Facebook de banir contas ligadas ao bolsonarismo e a Trump que disseminavam fake news. “É uma ordem que veio direto do deep state porque vai em cima justamente dos oponentes do deep state, ou seja, todo o esquema Trump, todo o esquema Bolsonaro”. Assista

Pepe Escobar, Donald Trump e Jair Bolsonaro
Pepe Escobar, Donald Trump e Jair Bolsonaro (Foto: Brasil247 | Reuters)

247O jornalista Pepe Escobar conversou com a TV 247 sobre o ato do Facebook de banir de seu território virtual contas ligadas a Jair Bolsonaro e ao presidente dos Estados Unidos Donald Trump que disseminavam fake news.
Segundo apuração própria, o jornalista afirmou que tal decisão foi uma ordem do deep state, que luta contra Trump e, consequentemente, contra Bolsonaro. “É uma ordem que veio direto do deep state porque vai em cima justamente dos oponentes do deep state, ou seja, todo o esquema Trump, todo o esquema Bolsonaro. O Zuckerberg e o Facebook fazem parte do deep state, e eles estavam começando a ficar extremamente irritados com a proeminência dessas redes de fake news. Então veio uma ordem direta para o Facebook, e quando eu digo direta vem basicamente a CIA e facções do deep state, e isso vai acelerar cada vez mais. O Facebook é uma arma do deep state”.
Pepe Escobar ainda descartou um movimento do Facebook na mesma intensidade contra sites e contas de esquerda. “Na linha de prioridades do deep state só existe uma prioridade: descartar o Trump. Ou seja, tudo o que está ligado em redes sociais a difusão Trump eles vão cair em cima, acho que isso foi até o aperitivo, vai vir mais depois”.
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Sob o falso "mito" Bolsonaro, o Brasil tem rombo recorde e dívida se aproxima de 100% do PIB. Artigo de Isabel Versiani, da agência Reuters


A falta de rumo da política econômica adotada por Jair Bolsonaro e pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, elevou a estimativa para o déficit primário deste ano para um rombo recorde de R$ 812,2 bilhões. Já a dívida bruta deve alcançar 94,7% do PIB

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos /PR | Reuters)

Isabel Versiani, Reuters - O governo estima que o setor público consolidado registrará um déficit primário de 812,2 bilhões de reais em 2020, o equivalente a 11,3% do Produto Interno Bruto, afirmou nesta quinta-feira o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues.
Em apresentação em comissão do Congresso, Waldery disse que a expectativa é que o país chegue ao final do ano com uma dívida bruta de 94,7% do PIB e uma dívida líquida de 67,2% do PIB.
As projeções levam em conta uma retração de 4,7% do PIB no ano e não consideram, no caso da dívida, uma eventual ação do Banco Central que impacte o indicador, como a venda de reservas internacionais, disse Waldery.

Bob Fernandes: Cercado por todos os lados por seus abusos e até por seu ex-patrão Bolsonaro, além de Toffoli e Aras, Moro diz "não ver ilícitros na Lava Jato".... Gargalhadas...



Do Canal do analista político Bob Fernandes:






O Brasil do genocídio naturalizado pela extrema-direita bolsonarista. Texto do advogado Arnóbio Rocha




"Qual será o momento de explosão de revolta? Ou apenas aceitação dessa realidade", escreve o advogado Arnóbio Rocha sobre o descaso de Jair Bolsonaro com pandemia que já matou quase 90 mil pessoas no Brasil



(Foto: Reuters)

Do 247:

A pandemia foi a melhor notícia para BolsoNERO e sua trupe mambembe.
Afinal toda sua a incompetência e incapacidade para administrar o país foi apagada. Por exemplo, o abutre Guedes pode mentir falando de que o Brasil estava em pleno voo, mas a pandemia o abateu, portanto, encontrou desculpa ideal para não ser responsabilizado pelo caos.
Guedes, com apoio midiático, se aproveitou do momento terrível para aprofundar a pilhagem contra os trabalhadores, contra a população, acabando os direitos e impondo mais castigos ao Brasil, sob aplausos da mídia e conivência de Maia e Alcolumbre.
Outros medíocres, como Sales e Araújo, aprontaram nos seus lugares, impondo mais destruição da natureza e da imagem pálida do Brasil mundo afora, tudo conspira para o pior do país e de seu povo.
As quase 90 mil mortes oficiais, nesse 28.07, parecem vistas como uma mera fatalidade, e não sendo vista como de responsabilidade do governo de BolsoNERO, de mãos livres, ele continua rindo à toa, oferecendo cloroquina para Ema, entre outras presepadas.
O Auxílio Emergencial é o grande amortecedor de uma revolta, por enquanto. A proposta aprovada pelo congresso, por enorme esforço da oposição, com valor maior do que desejado por Guedes-BolsoNERO-Globo. Imediatamente a ideia foi apropriada como sendo de BolsoNERO, o pai dos pobres e virou o estabilizador do apoio ao nefasto projeto destruidor. Escondendo os trilhões dados aos banqueiros sem nenhum repasse à economia.
Depois de meses de falas tresloucadas, BolsoNERO foi convencido a ficar em silêncio, para faturar suas conquistas, e continuar a atentar contra a Democracia, sem exposição pública. Até a sua suposta contaminação é uma forma de ganho para sua imagem.
O fosso social e econômico se refletem nos ganhos dos bilionários nessa Pandemia, ao mesmo tempo em que explodiu o desemprego e a miséria, mitigada pelo Auxílio Emergencial, nunca o país esteve tão próximo da barbárie.
Os governos estaduais que cumpriram importante papel no combate ao coronavírus, na maioria cedeu às pressões, liberando o isolamento, num momento prematuro e só aumentou o número de mortos, acabarão “sócios” de BolsoNERO, nessa conta impagável.
A violência urbana, com o aumento de violações e mortes pelas ações policiais nas periferias, contra o povo preto e pobre, é mais uma marca desse período nefasto.
A reação contra toda essa situação é tímida e incerta, os partidos de oposição, divididos, buscam a luta eleitoral como preferencial no combate ao governo, uma arena importante, entretanto, cada vez mais limitada, principalmente, neste contexto de desagregação social.
As novas lutas sociais e de resistência não são captadas pela oposição, o que agrava a situação geral do Brasil, sem norte e sem rumo, dirigido por um grupo político absolutamente irresponsável e sem nenhum compromisso com a nação, menos ainda com a Democracia.
É a dura constatação de que o genocídio, as violações, a violência, as mortes, passam a ser vistas como algo natural e sem causar indignação ou uma comoção, isso em grande parte explica a apatia diante de um governo monstruoso, liderado por um néscio.
Qual será o momento de explosão de revolta? Ou apenas aceitação dessa realidade.

Até a Globo golpista alerta: o olavista-bolsonarista Ernesto Araújo causará prejuízo bilionário ao Brasil


Jornal dos Marinho lamenta a falta de uma diplomacia profissional no comando do Itamaraty e diz que o Brasil pagará caro por obedecer as ordens de Trump e por atacar a China, nosso maior parceiro comercial

Ernesto Araújo
Ernesto Araújo (Foto: Marcos Correa/PR)

247 – Nem mesmo o jornal O Globo, que fez campanha pelo golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e pela prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fatores que permitiram a ascensão do bolsonarismo, tolera a política externa de Ernesto Araújo, que é de total submissão às ordens de Donald Trump e contrária aos interesses econômicos do Brasil, como no caso do 5G.
"Falta uma diplomacia profissional como o Brasil já teve — e foi desativada pelo bolsonarismo, com sua visão tosca do mundo, em que o trumpismo e correntes similares são guardiões dos valores da humanidade. Está difícil evitar que um movimento geopolítico americano leve o país a virar as costas a seu maior parceiro comercial, a China. Os prejuízos irão muito além da tecnologia. O Itamaraty, ouvido no governo Geisel, contrariou os americanos em Angola nos anos 1970, ao reconhecer o governo do MPLA apoiado por Cuba. Defesa semelhante do interesse nacional parece hoje impossível", aponta editorialpublicado nesta sexta-feira.

Investigado por fake news e sua ação no gabinete do ódio, bolsonarista Allan dos Santos segue exemplo de Weintraub foje do Brasil



Em live transmitida nesta madrugada, o bolsonarista não especificou sua localização

Blogueiro Allan dos Santos mostra "dedo do meio" para o STF
Blogueiro Allan dos Santos mostra "dedo do meio" para o STF (Foto: Reprodução/Twitter)

247 – "O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos informou, numa live na madrugada desta sexta, que está 'fora do país'. O dono do Terça Livre não especificou sua localização. A transmissão foi organizada pela deputada Bia Kicis, e teve participação do youtuber de extrema direita Bernardo Küster e do americano Ryan Hartwig", segundo informa o DCM.
Küster, assim como Allan, é investigado no inquérito das fake news no STF. Ambos tiveram suas contas bloqueadas internacionalmente no Twitter na quinta, dia 30, segundo determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

Responsabilização civil e criminal dos procuradores da Lava Jato não se esgota no CNMP, diz Fernando Hideo ao GGN



Membros do MPF em Curitiba devem responder na esfera cível e criminal pelos "danos que causaram às pessoas perseguidas na fraude que foi a Lava Jato", diz o criminalista. Assista

Jornal GGN Doutor em Direito pela PUC-SP, com uma tese sobre processo penal de exceção orientada pelo jurista Pedro Serrano, o advogado criminalista Fernando Hideo disse ao GGN que os procuradores de Curitiba podem responder pelos “danos que causaram às pessoas perseguidas na fraude que foi a Lava Jato” não apenas na esfera administrativa, perante o Conselho Nacional do Ministério Público, mas também nas áreas cível e criminal.
“Acho que responsabilização desses procuradores não se esgota no Conselho Nacional do Ministério Público. A se comprovar todos os fatos que a Vaza Jato levantou, temos aí algumas caracterizações, ao menos em tese, de crime. Então os procuradores devem responder disciplinarmente no CNMP, mas não se limita a isso. Devem responder com o patrimônio deles pela perseguição às pessoas nessa fraude que foi a Lava Jato”, defendeu Hideo, em entrevista gravada na tarde de quarta (29). Assista ao final.
No CNMP, o procurador Deltan Dallagnol e outros membros da força-tarefa acumulam dezenas de reclamações por infrações disciplinares. No início de julho, o Conselho deveria ter julgado a ação mais antiga movida pela defesa de Lula, pelo uso de um powerpoint considerado difamatório, no âmbito do caso triplex. Mas a ação foi adiada mais uma vez – já entrou e saiu da pauta mais de 40 vezes. A única sanção que resta a ser aplicada depois de tanta protelação é a “improvável” exoneração de Dallagnol e colegas – pena que prescreve em setembro próximo.
Na visão de outros advogados ouvidos pela reportagem em caráter reservado, o represamento de julgamentos no CNMP beneficia os procuradores com a prescrição. Um fenômeno que expõe o “discurso oco” e a “falsa moral” dos procuradores de Curitiba, que acusam a advocacia de buscar justamente a prescrição dos chamados crimes de colarinho branco.

“HORA DE ABRIR A CAIXA PRETA DA LAVA JATO”

Na entrevista, Fernando Hideo também falou a respeito das acusações que o procurador-geral da República, Augusto Aras, trouxe à tona a respeito da Lava Jato em Curitiba. “Hoje, mais do que nunca, chegou a hora de abrir a caixa preta da Lava Jato”, disse.
“Esses agentes de Justiça fraudaram a lei com propósitos políticos” e “isso tem que ser passado a limpo”, com “duas medidas urgentes”: o reconhecimento da suspeição dos procuradores e do ex-juiz Sergio Moro, a partir do julgamento dos habeas corpus que estão no Supremo Tribunal Federal; e a responsabilização no CNMP ou para além do órgão correicional.
“Enquanto não tiver esses dois pilares – processos anulados e reconhecida a parcialidade, e as punições administrativas, disciplinares e quiçá criminais para os procuradores e Moro – a gente vai sempre conviver com esse fantasma autoritário”, concluiu Hideo.
Assista:

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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Protocolada a CPI da Cloroquina. Vídeo de Thiago dos Reis



Do Canal Plantão Brasil:


A coisa ficou feia pro desgoverno, ontem foi protocolada a CPI DA CLOROQUINA na Câmara, para investigar a produção do remédio pelas FFAA, coniventes com esta proposta de veneno de Bolsonaro.


quarta-feira, 29 de julho de 2020

PGR fala em “chantagem e extorsão” ao confirmar que Dallagnol tem dados de 38 mil pessoas



PGR diz que dados não podem ser usados para "bisbilhotice", "chantagem, extorsão", "nenhum propósito anti-republicano”
Jornal GGN O procurador-geral da República, Augusto Aras, comentou em debate com o grupo Prerrogativas sobre o compartilhamento do banco de dados da Lava Jato em Curitiba, que teve de ser obtido por meio de autorização judicial, já que a equipe coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol se recusou a entregar as informações solicitadas pelo comando do Ministério Público Federal.
Aras disse que “todo o MPF tem 40 terabytes em todo o Brasil para funcionamento de seu sistema”, mas surpreendentemente, a força-tarefa de Curitiba “tem 350 terabytes e 38 mil pessoas lá com seus dados depositados.”
“Ninguém sabe como [esses dados] foram escolhidos, quais os critérios, e não pode se imaginar que nenhuma unidade institucional se faça com segredos”, disparou.
“Esperamos, quando colhidos esses elementos, [que] não o PGR seja dono do destino de 38 mil pessoas, mas que todo o MPF possa, de forma fundamentada, de forma devidamente instruída, justificar para o que quer saber da vida alheia, para que isso não sirva de bisbilhotice, para que não sirva de chantagem, extorsão, de nenhum propósito anti-republicano”, pontuou.
O debate foi transmitido ao vivo no Youtube, na noite de terça (28).
Confira a partir de 31 minutos e 52 segundos:

Aras e as suspeitas sobre a Lava Jato Paraná



Agora, com as revelações de Aras, não haverá como não iniciar a devassa sobre os (muitos) abusos cometidos pela Lava Jato Paraná e seus yuppies do setor público.
Jornal GGN:
O depoimento do Procurador Geral da República Augusto Aras ao grupo Prerrogativas, ontem à noite, foi histórico. Foi a mais contundente crítica já feita contra os abusos da Lava Jato Paraná. E para uma audiência que contava com alguns dos mais ilustres juristas garantistas do país, Aras colheu aplausos unânimes não apenas por expor os vícios da Lava Jato, mas os princípios que devem nortear a atuação do Ministério Público.
O MPF não deve ser o órgão punitivista que assume todos os casos pensando na condenação, disse ele, reforçando as análises de Lenio Streck. Deve ser um promotor de justiça, colher todos os elementos e firmar convicção sobre o caso, sem posições apriorísticas. Não deve também se basear no julgamento midiático, nem montar parcerias com a mídia visando ganhar força através da espetacularização dos casos para pressionar o Judiciário, que invariavelmente assassina a reputação das vítimas mesmo antes de levantar provas e/ou evidências de crimes cometidos.
As informações fornecidas pela PGR em relação à Lava Jato de Curitiba são chocantes, mesmo para os críticos da operação. 38 mil pessoas com dados depositados, 50 mil documentos, uma base de dados muito maior do que todas as bases do Ministério Público Federal sem nenhuma supervisão. Era o poder absoluto, compartilhado entre procuradores com intenções políticas, ex-procuradores que ingressaram no mercado da advocacia corporativa, uma operação com ligações estreitas com advogados que atuam no milionário mercado das delações premiadas e das disputas corporativas.
Houve quem julgasse precipitada a divulgação da base de dados, antes de uma perícia para averiguar irregularidade eventuais. Mas o tamanho da base é uma evidência óbvia de ilegalidade. Como pode um controle estrito sobre informações de 38 mil pessoas sem nenhuma forma de controle superior ou externo? Em uma das conversas divulgadas pela Vazajato Deltan Dallagnol menciona as tratativas com uma empresa de bidgatas, para turbinar a base de dados. Inclusive, ele apareceu até como garoto propaganda da empresa em uma live. A empresa fornece sistemas para governos de estados, procuradorias, ministérios públicos. Dias depois, surgiram denúncias de propinas pagas a outras empresas para colocar seu produto. O que demonstrava claramente o apoio incondicional e nenhum pouco seletivo ao mundo dos aliados.
As esperanças suscitadas pelas palavras de Aras, no entanto, não são suficientes para esclarece pontos controversos do governo que o indicou, o mais obscurantista da história.
O Ministro da Justiça André Mendonça está transformando a Polícia Federal em uma polícia política, invadindo residências de governadores adversários com todo o aparto midiático que caracterizou o lavajatismo.
Há uma ofensiva clara do governo contra populações vulneráveis, índios, quilombolas, além de ataques contra o meio ambiente.E, principalmente, há em curso uma série de pedidos de impeachment de Bolsonaro.
Nessa luta contra o obscurantismo cada dia é um dia. Nas próximas semanas, ao montar as comissões temáticas da PGR se saberá melhor qual o fôlego da gestão Aras em direção ao reencontro do Ministério Público com os princípios levantados pela Constituição de 1988. A prova de fogo será a maneira como serão tratados os grupos ligados a direitos humanos que, em nenhum momento, se aliaram ao corporativismo tacanho dos lavajatistas.
A posição de Aras desnudou o populismo corporativo de seus antecessores, especialmente Rodrigo Janot, um fraco que sucumbiu às pressões da mídia e da base lavajatista do MPF. Aliás, o próprio Janot tentou se prevalecer da cumplicidade imoral com a mídia, em uma sessão do Conselho Superior do MPF, no qual articulou com jornalistas policiais uma armação tentando desmoralizar sua colega Raquel Dodge, e impedi-la de disputar a PGR.
Agora, com as revelações de Aras, não haverá como não iniciar a devassa sobre os abusos cometidos pela Lava Jato Paraná e seus yuppies do setor público.

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Fracassamos, diante de uma Elite do Atraso entreguista que golpeou a democracia e elegeu Bolsonaro, como Nação? Uma entrevista com o jurista Lenio Streck


Um dos principais constitucionalistas brasileiros analisa a crise atual

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Moro pede “teste moral” para o Brasil! Só que neste teste ele mesmo é reprovado. Leia o texto do jurista constitucionalista Lenio Streck

"Não pode haver nada pior do que um bom conselho… seguido de um mau exemplo.”


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participa da solenidade de abertura da 13ª Jornada Lei Maria da Penha
Por Lenio Streck
De fato, Sergio Moro não se ajuda. O réu não se ajuda, como disse um dia o juiz Amilton de Carvalho a um acusado que insistia em se “enterrar” no depoimento.
Por exemplo, agora Moro diz que a emenda constitucional que pretende dar um drible da vaca no resultado das ADCs sobre presunção da inocência é um “teste moral” para o Brasil. Algo como “quem é contra a PEC 199 é imoral”.
Pegou pesado. Merece resposta. Teste moral? Sim, sim, Moro falando em teste moral? O que é um teste moral? O que é moral?
Bom, se tivesse feito já algum “teste moral”, Moro teria chumbado, se lembrarmos do vazamento ilícito (logo, imoral) das conversas gravadas já fora do tempo permitido (portanto, um ato, além de ilegal, imoral) de Lula e Dilma, do ilícito (e, assim, imoral) vazamento da delação premiada (cadê?) de Palocci dias antes do segundo turno das eleições presidenciais. Isso para dizer o menos. Teste moral? Como assim? Falando em corda em casa de enforcado?
Se tivesse feito já algum teste moral, Moro teria chumbado, a continuar quando aconselhou o MP a buscar mais provas em processos da “lava jato”, tendo depois explicado que (i) não era lícita a prova do Intercept e (ii) se fosse, essa conversa era “normal” entre juiz e MP. Como diria o filosofo Chavo Del Ocho, dá zero prá ele. Tem coisas bizarras de moro. Por exemplo, ele pediu desculpas ao MBL por frase que ele disse não ter dito!
O que seria moral ou ético para o ex-juiz e ex-ministro do governo Bolsonaro? Antes de tudo, vamos lembrar o que disse sua “conge” (sic) Rosangela: “Moro e Bolsonaro são uma coisa só“. Depois saiu falando mal do Presidente que o nomeou Ministro logo após a eleição de 2018, apesar — seria isso ético e/ou moral? — de todos saberem (inclusive foi dito pelo vice Mourão) de que Moro aceitara ser ministro ainda antes da eleição. Bem ético, não? Moralmente aceitável? Teste moral? O que é isto — a ética e a moral?
Talvez “o teste moral” de que fala Moro no twitter seja algo como a anedota em que dois sujeitos têm uma loja que vendem ovos de marreco. Vendem fiado. Uma velhinha de 95 anos, semicega, chega ao meio dia para pagar seu débito. Só está na loja um dos sócios. Ela tira do bolso um maço de notas e entrega, dizendo: pronto, eis o que eu devia. Vira-se e vai embora.
O sócio pega o dinheiro e conta. Constata que ela pagou o dobro. Eis então o dilema ético-moral que se instala na consciência do sócio. É absolutamente “dramático”. Afinal, ele reparte ou não reparte a grana com o seu sócio?
Essa — a ética da anedota — é uma forma de ética-cínica, — a transversal, a do ricochete. A ética “todos na sala são mentirosos, menos eu que estou dizendo a frase…”.
De todo modo, fazendo uma caridade epistêmica, vou ajudar o ex-juiz e ex-ministro com o conceito. Depois de ler a explicação abaixo, vamos ver se ele repetiria o post no twitter. Eis a lição:
“Um professor perguntou ao seu mestre:
— Mestre, o que é ética? E como posso explicar aos meus colegas professores, aos meus alunos e seus pais de maneira simples para que todos entendam?
O mestre respondeu:
— Ética é fazer ao outro só aquilo que se quer que seja feito a si mesmo.
O professor fez outra pergunta:
— E o que é moral?
O mestre respondeu:
— Moral é não fazer nada escondido. Se precisar fazer escondido, então é imoral.
E completou:
— Não pode haver nada pior do que um bom conselho… — e, após uma longa pausa — … seguido de um mau exemplo.”
Pronto. Está na internet. Ao alcance de todos. Foi feita para gente como Sérgio Moro. Para que não precise escrever uma carta de 30 laudas pedindo sinceras desculpas ao STF.
Em verdade, o fato — e eu teimosamente insisto que fatos existem — é que o histórico da atuação de Moro não lhe dá cacife para inflar o peito e dizer “a PEC da presunção será um teste de moral para o país”. Vamos lá?
  1. Para quem apoiou a PEC que fala da prova ilícita de boa-fé,
  2. para quem não se importou com a condição dos presídios,
  3. para quem chamou o motim dos policiais do Ceará de greve e ainda por cima os apoiou,
  4. para quem fez conjuminância com MP em processos da lava jato,
  5. para quem “fundou” o “partido do lavajatismo” — como denuncia Demétrio Magnoli,
  6. para quem ficou mais de ano no governo, concordou com tudo e saiu “atirando” contra seus amigos, até mesmo a sua afilhada de casamento,
  7. para quem ficou sentando e não se levantou quando o ministro Weintraub chamou os onze ministros de vagabundos e dizer que deviam ser presos,
  8. para quem assistiu calado o ministro do meio ambiente falar que deviam aproveitar pandemia para “passar a boiada”,
  9. para quem pediu desculpas por ato ilícito ao STF depois de vazar conversa de Lula e Dilma (não seria um ato explicitamente imoral?),
  10. para quem agiu parcialmente todo o tempo em que foi juiz (ver esta decisão do STF: HC 95518, Relator(a): EROS GRAU, Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 28/05/2013),
vir, agora, falar em “teste moral”, parece que estamos ignorando mais de dois mil anos de filosofia acerca dos conceitos de ética e moral. Total inversão de valores…
E lá vem a velhinha pagar a sua conta…!
Sigo. Para dizer que tem uma outra metáfora que ajudará explicar o twitter de Moro. Dizem que Moro foi para a Amazônia ao tempo de ministro da Justiça e foi ferroado pela vespa mais feroz, a vespa cabocla (polistes canadensis). Impressionado, capturou três exemplares e os colocou em uma caixinha, para mostrá-los a Bolsonaro e os demais ministros.
Como um nomóteta de vespas, chamou a primeira de “Moral”, a segunda de “Direito” e a terceira de “Política”. Weintraub — sempre esperto — sabendo da história e da intenção, resolveu fazer uma brincadeira e soltou os insetos, fechando novamente a caixa. Reunido o ministério, Moro conta a história do bicho mais feroz e da dor mais terrível que sofreu. Fez mistério e começou a abrir a caixa. E estava vazia.
Então sentenciou: “—Viram? Elas são tão terríveis que se devoraram entre si”. Foi um teste moral para as vespas. A perícia mostrou que a vespa chamada Moral comeu as outras duas. Só não explicaram quem comeu a vespa Moral-que-comeu-as-outras-duas-vespas.
Pois é. Não é fácil fazer teste moral. Talvez tenhamos que recorrer a Aristófanes, quem, aliás, escreveu As Vespas! Tem a ver com Moro? Leiam. Há um vídeo de Direito & Literatura, em que abordamos o livro. E a coluna Embargos Culturais, do nosso querido e talentoso Arnaldo Godoy (ver aqui).
Spoiler de As Vespas (não as capturadas por Moro, e sim, as de Aristofanes): Na visão de Aristófanes, certamente o que movia o juiz Filoclêon não era o amor à justiça. Preso na sua casa, Filoclêon exige que possa sair: “Que é que vocês estão querendo fazer? Vocês não vão mesmo me deixar julgar? Dracontidas vai ser absolvido!”
Fica claro que, mesmo sem ouvir as partes, Filoclêon já pensara em condenar o réu. Filoclêon tinha ganas de condenar, sempre. Sempre. Claro, os seus adversários. E diz logo em seguida: “O deus de Delfos me respondeu um dia que eu morreria no momento em que um acusado escapasse de minhas mãos.”
Pronto! Vespas possuem ferrões. E apetite. Muito cuidado! A Vespa Moral pode comer a vespa Direito.

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