segunda-feira, 9 de março de 2015

Juca Kfouri e Luiz Marinho questionam por quem as panelas, ou melhor, as baixelas importadas batem...


Vejamos, a seguir, os comentários dos jornalistas Juca Kfouri e do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, sobre o "panelaço" dos bairros nobres de algumas capitais, com especial ênfase na capital paulista, ontem, durante o discurso da Presidente Dilma na TV pelo Dia Internacional da Mulher:

I - O que diz Juca Kfouri (extraído do site da Revista Fórum):

Juca Kfouri: A quem bate panelas de “barriga cheia” falta “senso do ridículo”

março 9, 2015 15:30
Juca Kfouri: A quem bate panelas de “barriga cheia” falta “senso do ridículo”
 
Para jornalista, “panelaço” ocorrido ontem em algumas cidades do Brasil “não foi contra a corrupção”, “foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade”
Por Redação
O jornalista Juca Kfouri se manifestou em seu blog sobre o “panelaço” ocorrido ontem (8), em algumas cidades do Brasil, durante o pronunciamento de Dilma Rousseff (PT). Para ele, o evento, ocorrido “não foi contra a corrupção”. “Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando  aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade”, escreveu.
Leia o texto na íntegra:
O panelaço da barriga cheia e do ódio
Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado.
Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.
O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção.
Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando  aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade.
Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca.
Como eu sou.
Elite branca, termo criado pelo conservador Cláudio Lembo, que dela faz parte, não nega, mas enxerga.
Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse:
‘Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres. 
O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar. 
Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente. 
Não é preocupação ou medo. É ódio. 
Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou. 
Continuou defendendo os pobres contra os ricos. 
O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres. 
Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força. 
Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita. 
Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho. 
E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.’
Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país. 
“Santa hipocrisia”, disse ele. “Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais”.
Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia, mesmo sob o risco de riscar as de teflon, como bem observou o jornalista Leonardo Sakamoto.
Ou a falta de educação, ao chamar uma mulher de “vaca” em quaisquer dias do ano ou no Dia Internacional da Mulher, repetindo a cafajestagem do jogo de abertura da Copa do Mundo.
Aliás, como bem lembrou o artista plástico Fábio Tremonte: “Nem todo mundo que mora em bairro rico participou do panelaço. Muitos não sabiam onde ficava a cozinha”.
Já na zona leste, em São Paulo, não houve panelaço, nem se ouviu o pronunciamento da presidenta, porque faltava luz na região, como tem faltado água, graças aos bom serviços da Eletropaulo e da Sabesp.
Dilma Rousseff, gostemos ou não, foi democraticamente eleita em outubro passado.
Que as vozes de Bresser Pereira e Semler prevaleçam sobre as dos Bolsonaros é o mínimo que se pode esperar de quem queira, verdadeiramente, um país mais justo e fraterno.
E sem corrupção, é claro!”
(Foto: Renato Leite Ribeiro/Agência Pública)

II - Luis Marinho (extraído do Brasil247):



MARINHO QUESTIONA: POR QUEM AS PANELAS BATEM?


:
"Será que essas panelas batem por que não há carros de luxo para pronta entrega nas concessionárias, já que a oferta está muito menor do que a demanda? Será que batem por que as filas de espera em restaurantes de luxo continuam grandes? Ou será que batem por que as viagens a Miami e os gastos de brasileiros no exterior continuam crescendo?", questiona o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho; "Só tenho certeza que elas não batem pelos milhões de brasileiros que nos últimos anos, durante os governos Lula e Dilma, deixaram a linha da pobreza. Ou pelos outros milhões que chegaram à classe média"; leia a íntegra do seu artigo
9 DE MARÇO DE 2015 ÀS 11:36

Por Luiz Marinho
 Peço licença para parodiar o poeta maluco beleza, pois essa pergunta martela na minha cabeça desde a noite do último domingo, 8 de março. Li, naquela mesma noite, em sites de noticias, que haviam acontecido manifestações em prédios de bairros nobres de algumas capitais brasileiras no momento em que a presidenta Dilma fazia se pronunciava pela passagem do Dia Internacional da Mulher e sobre os ajustes que estão sendo feitos para combater a crise econômica que atinge nossa economia e de vários países. Manifestações essas mobilizadas pelas redes sociais no domingo.

 Pois bem. Será que essas panelas batem por que não há carros de luxo para pronta entrega nas concessionárias, já que a oferta está muito menor do que a demanda? Será que batem por que as filas de espera em restaurantes de luxo continuam grandes? Ou será que batem por que as viagens a Miami e os gastos de brasileiros no exterior continuam crescendo? Talvez seja.

 Só tenho certeza que elas não batem pelos milhões de brasileiros que nos últimos anos, durante os governos Lula e Dilma, deixaram a linha da pobreza. Ou pelos outros milhões que chegaram à classe média. Assim como não batem pelos milhões de brasileiros que, desde a chegada de Lula à presidência, conseguiram ingressar em um curso superior, seja pela criação de milhares de vagas em universidades públicas ou beneficiados pelo PROUNI ou FIES.

 Sei que elas não batem por aquelas milhões de famílias que hoje têm um teto para morar graças ao programa Minha Casa, Minha Vida. Nem pelos milhões que conseguiram comprar o seu carrinho ou andar de avião pela primeira vez nos últimos anos. Sim, paradoxalmente as panelas não batem por aqueles que mais precisam do Estado em nosso País.

 Leonardo Boff, em recente artigo intitulado "O que se esconde atrás do ódio ao PT?", explica bem esse fenômeno. (Leia aqui).

 Entendo como democráticas manifestações de opiniões contrárias. Pois é com o contraditório que construímos os melhores caminhos. É pelo confronto de ideias que elaboramos os consensos necessários à democracia. Contudo, quando manifestações são instrumentalizadas para a defesa de interesses mesquinhos e externos ao nosso País, não posso calar-me. Sim, o momento é difícil. Demandará ajustes duros em alguns casos. Mas nada, absolutamente nada parecido com que os representantes que articulam hoje essas manifestações fizeram quando estavam no governo.

Os interesses da imensa maioria dos brasileiros foram e sempre serão defendidos pelos governos do PT. A nossa opção pelos mais pobres, pelos trabalhadores e trabalhadoras, pelos pequenos e microempresários, pelo pequeno agricultor é clara e manifesta. E desta linha não nos afastaremos.

Aqueles que têm tido seus interesses contrariados - em especial o grande capital especulativo internacional e os seus representantes aqui no Brasil, que manifestadamente instrumentalizam uma falsa crise para mobilizar a classe média alta brasileira, apostando no ódio contra o PT e a presidenta -, tenham a certeza de que mais uma vez perderão. Pois a esperança vencerá. E a esperança estará nas ruas sempre que a construção deste País mais justo, igualitário e forte for colocada em risco por oportunistas ingênuos ou mal intencionados.

Luiz Marinho (PT) é prefeito de São Bernardo do Campo

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