segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Rodrigo Maia é o grande avalista da futura abjeta ditadura bolsonarista. Artigo de Luis Nassif



O cemitério das vocações frustradas do Rio tem Francisco Dornelles, Miro Teixeira, Eduardo Paes. E a decadência inexorável de uma antiga grande cidade.
Jornal GGN:
BRASÍLIA,DF,14.11.2018:BOLSONARO-REUNIÃO-MAIA - O Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) se reúne com o presidente eleito Jair Bolsonaro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde ocorrem as reuniões da equipe de transição, em Brasília (DF), na manhã desta quarta-feira (14). (Foto: Fátima Meira/Futura Press/Folhapress)
Na entrevista concedida ontem à TV GGN 20 horas, o cientista político Leonardo Avritzer foi certeiro: o maior problema à democracia brasileira é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que se tornou um serviçal do mercado.
Some-se, agora, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que, em palestra a uma instituição financeira colocou-se totalmente à disposição de suas teses, quando assumisse a presidência do órgão.
Com os desatinos de Bolsonaro e seu estilo conciliador, Rodrigo Maia poderia ter sido o grande condutor das instituições em direção ao regime democrático. Conspirou contra ele apenas um ponto fundamental: é herdeiro da pequenez que tomou conta da política fluminense-carioca que, em décadas passadas, era quase um farol do país.
Depois de Leonel Brizola, nenhum político resistiu à avassaladora mediocrização do Rio de Janeiro.
Rodrigo Maia é herdeiro direto de duas forças que se desintegraram no ambiente rarefeito da política do Rio: seu pai César Maia e seu sogro Wellington Moreira Franco.
Em tempos passados, César Maia foi uma das referências do pensamento desenvolvimentista brasileiro. Exilado, voltou, teve papel relevante como economista e deputado. Mantinha uma coluna referencial na Folha de S. Paulo e emergiu como uma força de renovação da política carioca.  Eleito prefeito do Rio de Janeiro, aderiu rapidamente ao padrão carioca de política.
O mesmo ocorreu com Moreira Franco que, em determinado momento, chegou a ser tratado como  herdeiro da tradição política no estado – era genro de Amaral Peixoto, por sua vez genro de Getúlio Vargas. O grande destino político de Moreira Franco, no entanto, foi comandar o gado do centrão  – ao lado de Cunha, Temer, Geddel e Padilha.
Esse é o ponto central da crise brasileira: a falta de estadistas não apenas na presidência, mas nos demais poderes. Rodrigo teve a oportunidade única de ser o coordenador da grande frente democrática, justamente por seu papel de moderador dos ímpetos de Bolsonaro. Tivesse um mínimo de grandeza política poderia até se habilitar até à presidência da República.
Entre reorganizar o país ou prestar serviços para o mercado, mesmo com o risco de consolidar uma futura ditadura bolsonarista, Maia ficou com o mercado. Nem o critique muito. Mais do que ninguém, Rodrigo Maia sabe quais são seus limites e conhece seu tamanho. Ele só consegue se distinguir como contraponto a Bolsonaro. Logo, tornou-se umbilicalmente ligado ao seu suposto oponente. E seu único trunfo é o mercado.
O cemitério das vocações frustradas do Rio tem Sérgio Cabral Filho, Francisco Dornelles, Miro Teixeira, Eduardo Paes. E, agora, Rodrigo Maia. É a decadência inexorável de uma antiga grande cidade.

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