sexta-feira, 7 de julho de 2017

Jornal GGN: As empresas que José Serra, do PSDB, usou para receber caixa 2 da JBS. Mtéria de Cíntia Alves


"Segundo a delação da JBS, Serra pediu "pessoalmente" a Joesley Batista uma contribuição para sua campanha a presidente, em 2010. Do total de R$ 20 milhões, R$ 13 milhões foram repassados regularmente ao candidato, com registro na Justiça Eleitoral; R$ 6 milhões foram pagos por meio da LRC e outros R$ 420 mil, transferidos à APPM Análises e Pesquisas."



Foto: Agência Senado
 
Jornal GGN - A LRC Eventos e Participações, uma das empresas da tradicional família Coutinho Nogueira, foi usada por José Serra (PSDB) para receber R$ 6 milhões da JBS via caixa 2, na disputa eleitoral de 2010, aponta o Ministério Público Federal.
 
Segundo a delação da JBS, Serra pediu "pessoalmente" a Joesley Batista uma contribuição para sua campanha a presidente, em 2010. Do total de R$ 20 milhões, R$ 13 milhões foram repassados regularmente ao candidato, com registro na Justiça Eleitoral; R$ 6 milhões foram pagos por meio da LRC e outros R$ 420 mil, transferidos à APPM Análises e Pesquisas.
 
À Procuradoria Geral da República, Joesley afirmou que houve "emissão de nota fiscal da LRC Eventos e Promoções para simular a aquisição de um camarote na Fórmula 1".
 
"Eles me deram nota de patrocínio de um camarote de um autódromo de Fórmula 1, como se nós tivéssemos comprado um camarote. E teve realmente esse camarote. Teve realmente essa corrida de Fórmula 1. Só não podia custar R$ 6 milhões", disse Joesley, segundo edição da Época Negócios de maio passado.
 
A mesma revista também apontou que a LRC é "empresa de um amigo de infância de Serra."
 
O amigo em questão é o ex-presidente da LRC, Luís Roberto Coutinho Nogueira, morto em 2014. A empresa, que vende oficialmente ingressos e translado aéreo do GP Brasil de Fórmula 1, tem hoje entre os sócios os filhos de Luis Roberto, Fernanda e Roberto Coutinho Nogueira.
 
O pai de Luís Roberto é José Bonifácio Coutinho Nogueira, ex-secretário de Agricultura e Educação de São Paulo, ex-presidente da UNE, ex-diretor da TV Cultura e fundador do grupo EPTV - afiliada da Globo no interior paulista - além de primeiro presidente da Fundação Padre Anchieta. 
 
Atualmente, o Grupo EPTV, com quase 40 anos, tem em seu quadro societário Antonio Carlos Coutinho Nogueira e José Bonifácio Coutinho Nogueira Filhos, tios dos donos da LRC.
 
Ao GGN, Antonio Carlos ressaltou que, apesar do laço sanguíneo, a EPTV e a LRC não mantêm relações empresariais - são formadas por braços distintos da mesma família, que é muito "grande" - e a emissora tampouco teve participação na campanha de Serra.  
 
EMPRESA QUE TRABALHOU NA CAMPANHA DE 2010 TAMBÉM É CITADA
 
Outra empresa que recebeu parte dos recursos solicitado por Serra a Joesley Batista - cerca de R$ 420 mil - foi a APPM Análises e Pesquisas, apontou o procurador-geral Rodrigo Janot.
 
A APPM trabalhou para o PSDB na campanha de 2010, fazendo os chamados tracking - pesquisas eleitorais diária, via telefone - segundo informação da Veja, de junho de 2010.
 
A revista apontou que as pesquisas da APPM, à época, "levavam a assinatura" de Antonio Prado Júnior, o Paeco, e do cientista político Antônio Lavareda.
 
Paeco ainda comanda a empresa. Já Lavareda informou ao GGN que não fazia parte do quadro societário à época dos acontecimentos e não trabalhou especificamente na campanha de Serra em 2010.
 
De acordo com o site oficial, a APPM foi contratada por órgãos ligadas à gestão do PSDB em São Paulo, como a Sabesp. Também tem entre seus clientes a agência Lua Branca, de Luiz Zinger González, marqueteiro de Serra na derrota para Dilma Rousseff (PT).
 
A esposa de Paeco, Iara Glória Areias Prado, foi secretária de Educação da Prefeitura de São Paulo e passou pela empresa de consultoria PRS, de Paulo Renato de Souza, que foi ministro da Educação no governo FHC.
 
Janot pediu ao Supremo que o caso de Serra seja redistribuído a outro ministro que não Edson Fachin, porque embora as revelações tenham sido feitas pela JBS, não há conexão com a Lava Jato com foco na Petrobras.
 
Folha de S. Paulo disse que "não conseguiu contato com as empresas" acusadas, mas Serra, por meio de assessoria de imprensa, afirmou que "todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei". 

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