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domingo, 8 de novembro de 2020

Na última hora, os deuses (ao menos por hora) deixam de proteger José Serra e o PSDB

 

Uma das figuras-chaves da deterioração política e institucional brasileira terá mais uma denúncia com que se preocupar, enquanto avançam as investigações sobre sua filha Verônica.

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo impediu o Supremo Tribunal Federal de cometer outro vexame desmoralizante.

O processo eleitoral sobre José Serra subiu ao Supremo Tribunal Federal. Em setembro, caiu com Gilmar Mendes. Gilmar segurou o processo até o limite final, três horas antes da prescrição. Depois, despachou para a Justiça Eleitoral de São Paulo. O próprio Gilmar já tinha interrompido o trabalho da Lava Jato de São Paulo contra Serra. Na acusação de crime eleitoral, procuradores e juizes tiveram menos de 6 horas para entrar com a denúncia e impedir a prescrição.

Foi feito!. A denúncia foi apresentada depois do expediente. O juiz eleitoral despachou às 21 horas. E Serra tornou-se réu, acusado de caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro.

Pela rapidez com que a MPF paulista agiu, é certeza que tenha sido informado por alguma fonte brasiliense. Sinal de que Serra foi deserdado pelos céus e por alguns deuses do Olimpo.

Com isso, uma das figuras-chaves da deterioração política e institucional brasileira terá mais uma denúncia com que se preocupar, enquanto avançam as investigações sobre sua filha Verônica.

A quebra de sigilo de ambos poderá revelar uma das maiores fortunas acumuladas por políticos nacionais.

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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A Marcha da Insensatez de um país elitista em processo de destruição. Por Luiz Nassif

 "Com a destruição do papel mediador de Lula, a perseguição implacável a que foi submetido e a anomia histórica de FHC, criou-se um vácuo político, quebraram-se as barreiras do sistema de freios e contrapesos e, a partir dali, começou a desintegração do país. Primeiro, ao se permitir a ascensão da mais suspeita organização política pós-democratização – o centrão de Michel Temer, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima. Depois, com o grande mercado de negócios que se abriu com o desmonte, estatais sendo leiloadas, políticas sociais destruídas, em um estouro da boiada típica de países que destruíram suas referências políticas, sem colocar nada no lugar."


Segue o texto integral de Luis Nassif, no Jornal GGN:

A marcha da insensatez de um país em processo de destruição, por Luis Nassif

É um quadro mais assustador do que o da pós-ditadura. A conta maior não será do Congresso, mas do Supremo. Os principais personagens dessa trama macabra não serão poupados pela História

Há uma ameaça latente ao futuro do país como Nação. O sistema político foi destruído. Há um avanço sistemática das organizações criminosas, controlando espaços cada vez maiores do território. As disputas não são mais entre poder formal e organizações, mas guerras entre elas. Sem a estruturação formal dos partidos, aumenta a influência deletéria de grupos setoriais, como os neopentecostais, ruralistas, mercado. E, a cada dia que passa, o Estado construído pós-Constituição vai sendo desmontado, sob a lógica exclusiva do benefícios a grupos específicos.

Políticas científico-tecnológicos, universidades federais, sistema de saúde, saúde mental, educação inclusiva, tudo é soterrado por visões ideológicas que visam mascarar os grupos de interesse que se apossaram do governo. Na ponta, Supremo se apropria de funções legislativas, o Congresso se perde sem uma voz de comando, órgãos de controle assumem cada vez mais funções policialescas. Sem o papel coordenador de uma liderança, sem o conjunto articulado de ideias de um partido, cada instituição, cada ator vai abrindo espaço a cotoveladas, desmontando qualquer ideia de disciplina institucional.

Onde começou essa loucura auto-destrutiva?

No final da ditadura, o país passava por desafios similares. O sistema bipartidário desmoronava, a herança militar legara um país quebrado, com hiperinflação, moratória; a miséria era avassaladora e visível nos semáforos das grandes cidades, no campo, no interior quebrado.. Havia um oceano de turbulências apontando para uma dissolução do país.

É nesse quadro que emergem algumas lideranças fundamentais. No centro, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Mário Covas.

Mas o ponto essencial foi o aparecimento de uma nova liderança, o metalúrgico Luiz Ignácio Lula da Silva.

Com um discurso explosivo, e uma ação conciliadora, Lula conseguiu canalizar todas as insatisfações dos abandonados para o jogo político formal.

Sem terras, sem tetos, sem comidas, sem Estado, a imensa multidão dos desassistidos seria massa de manobra fácil para organizações criminosas, para candidatos a guerrilha. Ao organizar o Partido dos Trabalhadores, Lula deu consistência política às demandas, teve grandeza para aguardar o momento de ser eleito, perdendo eleições sucessivas sem questionar seu resultado e estendendo o papel civilizatório do partido para todos os rincões.

Ao mesmo tempo, criou a possibilidade de uma polarização produtiva, com o aparecimento do PSDB. O partido se estruturou como uma alternativa racional das classes médias intelectualizadas contra a esquerda não radical representada pelo PT.

Quando explodiu a crise internacional, tem 2008, tornou-se mais nítida a grandeza de Lula. Tornou-se um símbolo internacional da tolerância, da busca da paz, um pacifista do nível de um Mandela, um Ghandi – conforme reconhecimento internacional.

Para manter a coesão nacional, talvez tenha cedido mais do que devia. Manteve uma política cambial e monetária corrosivas da industrialização, para não afrontar o mercado. Não avançou na reforma fiscal, para não afrontar os ricos. Não avançou nas comissões da verdade, para não afrontar os militares. Mas, nas frestas abertas pelas negociações, conseguiu implementar alguns dos programas sociais mais relevantes da história. Mudou a face do Nordeste com a transposição do São Francisco e a política de cisternas. Mudou a face das universidades com as políticas de cotas. Com o aumento do salário mínimo e o Bolsa Família abriu um caminho inédito de inclusão social e de redução das desigualdades.

Seu sucesso, especialmente a partir da crise de 2008,  levou a uma deterioração do jogo político, e a deterioração da democracia por outros atores, incapazes de contrapor um discurso eficaz. No mensalão, o Ministério Público Federal julgou que poderia ser poder autônomo. Com a morte de Mário Covas e Franco Montoro, o PSDB caiu nas mãos de Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e José Serra. Ao mesmo tempo, sem saber como enfrentar a competição trazida pela Internet, a mídia passava a exercitar cada vez mais o jornalismo de guerra, o discurso de ódio. E trouxe o PSDB consigo.

Ex-presidentes são ativos nacionais. São políticos com influência em suas bases para ajudar o país em momentos de tempestade. Na França, Miterrand foi alvo de acusações, mas preservado por uma questão de realismo político.

No auge do mensalão, quando o Ministério Público Federal exercitou pela primeira vez seus músculos, visando a desestabilização política, vários ex-presidentes saíram em defesa da normalidade institucional – José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. O único que ficou de fora foi Fernando Henrique Cardoso.

Terminadas as eleições de 2014, sabia-se que era questão de tempo para haver alternância de poder. Mas, quando Aécio Neves deu a senha para o golpe, deu a largada para o desmanche institucional do país. Nos meses seguintes, as passeatas contaram com a participação entusiasmada de Aécio, Serra e FHC.

Dali em diante, puxado pela Lava Jato, a democracia foi estuprada, com participação direta do Supremo Tribunal Federal (STF). Submetido a lideranças mais interessadas no enriquecimento financeiro do que em mudar a República, o PSDB perdeu substância.

Com a destruição do papel mediador de Lula, a perseguição implacável a que foi submetido e a anomia histórica de FHC, criou-se um vácuo político, quebraram-se as barreiras do sistema de freios e contrapesos e, a partir dali, começou a desintegração do país. Primeiro, ao se permitir a ascensão da mais suspeita organização política pós-democratização – o centrão de Michel Temer, Eduardo Cunha, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima. Depois, com o grande mercado de negócios que se abriu com o desmonte, estatais sendo leiloadas, políticas sociais destruídas, em um estouro da boiada típica de países que destruíram suas referências políticas, sem colocar nada no lugar.

Hoje se tem o país com recordes mundiais de morte por Covid, uma política econômica errática que assusta o mercado, o avanço das organizações criminosas por todos os poros da República, sem nenhum referencial racional para impedir o desmanche.

É um quadro mais assustador do que o da pós-ditadura. E a conta maior não será do Congresso, mas do Supremo Tribunal Federal. Os principais personagens dessa trama macabra não serão poupados pela história.

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sábado, 4 de julho de 2020

"Grande Midia" empresarial mostra mais uma vez que tem lado e tenta blindar José Serra e sua filha Verônica, quem com milhões encontrados no exterior. Leia o texto do 247.



O senador tucano e sua filha não mereceram manchete da Folha, do Globo e do Estado, após serem denunciados por lavagem internacional de propinas pagas pelas empreiteiras em contas no exterior


Verônica e José Serra, Rodoanel ao fundo


Verônica e José Serra, Rodoanel ao fundo (Foto: Reprodução | Milton Michida/GOVSP)

247 O senador José Serra (PSDB-SP), que foi governador de São Paulo, continua relativamente blindado pela mídia corporativa nacional. Mesmo tendo sido denunciado pelo Ministério Público Federal após a descoberta de que empreiteiras pagaram propinas por corrupção nas obras do Rodoanel nas contas do lobista José Amaro Pinto Ramos, cujos recursos depois foram transferidos para sua filha Verônica, num esquema internacional de lavagem de dinheiro, ele não ganhou a manchete principal da Folha de S. Paulo, do Globo ou do Estado de S. Paulo. Nos três jornalões, o caso mereceu apenas uma chamada menor na primeira página – o que apenas confirma a seletividade da mídia brasileira. A ação judicial conseguiu, inclusive, bloquear R$ 40 milhões numa conta utilizada no esquema. 
Confira a nota do Ministério Público Federal e a denúncia completa:
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta sexta-feira (3), o ex-governador e atual senador José Serra (PSDB/SP) e sua filha, Verônica Allende Serra, pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. Segundo a denúncia oferecida pela Força-Tarefa Lava Jato de São Paulo, José Serra, entre 2006 e 2007, valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul. Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado pelos órgãos de controle.
As investigações, conduzidas em desdobramento de outras frentes de trabalho da Lava Jato de SP, demonstraram que José Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra constituíram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas, receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou ao então governador de São Paulo. Nesse contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos valores, e os mantiveram em uma conta offshore controlada, de maneira oculta, por Verônica Serra até o fim de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça.
Operação Revoada – Paralelamente à denúncia, a força-tarefa também deflagrou, nesta data, a Operação Revoada para aprofundar as investigações a respeito de outros fatos relacionados a esse mesmo esquema de lavagem de dinheiro em benefício de José Serra. Com autorização da Justiça Federal, oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ).
Até agora, a força-tarefa já detectou que, no esquema envolvendo Odebrecht e José Serra, podem ter sido lavados dezenas de milhões de reais ao longo dos últimos anos. Com as provas coletadas até o momento, o MPF obteve autorização na Justiça Federal para o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em uma conta na Suíça.
Em um momento de incertezas, a Força-Tarefa Lava Jato de São Paulo reafirma seu compromisso com um trabalho técnico, isento e sereno. As investigações seguem em sigilo.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Como Serra e Aécio escaparam da Lava Jato, por Luis Nassif



A explicação de Janot é que as duas testemunhas-chaves haviam morrido




Do GGN:
Desde a prisão de Mariano Marcondes Ferraz, várias vezes manifestamos estranheza com a falta de preocupação da Lava Jato em se aprofundar nas investigações sobre a Trafigura, uma das 50 maiores empresas do planeta, segundo a lista da Forbes.
Trata-se de uma comercializadora de petróleo que montou o maior esquema de corrupção da era moderna – conseguindo o monopólio da extração e da importação de petróleo em Angola.
O autor do feito foi justamente Marcondes Ferraz, promovido a membro do board da companhia. A Trafigura tinha contratos vultosos com a Petrobras para transporte e comercialização de derivados, um mercado imensamente maior do que o das obras da empresa. No início da Lava Jato, Paulo Roberto Costa já havia mencionado a Trafigura.
Surpreendentemente, a Lava Jato se restringiu ao lobby que Marcondes Ferraz fazia para a Decal, uma empresa italiana sediada no porto de Suape, praticamente um bico de lobby, perto dos interesses da Trafigura.
O livro de Rodrigo Janot esclarece a dúvida.
No final de 2016, a PGR recebeu um pedido de colaboração da Espanha, referente a Gregório Preciado, casado com uma prima de Serra. Peciado era suspeito de ter pago subornos no valor de 10 milhões de euros a políticos brasileiros, para a obtenção de um contrato pela Defex, uma sociedade de capital misto controlada pelo Estado espanhol. O contrato da Defex foi para um empreendimento para exportação de minério de ferro, sociedade de Eike Batista com a Trafigura. Segundo as autoridades espanholas, as propinas aos políticos brasileiros teriam sido pagas por uma empresa offshore de nome Iderbras, administrada por Preciado e em nome de Vivencia Talan, prima de Serra.
Para atender à colaboração da Espanha, havia a necessidade de uma formalização através do Ministério da Justiça. Serra era o Ministro das Relações Exteriores de Temer, e figura chave no impeachment. O Ministro da Justiça era Alexandre de Moraes que, logo em seguida, foi substituído por Osmar Serraglio e Torquato Jardim. E a cooperação jamais foi formalizada. Não houve vazamentos para a mídia, não houve pressão da mídia, e o caso dormiu nas gaveta da PGR.
Outro caso emblemático foi o não indiciamento do senador Aécio Neves. Na época, um filho de Teori comentou com amigos a estranheza do pai, pelo fato de Janot ter proposto o indiciamento de Lindberg Farias e negado o de Aécio Neves, segundo Teori, tendo indícios muito mais concretos do que o petista.
A explicação de Janot é que as duas testemunhas-chaves haviam morrido – o ex-deputado José Janene, também beneficiário de Furnas, e que havia descrito em detalhes a participação de Aécio no esquema; e Airton Daré, da Bauruense, empresa que lavava o dinheiro da mesada.
Ora, haviam morrido, mas a contabilidade e as movimentações financeiras ainda existiam. E, desde 2010, repousava na PGR o inquérito Norbert, que localizara contas de Aécio em Liechtenstein, provavelmente para as propinas da JBS.
Segundo Janot, ele não indiciou o conterrâneo para não criar um novo Berlusconi. Pouco importa o fato de não haver a menor relação entre poupar Aécio ou criar um Berlusconi brasileiro.
Aécio só entrou novamente quando a JBS apareceu com as gravações de conversas com ele. Ali, não havia como refugar.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Xadrez do passaralho dos tucanos, por Luis Nassif



"A lógica do golpe é simples e objetiva. Há dois focos centrais. O primeiro, o aprofundamento do desmonte do Estado brasileiro, com as reformas liberais, privatização, destruição do precário Estado de bem-estar construído na última década. O segundo, a garantia de um presidente de direita nas próximas eleições - ou, na ausência de um candidato competitivo, até mesmo o adiamento das eleições. Esses são os fios condutores para entender toda a lógica da turma do impeachment." - Luis Nassif

Do Jornal GGN:

Peça 1 – a lógica do golpe


A lógica do golpe é simples e objetiva.
Há dois focos centrais.
O primeiro, o aprofundamento do desmonte do Estado brasileiro, com as reformas liberais, privatização, destruição do precário Estado de bem-estar construído na última década.
O segundo, a garantia de um presidente de direita nas próximas eleições - ou, na ausência de um candidato competitivo, até mesmo o adiamento das eleições.
Esses são os fios condutores para entender toda a lógica da turma do impeachment.

Peça 2 – o mercado de opinião


Tudo isso se dá no que se convencionou chamar de mercado. Não se trata apenas do mercado em si, mas de todo um sistema de opinião que engloba não apenas a estrutura de poder, mas a gendarmeria.
No topo, Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), a Procuradora Geral da República, os grupos de mídia, órgãos de controle de uma maneira geral. Na base, juízes de 1ª instância, procuradores, Polícia Federal, Polícia Militar etc.
Quando determinada questão ameaça os objetivos finais, acende-se uma luz amarela. O clima fica tenso, as autoridades envolvidas começam a receber sinais tácitos indicando que ali não se mexe. Dado o grau de pusilanimidade das organizações burocráticas e suas lideranças, não há a necessidade de ordens diretas, ameaças ou outras formas de pressão. São mais disciplinados que jornalistas da Globonews.
Quem sai da linha, é pressionado por seu próprio meio, colegas ou familiares. Essa sincronização do golpe mereceria um belo estudo acadêmico, sobre a força das ideologias na articulação de movimentos, como o impeachment, mesmo sem haver um cérebro condutor. Aliás, o único cérebro mofa em um presídio de Curitiba.

Peça 3 – os que irão morrer


No início do golpe, Aécio Neves era peça central; o governador Geraldo Alckmin, elemento secundário. Qualquer envolvimento de Aécio enfraqueceria o principal mote do golpe, que era o impeachment de Dilma.
O Procurador Geral da República Rodrigo Janot recomendou seu não indiciamento, apesar de evidências muito mais fortes do que aquelas, por exemplo, que envolviam o senador petista Lindbergh Farias, denunciado.
Mesmo em posição secundária, Geraldo Alckmin também foi poupado, e ajudou a salvar Dilma Rousseff da tentativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comandado por Gilmar Mendes, de cassar seu mandato logo após as eleições. Na última hora descobriu-se que que Alckmin poderia ser atingido por uma das acusações que se lançava contra Dilma.
Na medida em que a Lava Jato foi avançando, foram aparecendo mais e mais evidências contra Aécio.
Criou-se um ping-pong entre dois adversários mortais, mas irmanados na defesa de Aécio: Janot e Gilmar Mendes. OS dois revezavam-se nos pedidos de prorrogação do prazo de investigação de Aécio. Mesmo assim, a cada indício novo e a cada nova postergação das denúncias o capital político de Aécio ia se esvaindo.
Quando ocorreu o episódio JBS, Aécio dançou por dois motivos. Pelo seu excesso de ambição, foi considerado um peru gordo por Joesley Baptista, nas negociações com a PGR. Quando Janot recebeu o pacote, para atirar em Temer não poderia desconsiderar os grampos em Aécio.
A partir dali, Aécio virou pato manco.  Há uma boa probabilidade de que, na próxima semana, o STF autorize a denúncia criminal contra ele, além de mandar para a prisão Eduardo Azeredo, do mensalão tucano, à esta altura uma decisão vazia de significado político.
Principalmente porque a blindagem dos tucanos ficou ostensiva demais para ser aceita até por um país e uma mídia acostumados a toda sorte de hipocrisias.
Dentro dessa lógica, José Serra, Aloysio Nunes e Cássio Cunha Lima poderiam ser liquidados tranquilamente, sem atrapalhar os objetivos finais do golpe. Estão sendo poupados porque o algoritmo viciado do STF jogou seus processos no colo de Gilmar, e Gilmar não é desses de deixar companheiros feridos no campo de batalha. Apenas por isso.

Peça 4 – o fator Alckmin


Embora não desperte nenhum entusiasmo, nem entre os seus próximos, Alckmin ainda é peça chave no jogo político, como único candidato da direita com alguma possibilidade.
Essa é a razão principal da PGR ter remetido seu caso para ser julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, ao invés de remeter para o grupo da Lava Jato. E o autor da façanha foi o subprocurador Luciano Maia, com bela ficha no Ministério Público Federal, e, até assumir o cargo de vice-procurador, considerado corajoso e de posições independentes.
Mas não adianta. A lógica do poder brasiliense é imbatível. Por isso, um caso em que Alckmin, através de seu cunhado, recebe R$ 10 milhões da Odebrecht, que têm obras contratos grandes com o governo de São Paulo, foi transformado em um mero caso de irregularidade no financiamento de campanha. O pagamento foi por fora.
Apesar de federal ,o TRE de São Paulo é majoritariamente composto por juízes e desembargadores paulistas, historicamente alinhados com o PSDB.
A decisão de Maia – certamente endossada pela PGR – expôs de maneira nítida a parcialidade da nova PGR no jogo político.
Aliás, não bastassem essas trapalhadas, e o procurador-bufão Oscar Costa Filho, do MPF do Ceará, o mesmo que tenta todo ano anular o ENEM, intimou a Universidade federal do Ceará a retirar o nome “golpe” de um curso preparado por ela.
Às vezes tento convencer colegas que o MPF é mais que os Ailton Benedito – o de Goiás – ou  Oscar Costa “Enem” Filho, mas os fatos sempre me desmentem, como desmentiram quando supus em Raquel Dodge uma dimensão mais relevante do que a de Janot.

Peça 5 – os próximos passos


Não se imagine que o impacto da prisão de Lula vá refrear a marcha do fascismo.
As recentes votações do Supremo e as decisões da PGR comprovam que continuam a reboque da Lava Jato. E continuarão até a Lava Jato completar sua obra, de destruição final de Lula e de inviabilização do PT.
De qualquer modo, foram tantas as críticas que Dodge recebeu, até de jornalões, por sua benevolência contra Alckmin, que provavelmente deve ter-se dado conta de que foi mais realista que o rei, o que condicionará suas próximas ações. É possível que o país comece a assistir episódios inéditos de tucanos engaiolados.
Aliás, a análise política de autoridades do Judiciário, da PGR ao Supremo, mereceria estudos de Pavlov.
Depois de liquidado Lula, será fácil acabar com a operação. Bastará a mídia levantar a pauta proposta por Gilmar Mendes na última sessão do Supremo, sobre os indícios de corrupção, devido ao poder absoluto de que passaram a dispor.
PS – a ave da voto representa o Passaralho, figura mitológica que sobrevoa as redações nas vésperas das grandes demissões.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Bob Fernandes: A Suíça, mais uma vez, entrega o PSDB. Lula luta para não ser preso, enquanto FHC escuta clássicos de camarote...






Foi a Suíça que comunicou às autoridades brasileiras a existência de R$ 113 milhões movimentados por Paulo Vieira de Souza...
...Vulgo "Paulo Preto", diretor da DERSA por 5 anos. Nomeado por Alckmin em 2005.
A Folha informa: a Suíça mandou, não o Brasil foi buscar. E informações sobre R$ 113 milhões submergiram por meses num processo secundário em São Paulo.
Quando deveriam estar em inquérito no Supremo que investiga Serra e Aloysio Nunes. Ambos ligados a Paulo Preto, que serviu ao governo Serra e, na campanha 2010, ameaçou:
-Não se abandona companheiro ferido na beira da estrada…
Recado claríssimo, jamais investigado pra valer. Em 2012, CPI Cachoeira/ Delta, Paulo Preto escancarou, na revista Piauí:
-Por que a CPI proibiu a abertura das contas do eixo Rio-São Paulo? Porque se abrir as contas do eixo-Rio-São Paulo o Brasil cai.
De novo, silêncio cúmplice.
Oito anos depois da ameaça, seis depois da frase-síntese, Paulo Preto pode delatar. Não a tempo de julgamentos finais tirarem legalmente da eleição os citados.
E depois? Bem, ministros do Supremo se aposentam, se vão, novos são nomeados... Outra maioria se produz.
Recordemos. A emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso teve votos comprados. Sem CPI, sem investigação pra valer.
Como na venda da Telefonia por R$ 22 bilhões. Com acertos gravados e expostos publicamente... ACM era o homem-forte do governo. Renan Calheiros, o ministro da Justiça de FHC.
Na Lava Jato, Cérvero tentou delatar: "...a Brasken é um escândalo do governo Fernando Henrique...". A autoridade que ouvia a delação interrompeu e fez Cerveró mudar de assunto:
-...bem, passados dois anos...
Como Lula, Fernando Henrique tem um Instituto. O de Lula, investigado por tudo e todos. O de FHC nasceu num jantar dentro do Palácio da Alvorada, ele ainda presidente.
Relato de Gerson Camarotti, na Época: Odebrecht, OAS, bancos, os de sempre, doaram R$ 7 milhões. Já haviam doado R$ 1,5 milhão para compra da sede.
Cerveró na Lava Jato? Instituto FHC...? Alega-se o de sempre, quando tucanos: já prescreveu...
Mas não prescreveu, não prescreve, não deveria prescrever para o jornalismo. Doadores, os de sempre, estão todos aí.
Agora a Polícia Federal indiciou, scaneia Jaques Wagner, hipótese B do PT.
Lula luta para não ser preso.
E Fernando Henrique assiste concertos clássicos. De camarote. Villa-Lobos, na última quinta-feira,22, na sala... São Paulo.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Ex-presidente da Odebrecht diz que Serra levou R$ 52 milhões



Do Tijolaço:

Ex-presidente da Odebrecht diz que Serra levou R$ 52 milhões


novisserra

André Guilherme Vieira, no Valor de hoje, revela que Pedro Novis, ex-‘CEO‘da Odebrecht (entre 2002 a 2008) disse à Lava-Jato, Pedro Novis o hoje senador José Serra de recebeu – para si ou para campanhas eleitorais um total de R$ 52,4 milhões, de 2002 a 2012.Só em 2010, ano de sua segunda candidatura presidencial, propina teria sido de R$ 23,3 milhões, em troca do pagamento liberação, pelo governo paulista que o tucano chefiava, de R$ 170 milhões em créditos devidos a uma empresa do grupo Odebrecht, em 2009, disse o antecessor de Marcelo Odebrecht na empreiteira. Outros R$ 29,1 milhões “teriam sido transferidos como caixa dois eleitoral para as campanhas de 2002, 2004, 2006, 2008 e 2012”.
O curioso é que, no caso de Serra, a delação, feita há quase um ano, gera consequências a passos de tartaruga manca.  Com a ajuda da inapetência do Ministério Público, tão feroz quando não se trata de tucanos:
Em 2006 Serra foi eleito governador de São Paulo. Novis disse que de 2006 a 2007 a Odebrecht repassou R$ 4,5 milhões a conta no exterior – equivalentes a EUR 1,6 milhão no câmbio da época. Contudo, não houve contrapartida ao repasse, conforme o delator. A conta teria sido fornecida pelo lobista José Amaro Ramos, descrito por Novis como amigo de Serra. O delator disse que recebeu das mãos de Ramos “o número da conta para a qual seriam destinados os recursos destinados a José Serra”. Amaro Ramos manteria relação com governo e empresas da França, e teria aproximado a Odebrecht de grupo empresarial daquele país na década de 90, segundo Novis.(…)
José Amaro Ramos foi citado em investigações que apuram ilícitos em contratos do governo de São Paulo para o Metrô. O nome dele chegou a constar de documentos enviados ao Brasil pelo Ministério Público da Suíça, que pediu para ouvi-lo. O pedido de oitiva, no entanto, foi esquecido em um escaninho da Procuradoria da República de São Paulo, de acordo com um investigador.
O resultado objetivo é que os personagens envolvidos vão morrendo e as provas, esvaindo-se.
Até que nada mais venha ao caso e a Justiça seletiva se faça apenas contra que “vem ao caso”.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

GGN: Após revelações do Cade, Alckmin/PSDB tenta se manter blindado da Lava Jato


O silêncio, o distanciamento de outras figuras arroladas, como José Serra, e até possivelmente queimar algum assessor estão entre os planos do PSDB
 
 
Jornal GGN - As revelações de que o esquema de corrupção em licitações de obras de rodovias e metrô de São Paulo durante as gestões tucanas de Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman não passou despercebido e entrou na malha do Cade preocupa o futuro do partido para 2018.
 
Ainda que em datas festivas, na última semana de atividades judiciárias e legislativas, antes dos recessos na política e governo, o cartel das empreiteiras sobre obras milionárias no estado, que teria beneficiado tanto as empresas quanto agentes dos governos do PSDB, virou notícia e a olhos públicos.
 
Apesar de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), como órgão subordinado ao Ministério da Justiça e responsável por analisar concorrências e abusos do poder econômico a nível das instituições, tratar de preservar os nomes dos caciques tucanos diretamente envolvidos, os líderes do PSDB passaram o dia de ontem (19) debatendo sobre como lidar com a nova crise.
 
Após as informações sobre os casos, divulgados por toda a imprensa, eventuais efeitos nas candidaturas do PSDB foram postas à mesa, começando pelo próprio novo presidente nacional da sigla e governador arrolado nas acusações, o presidenciável Geraldo Alckmin.
 
Em um primeiro momento, a estratégia adotada foi similar à do governo Temer, de tentar abafar as repercussões, silenciando posicionamentos. Para isso, Alckmin chegou a cancelar a agenda pública que tinha nesta terça-feira e jogou a bola para a Secretaria de Transportes Metropolitanos, que deve se posicionar como instituição, e não governo, em defesa das acusações.
 
As revelações, já tratadas anteriormente em delações da Odebrecht e de outras empreiteiras à Operação Lava Jato, mas somente agora expostas, conflitam com a blindagem até então dos nomes tucanos afora da Lava Jato. Apenas recordando de como o partido atuou no caso do senador Aécio Neves, afastando-o drasticamente do cenário político, como exemplo de como a sigla vinha fazendo para se expor o mínimo possível em relação às acusações da Lava Jato.
 
Assim, uma vez que o nome envolvido é do próprio presidenciável em 2018, o discurso tomado pelo PSDB será o de que o atual governador de São Paulo impulsiona as investigações e poderá queimar nomes de auxiliares, assessores e/ou funcionários públicos, para que a punição dos mesmos seja o enterro das acusações contra o partido ou cacique tucano.