Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Corporativismo.... Nome dado quando um determinado setor, área ou categoria une-se, entre seus pares, para estabelecer e determinar regras, ações e políticas favoráveis a seus membros e representantes, buscando criar e proteger um determinado setor de exploração econômica ou política, ou ambos.
Pois bem, em nosso país uma das mais poderosas (política, econômica e socialmente) categorias é a médica.
Embora, em grande parte, seus membros tenham se formado em universidades públicas (ainda as melhores), muitos deles apenas perpetuam uma espécie de linhagem familiar, por muitos serem oriundos de famílias de médicos, a maior parte pertencendo à classe média, possuem uma ótica bastante elitista. Parcela considerável deles recusam-se a trabalhar no interior do país (embora haja exceções notáveis) e a grande maioria adota ainda uma atitude mecanicista no trato com pacientes, e elitista no trato com demais categorias da saúde (vide o corporativismo agressivo na defesa da exclusividade de diagnósticos e encaminhamentos no caso do Ato Médico).
A expressão corporativa, quase exclusivista e mafiosa da categoria, contudo, se fez ver nos últimos dias no embate (apoiado pelos setores mais cinicamente conservadores e reacionários da sociedade) violento da classe de jaleco contra o programa do governo federal para atriair (e atraiu) médicos estrangeiros para suprir o rombo não preenchido pelos nacionais que se julgam superior aos demais mortas (mesmo ganho mais que professores e outras categorias que aceitariam de bom grado pagamento semelhantes aos a eles dados).
Aproveitando-se e estimulados pelos fascistas de direita, o foco da crítica dos médicos brasileiros igualmente de direita é atacar a vinda de seus colegas cubanos. Ora, vejamos alguns dados internacionais sobre a competência destes profissionais de Cuba, segundo o blog Falando Verdades, citando fontes:
A Medicina cubana é tão "ruim" que é a unica da América Latina que está entre as 10 melhores do mundo segundo indice da ONU IDH M, e tem indicadores muito melhores que os do Brasil.
http://www.who.int/countries/
O jornalista Marco
Weissheimer, do Portal Sul21, apresenta 10 argumentos que credenciam os
médicos cubanos a trabalharem em comunidades pobres brasileiras que
sofrem com a falta de acesso a saúde
Por Marco Weissheimer, do Sul21
Um dos principais argumentos da reação
irada de entidades médicas brasileiras contra a vinda de médicos cubanos
para o país consiste em questionar a qualidade e a competência dos
profissionais cubanos. O presidente do Conselho Federal de Medicina,
Roberto D’Ávila, chegou a dizer que “os cubanos poderão causar um
genocídio” no Brasil. Os primeiros 400 médicos cubanos chegam ao Brasil
neste fim de semana, em um convênio com a Organização Panamericana de Saúde (Opas).
Uma das maneiras de aferir essa qualidade é levar em conta a realidade
da saúde e da medicina em Cuba. Eis aqui dez indicadores e informações
sobre a saúde cubana para a população brasileira avaliar (os dados são
do governo cubano e da Organização Mundial da Saúde):
(1) Em Cuba, há 25 faculdades de medicina (todas públicas), e uma Escola Latino-Americana de Medicina,
na qual estudam estrangeiros de 113 países, inclusive do Brasil .
(Estudaram em Cuba e lá se formaram, entre outros, dois filhos de Paulo
de Argollo Mendes, presidente há 15 anos do Sindicato Médico do Rio
Grande do Sul e critico ferrenho do programa Mais Médicos).
(2) Em 2012, Cuba
formou 11 mil novos médicos. Deste total, 5.315 são cubanos e 5.694 vêm
de 59 países principalmente da América Latina, África e Ásia. Desde a
Revolução Cubana em 1959, foram formados cerca de 109 mil médicos no
país. O país tem 161 hospitais e 452 clínicas para pouco mais de 11, 2
milhões de habitantes.
(3) A duração do curso
de medicina em Cuba, como no Brasil, é seis anos em período integral.
Depois, há um período de especialização que varia entre três e quatro
anos. Pelas regras do sistema educacional cubano, só entram no curso de
medicina os alunos que obtêm as notas mais altas ao longo do ensino
secundário e em um concurso seletivo especial.
(4) Estudantes de
medicina cubanos passam o sexto ano do curso em um período de internato,
conhecendo as principais áreas de um hospital geral. A sua formação
geral é voltada para a área da saúde da família, com conhecimento em
pediatria, pequenas cirurgias, ginecologia e obstetrícia.
(5) Em Cuba há hoje 6,4
médicos para mil habitantes. No Brasil, esse índice é de 1,8 médico
para mil habitantes. Na Argentina, a proporção é 3,2 médicos para mil
habitantes. Em países como Espanha e Portugal, essa relação é de 4
médicos para cada mil habitantes.
(6) A taxa de
mortalidade em Cuba é de 4,6 para mil crianças nascidas, e a expectativa
de vida é de 77,9 anos (dados de janeiro de 2013). No Brasil, a taxa de
mortalidade é de 15,6% para mil bebês nascidos (IBGE/2010).
(7) Em 1998, depois que
o furacão Mitch atingiu a América Central e o Caribe, Fidel Castro
decidiu criar a Escola Latino-Americana de Medicina de Havana (Elam) com
o objetivo de formar em Cuba médicos para trabalhar em países chamados
subdesenvolvidos. A Organização Mundial da Saúde definiu assim o
trabalho da Elam: “A Escola Latino-Americana de Medicina acolhe jovens
entusiasmados dos países em desenvolvimento, que retornam para casa como
médicos formados. É uma questão de promover a equidade sanitária. A
Elam assumiu a premissa da “responsabilidade social”.
(8) Em 20 anos, médicos
cubanos atenderam a mais de 25 mil afetados pela explosão em Chernobyl,
incluindo muitas crianças órfãs. Desde o início do programa, em 1990,
foram atendidos mais de 25.400 pacientes, a maioria deles crianças. 70%
dos menores que receberam tratamento na localidade cubana de Tarará
perderam seus pais e chegaram a Cuba com enfermidades oncológicas e
hematológicas provocadas pela exposição à radiação (ver vídeo abaixo).
(9) Segundo a New England Journal of Medicine,
uma das importantes revistas médicas do mundo, o sistema de saúde
cubano parece irreal. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é
gratuito. Apesar de dispor de recursos limitados, seu sistema de saúde
resolveu problemas que o dos EUA não conseguiu resolver ainda.
(10) Segundo o Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Cuba é o único país da
América Latina que se encontra entre as dez primeiras nações do mundo
com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano em expectativa de vida e
educação durante a última década.
Certamente o sistema de saúde cubano não
é o paraíso na Terra e seus profissionais não são os melhores do mundo.
No entanto, os indicadores e informações acima citados parecem
credenciá-los para desenvolver um importante trabalho de medicina
comunitária e medicina da família em comunidades pobres brasileiras que
têm grande dificuldade de acesso a serviços de saúde. Os profissionais
cubanos têm especialização e tradição de trabalhar justamente nesta área
e não representam nenhuma concorrência para profissionais brasileiros
nesta área. Virá daí um genocídio???
http://revistaforum.com.br/
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