Atenção: Após os dois textos abaixo transcritos, há um vídeo em que se fala das ligações do Itaú com o PSDB, em especial do Itaú com Fernando Henrique Cardoso
BANQUEIROS QUE SE METEM EM POLÍTICA TERMINAM BEM?
Essa é uma pergunta que deveria ser respondida por Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, do Itaú-Unibanco, multados em R$ 18,4 bilhões pela Receita Federal; de um lado, Neca Setubal, irmã de Roberto, é uma das principais apoiadoras da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva; de outro, o ex-tesoureiro do Itaú, João Amoedo, cria o Partido Novo, que defende a privatização total e um estado mínimo onde o governo teria um papel central: a defesa da moeda (leia-se juros altos); exemplos históricos de banqueiros que enveredaram pela política, como Magalhães Pinto, Andrade Vieira e Calmon de Sá, deveriam recomendar distância entre as duas atividades
19 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 08:53
247 - Há um momento na vida de certos banqueiros em que o dinheiro parece não ser mais o suficiente. E a grande motivação passa a ser o poder. Aconteceu, por exemplo, com José Eduardo Andrade Vieira, ex-dono do Bamerindus e um dos principais financiadores da primeira eleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1994. Andrade Vieira foi ministro da Indústria e Comércio, mas não escondia de ninguém que pretendia ser presidente da República. Anos depois, o Bamerindus sofreria intervenção do Banco Central.
Antes dele, vários outros banqueiros foram mordidos pela mosca azul da política. O gaúcho Egídio Michaelsen, ex-dono do Banco Mercantil e Agrícola, tentou ser governador do Rio Grande do Sul em 1962, com apoio de Leonel Brizola. Perdeu a eleição para Ildo Meneghetti e, depois, o banco. O baiano Angelo Calmon de Sá, um dos homens fortes do regime militar, quis ser governador do Bahia. Seu Econômico não existe mais. Magalhães Pinto, outro apoiador da ditadura, que governou Minas Gerais, perdeu seu banco Nacional. E Gastão Vidigal, um dos principais financiadores da Operação Bandeirantes, viu seu Banco Mercantil de São Paulo ser incorporado pelo Bradesco. Mais recentemente, o Cruzeiro do Sul, dos Índio da Costa, emplacaram até o vice na chapa de José Serra. Onde está o banco? Não existe mais.
Finança e política, portanto, são atividades que não combinam. Ao menos, é o que a história mostra e que deveria servir como fonte de prudência para os banqueiros que hoje comandam o Itaú Unibanco. Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal hoje comandam um conglomerado financeiro que, claramente, faz oposição ao governo federal. No governo Dilma, o banco foi um dos principais adversários da política de redução de juros e seus analistas têm sempre liderado as projeções mais pessimistas em relação ao crescimento da economia e a inflação. Um dos conselheiros do banco, o ex-ministro Pedro Malan, foi identificado, meses atrás, pelo Palácio do Planalto, como a ponte entre a oposição e a mídia global (leia mais aqui), num momento em que o Brasil era bombardeado dia sim, dia não por críticas de publicações como The Economist e Financial Times.
Apesar de tudo isso, o envolvimento do Itaú Unibanco com a política ainda parecia relativamente distante. Ocorre que dois partidos em formação no País estão, de forma direta ou indireta, ligados ao grupo. A Rede Sustentabilidade, que Marina Silva pretende criar, tem como uma de suas principais apoiadoras Neca Setubal, irmã de Roberto e acionista relevante do Itaú (leia mais aqui). Sabe-se agora que outra legenda, o Partido Novo, está sendo criado pelo ex-tesoureiro do banco, João Amoedo, que é também conselheiro do grupo. Entre as bandeiras do Novo, estão a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e um estado mínimo, em que a principal atividade do governo seria a garantia do valor da moeda – ou seja, uma política de juros altos, que, na prática, seria uma espécie de bolsa-banqueiro (leia mais aqui).
Por mais que se diga que a Rede e o Novo são iniciativas pessoais de Neca e Amoedo, o fato é que, ambos, de certa forma, defendem uma agenda que interessa ao Itaú Unibanco. A proximidade com a política, no entanto, traz riscos. Coincidência ou não, o banco recebeu, dias atrás, a maior multa já aplicada pela Receita Federal em toda a sua história. Nada menos que R$ 18,4 bilhões.
De forma prepotente, o banco já avisou que não pretende pagar e que não irá nem sequer realizar provisões em seu balanço (leia mais aqui). Para o Itaú Unibanco, que, além de tudo é credor e tem forte influência na Editora Abril, a ação política talvez tenha sido um erro. Mas agora é bom torcer – ou talvez rezar – para que tanto a Rede como o Novo tenham sucesso.
PS: De certa forma, os Setubal e os Moreira Salles desprezam experiências internas. Olavo Setubal, que foi prefeito biônico de São Paulo, pretendia disputar a eleição para governador em 1986, mas ficou desiludido quando seu PFL empenhou apoio a Paulo Maluf, do PDS. Frustrado, Olavão disse que nunca mais se envolveria com a política. No Unibanco, o embaixador Walter Moreira Salles também quis ser governador de Minas Gerais em 1965, mas teve seu nome vetado pelo então ministro da Guerra, Arthur da Costa e Silva, que viria a ser presidente alguns anos depois.
Conselheiro
do Itaú, assumidamente de Direita e a favor das privatizações do Banco do
Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobrás e contra vários dos programas
sociais – Prouni e Bolsa Família -, cria partido de direita chamado Novo.
Assumidamente
à direita do PSDB, o Partido Novo, presidido pelo banqueiro João Amoedo, ligado
ao grupo Itaú, defende a privatização da Petrobras, do BB e da Caixa; é também
contra as cotas raciais e o Bolsa Família; entre os seus admiradores, estão
expoentes da nova direita, como Rodrigo Constantino, o "menino
maluquinho" de Veja; Amoedo condena o estado grande, o mesmo que acaba de
multar o Itaú em R$ 18,7 bilhões; no Facebook, o Novo já tem 360 mil fãs, bem
mais do que a Rede, de Marina Silva
18
DE AGOSTO DE 2013 ÀS 10:40
247 – Está em criação no Brasil um partido que se assume à direita
do PSDB. O Novo, idealizado por João Amoedo, ligado ao Itaú, traz slogans como
"pessoas iguais a você" e "o partido político sem
políticos" e visa tentar fugir da "hegemonia de esquerda" hoje
em voga no País, como define o economista Rodrigo Constantino, presidente do
Instituto Liberal e parte do grupo de apoiadores da legenda formado por
expoentes da nova direita.
A página do partido no Facebook já reúne
mais de 360 mil fãs, número incomparável com o conquistado pela Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que
até hoje tem apenas pouco mais de 1.800 fãs na rede social. Caso o partido não
seja registrado a tempo de lançar uma candidatura em 2014, seus integrantes
defendem o senador Aécio Neves, do PSDB, como a melhor opção para assumir a
presidência no lugar de Dilma Rousseff.
Entre os principais
pontos do discurso do Novo está a defesa de que o Estado deve sair de setores
como petróleo, estradas e bancos – privatizando, desta forma, estatais como o
Banco do Brasil, a Caixa Econômica e a Petrobras. Para Amoedo, "não faz
sentido nenhum" a existência de um "Estado empresário", uma vez
que ele "já cuida mal" de assuntos que são de sua obrigação, como
saúde e educação. Amoedo condena o estado grande, o mesmo que acaba de
multar o Itaú em R$ 18,7 bilhões.
"Não tem por que [o Estado] estar se metendo em exploração de petróleo, em manutenção de estradas, em bancos. Não tem por que o Estado estar nisso. Então nós somos totalmente a favor de o Estado privatizar essas áreas, diminuir a sua atuação e focar naquilo que dificilmente a iniciativa privada vai conseguir fazer", expõe o presidente da futura legenda, numa entrevista a Rodrigo Constantino, em sua coluna na revista Veja.
"Não tem por que [o Estado] estar se metendo em exploração de petróleo, em manutenção de estradas, em bancos. Não tem por que o Estado estar nisso. Então nós somos totalmente a favor de o Estado privatizar essas áreas, diminuir a sua atuação e focar naquilo que dificilmente a iniciativa privada vai conseguir fazer", expõe o presidente da futura legenda, numa entrevista a Rodrigo Constantino, em sua coluna na revista Veja.
O
partido prega que ficariam, então, nas mãos do Estado, a preservação da moeda,
a educação básica, a segurança, a defesa de fronteiras e a saúde – esta última
área, segundo Amoedo, ainda poderia ser desenvolvida um pouco mais pela
iniciativa privada. A legenda também é contra o programa Bolsa Família –
definido como "caridade" pelo conselheiro do Itaú – e as cotas
raciais, outra coisa que "não faz sentido".
Ouça a entrevista de Amoedo concedida a Constantino e, abaixo,
um pingue e pongue com o presidente do Novo publicado pela revista Época em junho de 2011.
oão Dionísio Amoedo: "Nossos candidatos terão metas de
gestão"
JOÃO DIONÍSIO AMOEDO - QUEM É
Engenheiro e administrador de 48 anos que atua desde 1988 no mercado financeiro. Foi sócio do BBA e vice-presidente e membro do conselho do Unibanco. Hoje, é conselheiro do Itaú-BBA e da João Fortes Engenharia. É sócio da Casa das Garças, centro de estudos de tendência liberal no Rio de Janeiro
RICARDO MENDONÇA
João Dionísio Amoedo
começou sua carreira como estagiário do Citibank, em 1988, e chegou ao posto de
banqueiro, como sócio do BBA, membro do conselho do Unibanco e, agora,
conselheiro do Itaú-BBA. Há cerca de um ano, tomou uma decisão inusitada. Com
alguns amigos do mercado, resolveu criar um partido para defender os princípios
da gestão e de um Estado menor. Ele diz ter recebido incentivo de alguns dos
mais conhecidos nomes do setor, como os banqueiros Pedro Moreira Salles e
Fernão Bracher, além do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.
Entusiasmado, chamou o escritório Pinheiro Neto, um dos mais tradicionais do
país, para a confecção do estatuto. E contratou empresas de marketing para
coletar assinaturas. Se o Novo (nome do partido) conseguir 500 mil até outubro,
disputará prefeituras em 2012.
ÉPOCA – O Brasil tem
27 partidos políticos hoje. Não é suficiente?
João Dionísio Amoedo – Tem bastante, não há dúvida. Mas temos a sensação de que ainda não é suficiente porque não há uma representatividade ideal da sociedade civil nesses partidos. Talvez por falta de uma identificação mais clara sobre os objetivos de cada um. Não identificamos em nenhum partido o objetivo de melhoria da gestão pública como foco principal.
João Dionísio Amoedo – Tem bastante, não há dúvida. Mas temos a sensação de que ainda não é suficiente porque não há uma representatividade ideal da sociedade civil nesses partidos. Talvez por falta de uma identificação mais clara sobre os objetivos de cada um. Não identificamos em nenhum partido o objetivo de melhoria da gestão pública como foco principal.
ÉPOCA – Quais são os
diferenciais do Novo?
Amoedo – O primeiro é o fato de começar de um movimento da sociedade civil. Diferentemente de todos os outros, que nasceram com políticos.
Amoedo – O primeiro é o fato de começar de um movimento da sociedade civil. Diferentemente de todos os outros, que nasceram com políticos.
ÉPOCA – O PT nasceu de
um movimento da sociedade civil, não?
Amoedo – É... Não era um grupo político. Mas já tinha uma identificação clara por ser de um grupo específico, não é? E surgiu há 30 anos. Nos últimos dez ou 15 anos, não lembro de nenhum. Acho que o exemplo do PT é importante até como lembrança do último partido que não nasceu já com algum político.
Amoedo – É... Não era um grupo político. Mas já tinha uma identificação clara por ser de um grupo específico, não é? E surgiu há 30 anos. Nos últimos dez ou 15 anos, não lembro de nenhum. Acho que o exemplo do PT é importante até como lembrança do último partido que não nasceu já com algum político.
ÉPOCA – O que mais
distingue o Novo?
Amoedo – Outra diferenciação é deixar bem claro no estatuto qual é seu papel. O partido tem o dever e a obrigação de, primeiro, selecionar seus candidatos. Segundo, dar suporte ao candidato, na fase inicial e depois de eleito. Suporte técnico, digo. E a terceira coisa é cobrar: nossos candidatos terão metas de gestão, o que não vi em nenhum outro partido.
Amoedo – Outra diferenciação é deixar bem claro no estatuto qual é seu papel. O partido tem o dever e a obrigação de, primeiro, selecionar seus candidatos. Segundo, dar suporte ao candidato, na fase inicial e depois de eleito. Suporte técnico, digo. E a terceira coisa é cobrar: nossos candidatos terão metas de gestão, o que não vi em nenhum outro partido.
ÉPOCA – Há mais
novidades?
Amoedo – O último ponto importante é diferenciar a gestão partidária da atuação parlamentar ou executiva. Entendemos que as duas figuras não podem se confundir. Uma coisa é ser dirigente do partido e ter todas as obrigações que mencionei. Outra é ser deputado, vereador, prefeito e ter atuação no âmbito do governo. O partido tem de fiscalizar e monitorar quem ele elegeu. Se essa figura se confunde, você acaba gerando um conflito de interesses.
Amoedo – O último ponto importante é diferenciar a gestão partidária da atuação parlamentar ou executiva. Entendemos que as duas figuras não podem se confundir. Uma coisa é ser dirigente do partido e ter todas as obrigações que mencionei. Outra é ser deputado, vereador, prefeito e ter atuação no âmbito do governo. O partido tem de fiscalizar e monitorar quem ele elegeu. Se essa figura se confunde, você acaba gerando um conflito de interesses.
ÉPOCA – E a atuação
simultânea em cargo eletivo e na iniciativa privada pode?
Amoedo – Olha... Acho que não faz muito sentido... Acho que as atividades têm de ser bastante segregadas.
Amoedo – Olha... Acho que não faz muito sentido... Acho que as atividades têm de ser bastante segregadas.
ÉPOCA – Isso vocês não
colocaram? Pode ter cargo e ser consultor, por exemplo? Amoedo – Eu acho que
nós não colocamos isso no estatuto. Tem o conselho de ética, nós colocamos, certamente,
que o candidato tem de estar dentro das regras, mas acho que nós não fomos tão
explícitos nisso. Talvez agora devamos ser mais explícitos. Isso seria uma
coisa básica da ética, do entendimento de cada um. A gente vai aprendendo...
Talvez algumas coisas tenham de ser explícitas para depois não ter
questionamento.
ÉPOCA – Vai incorporar
essa ideia, então?
Amoedo – Certamente. Porque é difícil você ter as duas atividades sem criar algum tipo de conflito. Há outro diferencial: somos contra mais de uma reeleição para o mesmo cargo no Legislativo.
Amoedo – Certamente. Porque é difícil você ter as duas atividades sem criar algum tipo de conflito. Há outro diferencial: somos contra mais de uma reeleição para o mesmo cargo no Legislativo.
ÉPOCA – Por quê?
Amoedo – Se alguém esteve oito anos como deputado estadual, pode até ser federal na próxima eleição, senador, mas não mais deputado estadual. É para promover a renovação. Senão, você terá um deputado estadual por 16, 20 anos. Estará bloqueando a entrada de novas pessoas. Com oito anos, já teve tempo para dar sua contribuição. E aquilo não deve se tornar uma profissão.
Amoedo – Se alguém esteve oito anos como deputado estadual, pode até ser federal na próxima eleição, senador, mas não mais deputado estadual. É para promover a renovação. Senão, você terá um deputado estadual por 16, 20 anos. Estará bloqueando a entrada de novas pessoas. Com oito anos, já teve tempo para dar sua contribuição. E aquilo não deve se tornar uma profissão.
ÉPOCA – No meio
político, o tema "gestão" costuma ser mais associado ao PSDB e ao
DEM. Eles não dão conta do recado?
Amoedo – Não está muito claro. Acho que esse tema não está muito ligado a partidos. Pense no caso dos governadores. Três estão ligados nisso. Tem lá em Minas, que é o PSDB, em Pernambuco, que é PSB, e no Rio PMDB. Então isso está muito mais ligado ao entendimento do político do que propriamente a um programa partidário. O que queremos é que o partido tenha isso.
Gostaríamos de levar conceitos básicos do mundo privado para o público. (...) por exemplo, a ideia de que os recursos são escassos
Amoedo – Não está muito claro. Acho que esse tema não está muito ligado a partidos. Pense no caso dos governadores. Três estão ligados nisso. Tem lá em Minas, que é o PSDB, em Pernambuco, que é PSB, e no Rio PMDB. Então isso está muito mais ligado ao entendimento do político do que propriamente a um programa partidário. O que queremos é que o partido tenha isso.
Gostaríamos de levar conceitos básicos do mundo privado para o público. (...) por exemplo, a ideia de que os recursos são escassos
ÉPOCA – O que quer
dizer "o partido político sem políticos", slogan do site do Novo?
Amoedo – Eu não diria que não queremos políticos agora, isso seria muito forte. Eu diria o seguinte: como o mais importante, em nosso caso, é que as pessoas que nunca se envolveram com política participem, e como a atividade política tem um desgaste, não atrai, seria mais fácil para essas pessoas participarem de um partido que não tem políticos no primeiro momento.
Amoedo – Eu não diria que não queremos políticos agora, isso seria muito forte. Eu diria o seguinte: como o mais importante, em nosso caso, é que as pessoas que nunca se envolveram com política participem, e como a atividade política tem um desgaste, não atrai, seria mais fácil para essas pessoas participarem de um partido que não tem políticos no primeiro momento.
ÉPOCA – Um vídeo no
site fala em tratar o governo como uma empresa e o eleitor como cliente. Essa
ideia de administração pública não parece muito simplista? Amoedo – Gostaríamos
com isso de levar conceitos básicos do mundo privado para o mundo público. Mesmo
sabendo que horizontes de tempo, o público e as necessidades são bastante
diferentes. Mas acho que há conceitos que podem ser aplicados no segmento
público. Por exemplo, a ideia de que os recursos são escassos. Assim, você tem
de estabelecer prioridades. Segundo: qualquer despesa adicional tem
contrapartida, custos, não é? Terceiro: você tem de ser transparente na gestão.
Quarto: tem de ter metas, prestar contas. Então são esses tipos de conceito que
gostaríamos de ver no setor público. E a ideia da pessoa como cliente é só para
deixar clara uma coisa: o governo funciona com os impostos que nós pagamos,
então nada mais justo que ter as contrapartidas. A ideia é que a pessoa deve
cobrar isso do governo, como cobra de uma empresa que presta um serviço pelo qual
pagou.
ÉPOCA – O Novo tem
posição sobre temas da atual agenda política, como Belo Monte, lei
anti-homofobia, Código Florestal?
Amoedo – Estamos começando a nos posicionar sobre algumas coisas. Mas, como estamos ainda em formação, temos a preocupação de não ter assuntos muito definidos, pois atrapalhariam o objetivo de atrair pessoas. É estranho você pedir participação, mas já ter temas fechados. Mas há alguns princípios básicos. Entendemos que o Estado deve ter uma atuação menor na sociedade. Entendemos também que há outras prioridades, quando falamos em kit homofobia, por exemplo. Existem outras prioridades, como educação, saúde e segurança.
Amoedo – Estamos começando a nos posicionar sobre algumas coisas. Mas, como estamos ainda em formação, temos a preocupação de não ter assuntos muito definidos, pois atrapalhariam o objetivo de atrair pessoas. É estranho você pedir participação, mas já ter temas fechados. Mas há alguns princípios básicos. Entendemos que o Estado deve ter uma atuação menor na sociedade. Entendemos também que há outras prioridades, quando falamos em kit homofobia, por exemplo. Existem outras prioridades, como educação, saúde e segurança.
ÉPOCA – Um kit contra
a homofobia pode estar relacionado com as duas coisas, educação e segurança,
não?
Amoedo – Ah, pode. Mas a dúvida é a seguinte: vale a pena? Admitindo que os recursos são escassos e finitos, vamos gastar dinheiro nisso? Ou melhorar a qualidade das escolas, o sistema de avaliação e a remuneração dos professores?
Amoedo – Ah, pode. Mas a dúvida é a seguinte: vale a pena? Admitindo que os recursos são escassos e finitos, vamos gastar dinheiro nisso? Ou melhorar a qualidade das escolas, o sistema de avaliação e a remuneração dos professores?
ÉPOCA – Para
viabilizar o partido, serão necessárias cerca de 500 mil assinaturas. Em que
estágio vocês estão?
Amoedo – É um processo trabalhoso e burocrático, pois você precisa das assinaturas, nome completo e título de eleitor. E depois precisa validar nos cartórios. Temos hoje fichas de todo tipo, pessoas que assinaram, mas que têm dados incompletos; ficha completa, mas com incompatibilidade de assinatura. De maneira geral, estamos próximos de 200 mil.
Amoedo – É um processo trabalhoso e burocrático, pois você precisa das assinaturas, nome completo e título de eleitor. E depois precisa validar nos cartórios. Temos hoje fichas de todo tipo, pessoas que assinaram, mas que têm dados incompletos; ficha completa, mas com incompatibilidade de assinatura. De maneira geral, estamos próximos de 200 mil.
ÉPOCA – É difícil
convencer as pessoas a assinar pela criação de mais um partido?
Amoedo – De cada 100 pessoas abordadas, 30 assinam. Essa é a média.
Amoedo – De cada 100 pessoas abordadas, 30 assinam. Essa é a média.
ÉPOCA – Quem está
fazendo essa coleta?
Amoedo – Fazemos pela internet. Alguns nos procuram e pedem um lote para distribuir entre amigos e parentes. E contratamos umas três ou quatro empresas que fazem a divulgação e o marketing. São elas que fazem a abordagem em rua.
Amoedo – Fazemos pela internet. Alguns nos procuram e pedem um lote para distribuir entre amigos e parentes. E contratamos umas três ou quatro empresas que fazem a divulgação e o marketing. São elas que fazem a abordagem em rua.
ÉPOCA – Quanto vocês
já investiram na criação desse partido?
Amoedo – Entre divulgação, site e consultoria jurídica, deu quase R$ 1 milhão. Meu e do grupo inicial. Mas vai passar disso.
Amoedo – Entre divulgação, site e consultoria jurídica, deu quase R$ 1 milhão. Meu e do grupo inicial. Mas vai passar disso.
ÉPOCA – Em sua
avaliação, o Novo é um partido de esquerda, de centro ou de direita?
Amoedo – Discutimos muito isso. Essa classificação, que no passado foi mais clara, não ajuda muito hoje. Entre os 27 partidos, é difícil dizer o que é direita, centro ou esquerda. Nossa ideologia é focar na gestão e ter o Estado menor. Eu diria que nos aproximamos mais de um partido de centro, ou centro-direita. (será?)
Amoedo – Discutimos muito isso. Essa classificação, que no passado foi mais clara, não ajuda muito hoje. Entre os 27 partidos, é difícil dizer o que é direita, centro ou esquerda. Nossa ideologia é focar na gestão e ter o Estado menor. Eu diria que nos aproximamos mais de um partido de centro, ou centro-direita. (será?)
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