Ação da Polícia Militar da era Beto Richa é criticada por especialistas e supera truculência do governo Alvaro Dias, há 27 anos
Mais de 200 feridos e uma série de imagens que viajaram pelo mundo. A ação da Polícia Militar contra professores que protestavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), e que terminou em violência, foi recheada de erros, segundo especialistas. Apesar do governador Beto Richa (PSDB) ter defendido a PM, ele parece estar sozinho, sobretudo diante do farto material que circulou nas redes sociais.
“Nunca vi uma coisa dessas. Mais de 200 feridos, é sinal de alguma coisa muito errada. Aquela área é fácil de conter, fazendo dois ou três cordões de isolamento. Não vejo nenhuma explicação para a tropa correr atrás de manifestantes”, disse Ao Brasil Post o ex-secretário Nacional de Segurança Pública e coronel da reserva da PM de São Paulo, José Vicente da Silva Filho.
Richa disse, em entrevista coletiva após o ataque dos PMs contra os professores, que os policiais ‘apenas reagiram’ depois de terem sido agredidos pelo que chamou de ‘black blocs’. Afirmou ter imagens que comprovam a sua versão – embora não as tenha apresentado até o momento – e tratou o protesto como uma ‘instrumentalização política’, da qual o PT estaria por trás – coincidentemente, o governador Geraldo Alckmin, também do PSDB, usou o mesmo expediente para negar a greve de 46 dias dos professores em São Paulo.
“A polícia estava lá por determinação do Poder Judiciário para proteger a sede do Poder Legislativo, uma instituição democrática que não pode ser afrontada no seu direito”, afirmou Richa. Já o coronel da reserva da PM paulista não vê como defender a ação dos colegas paranaenses. O uso de cães e até um helicóptero para atacar os professores, de acordo com José Vicente da Silva Filho, é um erro básico.
“O policial não pode atirar nada de um helicóptero. Pode machucar alguém, você não tem precisão e essa não é a utilidade da aeronave em uma operação como essa. Cães a PM de SP não usa faz muito tempo, é um equívoco usá-los em ações de contenção”, explicou. Outros especialistas vão pela mesma linha. De achrdo com o coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, o comportamento da tropa tem ligação com quem a comanda.
“É reflexo de uma cadeia: um governador que não teve constrangimento em permitir o cerco da Assembleia, um secretário de Segurança conhecido pela truculência”, avaliou, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo. Já o ex-coordenador-geral de Defesa Institucional da Polícia Federal, Daniel Sampaio, viu equívocos já desde a concepção da própria operação. “A primeira diretriz é colocar uma equipe de gerenciamento de negociação muito forte. Por que há confronto? Porque houve uma progressão das atitudes, que é mais fácil de ser contida preliminarmente com diálogo”.
Para o secretário-geral do diretório do Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Eroulths Cortiano Junior, não houve nenhum confronto, conforme tentou argumentar o governo no Estado. "O que vimos foi praticamente um massacre, cenas de abuso da força e um despreparo total para lidar com essa situação".
De acordo com a APP-Sindicato, entidade que representa os professores do Paraná, 14 pessoas foram presas. Nas contas da organização, mais de 400 pessoas ficaram feridas, incluindo crianças.
O ‘novo 30 de agosto’ para os professores
30 de agosto de 1988, o então governador Alvaro Dias – hoje senador do Estado pelo PSDB – ordenou a ação da PM contra uma manifestação de docentes em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense. O ataque da PM ficou notório pela presença da cavalaria da corporação.
A violência policial contra os professores não é uma novidade para a categoria no Paraná. Em
Para o cientista político da Uninter, Luís Domingos Costa, a ação da PM no dia 29 de abril de 2015 superou em muito a repressão registrada no governo de Alvaro Dias. “É a pior repressão já vivida até hoje no Paraná pela sua simbologia, já que foi ataque contra professores”, comentou, também à Gazeta do Povo.
Além da escalada da violência, a diferença entre as duas ações está nos números: se nesta quarta-feira foram mais de 200 feridos, em 1988 foram registrados apenas dez feridos. “Não é só um erro político, que pode levar ao governador perder a sua maioria no parlamento. É um erro institucional. É uma afronta a todos os critérios de democracia, um problema muito mais sério”, concluiu Costa.
Um protesto em favor dos docentes do Paraná está marcado para as 12h desta quinta-feira (30), no Centro Cívico. Até o momento, mais de 21 mil pessoas confirmaram presença na página criada no Facebook.
PMs são presos após se recusarem a participar de cerco a professores no PR
Do Brasil Post | texto de Luciana Sarmento
Ao todo 17 policiais militares foram presos durante a manifestação de professores estaduais do Paraná, nesta quarta-feira (28) após se recusarem a participar do cerco aos docentes. A informação, segundo Broadcast Político, do Estadão Conteúdo, foi confirmada pelo comando da Polícia Militar do Estado.
O Comando da Polícia Militar do Paraná afirma que 17 policiais foram presos por se recusar a participar do cerco aos professores em Curitiba
A violência policial marcou o terceiro dia de protesto dos professores do Paraná, que retomaram greve na segunda-feira (27).
Ao menos 150 pessoas ficaram feridas, algumas delas em estado grave, segundo a prefeitura de Curitiba. Entre os feridos estão o cingrafista Rafael Passos da CATVE, que foi atingido por uma bala de borracha, e um cinegrafista da Band, atacado por cachorros dos policiais.
Cerca de 20 mil manifestantes se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Estado (Alep) nesta quarta-feira (29). O tumulto começou enquanto a reforma da previdência dos funcionários públicos do estado era votada em plenário, e o confronto durou pelo menos 30 minutos ininterruptos. A PM utilizou caminhão com jatos de água, balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio, inclusive lançadas de helicóptero. Ao menos 150 pessoas ficaram feridas.
Após a Justiça recuar na decisão de liberar a entrada dos manifestantes durante a votação, os professores passaram a manhã em manifestação pacífica nas praças do centro Cívico. Os ânimos esquentaram quando a pauta Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a pauta e suas alterações em sessão relâmpago. Segundo a PM, os manifestantes tentaram invadir o plenário.
Já naSão Paulo de Gerald Alckmin:
Nenhum comentário:
Postar um comentário