quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Paulo Guedes, o defensor dos interesses dos bancos e destruidor de direitos dos trabalhadores, foi a desculpa do mercado e da mídia para Bolsonaro. Por Fernando Brito


  "(...) foi o selvagem “liberal”, privatista e insensível socialmente, quem deu à mídia e ao “mercado” a razão para dar apoio a um tosco, despreparado e autoritário, certos de que Guedes seria o capataz plenipotenciário de seus interesses (...)"




PUBLICADO NO TIJOLAÇO
POR FERNANDO BRITO
Os comentários na mídia, dizendo que foi Paulo Guedes quem deu a Jair Bolsonaro a seriedade e os votos de que precisava para se eleger só são verdadeiros se lidos da seguinte forma: foi o selvagem “liberal”, privatista e insensível socialmente, quem deu à mídia e ao “mercado” a razão para dar apoio a um tosco, despreparado e autoritário, certos de que Guedes seria o capataz plenipotenciário de seus interesses, toureando dirigindo de fato a economia.
Sim, isso influi, mas está longe de explicar a eleição do “mito”.
Ela é fruto de dois processos abjetos que vêm de longo tempo: a brutalização da questão da segurança pública e a demonização de políticos e partidos como sendo todos corruptos e que, claro, a corrupção era a fonte de todos os males.
Paulo Guedes, com toda a sua arrogância, revelou-se um inepto para conduzir o arrocho econômico, mesmo diante de um congresso reacionário e inorgânico. Consumiu o ano de 2019 com a reforma da Previdência – de efeito zero no curto prazo – e foi atropelado, neste 2020, por uma recessão pandêmica que, embora não pudesse ser evitada, poderia ter sido mitigada se o país não tivesse sido entregue à confusão e esteja hoje sem perspectivas de melhora.
Pior, não é capaz de apontar mudanças de rumo, diante da tempestade e acabou abalroado por dois lados. Um, pelo desejo, ainda que mal planejado, das pressões por investimentos públicos capitaneada pelos militares e de outro, pelos apetites vorazes dos parlamentares do Centrão, que não darão sustentação a Bolsonaro por razões ideológicas, mas fisiológicas.
A sofisticação do pensamento econômico de Paulo Guedes, a quem caberia a autodefinição feita ontem pelo debandante ex-Secretário de Privatização do Ministério, Salim Mattar – “eu sou um animal de mercado” – não vai além de cortar, vender, destruir. É um predador, não um cultivador.
Resta saber, depois da terra arrasada em que nos encontramos – e boa parte do mundo também – de que tipo de política econômica precisamos.
Até Jair Bolsonaro compreende que a de Guedes não serve e que acabará por destruir politicamente seu governo.
Portanto, as juras do presidente são tão falsas quanto sempre foram.
Guedes virou um fantasma, que segue fazendo “bú”, mas que assusta cada vez menos.

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