quinta-feira, 1 de março de 2018

Operador de propinas do PSDB é acusado por 10 acordos de delação de 4 empreiteiras. Reportagem de Patrícia Faermann



Todos da Odebrecht, da Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão, com unanimidade, sabiam que o ex-diretor da Dersa era o homem de Serra e Aloysio

Do GGN:



Foto: Reprodução
 
Jornal GGN - O ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Paulo Vieira de Souza, conhecido Paulo Preto, o operador de propinas do PSDB, foi acusado não por um, mas por sete delatores de grandes empreiteiras, de ter recebido propina em nome de José Serra, ex-governador de São Paulo, e do então chefe da Casa Civil, o senador tucano Aloysio Nunes. Outros três réus de empreiteiras também o mencionam em tratativas para fechar o acordo de colaboração.
 
Paulo Preto foi nomeado à Diretoria da estatal paulista durante a gestão de Serra e pediu, em nome dos tucanos, a dez empreiteiras responsáveis pelo trecho sul do Rodoanel um 0,75% do valor total acumulado nos contratos para as obras. Em troca, o governo de Serra favoreceu as empreiteiras com a modificação dos contratos.
 
A Odebrecht, por exemplo, teria ganhado entre R$ 60 e 70 milhões com a mudança estabelecida, de acordo com o delator Roberto Cumplido, responsável pelas obras do Rodoanel na Odebrecht. Isso porque a empreiteira, já conhecendo o projeto original, sabia como rentabilizar com menor gasto. A diferença pela boa produtividade ficava retido com os envolvidos no esquema.
 
Paulo Preto se reunia com os representantes das empresas do consórcio e ameaçava, narraram os delatores. Quando solicitava a propina de 0,75%, informava que se a Odebrecht e a Constran não pagassem, a estatal paulista iria simplesmente quebrar a contratação. Também delator da Odebrecht, Benedicto Junior soube que se tratava de ameaça clara e mandou pagar o suborno imediatamente.
 
Na mira de centenas de depoimentos de dez delatores e réus da Operação Lava Jato que negociam o acordo com os investigadores, todos da Odebrecht, da Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão, com unanimidade, sabiam que o ex-diretor da Dersa era o homem de Serra e Aloysio.
 
Por mover negociações de milhões em propinas, o ex-diretor da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos, quis conferir se Paulo Preto era representante dos tucanos. Para isso, o próprio senador e então chefe da Casa Civil do governo paulista, Aloysio Nunes, convidou os empreiteiros para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes. 
 
Foi o então diretor da Dersa que passou o que seria discutido, ponto a ponto, naquela reunião antecipadamente. Chegando ao encontro, Lemos narrou aos investigadores que Aloysio confirmou tudo o que Paulo Preto teria antecipado. Depois daquele episódio, foi sanada a desconfiança de que o executivo poderia estar desembolsando as quantias para si que alegava ser direcionadas às campanhas tucanas.
 
Citaram Paulo Preto os executivos da Odebrecht Benedicto Junior,  Roberto Cumplido, Carlos Armando Paschoal, Luiz Eduardo Soares, Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, além do operador que atuava para a empreiteira Adir Assad, e Flávio Barra da Andrade Gutierrez .
 
Na OAS, o ex-presidente da companhia Léo Pinheiro, além de Carlos Henrique Barbosa Lemos, e Carlos Alberto Mendes dos Santos da Queiroz Galvão também mencionaram o operador tucano em suas negociações para fechar o acordo de delação premiada.
 
Ainda, para confirmar as informações delatadas, mais recentemente, as autoridades suíças enviaram ao Brasil documentos que comprovam a movimentação de R$ 113 milhões de Paulo Preto mantidas em contas ocultas de paraísos fiscais. 
 
A informação já havia sido acessada pelos investigadores brasileiros desde o último ano, mas como estava em sigilo e sem vazamentos, foi tornada pública apenas na última semana, após a divulgação de um despacho da Justiça Federal de São Paulo, datado de outubro de 2017.
 

O caso foi divulgado porque a defesa de Paulo Preto anexou a dita decisão da juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal de Justiça de São Paulo, em investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Até então, o despacho da juíza estava em segredo de Justiça (leia mais aqui).



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