quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Bolsonaro propôs destituir todo o Supremo e militares no governo apoiaram, mostrou a revista Piaui


Monica Gugliano reconstituiu o dia 22 de maio, em que Bolsonaro anunciou: "vou intervir" no STF. Ele só desistiu da ideia depois que o general Heleno afirmou que não era "o momento para isso"

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Jornal GGN A jornalista Monica Gugliano publicou na revista Piauí de agosto uma reportagem que reconstitui uma reunião histórica. No dia 22 de março, “transtornado” com a possibilidade de ter o celular apreendido a mando do Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que iria “intervir” na Corte, destituindo todos os 11 ministro do cargo, e nomeando outros, entre civis e militares de seu agrado, até que “aquilo esteja em ordem”.
Mais: os militares do governo presentes na reunião – Walter Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, Secretaria de Governo – apoiaram a decisão de Bolsonaro. O governo chegou a discutir formas de dar aparência de legalidade ao golpe militar. Só depois da chegada do general Augusto Heleno e outros ministros civis, é que o planejamento da quartelada refluiu. Heleno disse que não era o “momento” certo para o golpe.
Segundo a jornalista, que apurou os bastidores da reunião com quatro palacianos, sendo que dois estavam presentes na reunião do golpe, não ficou claro se, no plano de Bolsonaro, os “ministros destituídos do STF voltariam a seus cargos quando ‘aquilo’ estivesse ’em ordem’.”
A revista também registrou que o Artigo 142 da Constituição, entre outros dispositivos, seria usado para justificar o uso das Forças Armadas.
“A interpretação de que as Forças Armadas têm o papel equivalente ao de um ‘poder moderador’ encontra terreno nos clubes militares e entre oficiais da reserva, mas costuma ser rechaçada pelo alto-comando das armas”, escreveu.
“Com notas ambíguas ou claras, declarações dúbias ou ameaçadoras, o fantasma de uma intervenção militar não se dissipa” no governo Bolsonaro, anotou a jornalista.
“A decisão do presidente de intervir no STF pode ser vista como intempestiva, tomada no calor da hora, mas é relevante que os anais da história registrem que o presidente do Brasil, numa reunião no palácio na manhã de 22 de maio de 2020, decidiu ocupar o Supremo com tropas – e foi persuadido a desistir da quartelada”, finalizou.

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