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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A estratégia eleitoreira dos golpistas de direita

 

Há um cálculo frio por trás das declarações cada vez mais radicalizadas dos políticos da ultradireita. Eles sentem que a fatia eleitoral de seu grupo declina; em meio à queda, cada um se esfalfa para abocanhar a parte que lhe sobra do naco

Por Renato Sérgio de Lima e Marco Antônio Carvalho Teixeira, na Piauí

A revelação feita pelo repórter Marcelo Godoy, do Estadão, de que o coronel da PM Aleksander Lacerda, responsável pelo Comando de Policiamento do Interior da região de Sorocaba, em São Paulo, compartilhava em sua página pessoal no Facebook conteúdos com ataques antidemocráticos contra autoridades e poderes caiu como uma bomba de gás lacrimogêneo para enevoar a cena política que antecede o próximo Sete de Setembro – data vendida pelo discurso ultrarradical e golpista de apoio ao presidente Bolsonaro como uma “nova libertação do país”.

Um grande temor de que um golpe será tentado no dia 7 tomou conta da mídia e ocupou diversos analistas. E não à toa, pois o episódio do coronel Aleksander Lacerda trouxe um elemento até então menos visível, o fato de o coronel estar na ativa e, por norma, não poder fazer manifestações político-partidárias. Até então os porta-vozes da infiltração bolsonarista nas polícias eram da reserva e/ou estavam em cargos políticos.

Levantamento da consultoria Arquimedes feito a pedido da piauí mostra que na segunda, dia 23, dia da reportagem, as convocatórias para o dia 7 dominaram as redes sociais, e o caso do coronel Aleksander foi vastamente utilizado para criticar o governador João Doria e chamar para os atos programados. Nas postagens, os porta-vozes são, como esperado, da reserva, mas tentam inflar o episódio e destacar o fato de um policial da ativa falar abertamente. Ganhou destaque o chamado para as manifestações feito pelo ex-comandante da Rota Ricardo de Mello Araújo, que hoje preside a Ceagesp e, em 2017, ainda na ativa, disse que “abordagens policiais nos Jardins e na periferia têm de ser diferentes”.

Dois outros oficiais da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) também tiveram destaque, sendo o primeiro o coronel Homero Cerqueira, que foi presidente do ICMBio durante a gestão de Ricardo Salles, quando a pasta do Meio Ambiente transferiu cerca de 19 milhões de reais para a PMESP oriundos de pagamentos de multas ambientais. Já o segundo, o deputado federal Coronel Tadeu, eleito por São Paulo pelo PSL em 2018 com 98.373 votos, anunciou a locação de cinquenta ônibus para policiais se deslocarem do estado todo para a Avenida Paulista.

A partir da movimentação deste último, o roteiro do golpe ficou mais explícito, passando pelo assédio e pela cooptação das forças policiais da ativa. Ou seja, radicalizar posições junto a um eleitorado visto como cativo e se tornar visível faz parte não só do processo de ruptura institucional. Caso ela não ocorra, ajuda na estratégia de fazer frente ao fim das coligações partidárias, tema ainda em discussão no Congresso, e tentar se reeleger em 2022. E isso mostra-se ainda mais forte quando constatamos que, ainda segundo a Arquimedes, das dez postagens das redes sociais sobre o Sete de Setembro que mais geraram engajamento, duas delas eram da deputada Carla Zambelli, também eleita por SP pelo PSL, com 76.306 votos, e uma das mais proeminentes representantes do bolsonarismo radical.

Dito de outra forma, 2018 foi um ano eleitoral muito atípico – e nada disso deve se repetir em 2022. Na última eleição presidencial, o antipetismo turbinou o bolsonarismo e criou um resultado artificial para o repaginado PSL, partido que se propôs a abrigar o capitão. Movidos pelo antipetismo, paulistas e paulistanos deram, somados, quase 3 milhões de votos a Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann. No total, somando votos nominais e de legenda, o PSL recebeu 20,90% dos votos válidos para deputado federal, mais que o dobro dos 9,80% destinados ao PT, partido com mais de quarenta anos de existência e tido como o preferido dos brasileiros. Foi essa enxurrada de votos que possibilitou a eleição dos peselistas Coronel Tadeu e Carla Zambelli, entre outros,  já que sozinhos eles não chegariam nem perto do quociente eleitoral, que, em 2018, foi de 301,9 mil votos.

Além disso, o bolsonarismo está em baixa e, ao invés de atrair apoios fáceis como o Bolsodória em 2018, encontra dificuldades em angariar aliados. O PSL, por sua vez, rachou. Hasselmann é considerada estrela dissidente do bolsonarismo e hoje, junto com outra ex-estrela do PSL, Alexandre Frota, cerra as fileiras dos que pedem o impeachment do presidente. Eduardo Bolsonaro, assim como já aconteceu com Carlos Bolsonaro no Rio de Janeiro em 2020, deverá ver sua votação substancialmente diminuída.

Ou seja, a reeleição dos que permanecem fiéis ao bolsonarismo move a radicalização de seus discursos em busca sobretudo do eleitorado mais fiel ao “mito”. O episódio do coronel Aleksander caiu como uma luva para isso, pois envolveu João Doria, um dos principais antagonistas de Jair Bolsonaro, e um oficial da ativa da PMESP de São Paulo, cujo tamanho e história são chaves para a segurança de todo o país. O risco de esses bolsonaristas fiéis não se reelegerem aumenta exponencialmente o risco de erros de avaliação em relação ao que pode ser feito diante do comprometimento das polícias pelo bolsonarismo.

Na segurança pública, o bolsonarismo não é um pensamento único, mas hoje é a forma hegemônica por meio da qual os policiais compreendem o ser e fazer polícia no Brasil contemporâneo. As tentativas de radicalização e assédio protagonizadas por próceres bolsonaristas buscam criar um clima de mobilização e revolta entre os 650 mil policiais da ativa do país. Lembremo-nos de que o bolsonarismo, enquanto ideologia política, tem raízes históricas muito mais profundas do que a atuação direta do presidente Jair Bolsonaro durante os primeiros anos de sua gestão. Ele atualiza narrativas conservadoras e autoritárias que há séculos informam lugares institucionais, culturas organizacionais e representações sociais sobre como o Estado deve lidar com crime, medo e violência.

Assim, vemos que o grupo político de Bolsonaro tem investido ativamente na propagação de suas bandeiras e na formação política ideológica de policiais. Nos dois primeiros anos de mandato, o presidente Jair Bolsonaro já participou de 24 formaturas de militares ou policiais. As participações continuam em 2021 e, em junho, durante uma delas, o então comandante geral da PM do Distrito Federal encerrou a cerimônia oficial com o lema de campanha do presidente.

Olavo de Carvalho, astrólogo que se declara filósofo e é uma das grandes referências ideológicas da extrema direita brasileira, oferece gratuitamente, desde meados de 2019, seu curso online de filosofia para policiais brasileiros. O vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do presidente e responsável pela comunicação de Bolsonaro nas redes sociais, reconheceu no seu perfil do Twitter que a oferta gratuita de cursos é uma “excelente estratégia para que as Forças de Segurança Pública possam se dispor a aprender mais sobre a cultura esquerdista maléfica que nos cerca […]”.

Tudo isso sob o aplauso e apoio de parcelas significativas da população. Pesquisa sobre medo da violência e a propensão a valores autoritários, de 2017, com base em um survey nacional que aplicou a famosa Escala F, de Theodor Adorno, calculou que, em uma escala de 1 a 10, o escore médio de apoio a posições autoritárias no país foi de 8,1. Entre as assertivas que mais se destacaram nesse estudo, a que se mostrou mais significativa foi a dimensão originalmente nomeada por Adorno como submissão à autoridade. Bolsonaro moldou-se perfeitamente ao perfil do imaginário social que vê a necessidade nacional de encontrar um “salvador”, que “coloque ordem na casa” e retome a “autoridade” perdida, segundo os discursos de ultradireita, para a agenda de direitos civis, políticos e sociais da Constituição brasileira.

A agenda de direitos foi e é vendida, portanto, como a responsável pela decadência “moral” e “cívica” da nação, não obstante termos visto que ela ainda é um projeto inconcluso no que diz respeito à segurança pública. Direitos coletivos e humanos têm sido associados a criminosos, enquanto são realçadas bandeiras como a defesa irrestrita da ampliação do porte e da posse e a revogação de qualquer política de controle e rastreabilidade de armas de fogo.

Há um reforço em temas morais e de costumes e, na medida em que a garantia da ordem social democrática inaugurada pela Constituição de 1988 é feita pelo Congresso Nacional e pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por exemplo, o discurso bolsonarista busca desconstruir a legitimidade de tais poderes da República. Ataques contra integrantes desses poderes passam a ser parte do jogo político. A gravidade do problema aumenta exponencialmente quando esse projeto político e ideológico consegue mobilizar parcelas significativas dos policiais brasileiros a ponto de estes publicarem manifestações antidemocráticas aceitando que instituições da República sejam fechadas e que o presidente Jair Bolsonaro intervenha para romper com a ordem constitucional democrática do Brasil.

Isso é o que revela estudo do FBSP do ano passado, que mostra que o alinhamento ao discurso do bolsonarismo antidemocrático e radicalizado representa ao menos 12% de policiais militares, 7% de policiais civis e 2% de policiais federais que possuem contas nas redes sociais e interagem publicamente em grupos e páginas do Facebook. Se extrapolarmos a amostra do estudo, tais percentuais representam um grupo de aproximadamente 120 mil policiais convertidos para discursos golpistas e autoritários, que aceitariam rupturas institucionais sem maiores constrangimentos éticos ou morais. Tais percentuais não se resumem apenas aos apoiadores de Jair Bolsonaro. Revelam as visões de mundo que regem as representações sociais do conjunto dos policiais acerca de ordem social e pública. Nas redes sociais, apenas 68% dos policiais que criticaram o Congresso e o STF apresentaram interações diretas em ambientes ligados ao bolsonarismo radical. Ou seja, a força do discurso hiperconservador de Bolsonaro nas polícias é bem maior do que o engajamento em si dos policiais a um projeto político específico. Corroborando os números captados nas redes sociais, o instituto de pesquisa de opinião Atlas (2021) aplicou um survey especificamente junto a policiais e apurou que 21% deles (o equivalente a cerca de 140 mil policiais) são a favor da instalação de uma ditadura militar no Brasil.

Mas não é preciso uma ruptura radical para subverter o ordenamento democrático e colocar em risco a capacidade de o estado de direito lidar com suas forças de segurança. No plano do burocrata do nível da rua, a contaminação das tropas é algo já bastante visível, revelada pela quantidade cada vez maior de casos de policiais militares acusados de agir de forma político-partidária contra opositores do governo. Entre janeiro de 2020 e agosto de 2021, foram registrados ao menos dezessete casos de policiais militares atuando para reprimir ou prender adversários de Jair Bolsonaro, segundo levantamento do Estadão e do FBSP. Antes desses episódios, um primeiro caso ocorreu logo no início da gestão do atual presidente, quando a Polícia Militar do Estado de Minas Gerais proibiu um tradicional bloco de Carnaval da cidade de Belo Horizonte de desfilar fazendo críticas a Bolsonaro.

Seja como for, duas pesquisas, com metodologias diferentes (survey e tracking de redes sociais) e feitas por instituições diferentes, estimaram que entre 120 mil e 140 mil policiais aderiram ao discurso bolsonarista mais radical que defende medidas antidemocráticas e fechamento das instituições. Em termos comparativos, esses números representam cerca de 20% das forças policiais brasileiras. Bolsonaro reforçou, ao que tudo indica, uma tendência de conservadorismo dos policiais brasileiros que, associada ao quadro de disjunção política e organizacional da segurança pública do país, acende alertas importantes acerca da capacidade de contenção e/ou mitigação dos riscos de ruptura institucional.

A questão, portanto, não é apenas de convergência ideológica dos policiais. Bolsonaro se fortalece no amálgama de condições políticas, ideológicas, jurídicas e institucionais que dão forma ao modelo de ordem social e pública violento e desigual aceito e “naturalizado” pela maioria dos policiais brasileiros. Ao fazer isso, ele estimula que policiais não aceitem questionamentos ao seu projeto político e reprimam manifestações e movimentos sociais de oposição. A oposição passa a ser sinônimo de antipatriotismo, de “mal” e de desordem. Com o enfraquecimento de lideranças policiais tradicionais, que até o início da gestão de Jair Bolsonaro eram capazes de representar os anseios de suas categorias profissionais, os policiais assumem o culto da personalidade e da figura do “mito”, cuidadosamente construída pelos responsáveis pela comunicação do atual mandatário do Brasil. A nosso ver, esse é o principal risco da radicalização policial, o de confundir um líder populista com a própria noção de Estado, de Pátria e de Nação.

Polícias são instituições de Estado. Elas são o braço armado do Estado em tempos de paz e, se não reguladas, viram-se contra, até mesmo, os seus integrantes que destoam do pensamento hegemônico. A população está submetida à incerteza. Diante de tal quadro, o caso do coronel Aleksander serve para mostrar que, mesmo potencializados por políticos bolsonaristas, muitos deles oriundos das polícias, há problemas sérios que exigem a mobilização de governadores, Ministérios Públicos e Judiciário para que possamos interromper as rupturas democráticas já em curso. No planejamento de poder bolsonarista, o Sete de Setembro é só mais um passo para naturalizar a ideia de golpe e de ruptura. Por ele, as polícias são peça-chave mesmo que, ao fim e ao cabo, sejam esses mesmos policiais que, por serem da ativa, poderão ser processados e presos por motim ou revolta caso embarquem no canto da sereia da nau do capitão.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Bolsonaro propôs destituir todo o Supremo e militares no governo apoiaram, mostrou a revista Piaui


Monica Gugliano reconstituiu o dia 22 de maio, em que Bolsonaro anunciou: "vou intervir" no STF. Ele só desistiu da ideia depois que o general Heleno afirmou que não era "o momento para isso"

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Jornal GGN A jornalista Monica Gugliano publicou na revista Piauí de agosto uma reportagem que reconstitui uma reunião histórica. No dia 22 de março, “transtornado” com a possibilidade de ter o celular apreendido a mando do Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que iria “intervir” na Corte, destituindo todos os 11 ministro do cargo, e nomeando outros, entre civis e militares de seu agrado, até que “aquilo esteja em ordem”.
Mais: os militares do governo presentes na reunião – Walter Braga Netto, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, Secretaria de Governo – apoiaram a decisão de Bolsonaro. O governo chegou a discutir formas de dar aparência de legalidade ao golpe militar. Só depois da chegada do general Augusto Heleno e outros ministros civis, é que o planejamento da quartelada refluiu. Heleno disse que não era o “momento” certo para o golpe.
Segundo a jornalista, que apurou os bastidores da reunião com quatro palacianos, sendo que dois estavam presentes na reunião do golpe, não ficou claro se, no plano de Bolsonaro, os “ministros destituídos do STF voltariam a seus cargos quando ‘aquilo’ estivesse ’em ordem’.”
A revista também registrou que o Artigo 142 da Constituição, entre outros dispositivos, seria usado para justificar o uso das Forças Armadas.
“A interpretação de que as Forças Armadas têm o papel equivalente ao de um ‘poder moderador’ encontra terreno nos clubes militares e entre oficiais da reserva, mas costuma ser rechaçada pelo alto-comando das armas”, escreveu.
“Com notas ambíguas ou claras, declarações dúbias ou ameaçadoras, o fantasma de uma intervenção militar não se dissipa” no governo Bolsonaro, anotou a jornalista.
“A decisão do presidente de intervir no STF pode ser vista como intempestiva, tomada no calor da hora, mas é relevante que os anais da história registrem que o presidente do Brasil, numa reunião no palácio na manhã de 22 de maio de 2020, decidiu ocupar o Supremo com tropas – e foi persuadido a desistir da quartelada”, finalizou.

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sábado, 13 de junho de 2020

Da Agência Internacional Reuters: Nota de Bolsonaro, Mourão e ministro da Defesa deixa claro que militares do Planalto são truculentos de extrema-direita, se julgam acima das leis não pretendem devolver o poder à Nação


“As FFAA do Brasil não cumprem ordens absurdas", diz a nota assinada por Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão e Fernando Azevedo, indicando que os militares se veem acima dos poderes constitucionais e do TSE

Bolsonaro e Mourão participam de cerimônia em Brasília 28/03/2019
Bolsonaro e Mourão participam de cerimônia em Brasília 28/03/2019 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)


(Da Agência Reuters, republicado pela 247) - Pouco depois de o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal considerar que o presidente da República tem poder limitado como chefe das Forças Armadas ao conceder uma liminar, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os militares não cumprem ordens absurdas nem aceitam tentativas de tomada de poder por outro Poder da República por meio de julgamentos políticos.
“Lembro à nação brasileira que as Forças Armadas estão sob a autoridade suprema do presidente da República, de acordo com o Art. 142/CF”, diz Bolsonaro em nota conjunta com o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.
“As mesmas destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, continua a nota.
“As FFAA do Brasil não cumprem ordens absurdas, como p. ex. a tomada de poder. Também não aceitam tentativas de tomada de poder por outro Poder da República, ao arrepio das leis, ou por conta de julgamentos políticos”, acrescentam os signatários.
A declaração ocorre não só após a decisão de Fux como em meio ao julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das primeiras duas ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão, vitoriosa nas eleições de 2018, ao inquérito no Supremo que investiga a possível interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e também a especulações sobre um eventual processo de impeachment, sempre tratado como um julgamento político-jurídico, contra o presidente.
Ao acatar parcialmente uma liminar em ação movida pelo PDT para definir o emprego da instituição do ponto de vista legal, Fux considerou que o presidente da República tem “poder limitado” como chefe das Forças Armadas e destacou que elas não têm competência para ser um “poder moderador”.
“Com efeito, a chefia das Forças Armadas assegurada ao presidente da República consiste em poder limitado, do qual se deve desde logo excluir qualquer interpretação que permita indevidas intromissões no regular e independente funcionamento dos outros Poderes e instituições, bem como qualquer tese de submissão desses outros Poderes ao Executivo”, disse Fux.
Bolsonaro já criticou o inquérito que investiga a possível interferência dele na PF, assim como o chamado inquérito das fake news, que atingiu aliados seus. Na véspera, o presidente disse que as ações que começaram a ser julgadas no TSE na terça-feira deveriam ser arquivadas e deixam claro o intuito da tentativa de “querer decidir no tapetão”.
Nesta sexta, em entrevista online com a imprensa estrangeira, o presidente do TSE, Roberto Barroso, que também é ministro do STF, disse que a corte não é um ator político e que a chapa vencedora da eleição presidencial em 2018 será julgada com base em uma análise imparcial das provas, mas ressaltou que o tribunal tem competência prevista na Constituição e na legislação para cassar os mandatos se for o caso.
Participe da campanha de assinaturas solidárias do Brasil 247. Saiba mais.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Do Justificando: A Cadela do Fascismo está sempre no Cio. Artigo Luiz Eduardo Cani, especialista em Direito Penal e Criminologia pelo Instituto de Criminologia e Política Criminal (2015), mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado (2019) e doutorando em Ciências Criminais na Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2019-2022), bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Advogado e Professor



Neste segundo semestre de 2019 diversos movimentos foram desencadeados na América Latina[1], conflagrando alguns dos golpes contingentes que se ocultavam nas sombras da história, das instituições e da organização do tecido social latino-americano.


Do Justificando:


A cadela do fascismo está sempre no cio

Segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A cadela do fascismo está sempre no cio



Por Luiz Eduardo Cani

Neste segundo semestre de 2019 diversos movimentos foram desencadeados na América Latina[1], conflagrando alguns dos golpes contingentes que se ocultavam nas sombras da história, das instituições e da organização do tecido social latino-americano.


A situação estava gestada há aproximadamente uma década. O caldeirão foi colocado no fogo para cozinhar em fogo baixo desde o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos da América, mas o buraco é mais embaixo. A bolha imobiliária é também um efeito da política econômica neoliberal[2].

A bolha imobiliária foi produzida pelas instituições financeiras ao fomentar a aquisição de títulos “podres”, dentre os quais os títulos de crédito imobiliário. O dinheiro emprestado para a aquisição de imóveis foi captado por meio da venda de títulos que seriam “garantidos” com o direito real de hipoteca sobre os imóveis adquiridos com financiamento[3]. Em determinado momento, o acesso ao crédito se tornou tão amplo e exigiu tão poucos critérios para a concessão de financiamento que quase qualquer pessoa podia adquirir um imóvel. O estouro da bolha foi efeito do não pagamento dos empréstimos. Os proprietários dos títulos desprovidos de garantia de retorno do investimento custearam o estouro da bolha. Dentre os clientes estavam os fundos de previdência que dependiam do retorno dos valores para continuar a remunerar as pessoas que optavam por planos privados de previdência a título de “aposentadoria”. Esse estouro ecoou no sistema capitalista global em razão da falta de dinheiro em circulação e passou a ser sentido com maior intensidade no Brasil a partir de 2009. De lá para cá praticamente quase todas as questões políticas giram em torno da estabilização dos efeitos do estouro da bolha imobiliária que, por sua vez, não é mais que um dos efeitos do neoliberalismo.

Vem à mente, de imediato, a constatação de que estaríamos em crise. A constatação é acertada, contudo os motivos podem permanecer opacos. Uma crise não é mais que o fruto de uma articulação política para conflagrar uma situação possível (contingência) a fim de elevar os lucros dos donos do mundo (o 1% da população que detém aproximadamente 50% da riqueza global). As táticas e estratégias utilizadas nesse sentido são, na verdade, bastante simples. Quem tem muito dinheiro pode consumir muito, ou pouco. Se os detentores de 50% da riqueza global consumirem pouco, teremos um valor insignificante de riqueza circulando, de modo que um “desaquecimento da economia” desponta necessariamente como reflexo. Daí o acerto de Giorgio Agamben ao afirmar que a crise é o modo normal de funcionamento do capitalismo que nos é imposto por meio da fabricação de comandos de obediência:

Crise’ e ‘economia’ atualmente não são usadas como conceitos, mas como palavras de ordem, que servem para impor e para fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo algum para aceitar. ‘Crise’ hoje em dia significa simplesmente ‘você deve obedecer!’. Creio que seja evidente para todos que a chamada ‘crise’ já dura decênios e nada mais é senão o modo normal como funciona o capitalismo em nosso tempo. E se trata de um funcionamento que nada tem de racional.[4]

Esse caldeirão, atualmente em plena ebulição, constituído a partir de ardilosas estratégias político-morais[5], começa a transbordar, e tende a piorar:

(a) No dia 7 de novembro de 2019 o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Constituição é constitucional (art. 5º, LVII e LXI, da Constituição é equivalente ao art. 283 do Código de Processo Penal).

(b) Contudo, os votos dos ministros deram espaço para a discussão sobre a alteração do texto constitucional, bem como do Código de Processo Penal para admitir a execução penal provisória após condenação em segunda instância, ao arrepio da legalidade. Além do projeto de lei anticrime, iniciaram reações a fim de propor uma Emenda à Constituição para restringir a presunção de inocência. Uma fraude[6], contingente de mais uma tentativa de golpe de estado[7]…

(c) No dia 8 de novembro de 2019 o ex-presidente Lula foi solto[8].

(d) No dia seguinte, o presidente se reuniu com a alta cúpula militar[9] para tratar do “risco Lula”[10].

(e) Dia 11 de novembro de 2019 os militares bolivianos exigiram a “renúncia” do presidente Evo Morales que, a fim de evitar confrontos violentos, “renunciou”. Em bom português: Evo foi deposto pelos militares em um golpe de estado[11]. Dois dias após Lula ser solto…

(f) Em 9 de novembro de 2019 Noam Chomsky e Vijay Prashad denunciaram que a oligarquia boliviana, apoiada pelos Estados Unidos da América, planejava um golpe de estado ou o extermínio de Evo Morales[12].

(g) No Chile os manifestantes estão a ser repelidos pela polícia com disparos nos olhos. Até 8 de novembro de 2019 havia pelo menos 151 pessoas com trauma ocular severo.[13]
Enfim, esse é o cenário gestado, ao que tudo indica como uma retomada da Operação Condor[14], talvez a versão 2.0. A finalidade é a de sempre: elevar os lucros da nobreza mundial. Nesse sentido, é imprescindível recordar as palavras ditas por Friedrich August von Hayek (1899-1992) em entrevista dada ao Jornal El Mercurio, em 1981 acerca da relação entre neoliberalismo e ditadura:

“Bem, eu diria que, como instituições de longo prazo, eu sou totalmente contra ditaduras. Mas uma ditadura pode ser um sistema necessário para um período transicional. Às vezes é necessário para um país ter, temporariamente, alguma forma ou outra de poder ditatorial. Como você entenderá, é possível para um ditador governar de modo liberal. E também é possível para uma democracia governar com total falta de liberalismo. Pessoalmente eu prefiro um ditador liberal a um governo democrático sem liberalismo. Minha impressão pessoal – e isso é válido para a América do Sul – é que no Chile, por exemplo, nós testemunharemos a transição de um governo ditatorial para um governo liberal. E durante essa transição pode ser necessário manter certos poderes ditatoriais, não como algo permanente, mas como um arranjo temporário” [tradução livre e sem grifos no original].[15]

Em relação ao Brasil as perspectivas não são animadoras. O cenário não é tão melhor:

(a) Temos quase 50% da população sobrevivendo com renda de até R$ 413,00 mensais[16].

(b) O ministro da economia sugeriu que as pessoas são pobres porque não investem o dinheiro que recebem (obviamente, R$ 413,00 mensais são insuficientes até mesmo para sobreviver, conseguiriam investir o quê?).[17]

(c) Um filho do presidente que declarou que bastam um soldado e um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal.[18]

(d) O mesmo filho do presidente disse querer reeditar o AI-5.[19]

(e) Manifestantes atiram pedras em fotos de ministros do Supremo.[20]

(f) Alguns meses atrás, manifestantes tentaram invadir o Supremo.[21]

A tentativa de fechamento do Supremo pode ocorrer em breve. Que não seja por falta de aviso!

Para piorar, há quem diga que o Supremo agiu em estado de exceção ao cumprir o texto constitucional e vedar a execução penal antecipada. Giorgio Agamben explicou, há aproximadamente 15 anos, que estado de exceção[22] é: suspensão de normas (fruto da interpretação das leis, desde que formal e materialmente constitucionais) a pretexto de garantir a integridade do ordenamento jurídico. O discurso de justificação é simples: existe um risco, temos a necessidade de combatê-lo. Para suprir a necessidade, deixamos de aplicar (ou, melhor, aplicar por desaplicação, para usar a expressão de Agamben) uma norma. O risco pode ser sorteado. Serve qualquer risco. Vemos isso cotidianamente.

Parafraseando Bertold Brecht – “A cadela do fascismo está sempre no cio”.

Luiz Eduardo Cani é Graduado em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2013), especialista em Direito Penal e Criminologia pelo Instituto de Criminologia e Política Criminal (2015), mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado (2019) e doutorando em Ciências Criminais na Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2019-2022), bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Advogado e Professor
Notas:
[1] Mas a situação não é uma peculiaridade latino-americana: “O diabo mudou de cores várias vezes. Foi negro durante o período da escravidão no Brasil colônia, depois ficou vermelho em razão da ascensão do comunismo soviético, e, atualmente, anda descolorido, pois supostamente neutro. Para alguns, assume a forma e o linguajar de um ministro do STF. Para outros, a forma e o comportamento de Capitão. E, para não poucos, a forma de sindicalista. As ideologias são perversas, pois induzem constantemente os seres humanos ao erro. Supostamente são majoritariamente de esquerda. Incêndios brotam da terra e devoram as florestas. O petróleo aparece do nada, navega ao balanço do mar e descansa na areia da praia. A calmaria econômica e social chilena entrou em colapso. Na Argentina o kirchnerismo voltou. Na Bolívia a eleição não se confirma. No Equador as ruas andam tumultuadas. Na Venezuela Maduro não cai, contrariando uma das leis da natureza: fruta madura tende a cair do pé. Na Inglaterra o penteado de Boris Johnson não é suficiente para decidir o que fazer com o Brexit. Nos EUA o topete de Trump está sendo alvo de impeachment. No Vaticano Francisco debate a Amazônia. A mentira se apresenta cotidianamente e enche de vergonha a verdade, que anda sumida. No Brasil… Ah! No Brasil, todos os dias tem-se uma surpresa. O mundo está bagunçado. Alguma coisa deu errado com a obra da criação. Deus fugiu? Não! Ele está morto, afirma Nietzsche. Quem está morto é Nietzsche, acaba de afirmar Deus. Ninguém mais se entende. Balbúrdia!(?)”. In: BAZZANELLA, Sandro Luiz; CANI, Luiz Eduardo. Depois da expulsão de Adão do paraíso…. Empório do Direito, Florianópolis, 02 nov. 2019. Disponível em: <https://emporiododireito.com.br/leitura/depois-da-expulsao-de-adao-do-paraiso>.
[2] Neoliberalismo é uma razão governamental que produz um tipo de liberdade, por meio da circunscrição legal das possibilidades da vida, a fim de fomentar o incremento dos lucros do 1%, mas a pretexto de produzir as condições necessárias à concorrência. O resultado é um modelo econômico em que as grandes empresas absorvem as pequenas e médias empresas, os postos de trabalho formal são extintos para que supostas oportunidades de empreendedorismo surjam, a população em geral é obrigada a trabalhar sem direitos e com baixos salários. Realmente há concorrência, mas entre os trabalhadores, não entre os grandes empresários que não precisam de grandes esforços para aniquilar a pequena e média concorrência. Sobre o neoliberalismo: DARDOT, Pierre; LAVAL, Christhian. A Nova Razão do Mundo: Ensaio Sobre a Sociedade Neoliberal. Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016; FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. Curso dado no Collège de France (1978-1979). Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008; LAZZARATO, Maurizio. O Governo das desigualdades: crítica da insegurança neoliberal. Trad. Renato Abramowicz Santos. São Carlos: EdUFSCar, 2011; LAZZARATO, Maurizio. O governo do homem endividado. Trad. Daniel P. P. da Costa. 1. ed. São Paulo: N-1 Edições, 2017.
[3] Seria uma pena se, em tempos em que todos vendem, o preço reduz. A tal “lei da oferta e demanda” foi brutal: poucos imóveis foram vendidos, muitos foram apenas fechados. Quem tinha dinheiro não tinha interesse na aquisição, quem tinha interesse não tinha dinheiro.
[4] “Deus não morreu. Ele tornou-se Dinheiro”. Entrevista com Giorgio Agamben. Trad. Selvino José Assmann. Blog da Boitempo, São Paulo, 31 ago. 2012. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br/2012/08/31/deus-nao-morreu-ele-tornou-se-dinheiro-entrevista-com-giorgio-agamben/>.
[5] Para que fique claro que economia não é ciência, muito menos exata, senão uma moralização das relações sociais decorrente do pensamento de pessoas sem apreço pelo humanismo, que reduzem vidas humanas a números para melhor “gerir” o “capital humano” no contexto biopolítico e neoliberal: “O imperativo do tempo em curso apresenta-se na forma da produção e do consumo diuturno. Ele é a garantia da liberdade dos indivíduos. Impera a ilusória máxima de que todos devem ser livres, como se o padrão de liberdade ao qual se está acostumado não fosse produzido no contexto da moralidade econômica neoliberal”. In: BAZZANELLA, Sandro Luiz; CANI, Luiz Eduardo. Depois da expulsão de Adão do paraíso…
[6] O art. 60, § 4º, IV, da Constituição proíbe a abolição de direitos e garantias individuais, enquanto o art. 5º, LVII e LXI, da Constituição asseguram que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, admitidas as prisões em flagrante e preventiva, bem como prisões administrativo-militares. Daí porque a presunção de inocência não pode ser alterada para restringir o âmbito de proteção aos imputados. Nesse sentido: STRECK, Lenio Luiz; CATTONI, Marcelo. PECs contra a presunção da inocência são fraude à Constituição.Consultor Jurídico, São Paulo, 11 nov. 2019. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-nov-11/streck-cattoni-pecs-presuncao-inocencia-sao-fraude-constituicao>
[7] Para compreender a distinção entre revolução, revolta e golpe de estado: “A Revolução é a tentativa, acompanhada do uso da violência, de derrubar as autoridades políticas existentes e de as substituir, a fim de efetuar profundas mudanças nas relações políticas, no ordenamento jurídico-constitucional e na esfera socioeconômica. […] A Revolução se distingue do golpe de Estado, porque este se configura apenas como uma tentativa de substituição das autoridades políticas existentes dentro do quadro institucional, sem nada ou quase nada mudar os mecanismos políticos e socioeconômicos. Além disso, enquanto a rebelião ou revolta é essencialmente um movimento popular, o golpe de Estado é tipicamente levado a efeito por escasso número de homens já pertencentes à elite, sendo, por conseguinte, de caráter essencialmente cimeiro. A tomada do poder pelos revolucionários pode, de resto, acontecer mediante um golpe de Estado (assim se pode considerar a tomada do poder formal pelos bolcheviques, em 25 de outubro de 1917), mas a Revolução só se completa com a introdução de profundas mudanças nos sistemas político, social e econômico”. In: PASQUINO, Gianfranco. Revolução. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 11. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998. p. 1121.
[8] Ex-presidente Lula é solto após 580 dias preso na Polícia Federal em Curitiba. Folha, São Paulo, 8 nov. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/11/ex-presidente-lula-e-solto-apos-580-dias-preso-na-policia-federal-em-curitiba.shtml>.
[9] Bolsonaro se reúne com a alta cúpula militar no Palácio da Alvorada. Correio Brasiliense, Brasília, 9 nov. 2019. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2019/11/09/interna_politica,805151/bolsonaro-se-reune-com-a-alta-cupula-militar-no-palacio-da-alvorada.shtml>.
[10] Bolsonaro se reúne com militares para tratar de risco Lula. O Antagonista, 9 nov. 2019. Disponível em: <https://www.oantagonista.com/brasil/bolsonaro-se-reune-com-militares-para-tratar-de-risco-lula/>.
[11] Golpe derruba Evo Morales na Bolívia. Revista Fórum, Porto Alegre, 10 nov. 2019. Disponível em: <https://revistaforum.com.br/global/urgente-golpe-derruba-evo-morales/>.
[12] We Stand Against the Coup in Bolivia (statement from Noam Chomsky and Vijay Prashad).Peoples Dispatch, 9 nov. 2019. Disponível em: <https://peoplesdispatch.org/2019/11/09/we-stand-against-the-coup-in-bolivia-statement-from-noam-chomsky-and-vijay-prashad/>.
[13] “It’s Mutilation”: el crudo relato del New York Times sobre el explosivo aumento de traumas oculares por por disparos de Carabineros. El Mostrador, 10 nov. 2019. Disponível em: <https://www.elmostrador.cl/noticias/multimedia/2019/11/10/its-mutilation-el-crudo-relato-del-new-york-times-sobre-el-explosivo-aumento-de-traumas-oculares-por-por-disparos-de-carabineros/>.
[14] A regra de sangue da Operação Condor, a aliança mortífera das ditaduras do Cone Sul. El País Brasil, São Paulo, 30 mar. 2019. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/29/politica/1553895462_193096.html>.
[15]Extracts from an Interview with Friedrich von Hayek (El Mercurio, Chile, 1981). Punto de Vista Económico, 21 dez. 2016. Disponível em: <https://puntodevistaeconomico.com/2016/12/21/extracts-from-an-interview-with-friedrich-von-hayek-el-mercurio-chile-1981/>.
[16] Viver com 413 reais ao mês, a realidade de metade do Brasil. El País Brasil, São Paulo, 4 nov. 2019. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/30/economia/1572454880_959970.html>.
[17] “Rico capitaliza recursos, pobre consome tudo”, diz Guedes. Congresso em Foco, 3 nov. 2019. Disponível em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/economia/paulo-guedes-critica-servidor-publico-e-detalha-pacote-pos-reforma-da-previdencia/>.
[18] Bastam um soldado e um cabo para fechar STF, disse filho de Bolsonaro em vídeo. Folha, São Paulo, 21 out. 2018. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/basta-um-soldado-e-um-cabo-para-fechar-stf-disse-filho-de-bolsonaro-em-video.shtml>.
[19] Declaração de Eduardo Bolsonaro sobre o AI-5 repercute na imprensa internacional. G1, São Paulo, 1 nov. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/11/01/declaracao-de-eduardo-bolsonaro-sobre-o-ai-5-repercute-na-imprensa-internacional.ghtml>.
[20] Lavajatistas atiram “pedras” nos ministros do STF. Blog do Esmael, 10 nov. 2019. Disponível em: <https://www.esmaelmorais.com.br/2019/11/lavajatistas-atiram-pedras-nos-ministros-do-stf-assista/>.
[21] Manifestantes tentam invadir STF, policial é ferido e gás lacrimogêneo circula no tribunal.Estadão, 25 set. 2019. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/manifestantes-tentam-invadir-stf-policial-e-ferido-e-gas-lacrimogeneo-circula-no-tribunal/>.
[22] A obra de Agamben é vasta e o projeto homo sacer é formado por nove livros. Em maior ou menor medida, o tema do estado de exceção é referido em todos os livros, mas há um volume especificamente dedicado ao tema: AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.