terça-feira, 14 de julho de 2015

Um colunista golpista da Veja em dia de fúria contra o Papa Francisco e uma imprensa tendenciosa que começa a criticá-lo


 A "sumidade" Reinaldo Azevedo, aquele que disputa com Olavo de Carvalho o titulo de maior incentivador de coxinhas, está furioso com o Papa Francisco. Este, além de receber os movimentos sociais no Vaticano, de intermediar o reatamento diplomático entre EUA e Cuba e de dar uma chacoalhada na decadente hierarquia católica, o pontífice argentino ainda resolveu criticar a libertinagem da mídia

Texto de Altamiro Borges, extraído do Pragmatismo Político seguido de um artigo de Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, sobre como a grande mídia reacionária começa a criticar o Papa pelo posicionamento deste em favor dos excluídos:


Um colunista da Veja em dia de fúria contra o Papa Francisco



papa francisco reinaldo azevedo
Papa Francisco e Reinaldo Azevedo (Pragmatismo Político)

Reinaldo Azevedo – também apelidado de “pitbull da Veja” e de “rottweiler da Folha” numa baita injustiça contra os cãezinhos – está irritado com o Papa Francisco. Além de receber os movimentos sociais no Vaticano, de intermediar o reatamento diplomático entre EUA e Cuba e de dar uma chacoalhada na decadente hierarquia católica, o pontífice argentino ainda resolveu criticar a libertinagem da mídia. “Há limites para a liberdade de expressão”,afirmou o religioso na sua visita às Filipinas. Esta declaração, na contracorrente da comoção criada pelo atentado ao jornal “Charlie Hebdo”, deixou o jornalista histérico. Em artigo publicado nesta sexta-feira (16), na Folha, ele rosnou: “Francisco, por que não te calas?”.
Para o “libertário” Reinaldo Azevedo – que até hoje não prestou solidariedade aos seus colegas demitidos na Veja e na Folha –, as opiniões do Papa sobre o atentado na França “são covardes, imprecisas e politiqueiras”. Ele até admite que rejeita a linha satírica do jornal francês. “Não gosto do ‘Charlie Hebdo’. Não vejo graça numa charge em que Hitler aparece saltitante, dando um alô pra ‘judeuzada’. Ou em que o papa Bento 16 troca carícias com um soldado da Guarda Suíça. Ou em que um árabe lambe o traseiro de um judeu”. Mas garante que, mesmo assim, defende a total liberdade de expressão. A mídia monopolista, que apoiou ditaduras sanguinárias e guerras imperialistas, também jura defender esta tal liberdade.
Contraditoriamente, porém, o colunista dá apoio à polícia francesa, que deteve na quarta-feira (14) “um delinquente disfarçado de humorista chamado Dieudonné. Seu lugar é a cadeia. E não porque recite discursos de um antissemitismo tarado, mas porque faz a apologia da violência”. O mundo é realmente contraditório e não cabe na visão doentia dos maniqueístas. Isto talvez explique o ódio de Reinaldo Azevedo. Para ele, “Francisco tem cabeça e postura de cura de aldeia, não de papa. Suas entrevistas ambíguas são detestáveis. Suas opiniões sobre o atentado e a liberdade de expressão são covardes, imprecisas e politiqueiras… Ainda bem que nenhum católico vai tentar me dar mil chicotadas por isso”.
Em artigo recente, o teólogo Leonardo Boff alertou que está em curso uma campanha internacional de difamação do Papa Francisco. Ela partiria de setores descontentes do próprio Vaticano e contaria com o apoio de jornalistas da mídia conservadora. O objetivo seria conter as mudanças promovidas pelo líder religioso, que visam arejar a decadente hierarquia católica no mundo. Pelo jeito, Reinaldo Azevedo decidiu reforçar o coro dos detratores do Papa. Em certa oportunidade, o próprio Leonardo Boff apelidou o serviçal da Veja e da Folha de “rola-bosta” – aquele besouro que enterra o esterco. Será que algum dia o “pitbull” será exorcizado?

Demorou para Francisco ser atacado pela imprensa

Texto de Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo

Francisco está certo e eles errados
Francisco está certo e eles errados
Finalmente a mídia começou a criticar o Papa Francisco.
Demorou, visto que o papa representa o exato oposto daquilo pelo que se batem os donos das grandes empresas jornalísticas.
Desde o primeiro momento de seu pontificato, Francisco tomou o partido dos pobres. Em quase todos os seus pronunciamentos, ele investe contra a desigualdade social.
Francisco captou magistralmente o Zeitgeist, o espírito do tempo. Com sua pregação vigorosa e ainda assim bem humorada pela igualdade ele retirou o Vaticano das sombras da irrelevância em que sucessivos papas inoperantes o atiraram.
O motivo encontrado pela mídia para atacá-lo foram suas declarações sobre os limites da liberdade de expressão, no rastro do caso do jornal Charlie Hebdo.
Evidentemente, Francisco está certo e seus críticos errados.
A liberdade de expressão tem limites. Isso não significa aprovar o massacre dos cartunistas, como aliás fez questão de dizer Francisco.
Mas que há limites, isso é inegável.
Há cem anos, aproximadamente, o juiz americano Oliver Wendell Holmes, da Suprema Corte, colocou isso brilhantemente.
Você não pode gritar fogo num auditório cheio e depois alegar liberdade de expressão, escreveu Holmes. (Outra frase de Holmes que colide com nossos barões da sonegação: “Imposto é o preço que pagamos por uma sociedade civilizada.”)
Hoje, na maior parte dos países ocidentais desenvolvidos, você pode ser enquadrado como defensor do terrorismo caso diga ou escreva certas coisas.
Indo para o mundinho cotidiano das redações das companhias jornalísticas brasileiras, a liberdade de expressão de cada jornalista significa a concordância com a essência das ideias dos donos.
É uma regra não escrita, e não admitida pelos colunistas, mas é perfeitamente entendida, respeitada, acatada e seguida.
É o chamado colunismo patronal, ou chapa branca, ou pelego. Ironicamente, os colunistas patronais são aqueles que mais lançam acusações contra jornalistas independentes do mundo digital.
É como se estivessem olhando o espelho. Sua função é defender os interesses econômicos dos patrões e amigos.
O papa já manifestou desprezo por este tipo de mídia. Ele sabe quanto ela contribuiu para a desigualdade econômica, da qual tira um proveito indecente.
Francisco é uma voz poderosa contra tudo isso. Por isso é atacado. Quanto mais ele for atacado, melhor ele estará fazendo o precioso trabalho de combater a iniquidade que envergonha o Brasil e, de forma geral, a humanidade.
Que venham mais pancadas contra ele por parte dos colunistas patronais, portanto.


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