terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A tática usada pela "grande" mídia empresarial (televisão, jornais, revistas) para esconder a denúncia contra Aécio Neves, por Paulo Nogueira

Aécio com Merval: quem disse que jornalista não tem amigo?
Você conhece.


Certos jogadores de futebol fingem ir para uma dividida, mas na verdade correm numa velocidade calculada para nãochegar à bola e, portanto, não arriscar a canela. As aparências ficam resguardadas.


Marcelinho Carioca era um mestre nisso.


É mais ou menos esta a tática que a grande imprensa utiliza para cobrir, ou fingir cobrir, assuntos delicados de seus protegidos.


Muitos leitores não percebem.


Um caso típico foi a denúncia segundo a qual Aécio recebeu propina de uma empreiteira.


Jornais e revistas fingiram cobrir.


Você faz o seguinte: dá num lugar de pouco destaque, ou nenhum. E depois simplesmente esquece. Não há nenhum empenho em realmente investigar o assunto.


Compare, agora, com o que acontece quando a denúncia recai sobre alguém de quem a mídia não gosta, como Lula. O assunto demora uma eternidade para sair das páginas dos jornais, alimentado por supostas novidades, frequentemente não comprovadas.


Um exemplo disso é o “Amigo do Lula”, uma cobertura que já se tornou piada nas redes sociais, tais os disparates editoriais associados a ela.


Lula, na ótica das companhias jornalísticas, é para matar. Aécio, para ser protegido.


A Folha deu discretamente, quase que envergonhadamente, a acusação contra Aécio.


O que ela fez depois para avançar na história? O acusador era um certo Ceará. Se tivesse qualquer intenção de fazer jornalismo, a primeira coisa que a Folha teria feito, em seguida, era um perfil sobre Ceará.


Exige algum esforço. Não é uma informação que a PF vaza ao repórter num telefonema. Mais importante: demanda o mínimo de imparcialidade.


A repercussão dos demais jornais seguiu o mesmo caminho da Folha. Poucas linhas escondidas, e num período em que poucos leem jornais, o final do ano, e depois nada.


Fim de história.


Como o jogador que finge não fugir da dividida, os jornais fingem não fugir da notícia indigesta. Mas tudo não passa disso: fingimento.


Trabalhei muitos anos em redações das grandes empresas jornalísticas e sei muito bem como se destaca ou como se esconde uma notícia.


A internet vem desmascarando esse tipo de trapaça jornalística, mas os donos de jornais e revistas e seus editores parecem não ter se dado conta disso. E continuam em sua simulação enganosa, como nos velhos tempo em que monopolizavam as informações e as opiniões como se fossem isentos.


É como se, no futebol, uma nova tecnologia mostrasse com clareza a velocidade reduzida de um jogador perante uma dividida em que ele não queira chegar.


O truque acabaria. Mais canelas seriam arriscadas, ainda que contra a vontade de certos craques.


No jornalismo, a internet é esta nova tecnologia que aponta casos em que a imprensa finge cobrir, como a propina alegadamente passada a Aécio.


Mas mesmo assim jornais e revistas continuam a tentar enganar as pessoas. Você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo, como diz a célebre sentença política.


Mas a imprensa brasileira, em sua obtusa ignorância, acha que, sim, pode. O drama, para ela, é que é cada vez menor o número de pessoas que fingem acreditar no noticiário.

Paulo Nogueira
No Diário do Centro do Mundo e no Contexto Livre

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