sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

"Acabou a Farra"? Ideologia e nomeação de amigos avançam sobre "indicações técnicas" de Bolsonaro




Jornal GGN - Eleito prometendo apenas nomeações técnicas para a máquina pública e estatais, Jair Bolsonaro chegou ao décimo primeiro dia de governo cercado de indicações que causaram polêmica. Só nesta semana, o filho do vice-presidente foi promovido no Banco do Brasil e mais que triplicou o salário, e outro amigo "particular" do capitão da reserva, há mais de 20 anos, deve multiplicar os rendimentos por cinco, caso a Petrobras aceite sua indicação para um dos cargos de gerência.
 
Aos questionamentos que vem recebendo, Bolsonaro decidiu responder com um deboche: "Peço desculpas à grande parte da imprensa por não estar indicando inimigos para postos em meu governo!"
 
Antes disso, quando a nomeação de seu amigo particular para a Gerência Executiva de Inteligência e Segunraça da Petrobras foi divulgada, o presidente escreveu nas redes sociais. "A era do indicado sem capacitação técnica acabou, mesmo que muitos não gostem." Depois, quando críticas se avolumaram, ele apagou a mensagem sobre o critério técnico e escreveu: 
 
"A seguir o curriculo do novo Gerente Executivo de Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras, mesmo que muitos não gostem, estamos no caminho certo!"
 
Carlos Victor Guerra Nagem ainda passará pelo crivo da direção da Petrobras. Ele é funcionário da estatal há 11 anos, sendo 6 lotado na área de segurança. É mestre em Administração, professor universitário e capitão-tenente da reserva da Marinha. Ganhava cerca de R$ 11 mil e agora, com a promoção, poderá passar para quase R$ 50 mil.
 
A mesma ascensão meteórica que Nagem também foi conquistada pelo filho do vice-presidente da República, Antonio Hamilton Rossel Mourão, que após a posse de Bolsonaro foi nomeado para o cargo de assessor especial da Presidência do Banco do Brasil, elevando seu salário de R$ 14 mil para R$ 36,5 mil.
 
A notícia chocou funcionários do banco, que afirmam que há pessoas mais qualificadas que não foram cogitadas para o posto. 
 
A imprensa chegou a divulgar que Mourão teve de explicar a nomeação para Bolsonaro. O vice, em matéria de O Globo desta sexta (11), nega. "Não teve necessidade (de falar com o presidente). É uma coisa interna da instituição, que é uma S.A. (sociedade anônima)".
 
Há ainda o caso do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Mesmo com o PT fora do poder há quase 3 anos, em decorrência do impeachment de Dilma Rousseff, Onyx anunciou uma "despetização" na pasta e promoveu demissões em massa. Passou a comprometer a estrutura do Ministério e teve de recontratar os mesmos funcionários.
 
A primeira-dama Michelle Bolsonaro também emplacou nomes na Esplanada como Priscila Gaspar na Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência, subordinada ao Ministério dos Direitos Humanos. A titular é ativista e amiga pessoal de Michelle, além de ter atuado na campanha de Bolsonaro. 
 
Quem também teve influência sobre Bolsonaro foi Olavo de Carvalho. Ele emplacou o ministro da Educação, Ricardo Veléz. Este, por sua vez, nomeou para o setor que cuida do Enem um economista militante da Escola Sem Partido, vendedor de curso sobre o olavismo e combatente do "marxismo cultural".

Foto: Agência Brasil

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