Comandante da guarda presidencial que vacilou no enfrentamento aos golpistas é filho de general com "intentos antidemocráticos"
Uma das imagens que marcou a cobertura jornalística do atentado à democracia em 8 de Janeiro de 2022, que completou um ano nesta semana, é a gravação mostrando o comandante da guarda presidencial recebendo ordens de um praça da polícia militar.
“Bora, exército! Faz a linha! Fecha a linha, aí! Comando, fecha a linha, dá ordem aí! Comanda a tua tropa! Fecha a linha, para de frouxura! Atira, não precisa mandar ordem, não! Atira!”
A ordem foi do subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, da PM-DF, ao então comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, Gustavo Morong Rosty. A CPMI do 8/1 citou o episódio como exemplo da “clara letargia dos comandantes militares no fatídico dia 8 de janeiro”. O colegiado falou que o “referido despreparo e incapacidade de ação causa perplexidade à sociedade civil.”
O relatório conta que Gustavo Morong Rosty, que teve postura vacilante à frente da guarda presidencial em meio à batalha para conter os terroristas, é filho do general Edson Skora Rosty, “já apontado neste relatório como um dos militares com intentos antidemocráticos”.
Segundo informações do G1, o general Édson Skora Rosty teve seu nome citado em conversas que a Polícia Federal extraiu do celular do ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
Em um dos diálogos, atribuíram a Rosty a informação de que o Exército estaria pronto para cumprir a ordem para que houvesse um golpe de Estado. Só que a ordem precisaria vir expressamente de Jair Bolsonaro. As mensagens foram tornadas públicas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A conduta de Rosty filho no dia 8/1 foi objeto de uma sindicância instaurada pelo Comando Militar do Planalto, que não encontrou evidência de que a hesitação do comandante tenha sido um crime.
“(…) embora claramente tenha havido falhas de comando e de exigência de cumprimento das regras de engajamento pelo Comandante Rosty, aquela Comissão não logrou obter provas acerca de conduta com relevância penal do referido comandante e de seu pelotão”, apontou o relatório final da CPMI.
No dia 8 de Janeiro de 2023, uma horda bolsonarista radical invadiu e depredou a sede dos Três Poderes, em Brasília. A entrada nos espaços foi facilitada por agentes das forças de segurança do Distrito Federal.
Para além disso, o Plano Escudo, que deveria proteger o Palácio do Planalto, falhou miseravelmente por omissão e inação de agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e do Comando Militar do Planalto, a quem o Batalhão da Guarda Presidencial é subordinada.
O relatório da CPMI ainda aponta que no dia 8/1, 95% do corpo do GSI era herança do governo Bolsonaro.
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