quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Moraes, Gonet, Lula e Dino fizeram "A mais completa tradução da burrice bolsonarista", conforme artigo de Fernando Castilho

 


"Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado"


Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

por Fernando Castilho* no Jornal GGN

Os deputados bolsonaristas todos os dias nos brindam com demonstrações cada vez mais insuperáveis de burrice. Chegaram a organizar uma manifestação tentando transformar em mártir um vândalo golpista morto na Papuda, ao mesmo tempo em que acusam de infiltrados da esquerda os indivíduos que promoveram a quebradeira em 8 de janeiro de 2023. Eles têm que decidir se os presos são velhinhos com Bíblia na mão ou se são infiltrados petistas.

Porém, a mais completa tradução de burrice bolsonarista talvez tenha ocorrido durante as sabatinas de Paulo Gonet e Flávio Dino, indicados respectivamente à Procurador Geral da República e ministro do Supremo Tribunal Federal.

Repararam que Gonet navegou em águas tranquilas, enquanto Dino atravessou com grande competência a tempestade de perguntas idiotas feitas pelos bolsonaristas?

Pois bem, se um mínimo de inteligência houvesse naqueles cérebros, teriam percebido que Gonet, muito mais que Dino, tinha o potencial de se tornar um pesadelo, visto que caberia a ele tocar pra frente inúmeros processos represados por Augusto Aras, não só contra Jair Bolsonaro, mas também contra eles.

Hoje, passado exatamente um ano, Gonet teve a oportunidade, na cerimônia organizada por Lula para lembrar a tentativa de golpe intitulada de Democracia Inabalada, de indicar com todas as letras a que veio.

Ficou claríssima a disposição do novo PGR de punir todos os golpistas, não só os executores, mas também os financiadores e os mentores. Gonet falou sobre a importância de se responsabilizar quaisquer pessoas que participem de atos semelhantes, independente de “status social”. Para Bolsonaro, seus filhos e parlamentares da extrema-direita, o recado não poderia ser mais explícito e assutador. Gonet vai denunciar o ex-presidente, inclusive sobre a omissão e a sabotagem contra a vacinação da população durante a epidemia de Covid-19. E não vai parar por aí.

Gonet era o nome preferido dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e não foi coincidência os dois darem entrevistas na semana passada responsabilizando Bolsonaro pelo crime de incitação ao golpe de estado.

O novo PGR vai levantar a bola para Moraes e Mendes cortarem. Terão, como ficou mais ou menos claro na entrevista que deu hoje ao Uol, a colaboração do presidente da Corte, ministro Barroso.

Depois de hoje, se Bolsonaro ainda conseguia dormir, certamente passará a ter noites insones, pois já sabe o que virá pela frente. Não se descarta uma fuga do país para não ser preso.

Quanto aos deputados bolsonaristas, deveriam ter sido indiciados pela CPMI dos atos golpistas, mas acabaram poupados no relatório final.

Com Gonet filtrando o que enviará ao STF, esses deputados que até hoje têm tentado colocar em prática uma espécie de segundo turno da intentona golpista, através de muitas mentiras, sabotagens a projetos do executivo e incitações a atos violentos, inclusive contra o presidente Lula, possivelmente serão doravante mais comedidos em suas redes sociais, mas não deverão se livrar dos crimes que cometeram.

Enfim, agora temos motivos para crer que pode vir, mesmo passado já tanto tempo, a devida punição que servirá, de acordo com o discurso da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, como medida pedagógica para que não se tente mais dar golpes em nossa democracia.    

Mais duro foi o discurso de Alexandre de Morais: “Apaziguamento também não representa Paz, nem União. Um apaziguador, como lembrado pelo grande primeiro-ministro inglês Winston Churchill, é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado. A Democracia brasileira não admitirá a ignóbil política de apaziguamento, cujo fracasso histórico foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler.” Ou seja, SEM ANISTIA!”

Foi sem nenhuma intenção a citação do nome do genocida austríaco?

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor

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