segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O "bode" do bode, por Fernando Brito


"Na classe média, cresce a onda dos que estão de “bode do bode”, daquilo que lhes oferecem como alternativa ao campo popular. Parece, porém, que é tarde para criarem outra alternativa." - Fernando Brito


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Do Tijolaço:


Aquele sentimento que não pode ser explicado, mas que acomete a gente nas horas em que o cansaço se tornou profundo demais para que passemos a raciocinar com a razão pura é, na linguagem popular, o “bode”.
Não há como negar que todos nós ficamos assim, quando vemos uma monstruosidade, que em circunstâncias normais deveria estar restrita aos programas de “mundo cão” das tardes televisivas, crescer ao ponto de ameaçar  eleger um candidato cujo programa pouco vai além de um “senta o dedo!” ou um “escracha!”.
Chama-se, popularmente, de “bode” o que certa parte da direita está vivendo, também.
Esta eleição ‘estava no papo’, porque sabiam – e faz tempo – que não se deixaria Lula concorrer.
Pintaram e bordaram, tentaram inventar candidatos, ciscaram para todo lado e deixavam um “bode na sala”, como diz a expressão popular sobre o que se coloca num ambiente para que leve a culpa pelo fedor da situação e que podem tornar palatável com sua simples retirada.
Porque, sim, Bolsonaro ia murchar assim que surgisse o candidato da direita “de verdade”.
Os aprendizes de feiticeiro não tinham ideia do poder dos demônios que invocavam.
Agora, de repente, não sabem o que fazer com eles.
Os espetáculos de boçalidade, de misoginia, de brutalidade se sucedem. Em nome da família, cantam que “mulheres de esquerda têm mais pelos que cadelas” e que “Bolsonaro se casou com a Cinderela”.
Garotas de legging e as senhoras de andador da Zona Sul do Rio entregam-se ao mesmo frenesi insano.
Não é um voto a favor de algo, é apenas um voto contra. Contra o convívio civilizado, contra o respeito ao outro, contra a biodiversidade social.
O bode, que seria retirado da sala com a entrada do candidato viável do Inferno, teimou e ficou por lá, com uma legião de gente que se embriagou pelo seu fedor.
Que no entanto, é tão repugnante que está assustando muitos que eram votos certos da direita.
No povão, sobe a onda Lula carregando Haddad em sua crista.
Na classe média, cresce a onda dos que estão de “bode do bode”, daquilo que lhes oferecem como alternativa ao campo popular.
Parece, porém, que é tarde para criarem outra alternativa.



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