quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Fernando Brito discute a "meritocracia" de Aécio Neves



Artigo de Fernando Britto, extraído de O Tijolaço:


Eu sei que me queixo demais do debate, que deveria não ser uma derrota, mas um massacre da candidatura Aécio Neves.

Porque  as coisas, ontem poderiam ter sido colocadas em seus devidos lugares com uma simples pergunta de Dilma Rousseff a Aécio Neves:

Candidato Aécio. O senhor falou diversas vezes em meritocracia. Isso quer dizer que os cargos públicos devem ser ocupado por mérito e aliás nunca se fez tanto concurso público no Brasil. Mas, como o senhor repete isso o tempo todo, eu queria fazer uma pergunta. O senhor podia me informar se foi por mérito que o então presidente Sarney nomeou o senhor aos 25 anos diretor da Caixa Econômica Federal. Era por mérito que o senhor foi assessor da Câmara desde  quando vivia naquela vida de garotão no Rio de Janeiro?

Podia gritar, chiar, sapatear que sua hipocrisia ficaria evidente.

Porque se não for assim, se depender da imprensa leniente com tudo o que diz respeito ao tucano, as pessoas não a verão.

Porque os jornais não vão apurar e se limitam a publicar que Aécio “desmente” a informação de que foi contratado pela Câmara em 1977, como consta do site da instituição. Diz que não foi aos 17 anos, mas aos 19…

“O candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, admitiu em nota que foi contratado para trabalhar na Câmara dos Deputados, que fica em Brasília, mesmo enquanto ainda morava no Rio de Janeiro, em 1980. Na época, tinha 19 anos.”, diz a Folha.

E tinha mesmo e estava, confessadamente, vivendo a vida boa de garotão praieiro no Rio, da qual ele costuma dizer que Tancredo Neves o fez abandonar para entrar na política.

Ajudo os coleguinhas jornalistas que não fizeram o óbvio, de ir na Câmara buscar os dados.

Eu fui.

Publico aí em cima os atos de nomeação e dispensa do tucano “meritocrata”, que saiu da Câmara no dia seguinte a Tancredo Neves assumir o governo do Estado, trocando um avô (Aécio Cunha) por outro.

Agora, os repórteres podiam me dar uma folga e ir ao Cade, onde Aécinho teve uma “boca” antes da Câmara e ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, onde também entrou pela janela.

A meritocracia de Aécio é uma piada.

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